Minha vida estava tão perfeita que eu nem acreditava. Me flagrava várias vezes por dia pensando no meu novo namorado.

Ethan finalmente fora embora e nos deixara em paz. Pelo menos eu acho,já que ele não me procurou mais. Tentei manter meus pensamentos afastados dele, estava afetando minha felicidade. 

Em uma tarde, eu estava estudando quando recebi uma ligação, mesmo sem o número eu sabia quem era. Atendi empolgada.

-Mari? 

-Lili! Que história é essa de não me passar seu número novo e seu endereço! Eu sou sua melhor amiga poxa! 

-Mari, que saudade de você sua idiota! - Mari era minha melhor amiga desde sempre. Eu não contara nem mesmo para ela meus novos dados. Como eu disse, eu queria esquecer tudo em relação ao meu passado.

-É sério Lili, você não pode sumir assim garota! Quer me matar?

-Eu queria uma vida nova Mari, pensei que você entenderia. 

-Faz o seguinte, acorda seu porteiro aqui em baixo e vem me atender, a gente conversa melhor. 

Não acreditei no que ouvi, Mari estava na portaria no meu prédio. Desci o mais rápido que pude e quando as portas do elevador se abriram, lá estava ela, minha linda e perfeita melhor amiga. Ela estava como sempre foi, camiseta do Nirvana, calça azul, exceto pelos cabelos que estavam mais curtos e sem as pontas loiras. 

Eu a sufoquei em um abraço apertado e a chamei para subir. 

-Chocolate quente? - perguntei.

-Óbvio que aceito! - ela riu. 

-Você não sabe o quanto senti sua falta. - eu disse colocando o leite no microondas.

-Então por que não me contou nada? 

-Eu queria esquecer tudo! E você é muito amiga do Ethan lembra? 

-Então você simplesmente me incluiu na lista do que deve ser esquecido?

-Eu ia te ligar juro! Mas, me diz, como me achou?

-Ethan me disse. Engraçado você querer esquecer sua vida passada, passando seu endereço novo pro cara do seu passado. 

-Eu não passei nada, foi minha avó.

Ela acenou com a cabeça pouco convencida. 

-É sério! - insisti - Mari, quando foi que escondi alguma coisa de você?

-Não sei Lili Bennet, talvez há quase um mês atrás quando me largou sem dizer nada! 

Me calei, ela infelizmente estava certa. O microondas apitou, coloquei os cubos de chocolate no leite quente e entreguei uma caneca para Mari. Tomamos a bebida em silêncio. Eu odiava discutir com Mari, e acho que ela também não gostava de brigar porque após alguns goles me olhando com a cara fechada, ela começou a rir igual uma retardada e eu a acompanhei. Sempre que estávamos juntas, parecíamos duas drogadas rindo de qualquer coisa à nossa frente. 

-Mas então Pirilampa, - não acredito que ela se lembrou desse apelido que ela me dera por motivos desconhecidos - o que me conta de novo?

-Bom, nada de mais. Só que eu estou namorando um cara sabe. 

Ela se engasgou com o chocolate quente.

-E você ainda diz que não é nada de mais? Por favor não é Lili! Quem é o cara?

-Ele se chama Daniel. Ele é tão fofo, carinhoso e perfeito.

-Deixa eu adivinhar, ele toca guitarra.

-Na verdade não. Ele é diferente. 

-Olha, estou surpreendida. Você realmente mudou pra quem antes teve os dois últimos namorados guitarristas... 

-Ele faz aulas de violão comigo.

-Você agora dá aulas? 

-Pois é eu... - fui interrompida pelo interfone - Só um minuto Mari. - atendi - Fala Wayne.

-A senhorita Circe está aqui. 

-Pode subir.

Alguns segundos depois, ouvi batidas na porta. Circe me abraçou empolgada. Logo atrás dela estava Ethan. Como assim? Eles estavam de mãos dadas. 

-Lili, preciso te apresentar meu namorado Ethan.

Ele sorriu de um jeito irônico e ameaçador levantando uma sobrancelha. Olhei para Mari e ela estava tão assustada quanto eu.

-Prazer Lili. - Ethan disse.