Capítulo 1 – Desistir ou aceitar:

‘’Odeio não ter opção! Quer dizer, pelo amor de Deus! Tenho 21 anos e não tenho escolha, como assim? Abandonar minha cidade, meus amigos, minha carreira, meu apartamento e meu namorado porque minha mãe quer? A senhora Selena Chase quer destruir minha vida porque não sou o que ela esperava? Céus. Me respondam, por favor. Amo vocês meninas. – Para Emily Burton e Jessie Bennet’’

Annabeth estava com o notebook prata em seu colo. A chuva caía e reproduzia diferentes estalos nos degraus da escada de emergência. Ela estava protegida confortavelmente sentada no banco da janela. O tecido da manta que sua falecida avó fizera e dera para ela aos 15 anos aquecia seus joelhos dobrados.

A garota estava revoltada por sua mãe tê-la obrigado a ir para a Grécia. Especialmente porque ela não tinha opção. Selena sabia como atingir a filha e fazer a menina obedecê-la. Ela agira no ponto que mais poderia prejudicá-la. Annabeth reviveu as lembranças da noite anterior.

Ela estava sozinha em seu apartamento, já era tarde, seu chocolate a esquentava e dava energia para continuar a mexer na papelada. Quando de súbito, a campainha toca.

_MÃE?! O que faz aqui, a essa hora? – A surpresa na voz da garota a traía. Queria parecer rude, mas depois de um ano sem ver a mulher inteligente, altiva e bonita que representava sua figura materna, não conseguia deixar de amolecer seu coração. Sua ingenuidade até a fez pensar que a mãe se arrependera de tudo que dissera na véspera da despedida mal resolvida.

_Não vai me convidar para entrar? Como você mesma disse já é tarde, então pretendo ser breve.

_Claro, mãe. – Annabeth tirou o sorriso do rosto e endureceu a expressão.

As duas loiras se sentaram no sofá. A menina começou a entender que a mãe não estava ali para uma reconciliação.

_Annabeth, sei que tem uma...uma profissão embora não seja a de meu gosto, mas...

_Adoro ser professora, as crianças do meu colégio são perfeitas...

_Do SEU colégio? O salário que te pagam dá mal e porcamente para comprar uma sala! Agora se você me ouvisse. Ah! Annie, se me ouvisse estaria muito melhor na vida. Teria uma carreira! Um bom marido e...

_VAI VER POR ISSO PAPAI SE MATOU!!! – Um estalo e uma garota com a cara virada para a esquerda. As duas agora estavam de pé no meio da sala.

Annabeth virou calmamente o rosto com um lado vermelho, encarou bem a mulher e disse:

_Eu NUNCA vou ser como VOCÊ!!! Você é cruel. Você acha que o mundo pode girar ao seu redor. Não! Você tem certeza de que todos estão aqui para fazer a sua vontade! Eu já falei que não vou ser advogada sua...

A mulher tentou com a voz mais abalada: _Não precisa ser da minha empresa, filha. Você pode ter seu próprio empreendimento. Claro que Nova York é uma metrópole e com muita concorrência, então se você for para Atenas comigo...

_Hãn? Não! Não! Eu não vou abandonar de jeito nenhum a minha profissão! Eu adoro ser professora, Selena. O brilho no olhar de cada criança que conseguiu entender o assunto, a curiosidade que é decifrada a cada dia, não vou abandonar eles. Já tive a mesma conversa há um ano atrás. Não! Eu não vou pra Grécia!

_Você vai sim! Vai para minha Sede em Atenas, na Grécia. Vai ficar 2 meses afastada da sua escola, enquanto aprende como estagiária com meu braço direito.

_Como pode fazer isso? Tenho 21 anos, sabia? Sou independente. Pago minhas contas.

_Que contas? A do aluguel deste projeto de apartamento? Annabeth, cometi a estupidez de deixar você ir há um ano. Não vou errar duas vezes.

_Do que está falando?

_Você mais do que ninguém sabe que eu a atormentaria até ir comigo. Pra mim não seria difícil. Já para você...assim que eu soubesse que teria um trabalho como professora, iria fazer com que a demitissem...

_O que?

_E faria, faria de novo, quantas vezes fosse preciso pra que viesse comigo à Grécia. Não importasse em qual emprego se encaixasse ou para que lugar fosse. Iria atrás de você.

Annabeth pensou um pouco. Se fizesse pelo menos o que a mãe a obrigava agora, poderia dar um jeito e voltar a lecionar em 2 meses. Fingiria que ia ser advogada e depois falaria para Selena que não era negócio para ela. Que precisava voltar para Nova York. Por outro lado se ficasse, teria que desistir de seu sonho e viver infeliz até aceitar a proposta.

_Eu vou. Mas, com uma condição...

_Qual?

_De que prometa que se eu não conseguir, volte para minha antiga vida.

A mulher elegante voltou o olhar rude para a filha.

_Isto não ocorrerá.

_Prometa. – A menina se manteve firme.

_Você volta. – Respondeu a mulher abaixando um pouco a cabeça deixando a mostra o coque delicado.

_Não me parece segura disso. – Testou a garota com um sorriso irônico no rosto.

_Tem a minha palavra. Se não gostar, volte. Mas, pelo menos tente. Tente de verdade. Conheço muito bem você, a ponto de dizer que é ardilosa quando quer. – Falou a mulher voltando a postura de bailarina envelhecida.

_Segura de si? É boa demais para admitir que sou diferente de você? – Annabeth soltou sua mágoa em algumas lágrimas já perdidas pelo antebraço.

_Tem 1 semana para arrumar suas coisas aqui e despedir-se de seus amigos.

_E meu namorado? – Perguntou a jovem, agora se desesperando.

_Já conversei com o Sr.Castellan. Ele é um cavalheiro e entendeu perfeitamente minhas necessidades como mãe, já que tem dois filhos.

_Espera! Você conversou com o pai de Luke, não com o Luke. Eu preciso explicar pessoalmente para ele.

_Não me importa o que você vai fazer antes de ir para Grécia comigo.

_Tudo bem. Eu só preciso comunicar a...

_Diretora da ‘’sua’’ escola? Já fiz uma visita formal à ela. Obviamente ela entendeu.

_Ela teve que entender. Bem, você pensou em tudo, não é?!

_Eu vou mandar alguém para vir te buscar – Disse a mulher se dirigindo para a porta. Abriu-a, mas a segurou – E filha, não me odeie!

A garota nem se deu o trabalho de responder, esperou a mulher sair e desabou.