Olá, meu nome é Percy Jackson e você já deve saber quem eu sou, o grande herói do Olimpo filho de Poseidon. Herói? Eu fui, não sou mais pois não consegui salvar a única pessoa que realmente me importava: Meu filho.

Aos meus 20 anos casei com Annabeth Chase, filha de Atena. Sou ainda casado com ela e não sei como ela consegue ficar comigo. Não que ela não me ame mais, e só que... A culpa da morte de nosso filho, Aaron, foi culpa minha.

Eram 12 horas da madrugada quando saí de um bar onde estava assistindo um jogo dos Yankees contra Red Sox, levei Aaron comigo.

Estava muito tarde e havia bebido um pouco, não estava bêbado, mas o suficiente para causar um acidente.

E foi isto que aconteceu.

Deixei que Aaron fosse no banco da frente, o que foi a maior estupidez que fiz em toda minha vida. Aaron só tinha 4 anos e era muito pequeno para ir no banco da frente.

No meio do caminho comecei a me sentir um pouco zonzo e acabei meio que adormecendo no volante mas um buzina alta de um caminhão me acordou.

Era tarde de mais. 

Levei um susto grande e perdi o controle do carro. Fui direto ao para-choque do carro que trás. 

O que me lembro muito bem foi que coloquei o braço na frente de meu filho para tentar  protegê-lo. O que foi realmente estúpido.

Acordei depois em um hospital. Annie não sabia do acidente nem de nada e aquela hora deveria estar muito preocupada e enchendo a cabeça de Nico e Grover que estavam no bar comigo.

Eu estava mais ou menos, havia algumas cicatrizes no meu corpo e muitas no meu braço.

O que me preocupava aquele momento era Aaron, somente ele.

Perguntei a uma enfermeira que estava a meu lado se sabia alguma informação sobre meu filho.

Ela me olhou com tristeza e pena, não precisava dizer nada, já sabia o que havia acontecido.

Assim que logo chamei Annabeth que estava muito preocupada. Claro que não contei o que havia acontecido, só avisei que estava no hospital. Assim que disse isto ela desesperou, perguntando o que havia passado, apenas disse que ela fosse para o hospital.

Não podia contar a ela sobre a tragédia que meu filho estava moto pelo celular.

Quando Annie chegou e recebeu a notícia, começou a gritar e a chorar. Chorei junto também.

Ela não disse que era minha culpa nem nada só chorou junto comigo.

A enfermeira nos levou ao quarto onde estava meu filho. Vê-lo daquele jeito na cama, frio, sem brilho, sem cor... Foi horrível.

Annabeth não queria soltar o corpo, não parava de chorar. Agarrei o corpo de Aaron também e chorei muito. 

Queria sentir que ele ainda estava ali comigo, e não que se fora.

Thalia e Nico, que agora são um casal, souberam da notícia e correram para o hospital.

Ambos nos apoiaram muito, mas a partir daquele dia soube que minha vida estava arruinada.

Horas depois, um médico, filho de Apolo que estava trabalhando naquele hospital na madrugada, me deu a informação que o cara do outro carro não havia sobrevivido também.

Me fizeram um exame de sangue e, claro, encontraram Álcool. Não fui condenado nem nada do tipo, pois a quantidade era muito pouca, mas tive que pagar uma indenização.

Deveria estar preso, ou melhor morto. Eu deveria ter ido no lugar de Aaron, ele era apenas uma criança pequena, não merecia a morte.

Algumas semanas depois foi o enterro. Todos nossos amigos estavam lá, incluindo os amigos do acampamento.

Os deuses também estavam lá, até Ares chorou. Meu coração estava partido. 

Hoje em dia estou tratando de esquecer sobre tudo isto. É muito doloroso lembrar de meu filho toda hora, de nossos momentos juntos em família, jogando futebol juntos e vendo os jogos de basebol dos Yankees, nosso time favorito.

Annabeth diz que a culpa não é minha, mas sei que ela só diz isto para não me deixar mais magoado.

Penso sobre o acidente toda hora, quando acordo, quando durmo e até tenho pesadelos, e quando vou trabalhar.

Em falar em trabalho, tenho que ir agora. 

Levantei da cama e troquei de roupa. Coloquei uma roupa e um sapato social.

Já pronto, fui para a cozinha onde encontrei Annie com uma xícara de café na mão. Sua expressão era triste, sabia como ela se sentia.

- Bom dia- falei me sentando na mesa.

- Bom dia- respondeu ela.- Percy precisamos conversar- completou ela.

- Sobre o que?- perguntei. Annabeth me olhou sem expressão e respirou fundo.

- Sobre Aaron- vendo minha expressão ela continuou- temos que saber o que fazer com suas coisas.- disse ela. Era verdade, tínhamos que saber o que fazer com as caixas de brinquedos e roupas de criança.

Respirei fundo antes de responder. Era muito doloroso.

- Joguemos fora tudo se quiser- respondi dando ombros. Ela me olhou triste.

- Mas eu não quero jogar fora- disse ela com voz fraca. 

- Então dá para alguém- respondi novamente dando de ombos, estava ansioso para acabar com esta conversa, não queria voltar a chorar.

- Mas eu também não quero dar a ninguém- respondeu ela muito triste. Aquilo já estava me deixando nervoso.

- jogue fora, dê a alguém, tanto faz mas se livre daqueles brinquedos- falei meio rude. Me levantei da cadeira.- Tenho que ir- dei um beijo na testa dela e peguei minha chave do carro no chaveiro.

Escutei ela murmurando um " Bom trabalho" e peguei minha maleta para o trabalho.

Sou biólogo marinho e dou aula na faculdade de biologia marinha, tenho uma profissão legal e sou muito bom, pois sou filho de Poseidon.

Trabalho no aquário de Nova York de segunda á quinta, sexta é meu dia de folga e como hoje é Segunda feira, tenho que trabalhar, mas antes terei que dar aula na faculdade.

Annabeth é arquiteta como todos filhos de Atena desejam ser. Continua com as reformas do Olimpo. Mesmo depois de alguns anos as reformas não acabaram mas o Olimpo esta ficando uma maravilha.

Queria poder mostrar a meu filho um dia o trabalho da mãe. Era seu sonho ir ao Olimpo mas os deuses não permitiram até que ele chegasse a uma idade maior. Vai saber o porque. 

Só sei que isto nunca vai acontecer.

Bom, contei como minha vida anda hoje em dia. Sem meu filho aqui é um pouco... difícil de viver, ainda mais quando a culpa foi minha, só minha.

Agora você sabe como minha vida virou um poço sem fim.