Nan escrita por Sereny Kyle


Capítulo 1
one-shot


Notas iniciais do capítulo

como eu disse na sinopse, essa fanfic é a continuação de "Nymeria"

espero que gostem e comentem
boa leitura
Sereny Kyle



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            O trabalho na forja do Solar das Bolotas conseguia ficar cada vez melhor com o passar do tempo. Com os dias ficando cada vez mais frios, eu era o único por ali que não estava congelando, já que passava o dia todo trabalhando perto do fogo. Também achava que meu trabalho como ferreiro vinha se aperfeiçoando enquanto trabalhava para a Irmandade.

            Nan estava deitada aos meus pés, onde costumava ficar dia e noite e sua companhia parecia ter melhorado meu humor também. Ela não se incomodava com o Solar ou a forja, era capaz de arranjar a própria comida e, algumas vezes, conseguia trazer alguma coisa que Willow e Jeyne pudessem preparar para as crianças comerem também. Sem contar que era ótima para espantar invasores.

            Eu nunca tinha pensado em ter um animal de estimação em minha vida, porque os gastos eram sempre muito grandes e eu era apenas um aprendiz de ferreiro em Porto Real, mas ter Nan ao meu lado tinha me dado esperança de que eu conseguiria sobreviver aquele inverno.

            Desde que ela chegara, eu conseguia me sentir mais feliz, quase como se estivesse com Arya e, eu não sabia dizer se tinha alguma coisa a ver com a presença de Nan, mas eu vinha sonhando todas as noites que estava com Arya de novo, que a tinha em meus braços, bem ali no Solar das Bolotas, rolando comigo na forja, dividindo o colchonete comigo, protegida ao meu lado.

            Não tinha um momento em que eu não pensava em reencontrá-la e a cada diz esse desejo se tornava mais e mais forte e era como se eu tivesse mais no momento futuro do que no presente... Eu não me importava de ter de esperar, se pudesse ter a certeza de que chegaria o dia em que estaríamos juntos mais uma vez! Chegaria o dia em que eu teria a oportunidade de lhe dizer tudo o que sentia, sem me preocupar com o sangue nobre dela nem mais nada além de fazê-la me aceitar ao seu lado...

            - Eu sonhei com ela outra vez, Nan – eu disse, enquanto mergulhava o ferro quente na água para resfriá-lo. – E pareceu ainda mais real do que antes... – a loba ergueu a cabeça, me encarando com aqueles olhos quase humanos, como se prestasse atenção ao que eu dizia. – Mas tinha alguma coisa que não parecia certa com ela... E eu não sei dizer o que era... Mas foi tão bom poder senti-la em meus braços...

            Meus sonhos não costumavam ter sons, principalmente quando eu sonhava com Arya... Eles eram apenas feitos de sensações, mas eu não conseguia reclamar deles mesmo assim...

            Deixei as tenazes apoiadas na mureta e me abaixei para acariciar o pescoço de Nan, fazendo-a relaxar e baixar sua cabeça sobre as patas cruzadas no chão.

            - Ela parecia tão quentinha quanto você, Nan – eu falei, dando risada da comparação. Eu costumava comparar Arya com Nan muitas vezes e não conseguia parar de pensar que as duas se dariam muito bem quando se conhecessem.

            - Você conversa mais com esse lobo do que com as pessoas a sua volta – escutei uma voz feminina e azeda vinda da entrada da forja e eu me levantei.

            Willow estava ali parada com seu habitual desagrado em seu rosto que ela não tirava ao me ver e eu não podia culpar ninguém além de mim mesmo por isso.

            - Trouxe seu almoço – ela disse, mal humorada. – Mas você devia parar de comer aqui sozinho na forja e se esforçar um pouco pra ter algum tipo de interação com os seres humanos!

            - Não sou boa companhia – respondi e ela deu de ombros, aborrecida e se aproximou para trazer meu prato.

            Nan fez um barulho feroz, crescendo de seu peito, olhando na direção de Willow e se colocou entre nós dois, fazendo a garota parar no lugar, congelada de medo.

            - Nan! Para! – eu disse, imperativo e sua cabeça se voltou para mim, voltando a ficar em silêncio. Seu olhar parecia quase ofendido.

            - Ela é bastante ciumenta – a garota disse, amargurada, largando meu prato depressa e se afastando na direção da saída quase correndo. – Nunca vi ela afastando nenhuma das crianças de você assim... Ou Jeyne... É só de mim que ela não gosta...

            Eu não sabia o que dizer. Nan realmente era sempre calma com todo mundo no Solar, mas ela não gostava quando Willow tentava ficar perto de mim, quase como se sentisse ciúmes mesmo...

            - Por que você tem de ficar aqui? – a garota perguntou, me fazendo olhá-la.

            - Porque eu estou trabalhando – respondi impaciente.

            - Você trabalha enquanto come? – ela disse, indignada. – Enquanto dorme? – e indicou o colchonete que eu tinha tirado da casa e levado para a forja quando Nan chegara e percebemos que ela era muito grande pra ficar com os outros. Ela não podia ficar dentro da casa e eu não a deixaria ali fora sozinha...

            - Willow, eu não fico cuidando da sua vida, então me deixe em paz com a minha! Já perdi a conta de quantas vezes eu já expliquei que eu não quero deixar...

            - A Nan sozinha aqui fora – ela terminou a frase, falando com um tom de desprezo. – Pra mim, você só está usando a Nan de desculpa! Vida, você diz? Pra mim, isso não é vida! Você fica aqui, noite e dia, sozinho, se iludindo com aquela garota que você espera ter de volta...

            - Já falei pra não mencioná-la, Willow! – eu perdi a paciência.

            - E eu já falei pra esquecê-la! Mesmo que ela sobreviva à guerra e ao Inverno, Gendry, você acha que vai ser a mesma coisa quando se encontrarem? Quando você puder ir atrás dela, nenhum de vocês vai ser mais o mesmo! O sentimento não vai ser mais o mesmo! Ela talvez nem se lembre mais de você! Nem pense em você como você vive pensando nela! Até onde você sabe, ela pode até estar casada e você não passa de uma lembrança de Verão...

            - Vá embora! – eu disse, sentindo minha raiva se estendendo até Nan e eu não sabia o que ela poderia fazer se eu não tentasse impedi-la.

            Willow ergueu as sobrancelhas, desdenhosa e girou em seus calcanhares para me dar as costas e sair, fazendo rodar a saia cinzenta de seu vestido de lã grossa, teatralmente.

            Eu sabia que ela podia estar certa... Se era bobagem pensar em Arya quando estávamos perto um do outro, por ela ser nobre e eu ser só um bastardo, porque seria diferente agora, quando eu nem sabia onde ela estava? Nem sabia com quem ela estava ou o que estava fazendo?

            Arya era o meu sonho de Verão e por muito tempo tinha sido um sonho que parecia ser possível por ela estar tão perto de mim e por parecer precisar de mim de alguma forma... Era aquele sonho de Verão que me mantinha aquecido naquele frio tenebroso de Inverno... Mas eu sabia que alguma hora, eu teria de acordar dele e eu não sabia como isso seria... Preferia nunca ter de descobrir...

            - Ela não sabe de nada, não é mesmo, Nan? – tornei a me abaixar, ao lado da loba e passei meu braço por seu tronco quase como num abraço.

            Eu queria acreditar que aquilo podia ser verdade, que ela voltaria pra mim com tanta certeza de que nada tinha mudado entre nós quanto que aquele Inverno seria rigoroso...

            Queria acreditar que ela seria pra sempre minha...


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Notas finais do capítulo

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