Soul Hunks escrita por João Victor Viegas, Teud


Capítulo 1
Chapter #1 ~ Lost One


Notas iniciais do capítulo

Tebaldi: Pessoal, valeu por estarem dando atenção a nós, pois não é nada fácil trabalhar com o João...
Viegas: Ei!
Tebaldi: Kkkkkkkkkkkkkkk Brincadeira. Enfim, esse primeiro capítulo terá alguns detalhes importantes, então prestem atenção dobrada nele!
Viegas: Tinha uma outra parada que...
Tebaldi: Ah, sim. O Viegas faz o main da história, ou seja, ele que cria os personagens principais e a história principal, enquanto eu crio os personagens secundários e o background, ou seja, a filosofia por trás da história e seus segredos. Saindo dos avisos, vamos logo começar essa história porque estou ansioso!



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Após aquele dia cansativo, despi-me e entrei na banheira. Relaxadamente me deitei nela e comentei:

–Ahh... Finalmente paz e sossego...

Porém algo interrompeu esse momento de conforto: batidas frenéticas. Seriam passos?

–Hm? – despertei de minha inércia ao ouvir o estranho som.

As batidas se aproximavam da porta do banheiro. Eram passos desenfreados. Alguém estava correndo. Estavam atrás de mim novamente. Quando pensei em sair da banheira e pular pela janela, a porta abriu violentamente.

–VAMOS TOMAR BANHO JUNTOS?! ♥

–O QUÊ?! TÁ DE BRINCADEIRA?! – gritei, percebendo que na verdade era aquela garota.

–--ABERTURA---

Uma semana antes

Estava caminhando para a escola, pois o ano letivo estava se iniciando. Só queria uma vida normal, como todo recém-colegial, mas meus amigos pirados não iriam permitir, com certeza. Bem, meu nome é Yamamoto Kairo; tenho 15 anos; cabelos castanho-claros, crespos e curtos; olhos castanhos, quase dourados; e estou no 1º ano do Colegial (N/A: Ensino Médio) na escola Akarui Kokoro (N/A: Mentes Brilhantes). Estamos na cidade de Yokushima, uma pequena cidade começando a se desenvolver tecnologicamente. Enfim, estava caminhando distraidamente quando me deparei com Natsukawa Myuka.

–Ohayo, Myu-chan! – cumprimentei-a ao vê-la.

–Eu já disse para não me chamar assim! – ela respondeu com um grito e fechou os olhos de raiva.

Essa garota excêntrica é minha amiga de infância, tem 15 anos como eu; cabelos castanho-escuros, lisos e compridos; olhos castanho-escuros, quase pretos; tem uma personalidade forte e é uma ótima amiga, mesmo que seja meio escandalosa às vezes.

–Desculpa, desculpa... – pedi, mesmo não estando arrependido por chamá-la de Myu-chan. – Enfim, como foram suas férias de inverno?

Ela franziu o cenho e respondeu como se fosse óbvio e eu fosse um idiota:

–Viajei para a casa de minha avó! E você?

–Bem... – fiquei indeciso quanto ao que dizer, já que nada de interessante aconteceu – Como todo ano, meus pais viajam pelo mundo e eu fico sozinho em casa jogando alguns games. Só isso...

–Hm, sei... – respondeu ela com cara de desconfiada.

–O que você quer dizer com “Hm, sei...”?!

Um sorriso maroto brotou em seu rosto, e após alguns segundos ela respondeu, ainda sorrindo:

–Você não ficou vendo coisas estranhas não, né?

–Como assim?

–Você sabe... Coisas eróticas... Como aquele seu amigo Masao...

–O QUE VOCÊ DISSE?! – estranhei com cara de espanto. Respirei fundo e afirmei – Não, eu não sou como ele...

–Ha, ha, ha, ha, ha... Brincadeira. – e então mostrou a língua para mim.

Suspirei. Alguns segundos depois, eu disse:

–Olha aqui, eu já te disse que só quero ter uma vida normal, então nada daquelas brincadeiras do Ginásio... (N/A: Ensino Fundamental II) Bem, vamos para a escola juntos?

–Não posso... Preciso fazer umas coisas antes de ir. Só estava indo comprar algumas coisas na loja de conveniências na esquina.

–OK, então... Até mais...

–Até!

Continuei meu caminho, e quando cheguei ao portão da escola, encontrei Otonashi Masao, meu melhor amigo. Ele tem 15 anos; cabelos pretos, curtos e lisos (N/A: Chapado like a Kirito, SAO); olhos verdes e usa óculos redondos. É um completo hentai, já tentou me infectar várias vezes com isso, mas sou resistente! Quero manter minha dignidade e cotidiano! Enfim, ele parecia estar me esperando, e quando me viu, ele sorriu de leve, me abraçou pelos ombros e disse:

–Como vão as coisas com a Myu-chan?

Tirei o braço dele de meus ombros e respondi:

–O quê?! Eu não sou interessado nela!

–Ah, não? Ela é caidinha por você, cara. Se eu tivesse no seu lugar, já teria a levado para a cama, se é que me entende...

–Hentai – cortei o barato dele.

–Ei, cara! Estou apenas pensando no seu futuro!

–Urusai – cortei o barato novamente.

Decepcionado, suspirou e foi na minha frente para o auditório, onde ocorreria a cerimônia de abertura.

***

Após a cerimônia, fomos para a sala de aula. Entregaram-nos um papel escrito o número, letra, andar e corredor da mesma. Tive a infelicidade de saber que Masao, Myu-chan, Yoko-chan e Hide-san seriam meus colegas de classe.

Mas que merda... Vai ter mais confusão, como antigamente... Quando vou ter minha sonhada vida de paz e sossego?, pensei.

Sentei-me em minha carteira, a última da fileira ao lado da janela, e suspirei. Olhei para a sala sendo preenchida por aqueles malditos colegas que não me deixariam em paz. Suspirei novamente e olhei para a janela, perdendo-me em pensamentos e planejamentos para o meu futuro. Entretanto alguém me tirou do meu mundo: Katsuragi Hidetaka, ou Hide-san para simplificar.

–Yo, Kairo! Como vai? – ele cumprimentou após me cutucar.

–Yo... Nada bem...

–Porque nada bem?

–Afe, pare de fazer perguntas desnecessárias...

–Está tão descontente de ter que voltar às aulas?

–Como você adivinhou?!

–Eu sou um gênio, afinal...

Sim, ele é um gênio, pensei com certa raiva e inveja. Katsuragi Hidetaka; 15 anos; cabelos pretos, curtos e lisos, mas com pontas espetadas e para baixo; olhos pretos; tem as melhores notas da escola, e só por mero capricho não pulou todo o primário e ginásio. Por algum motivo ele andava com nossa turma de desajustados...

Hide-san sentou-se a minha frente. Voltei a observar a janela.

–O que fazes distraído, Kai-chan? – disse uma voz feminina atrás de mim, assustando-me.

–AAAH! – gritei com o susto

Virei e vi uma garota escondida nas sombras. Continuei apavorado, mas logo relaxei. Era apenas Yoko-chan pregando peças em mim. Aoyama Yoko; 16 anos; cabelos púrpuros, compridos e lisos; olhos negros como a noite; cada hora tem uma personalidade. Uma hora está kawaii (N/A: fofa), outra está tsun (N/A: marrenta, valentona, não admitindo seus verdadeiros planos e sentimentos), mas na maioria das vezes está sombria, distante e falando formalmente. Não para de me chamar de Kai-chan, e até hoje me pergunto por que ela me chama por esse apelido.

–Ah, é você...

–Hi, hi, hi... Bem, parece que já está imaginando coisas pervertidas comigo só de me ver com o novo uniforme...

–O QUÊ?! – estranhei.

Hide-san e Yoko-chan riram juntos.

–Minna! Ainda bem que continuaremos juntos! – gritaram Myu-chan e Masao, chegando juntos à sala.

–Ainda bem o cacete... Nunca vou ter paz... – sussurrei.

–O que disse, Kairo-san? – perguntou Myu-chan

–Nada – respondi desanimado.

–Você tá bem pra baixo hoje, cara. O que aconteceu com você? – perguntou Masao

–Ora, hoje é o primeiro dia de aula após minhas férias maravilhosas! – respondi grosseiramente – Vocês acham que eu vou ficar feliz?!

–Sim – respondeu Hide-san. – Ou você não está feliz em nos reencontrar?

–Sinceramente? Não estou nem um pouco feliz!

Eles arregalaram os olhos. Apenas abaixei a cabeça e dormi a maior parte da aula. Foi apenas revisão do ginásio, então não precisei me preocupar.

***

No intervalo, fomos para o telhado comermos nossos obentos. Infelizmente eu não tinha nenhum porque eu sempre esqueço. Como se fosse óbvio, Myu-chan perguntou:

–Quer um pouco do meu obento?

–Mas é claro! Espera, como você sabe que eu estou sem?

–Ora, você sempre esquece...

Suspirei e em seguida peguei os hashis extras que Myu-chan estendeu para mim. Após dividir o obento com ela, os outros já haviam acabado e estavam apenas observando. Masao fez um Nice Pose para mim, e quando a Myu-chan viu, se afastou de mim com uma aura negra e começou a persegui-lo. Hide-san estava segurando o riso. Yoko-chan parecia emburrada, e quando viu que Myu-chan estava longe de mim, aproximou-se e perguntou:

–O que pensa que está fazendo? Pensei que estivesse infeliz com nossa presença! Eu estava até bem com isso, mas você junto com Myu-chan é inaceitável! Safado!

–O quê?! Do que você tá falando?

–Não se faça de desentendido!

Então o que você quer que eu faça?!, pensei.

Fiquei encarando-a, esperando que parasse de falar coisas estranhas. Porém ela se debruçou em mim, me encarou com uma cara pervertida, começou a respirar com dificuldade intencionalmente tarada, e perguntou:

–Eu sei que com a Myu-chan você fica excitado, pois eu vi suas bochechas coradas... Mas e comigo? Você... – ela aproximou mais o rosto do meu – Sente algo por mim?

Franzi o cenho e pensei: Que porra ela tá tentando fazer? Como eu respondo algo assim?!

Acalmei-me respirando fundo, meio que suspirando, e respondi:

–E-eu... Bem... Você é bonita, mas...

–Mas... – ela já estava quase me beijando. Eu estava começando a ficar constrangido – Ah! Deixei você co-ra-do! ♥

–Mas é claro! – respondi gritando – Você tá... próxima demais... – ela estava começando a me sufocar...

–Pare com isso – Hide-san ordenou, levantando a baixinha pelas costas da gola.

–Eu só queria brincar!

–Já está muito velha para isso. Ele deve ter imaginado seu corpo nu junto ao dele em uma cama de hotel.

–O QUÊ?! – questionei com as bochechas queimando.

Hide-san soltou Yoko-chan, deixando-a de pé. Ele respondeu meu escândalo:

–Foi só uma brincadeira.

–Tsc... – reclamei, depois suspirei.

–Aconteceu alguma coisa aqui? – Myu-chan perguntou ao retornar da caçada.

Antes de eu responder, olhei para trás dela e vi Masao todo quebrado no chão.

–N-nada! – respondeu Yoko-chan antes de mim, levemente corada.

–Hm, sei... – Myu-chan disse, desconfiada.

–E-eu não fiz nada, foi ela! – gritei.

–Ei! – Yoko-chan exclamou

–Ah, então aconteceu algo... – a aura estava retornando.

–Acalme-se, Myuka-san – Hide-san interrompeu. – Foi apenas mais uma brincadeira infantil da Yoko-chan...

–Você também armou a brincadeira junto comigo! – Yoko-chan discutiu.

–Hu, hu... – Hide-san riu macabramente – Você realmente acha que alguém acreditará nisso?

–Com essa sua cara maligna, sim! – ela respondeu.

Suspirei. O sinal bateu e retornamos a classe.

***

Alguém me acordou de meu amado sono na carteira com pancadas em minha nuca.

–POR QUE EU NÃO POSSO NEM DORMIR?! – gritei.

–Calma, cara! – Masao pediu depois de me acordar.

–Me deixa dormir, cara...

–Não! Um momento épico está prestes a acontecer para todos os homens: a aula de educação fí...—

–Não estou interessado em espiar as garotas!

–Eu não planejava espiar!

–Cai fora! – empurrei-o.

Infelizmente o sensei ordenou que eu me retirasse algum tempo depois. Troquei-me e fiquei sentado em um banco, assistindo vagamente os garotos correndo na quadra. Masao me cutucou, despertando-me da letargia, e em seguida pedindo:

–Cara, preciso da sua ajuda!

–Não – respondi imediatamente.

–Por favor!! Isso é questão de vida ou MORTE!

–Cara... Você tá falando sério? – eu não parecia muito interessado.

–É sério, Kairo! Me ajuda, por favor! É MUITO importante!

–Não.

–Por favor, por favor!

–Não.

–POR FAVOR, CARA!!! É REALMENTE IMPORTANTE, KAIRO! VOCÊ PRECISA ME AJUDAR!!!

–Ah, será que tão vendendo sorvete na cantina ainda?

–EI!!! ESQUEÇA ISSO E VEM COMIGO!! POR FAVOR, ME AJUDA!!

Suspirei e depois de levantar, falei:

–Tudo bem, mas se for merda...

–Não é merda! Juro! É algo EXTREMAMENTE importante!

***

–Onde estamos?! – questionei em voz alta.

–Shh! – ele colocou o indicador na frente da boca, indicando silêncio – Só me siga em silêncio.

–Hm...

Estávamos no corredor. Senti que nunca tinha ido até aquele ponto do corredor, mas ele me era familiar. Mas como eu não tenho uma memória muito boa, não sabia por onde estávamos indo. Repentinamente Masao me puxou violentamente para um pequeno quarto escuro. Depois de alguns segundos percebi que era uma dispensa. Ele deu tapas nas minhas costas, sinalizando que eu deveria agachar. Logo em seguida ele também abaixou. Antes de ele falar algo, perguntei:

–O que estamos fazendo aqui?

–Realizando nossos sonhos masculinos! Olhe por si mesmo... – Masao disse apontando para uma fenda na parede.

Fiquei confuso por um tempo, mas depois decidi olhar. Pela fenda, vi um cômodo escuro. Eu já tinha visto outros do mesmo tipo, mas como as luzes não estavam acesas, não o reconheci totalmente. Alguns segundos depois a luz é acesa, fazendo-me recuar um pouco. Olhei novamente quando recuperei a visão. Masao começou a sufocar uma risada patética. Ouvi uma risada feminina. Virei o rosto para Masao e perguntei:

–Por acaso aqui é...?

Ele só conseguia rir. Suspirei e voltei a olhar. Várias garotas começaram a entrar naquele cômodo e a se despir. Voltei meu olhar ao Masao e disse:

–Maldito...! Você...!!

–Calma, calma, he he he, você vai ganhar uma bela visão e...

Dei um soco no meio do rosto dele e tentei sair da dispensa. Entretanto a porta estava emperrada.

–Por que essa merda não abre?! – reclamei.

–Faça silêncio. As garotas vão escutar...

–Foda-se! Só quero sair daqui!

Masao suspirou. Em seguida olhou-me com cara de pervertido e disse:

–Cara, você não quer vê-la?

–Quem?

–O que você acha?

–Não faço ideia.

–Vem! Ela finalmente entrou, he he he...

–Não vou espiá-las!

Ouvi uma risada familiar. Fiquei curioso. Masao sentiu que eu estava querendo saber quem tinha acabado de entrar no vestuário, então disse:

–He he he... É ela, cara... Parece que... – ele estava espiando – Sim, é ela, cara... Vem ver... He he he...

Empurrei-o e olhei pela fenda. Arregalei os olhos quando confirmei a dona da voz: Myu-chan. Ela estava tirando o uniforme.

–Huumm... Parece que agora você se interessou... – Masao sussurrou perversamente.

–Urusai – ordenei, dando outro soco nele. Entretanto meu nariz estava sangrando, eu não devia julgá-lo...

Myu-chan conversava animadamente com uma amiga qualquer enquanto tirava a roupa. Aquelas posições... O ângulo que eu estava... Tudo perfeito! A hemorragia nasal aumentou. Passei a não me importar mais com isso.

–Isso, isso! Continue assim! – Masao torceu em sussurro.

Depois de tirar o uniforme, ela procurava o uniforme da educação física, mas não encontrava. Enquanto ela não o achava, eu me... divertia. Em um momento, ela se virou em minha direção. Arregalei os olhos. Os peitos dela eram maiores do que eu imaginava. Meu nariz havia virado uma cachoeira.

–Maki-chan, Yoko-chan, vocês esconderam meu uniforme de ginástica, né?! – ela gritou, virando o rosto para a direita.

Ouvi risadas aos fundos.

–Deixa que eu vou atrás delas! – disse a garota que conversava anteriormente com Myu-chan.

Logo ela recuperou o uniforme, e então se inclinou para colocar o short esportivo. Eu estava respirando com dificuldade, e me espremendo para ver melhor. Depois que ela conseguiu colocar o short e se endireitar, relaxei. Ela começou a apalpar os peitos. Minha tensão retornou.

–O que você tá fazendo? – a colega de Myu-chan perguntou.

–Bem, estava apenas imaginando se ele gosta dos meus peitos ou prefere maiores... Se bem que ele nunca ligou para eles...

De quem ela está falando?, pensei. Por quem ela estaria apaixonada?!

–Garotos são complicados mesmo... Mas eu sinto que o Ya... ---

Quem será?! Quem será?!

Minha ansiedade foi tanta que eu acabei empurrando a parede frágil da dispensa e caí no chão, batendo com o queixo em com os braços para frente. As garotas arregalaram os olhos e gritaram. Comecei a me levantar, apalpando o queixo.

–Ite-te-te... Are? AHH!

–K-k-k-ka-kairo-kun?! – Myu-chan perguntou perplexa.

–Fodeu... – sussurrei.

Engoli em seco, e quando Myu-chan imaginou algo para dizer, argumentei:

–Mas a culpa não é minha, é do... Are? CADÊ ELE?!

Masao havia evaporado. As garotas reagiram, começando a me perseguir e gritar mais ainda. A porta foi aberta violentamente, e quem havia entrado era a monitora Saeko.

–Que gritaria é essa?! Are? Yamamoto-kun, o-o que... você tá fazendo AQUI?!

–Foi um... mero acidente! – defendi-me, tentando ficar com a expressão mais séria possível.

Ela não pareceu muito convencida no início, mas alguns segundos depois, ela suspirou e disse:

–Parem, agora. Já suspendi Otonashi-kun das aulas de hoje, o real responsável por isso. Além disso, ele terá que ficar estudando em sala por um mês assim que se iniciar a educação física, confinado. Yamamoto-san é... inocente...

Na última frase, ela ficou levemente corada. Não entendi, mas logo ela disfarçou isso e voltou ao normal. As outras garotas não creram na história, mas uma delas decidiu:

–Pode ser, mas... ainda assim ele estava nos espionando! Yamamoto-san foi contaminado pelo pervertido do Otonashi! Que tal ele limpar a sala para se purificar?

–Mas o quê?! – estranhei.

Myu-chan ficou com a aura negra, armou os punhos e perguntou:

–Ou você prefere...

–Não! Limparei a sala!

–Como essa atividade era minha hoje, eu... te ajudarei... – Saeko-san disse, novamente corada.

–Hã?!

***

Katsuragi Saeko, irmã de Hide-san, tem 16 anos, um ano mais velha que seu irmão, cabelos pretos, compridos e lisos, e olhos castanhos. É uma garota kawaii, porém uma impiedosa monitora de classe. Nunca fui muito íntimo dela, como ninguém de nossa turma de desajustados, e achei estranho ela ter me defendido. O mais curioso é que a tal ficou levemente corada duas vezes por minha causa. Após as aulas, fui chamar Saeko-san para limpar a sala, mas logo ela recebeu uma mensagem no celular e teve que voltar para casa urgentemente, junto com seu irmão. Suspirei ao saber da notícia.

Que merda... Uma aula chata com colegas chatos e agora vou ter que limpar a sala sozinho... Que seja...

Fui à dispensa no primeiro andar do campus, peguei a vassoura e outros acessórios para lavar a sala e subi com eles até o décimo andar, onde ficavam as turmas do primeiro ano do colegial. Quando eu estava prestes a entrar na sala, algo anormal aconteceu. Pude ouvir batidas. Elas ficavam cada vez mais intensas à medida que iam se aproximando.

–Hm? – estranhei, olhando em volta. Nada vi.

Resolvi entrar na sala novamente, mas algo me surpreendeu. Um tremor iniciou-se.

Merda, terremoto!, reclamei mentalmente.

Mas não era terremoto algum. Apenas a premonição de algo metafísico. Quando me segurei na parede e comecei a caminhar para um lugar seguro, o tremor parou subitamente, e então tudo parou. Os barulhos, o movimento das nuvens e dos pássaros pela janela, tudo. Além disso, com exceção de mim, todas as coisas ficaram em preto e branco.

Puta merda! O que tá acontecendo aqui?!, pensei, engolindo em seco.

Então os passos frenéticos retornaram, e então vi criaturas vindas do meu lado direito. Olhei espantado. Eles pareciam àqueles monstros de RPG. Fiquei perplexamente paralisado por alguns segundos, mas quando um deles tentou me atacar, comecei a correr. Sorte que a escada era do lado esquerdo, então corri para ela.

Saí da escola em desespero, pois aqueles monstros me perseguiam sem nenhum motivo aparente, e estavam aumentando sua velocidade.

–O que são essas merdas?! – exclamei em pânico. Lógico que ninguém ouviu. O tempo havia “parado”.

Correndo pelas ruas sem vida da cidade, tentei despistá-los de várias maneiras. Após alguns minutos de corrida, vi um beco e pensei em despistá-los por ali. Infelizmente ele era sem saída, e logo me vi cercado.

–Droga! Vou morrer aqui... Eu só queria uma vida de paz e sossego...

Como os monstros iam caminhando em minha direção, eu só caminhava lentamente para trás sem olhar. Uma hora eu caí sentado, encostado na parede. Meu sangue latejava na têmpora, e eu sabia que iria ser golpeado por um dos monstros. Não pensei em mais nada, apenas fechei os olhos e esperei pela morte. Porém ela não veio. Ao invés de ser atacado, escutei um som de corte, e em seguida de combustão. Abri os olhos e vi mais da metade dos monstros definhando enquanto eram consumidos pelas chamas azuis. Elas ofuscavam minha visão, mas aparentemente a causadora do incêndio, e por conseguinte minha salvadora era... um anjo? Era o que parecia, pois possuía asas de pelagem branca e uma beleza angelical. Eu estava encantado e não sei quantos segundos eu a observei, mas logo o anjo olhou-me pelos ombros e perguntou:

–O que está fazendo?!

Logo quando encontrei o terrível e impiedoso olhar avermelhado dela, pensei: Pensando bem, ela tá mais pra um demônio...

–Eu já perguntei e não repetirei novamente: o que você está fazendo?

–Eu?! – perguntei, estranhando a pergunta e já desperto. Ora, tinha como eu saber? – Apenas fugindo dessas coisas! – completei. Acho que foi a coisa mais sensata a se dizer.

–O quê?! – quem estranhou então foi ela – Espera, você é um humano? Não pode ser...

–Mas é claro que sim! – respondi o óbvio – Achou que eu fosse o quê?!

–Então você é um Lost One... Bem, esses defeitos acontecem de vez em quando... Me perdoe, mas eu vou ter que...—

–CUIDADO!! – gritei, interrompendo-a e jogando-me em cima dela, protegendo de um ataque de um dos monstros sobreviventes.

Caímos no chão, e segundos depois o monstro passou por cima de nós. Ela perdeu a consciência por poucos segundos, mas logo me empurrou para o lado, levantou e derrotou o monstro com uma lâmina azul translúcida com apenas um corte. Em seguida gritou:

–Seu idiota! – ela balançou a mão e a espada sumiu – O que você quis fazer agora? Nos matar?! Eu não sou uma prostituta para você ficar se jogando em cima de mim!

Fiquei confuso por alguns segundos, mas logo respondi:

–O quê?! Eu estava te protegendo!

Ela franziu o cenho, talvez com certa raiva, mas talvez estivesse se conformando. Aquela garota era realmente um mistério.

–Isso não foi necessário – ela disse por fim. – Eu sei me cuidar. Mesmo assim, admiro sua coragem e altruísmo. Por isso, deixarei essa passar e te deixarei vivo. Preste atenção: isso nunca aconteceu.

–OK... – respondi. Era óbvio que ninguém iria acreditar nessa loucura.

–Então, até mais! – ela disse, e pude sentir uma pontada de doçura na sentença.

–Até mais?! – estranhei.

Mas ela havia sumido, junto com os monstros que ainda estavam vivos, e o mundo voltou ao normal, com o retorno das cores e dos movimentos antes paralisados. Parecia que nada mais anormal iria acontecer, então suspirei de alívio. Entretanto um estalo interrompeu minha paz de espírito, trazendo uma lembrança ruim.

–Ah, droga... Tenho que voltar para a escola...

Relutante, voltei ao campus. Pensei que nunca mais ocorreriam aqueles fatos bizarros, como o tempo “parar”, ser perseguido por monstros ou uma garota angelicalmente demoníaca aparecer na minha frente, mas logo vi que estava redondamente enganado.

***

Limpei rapidamente a sala e fui direto para casa. Estava confuso e cansado do que acontecera, porém, como eu estava em casa são e salvo, achei que mais nada daquilo iria acontecer. De costume falei ao entrar:

–Tadaima... – mesmo sabendo que ninguém me responderia. Meu pai estava viajando com minha mãe, e os dois só retornariam em um mês, em maio.

–Okaeri! – respondeu uma voz longínqua, gentil e meiga.

O quê?! Minha mãe só volta para casa em um mês! Quem será?

–Quem está aí? – perguntei assustado, pensando que era uma assombração ou um dos monstros que viera a minha casa para me matar.

–Ora, quem mais seria? – novamente ouvi uma voz distante, porém meiga e naquele momento levemente brincalhona.

E uma garota com aparência angelical e kawaii saiu da cozinha, andando em minha direção. Dei um leve pulo para trás ao vê-la. Reconheci-a na hora. É aquela garota de antes! Aquela que me salvou dos monstros! O que ela está fazendo aqui?! Espera, ela não tinha me dito “até mais”?! Não, não é possível...

–Okaeri! – ela repetiu, sorrindo gentilmente em seguida.

Olhei confuso para ela. Só naquele breve momento reparei, com os raios do Sol caindo sobre ela, que seus cabelos eram prateados e que seus olhos estavam azuis como o mar. Esses olhos não eram vermelhos?!, pensei. A garota misteriosa, porém fofa, reagiu de uma maneira muito estranha ao meu semblante de dúvida: abraçou-me. Ou melhor, me agarrou. Ela parecia feliz em me ver, e dizia coisas como “Finalmente chegou!”, “Ainda bem que está inteiro!”, “Estou feliz que esteja bem!” e similares.

Ótimo..., pensei, em seguida separando-a de mim, segurando pelos ombros finos. Ela ficou confusa com isso, mas nada perguntou, apenas ficou me encarando. Em seguida gritei:

–Eu só queria... uma vida de PAZ E SOSSEGO!!!

Minha voz ecoou não só por toda a casa, mas provavelmente por toda Yokushima.

–--ENCERRAMENTO---

JIKAI:

Yamamoto Kairo descobriu da pior maneira o mundo espiritual. Agora, além de ter que aturar colegas insuportáveis e aulas que considera desnecessárias, terá que aturar também uma garota problemática em sua casa e lidar com sua nova vida de perseguições, pois se tornou um Lost One, um conhecedor do mundo espiritual.


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Notas finais do capítulo

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