Halloween escrita por Hime_xD


Capítulo 3
3º CAP – ESCURO




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/36033/chapter/3

    A noite era serena, ao contrário de meu corpo, mente e alma. Estavam inquietos devido aos acontecimentos. Quis acompanhar Beth até sua casa, mas ela foi precisa em sua recusa; percebi quando ela foi embora, dando passos rápidos e desaparecendo de minhas vistas.

      Comecei a segui-la. Afinal, o que poderia acontecer de ruim? Só iria conferir sua chegada em casa e onde ela morava, e com sorte, um último aceno de boa-noite.

      No meio da escuridão era possível enxergar apenas árvores, a meu ver. A garota tinha desaparecido sem deixar rastros. E mesmo que tivesse deixado seria impossível eu reconhecer algo no meio de tanto escuro. Sem mais escolhas e objeções escolhi seguir o instinto. Sempre dizem que agir por instinto sempre dá certo. Iria confirmar.

     Deixei-me levar pelos caminhos poeirentos passando por arbustos secos e folhas velhas, acompanhado por minha sombra e adentrando cada vez mais pelas entranhas daquela mata. Já estava perdido. Voltar estava fora de questão, impossível cogitar. Agora era só seguir em frente e confiar nos instintos.

     Acabou por dar certo. No fim de uma trilha, avistei uma clareira com vasta luz, indicando habitação. Não me enganei. Chegando lá encontrei uma velha choupana abandonada. A luz que tinha anteriormente visto era de um lampião velho e gasto. A situação era deveras estranha. Estava perdido, não sabia onde raios estava e precisava de ajuda.

     Entrei.

     Desmaiei.

     Aos poucos fui recobrando o sentido; sentindo meu corpo, abrindo os olhos e logo, lembrando dos acontecimentos. A batida na cabeça foi forte, meu corpo doía, mas não ligava para isso, precisava levantar. Ao fazer o movimento tive uma pequena vertigem que aumentou ao ver um monte de ossos jogados e espalhados pelo pequeno cômodo e o mal cheiro que havia na mansarda. O piso estava tingido de um marrom mais escuro que as tábuas originais, denunciando um crime já antigo, marcado pelo tempo, esquecido pelo mundo e lembrado apenas pelo local.

   Minhas pernas bambearam, o ar faltou nos pulmões. O que havia acontecido ali? Ao mesmo tempo que temia as perguntas, eu temia as respostas. Mas não consegui respostas, consegui risadas. Doces risadas, como as de um bebê. E o som ficava mais e mais nítido conforme os segundos. Dei-me por louco. Pisquei mais forte e por um intervalo menor, abri mais os olhos a fim de clarear a visão e os pensamentos. Não havia dado certo. Tudo estava no mesmo lugar, do mesmo jeito.

       Desesperei-me e sai do local para tentar respirar direito, mas era ilusório. Se não tinha conseguido lá dentro, lá fora seria do mesmo jeito. Mas quis acreditar nisso. Inflei os pulmões tentando dissipar a funesta visão e desinflei-os tentando me acalmar. Era um ato nervoso, pouco eficiente, mas que valia a pena tentar.

      As risadas, antes ignoradas, voltaram a chamar minha atenção e ao escutar percebi que já as conhecia. Talvez de um parente antigo, mas não, era de Beth, a menina que havia conhecido na festa. Será que estava perdida também? O que ela estaria fazendo por aqui?

     Com meu pouco senso auditivo, tentei acompanhar as risadas cada vez mais próximas. Bateu-me um calafrio. Senti medo. Mas precisava encontrá-la; proteger minha amada.

     Percorri alguns metros e dei de frente a um lago. A voz estava mais perto, provavelmente atrás de alguma árvore. Agucei minha audição e fiquei alerta; as risadas agora cessadas faziam meu corpo locomover-se freneticamente, como louco, a procura de algum vestígio. Por fim, já cansado, sentei na grama e recostei-me numa árvore. Era uma árvore gigantesca, velha, provavelmente a mais larga e com raízes mais extensas de todas que já havia visto pelo caminho, quando estava perdido. Era frondosa, a única que ainda tinha folhas verdes.

A voz havia se perdido no silêncio, se dissipado no escuro. Iluminado apenas pela lua, fechei os olhos pesados e respirei fundo. Era um ótimo lugar para se dormir. Quando os abri novamente, uma única nuvem no céu o encobriu, mas foi embora logo após, deixando o brilhante luar banhar meu rosto.

 

- Você também gosta da lua cheia, não? - Aquela voz! Era ela!

 

   Virei-me rapidamente para a direita a fim de encontrá-la e tudo o que vi foi apenas o vulto de um esqueleto, igualmente iluminado pelo luar, o retrato de uma alma penada a vagar eternamente sobre a terra.

 

-----

Desculpa a demora, ok?q


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Halloween" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.