Stalker escrita por Polaris
Stalker - A história de um perseguidor: Ficlet
Não posso acreditar que estou fazendo isso outra vez.
Mentira, na verdade dá sim para acreditar, é normal, ao menos para mim é.
Ele está sentado lendo jornal e eu estou aqui em pé, vestindo um sobretudo bege, com óculos escuro e usando um boné preto, em pleno sol raiando de terça-feira de manhã.
Minha intenção é não chamar a atenção, porém, sei que estou fazendo totalmente o contrário. As pessoas dentro da confeitaria me olham com olhos desconfiados e indagadores. Pareço um Stalker... e de fato sou um.
Tenho dezoito anos, meu nome é Sanada Yukimura, estou terminando o ensino médio, moro sozinho, digo, praticamente sozinho, já que minha mãe vive viajando por conta do trabalho.
Todos os dias sigo um cara.
A pessoa que estou perseguindo tem quarenta e dois anos, é solteiro e mora sozinho na frente do meu apartamento. Da janela da sala posso ver tudo o que acontece dentro de seu apartamento. Sei a hora que come, a hora que dorme, acorda, a hora que costuma tomar banho, os minutos que fica no banho, sei de todas as manias dele. Todas! Ele gosta de música clássica, filmes de suspenses, seu prato favorito é Yakisoba e sua cor predileta é azul.
É estranho, um rapaz seguir um homem de meia idade e tudo o mais, eu sei, mas que se dane a lógica. O cara foi meu professor de matemática no primário, porém ele não se lembra disso.
Date Masamune-dono.
É o homem no qual sou obcecado.
Oh, ele acaba de receber um telefonema.
Quem será do outro lado da linha?
Quem será a maldita pessoa, que arranca um sorriso de canto dele?
Droga, preciso saber! Daria tudo para descobrir.
Por sorte o casal da mesa, ao lado da sua, desocupa os lugares. Minha chance! Sento ao seu lado e tento ouvir a conversa, ou parte dela, mas para a minha infelicidade só pude ouvir a despedida.
— Ok, nos falamos, tchau.
Droga, droga, droga.
Ele guarda a o celular no bolso e volta a ler o jornal.
Ah... tão legal! Masamune-sensei!
Suavemente ele dá um ultimo gole no café, retira do bolso a carteira, uma garçonete se aproxima e ele paga o que consumiu. E tem sido assim todos os dias, neste mesmo horário, ele toma seu café aqui e depois segue para a escola.
Durante a noite pegamos o mesmo metrô, mas ele não me nota, ainda bem. Porém meus olhos não desgrudam de seu rosto cansado do dia exaustivo de trabalho.
Chegando em casa, encontro tudo escuro e vazio, tomo um banho rápido e corro para a varanda. Ah... mas antes apago as luzes, pego meu saco de batatas dentro do armário e meu binóculo.
Sento na varanda com as pernas cruzadas. Ah lá está ele, na janela fumando e ouvindo Mozart outra vez.
“Tlack”
Opa! Opa! Opa!
O que foi isso? Porra faltou luz? Não acredito.
E agora não dá pra ver nada.
Aff.
Atiro-me no chão, abrindo os braços e fecho os olhos. Ouço o tic-tac do relógio da minha mãe na parede. Wa! Que clima sinistro, é medonho. Melhor ligar para o Sasuke.
Mas porra onde foi parar meu telefone?
Agora ta escuro não dá pra ver nada. Não tem vela, nem lanterna, não tem porcaria nenhuma aqui.
Quero minha mãe!
“Tock-Tock”.
Alguém ta batendo na porta. E agora? O que eu faço? E se for um stalker? E se ele for pervertido?
Não vou atender, não vou atender.
“Tock-Tock”
Outra vez.
— Sanada-kun!
Porra!! Quem é esse? Esper- acho que conheço essa voz...
E agora o que eu faço?
— Sanada-kun, por favor, abra a porta.
Não respondo. Não vou abrir.
— Sanada-kun!
Não vou abrir.
— Sanada-kun, sei que está aí dentro, abra estou preocupado.
Ta o-ok, deve ser algum vizinho.
— Já vou!
Com cuidado me ergo, e com dificuldade tento achar a porta no meio do escuro.
Ah consegui achar a porta! Beleza agora... giro a chave e abro a porta.
Tcham!!!!
A Luz voltou e o vizinho... é... Masamune-dono???????????
Estou chocado, pasmado, estático.
E ele não está muito diferente. Como infernos e porque infernos ele veio parar na minha porta ?
— Boa noite.
— Bo-bo-bo-boa noi-noi-noite. O s-senhor deseja alguma coisa? — pergunto suando frio.
— Bem... acho que não precisa mais... só estava preocupado pois sabia que estava sozinho e tudo o mais.
Ele coçou a nuca e suspirou.
— Enfim, acho que agora está tudo bem, boa noite.
— B-b-boa noite.
Girou os calcanhares e começou a descer as escadas.
Como infernos ele veio parar aqui, tipo: não fazia nem cinco minutos que tinha faltado luz, ele se teletransportou até aqui? Impossível!!!!!!!
Espera e como ele sabe que estou sozinho em casa?
— Ah, a proposito! — Meu raciocínio é interrompido por sua voz, ele tinha parado no meio das escadas e estava me olhando. — amanhã não vou tomar café na confeitaria. Combinei com um amigo de irmos a outro lugar. Só pra avisar.
Piscou e voltou a seguir seu caminho. Fiquei um tempo olhando abismado para o nada com cara de idiota.
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