Como Assim Eu Sou Uma Meio Sangue? escrita por Lise Muniz


Capítulo 6
Capítulo 6 - Surpresas inesperadas


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, aqui está o capítulo. Aproveitem a leitura.



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– O que você estava falando sobre o meu colar? – eu perguntei quando voltávamos para a rua da Cafeteria – Antes de eu te pegar roubando minha casa.

– Ele é de bronze celestial. – ele resmungou – Metal mágico contra monstros. Ele provavelmente é uma arma mágica.

– Não entendo como. Se fosse uma arma mágica eu saberia. – murmurei – Se bem que nem tudo é o que parece ser.

– É bom que você saiba usá-la. – Connor disse de repente e eu o olhei confusa – Porque a mantícora acabou de acordar e ele não parece muito feliz.

Estávamos passando na frente do beco ao lado do Jack’s nesse momento quando vi Zack correndo até nós com os dentes à mostra. Os pelos da minha nuca se eriçaram e um arrepio percorreu todo o meu corpo. Puxei Connor e comecei a correr pelo beco, pois se eu escalasse a lixeira dava pra fugir pela escada de incêndio de algum prédio. Infelizmente, algum maldito filho de uma vaca havia tirado a droga da lixeira de lá e por isso eu e Connor ficamos encurralados no maldito beco. Olhei para Connor, para ver se ele puxava uma arma mágica de algum canto, mas lembrei que ele estava desarmado. QUE TIPO DE MEIO-SANGUE ANDA DESARMADO?

– Você encurralou a gente! – Connor afirmou o óbvio – A gente vai morrer! E a culpa é sua!

Resisti a tentação mandá-lo calar a boca e tentei pensar em algo para nos salvar, ou pelo menos para atrasar Zack. Olhei em volta, procurando uma rota de fuga. A escada de incêndio mais próxima estava a metros do chão, a lixeira havia sido retirada e o beco era sem saída. A nossa frente, Zack se arrastava até nós, preparando o veneno no seu ferrão. Desesperada, toquei no pingente do meu colar e foi aí que tive a ideia. Rapidamente, tirei o colar do pescoço e murmurei uma rápida oração aos deuses para que me auxiliassem.

“Jogue-o para cima e diga o nome escrito do pingente.” – uma voz feminina sussurrou na minha mente – “Confie em mim”.

Girei o pingente, colocando-o contra o sol. Uma palavra estava entalhada nele, algo que eu nunca vira antes.

– Solis. – li em um murmúrio – É sol em latim...

Zack estava a meio metro de nós e sorria sinistramente. Connor agarrou meu braço. Com um suspiro, joguei o colar para cima e gritei:

– SOLIS!

O colar, ainda no ar, foi atingido por um raio solar e quando caiu de volta na minha mão, havia se metamorfoseado completamente. Agora no lugar de um colar eu tinha um florete com lâmina de bronze celestial. O punho era todo trabalhado em detalhes finos como a corrente e curvos, de modo que eu imaginei estar segurando a espada de um dos Três Mosqueteiros. Connor olhou para mim, surpreso e Zack deu um passo atrás.

– Como... – Connor começou

Eu estava tão surpresa quanto ele e não conseguia tirar os olhos da lâmina brilhante em minhas mãos. Infelizmente, Zack aproveitou essa minha distração para atacar. Ele lançou seus espinhos envenenados contra nós. Connor conseguiu escapar ileso, mas um dos espinhos passou de raspão pelo meu braço, deixando-me com um pequeno corte. Zack avançou sobre nós e eu empurrei Connor para trás de mim. Lancei-me contra Zack com a espada em punho e perfurei o peito dele com a ponta da lâmina da minha espada. Com uma praga, ele se desfez na nossa frente. Não sei se algum meio-sangue já reparou, mas pó dourado de monstro parece muito com purpurina. Sério mesmo. Dá pra usar pó de monstro em trabalho escolar e eu não sabia.

– V-você salvou a gente. – Connor gaguejou, me olhando boquiaberto – C-como fez isso?

Abri a boca para responder que não sabia, mas de repente, uma pontada de dor surgiu no meu braço e eu soltei um grito. Senti minhas pernas fraquejarem sob o peso do meu corpo e teria caído, se Connor não tivesse me segurado. As veias do meu braço pareciam queimar e os músculos de todo o meu corpo doíam. A última coisa de que me lembro antes de perder a consciência, foi de Connor tirando meus óculos e chamando meu nome.

***

Acordei deitada em um táxi. Estávamos no banco de trás e minha cabeça estava no colo de Connor. Minha boca estava com gosto de veneno e sangue e eu via tudo meio embaçado à minha frente, pois estava sem meus óculos. Meu corpo ainda doía e minha cabeça latejava. Connor afagava meus cabelos e sorriu quando eu abri meus olhos.

– Onde estamos? – perguntei meio rouca – Eu morri?

– Não você não morreu. – Connor riu – Estamos em um táxi a caminho do Acampamento. Você nos salvou.

Sorri para ele e tentei puxar-me em uma posição sentada, mas foi só para eu descobrir que estava fraca demais para isso.

– Fique quieta. – Connor pediu – Você precisa de um pouco de néctar.

Ele pegou um pequeno cantil de dentro de uma mochila azul, que eu ainda não tinha visto, a abriu e deu-me para que eu bebesse. Do que tinha gosto? Do suco de laranja caseiro que minha mãe fazia nas ocasiões especiais ocorridas lá em casa. Era minha bebida favorita. Tomei dois goles do néctar do cantil e o devolvi a Connor. Claro que eu queria tomar mais, mas sabia que se eu o fizesse, poderia morrer.

– Pode me devolver meus óculos, por favor? - pedi a ele – Não consigo enxergar nada sem eles.

– Sabe que você é a primeira de nós que eu vejo usar óculos? – Connor devolveu-os a mim – É um fato interessante.

Pus meus óculos no rosto e sentei. O efeito do néctar fora instantâneo e agora eu me sentia mais forte e minha cabeça não latejava mais.

– Está se sentindo melhor? – Connor perguntou

– Meus músculos ainda gritam, mas fora isso, eu estou bem. – respondi

– Você ainda está um pouco pálida, mas já te dei néctar demais. Quer dormir um pouco? Ainda estamos longe de Long Island. Pode usar meu ombro de travesseiro se quiser.

Aceitei a sugestão dele e apoiei a cabeça no seu ombro. Ele começou a afagar meus cabelos novamente e eu adormeci.

Sonhei que estava em casa. Minha mãe abria a porta da frente, parecendo preocupada.

– Não tem ideia de onde ela pode estar? – ouvi a voz de Joana perguntar

– Ela me disse que ia almoçar no Jack’s com uma amiga de escola, mas eu sabia que ela ia se encontrar com um garoto. Ela mente muito mal. – minha mãe respondeu

Eu minto mal? Minha mãe sabia sobre Zack? Joana havia lhe contado?

Minha mãe jogou sua bolsa no sofá e desabou nele, pondo as mãos na cabeça.

– Minha esperança era que ela estivesse aqui, mas ela nunca tranca a porta. – minha mãe murmurou – Meu Deus, onde ela está?

Senti um aperto no coração e o peso da culpa caiu sobre mim. Eu realmente queria ter falado com ela antes de sair, mas infelizmente não consegui. Agora ela estava preocupada e desesperada, pois eu havia desaparecido.

– Vou pegar um copo de água com açúcar para você. – Joana disse e cinco segundos depois – Larissa! Vem cá! Olha isso!

Minha mãe levantou com um pulo do sofá e correu para a cozinha. Joana a esperava com meu bilhete nas mãos. Minha mãe tomou o papel das mãos dela e o leu rapidamente, franzindo o cenho.

– Ela fugiu de casa. – Joana murmurou – Mas por quê?

– Eu devia ter contado a ela sobre sua origem. – minha mãe falou – Ela deve ter descoberto a verdade e foi à procura dela. A culpa é toda minha.

– E o que você ia falar para ela? “Ah querida, esqueci de te falar, mas eu não sou sua mãe de verdade. Seu pai casou comigo porque eu ia ser deportada e ele não sabia o que fazer com uma neném de um mês de idade! Ah! E eu não faço ideia de quem é a sua mãe verdadeira!” Claro que não! Larissa, VOCÊ é a mãe dela. Você que cuidou dela por todos esses anos! Você que lhe deu amor e atenção! Foi VOCÊ que a amamentou!

– Mas não fui eu que a carreguei na barriga por nove meses.

– Grande coisa! Isso não importa! Você é a mãe dela e ela te ama!

É extremamente frustrante quando você está tendo um sonho de meio-sangue e sabe que não pode fazer nada. Minha mãe estava chorando e eu não podia nem mesmo lhe dar um abraço para consolá-la. Para dizer que a amava, mesmo que tivesse acabado de descobrir que ela não era minha mãe biológica.


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Notas finais do capítulo

Que tal um review? Vamos. Não vai cair sua mão.



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