O Sol Negro E A Lua Branca escrita por Gabby


Capítulo 35
Catastroficamente


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a Yume Gurren, que recomendou a fic. Essa linda ♥
GENTE, desculpa a demora. Mas bateu uma falta de criatividade, que meu senhor. Agradecimentos a Nephely, Bucky e Byakuya Manero. Enjoy!



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Karin sentiu uma respiração quente em seu rosto. Abriu os olhos, mas não havia nada lá. Talvez ela ainda estivesse dormindo. Deu uma olhada para a cama de seu lado, para a irmã Yuzu, que dormia tranquila, e voltou a fechar os olhos. Karin iria voltar a dormir, mas novamente sentiu a respiração. Era forte e aterrorizante, como um bafo quente. Desta vez, ao invés de abrir os olhos, apertou-os fortemente. Não queria ver o que era aquilo. Não parecia humano.

Sentiu a cama ceder a um peso. Era grande. O colchão se deformou aonde estaria as mãos e as pernas da criatura. Karin sentia seu hálito nojento, como se algo houvesse morrido e apodrecido dentro da boca. Sentiu, de repente, algo pingar em sua bochecha. Inicialmente, Karin pensou que estivesse chorando. Mas, quando ela tocou o líquido, percebeu que era saliva. Saliva da criatura.

Gritando, ela pulou dos cobertores. Chutou, mas, em vez do monstro, só atingiu o ar.

— Karin! — chamou Yuzu, que havia despertado com o berro da irmã. — O que aconteceu? Você está bem?

Cheia da adrenalina, Karin examinava o quarto escuro. Seu peito descia e subia muito rapidamente; ela estava arfando. Forçou os olhos a enxergar além do escuro, e então conseguiu distinguir uma sombra que parecia mais escura do que as demais.

Saltou e correu até a cama de Yuzu. Pegou a irmã pela mão e forçou-a a levantar.

— Karin, o que está acontecendo? — ela perguntou, confusa e sonolenta. Esfregava seus olhos com as mãos.

— Há algo aqui com a gente — sibilou Karin.

— Algo? Mas como assim algo?

Karin correu, puxando a irmã. Girou a maçaneta, mas a porta não abriu. Ela começou a forçá-la, então. Yuzu gritava, desesperada. Não sabia bem o que estava acontecendo, mas todos os músculos de seu corpo diziam que não era nada bom.

— Socorro! Socorro! Alguém nos ajude! Por favor!

Enquanto Karin esmurrava a porta e grunhia, as sombras se agigantaram atrás delas.

///

Rukia se sentia melhor. Agora que Ichigo havia “descoberto” seus poderes, e agora que Virgem Maria a tranquilizara, Rukia estava confiante de que ganhariam aquela guerra. Seria difícil e doloroso — ela sabia —, mas tinha certeza de que ela, Ichigo, seu irmão, Yoruichi e Urahara voltariam a salvo para casa. Ela tinha nisso.

Ichigo também parecia mais calmo, porém estava distante e pensativo. Ele treinava todos os dias seus poderes nephilim, e aprendera a usá-los habilmente.

Faltavam pouquíssimos dias para o Samhain, e Byakuya já recrutara todos os seus caçadores. Urahara conseguira setenta e cinco magos para lutar pela causa — o que parecia demais quando se sabia da baixa quantidade de magos que havia. Tinham lobisomens no exército também, apesar do caos que esta comunidade se encontrava. Alguns queriam vingar-se e por isso estavam lutando. Mas a maioria estava espalhada, afastada e escondida, com medo. Já os vampiros estavam dispersos e correndo a solta pelo mundo. Pretendiam, quando o dia chegasse, fazer algum tipo de acordo com os demônios. Sem os lobisomens os controlando, o número de homicídios havia aumentado consideravelmente. Os vampiros não mais matavam seres humanos para a sua alimentação, e sim pela diversão. Além disso, a Peste Negra arrasava e dizimava a população que restava. A Europa estava um caos, mas Rukia sabia que, quando vencessem os demônios, não demoraria muito para que tudo entrasse nos eixos.

Ichigo sentou-se ao seu lado, na biblioteca. Ele estava lendo poemas árcades. O ruivo não gostava de nada muito complicado; já Rukia, gostava da confusão e do exagero que a literatura barroca e romântica lhe proporcionava.

— Como vai a leitura?

Eles estavam sentados a uma mesa perto da janela. Lá fora, o vento balançava as copas das árvores, fazia flutuar as folhas amarelas e alaranjadas. O volume que Ichigo lia era encadernado em capa dura.

— Aos solavancos — respondeu ele. — Como um parto.

A respiração de Ichigo já não era estranha para ela; simplesmente fazia parte do ambiente. Quando anoitecia, e Ichigo ia embora para casa, Rukia frequentemente sentia que algo faltava.

— Estou muito orgulhosa de você — afirmou Rukia, referindo-se a alfabetização de Ichigo. — Você evoluiu muito desde que começamos.

Ichigo deu de ombros, mas Rukia viu que ele se importava.

— Obrigado.

Estava corado naquele dia, saudável, mais forte. O garoto magrelo e sujo se fora; agora, Ichigo era um homem musculoso e levemente menos sujo. No entanto, as suas mãos estavam ainda mais calejadas — o trabalho de ferreiro progrediu para um de guerreiro. Além disso, ele amadurecera. Tornara-se alguém mais honroso, menos sangue-quente. Rukia achava que ainda estava apaixonada por Ichigo. Na verdade, o Ichigo Kurosaki de agora excitava-a ainda mais do que o Ichigo Kurosaki de antes. Rukia prometeu para si mesma que, depois que eles finalmente ganhassem aquela guerra, os dois iriam ficar juntos.

— Estou cansado desse ar de livro — comentou Ichigo. — Vamos caminhar um pouco ao ar livre?

Os dois se levantaram.

Sentaram-se no monte, onde Rukia e Ichigo treinavam em segredo a um tempo que parecia muito distante. A grama estava úmida, mas nada que incomodasse os dois. O céu estava começando a colorir-se de amarelo e laranja na linha do horizonte, mas o topo ainda estava entre cinza e um azul claro.

— Já te ocorreu, alguma vez passou pela sua cabeça, que nós podemos realmente morrer lá?

Rukia olhou para Ichigo. O sol iluminava o lado direito de sua face, deixando o esquerdo nas sombras. Era como uma pintura barroca. Rukia não esperava isso dele — Ichigo sempre lhe pareceu o mais otimista e determinado dos dois. Ela sentiu-se idiota pela sua esperança recém-conquistada.

— Você acha que temos mais chance de vencer a guerra ou de morrer? — perguntou Rukia, depois de um tempo em silêncio.

— Talvez façamos os dois — respondeu ele, em um resmungo incompreensível. Sua testa estava franzida.

— O quê? — perguntou Rukia, que não havia escutado direito o que ele havia dito.

Ichigo suspirou, suavizando a expressão. Virou a cabeça para o lado, mirando a linha do horizonte. As grandes árvores estavam lá, alaranjadas, os cipós e as folhas amarelentas no chão — a entrada para o mundo de Faerie.

— Tem dias que acordou e penso que tudo vai dar certo, que vamos vencer essa merda toda e que não vai existir mais miséria — contou ele. — Mas há outros em que nem tenho vontade de levantar da cama.

Ichigo parecia melancólico, um pouco nostálgico, como se contasse um evento que acontecia com frequência.

— Quais desses dias sãos os mais abundantes? — perguntou Rukia.

Ichigo virou para Rukia, os olhos entreabertos por causa da luz do sol. Não disse nada por um momento, só ficou a olhá-la. Então, inclinou-se para a frente e pressionou seus lábios contra os dela.

— Queira me desculpar, princesa, mas acho que estou catastroficamente apaixonada por você.

O “acho” incomodou Rukia um pouquinho, mas ela sabia que a palavra principal da sentença era “apaixonado”. Tocou a bochecha de Ichigo, fazendo carinho com o polegar.

— Só aprendeu a ler neste ano e veja como já entende de palavras. “Catastroficamente” é a palavra perfeita para nós dois.

Ela o beijou; e, dessa vez, foi um beijo de verdade. Rukia pôde sentir o sabor de Ichigo, o de todos os seus tons; um toque singelo, porém íntimo. Endireitou o corpo para ficar frente a frente com ele, e Ichigo a segurou pela cintura.

— Me diga que “catastroficamente” é a palavra que procurava — sussurrou ele, ao pararem o beijo buscando por ar. Sua voz estava rouca, oscilava.

Rukia não tinha a mínima ideia do que aquilo queria dizer, mas concordou assim mesmo. Ela, finalmente, não precisava mais vencer uma guerra para estar com seu amante catastrófico.

///

Ichigo irrompeu da porta, fazendo um barulho estrondoso. Chad, o jardineiro, que já se provara bem mais que isso, o encarou seriamente. Não era de muitas palavras — na verdade, Ichigo não se lembrava de ter escutado mais do que meia dúzia de palavras do grandão — o que, no momento, era bom, pois Kurosaki não queria conversar.

— Precisa de ajuda — Chad perguntou, com sua voz grave porém gentil. Ichigo gostava dele; diziam que o moreno era um ótimo caçador.

— Só preciso de armas — respondeu Ichigo, mais ríspido do que planejava. Mas, afinal, não tinha tempo para gentileza.

Eles se encontravam no hall de entrada, onde o labirinto real começava. Havia, além da linda escada para a família real e da escadinha pouco charmosa para os empregados, vários corredores que ramificavam-se pelo andar. Foi de um desses corredores que surgiu uma voz de mulher, perguntando de modo inquisidor.

— Para que precisa de armas?

A falta de empregados e ânimo demonstrava-se no castelo por meio da negligência — ele estava sujo e empoeirado feito o Hueco Mundo. Com a perda de quatro importantes funcionários, a equipe não dava conta. E Byakuya de certo achava que a atmosfera escura ilustrava o seu interior, porque nada fazia a respeito.

A condessa Yoruichi surgiu do corredor, usando um elegante vestido bege e várias jóias — pulseiras de prata, um colar com um medalhão, dois anéis de pedras preciosas. Era engraçado como todos decaíam ao seu redor e ela continuava linda e imutável. Provavelmente um dos aspectos da imortalidade. Ichigo ficou se perguntando quantas catástrofes a condessa presenciara, e se tornara-se mais fácil ou difícil se reerguer com o tempo.

— Eles pegaram minhas irmãs, condessa — disse Ichigo, com a voz embargada. Seus olhos brilhavam. Ele temia muito pelas irmãs; suava frio só de pensar no que elas estariam sendo submetidas neste momento, e certamente não pretendia deixa-las sofrer nem por mais um minuto. — Preciso resgatá-las.

A condessa franziu a testa.

— Como assim, Ichigo? Me explique direito.

Ichigo suspirou, tomando fôlego.

— Hoje chegou uma carta da escola delas. Karin e Yuzu desapareceram.

— Ás vezes, pode não haver nenhuma conexão com os demônios, Ichigo — Yoruichi replicou. — Pode ter sido apenas um engano.

Ichigo a observou por um momento, em silêncio. Sua cara estava fechada, introspectiva — não deixava claro se estava pensando no que Yoruichi dissera ou se simplesmente estava muito bravo. Isso deixou a condessa nervosa.

Por fim, Ichigo disse:

— Preciso das armas, Yoruichi.

Soou cansado, mas também determinado. Ichigo sabia, e Yoruichi também, que nada o impediria de salvar as irmãs. Aquela discussão era inútil.

— Você entende que isso é uma armadilha, certo? — perguntou a morena, praticamente desistindo.

— É claro que eu entendo! — exclamou Ichigo. — Não sou idiota. Só que são minhas irmãs lá, e eu preciso me arriscar.

Ichigo começou a andar, determinado a encontrar as armas. Porém, Yoruichi o parou com uma das mãos em seu peito.

— Pelo menos nos dê mais tempo, para que possamos nos organizar — pediu Yoruichi, o que não fazia há algum tempo. — Uma semana.

— De jeito nenhum! — protestou Ichigo, livrando-se da mão de Yoruichi. — Até lá, Karin e Yuzu estarão mortas.

— Você não vai ter chance alguma de salvar a vida de suas irmãs sem reforços — replicou Yoruichi, os olhos duros.

Ichigo fez silêncio por um tempo, pensando.

— Dois dias — sentenciou ele, em um resmungo. — E nada mais que isso.

Ichigo saiu andando, enquanto Yoruichi arfava, a mão ainda levantada, pensando no que havia se metido.

///

Os feiticeiros não tinham um grupo fechado e extremamente organizado como os caçadores tinham. Na verdade, a maioria deles encontrava-se dispersa pelo mundo, trabalhando sozinho ou em grupos pequenos de amigos — embora todos os feiticeiros tenham sido incentivados a cuidar uns dos outros, pois ninguém mais iria. Mas, como tratava-se de seres milenares com muito conhecimento acumulado, fazia-se necessário uma organização que servia para regulamentar e guardar a vida dos feiticeiros. Chamavam-na de Conselho, que era composta por feiticeiros muito velhos e que possuíam bastante conhecimento. Yoruichi era uma das feiticeiras mais antigas, no entanto sua rebeldia e sua origem egípcia fizeram com que a morena não se tornasse um membro do Conselho Europeu.

Os feiticeiros não eram fadas e, embora pudessem visitar outras dimensões, pertenciam ao mesmo mundo que os humanos. Por este motivo, a sede européia do Conselho de Feitiçaria era em Florença, capital das artes e do pecado. Yoruichi tomou um portal para lá, que era disponível a todos os feiticeiros.

A sede era um palácio bonito, que assemelhava-se em alguns aspectos com a antiga arquitetura romana. O teto era abobado, e o prédio conseguia camuflar-se graças a sua semelhança com a arquitetura florentina, que tinha muita influência bizantina. No chão, havia figuras um pouco desbotadas, porém belas. Diferente da arte dos caçadores, que sempre buscava retratar um momento de glória e guerra de sua história, a arte que os feiticeiros preferiam tinha aspecto meramente mundano e seu único objetivo era satisfazer quem a observava. Estátuas de mármore decoravam o grande salão, mostrando bustos e esculturas dos antigos gregos, deuses ou heróis, e outras esculturas tinham nascido apenas agora, fruto da Renascença. Feiticeiros e feiticeiras zanzavam pelo salão, conversando alto, com seus elegantes trajes. A maioria conversava em italiano, mas se Yoruichi prestasse atenção poderia escutar muitas outras línguas também — grego, inglês, francês, árabe, turco. Os tecidos caros e coloridos, as jóias, adornavam rostos já conhecidos através dos anos.

Marcou uma reunião com o Conselho. Já tentara contatar seus colegas feiticeiros mais de uma vez, mas eles não se importavam o suficiente com a profecia para lutar por ela, principalmente ao lado dos caçadores. “Nós não somos heróis”, disseram eles. Os caçadores eram, como já gabaram-se tantas vezes enquanto menosprezavam os seres do Submundo, e pagariam por isso com sangue.

///

Ichigo beijou o pescoço da morena, sugando sua pele como um vampiro aspira a alma de sua vítima. Depois, beijou Rukia novamente na boca. Naquele dia, ela estava muito suave — usava um vestido de algodão e tinha cheiro de sabão. Já Ichigo, tinha um ar pesado e seu coração estava duro. Seus dedos estavam ásperos na pele macia da princesa, e apertavam com força demais — o que poderia ser divertido, se Ichigo não estivesse passando pela situação que estava.

— Não vamos fazer isso. — Rukia interrompeu o beijo, afastando-se dele. — Não com você assim. Vamos conversar.

Ichigo bufou, caindo na cama da princesa. Estavam no quarto de Rukia, a cama grande e ornamentada, e Ichigo já havia adquirido confiança em si mesmo e intimidade com a princesa para sentir-se tão à vontade no ambiente.

— Eu não quero conversar — respondeu ele, em um muxoxo. — Na verdade, não quero nem pensar. Se penso, imagens de Yuzu e Karin naquele calabouço me vêem a mente e... Argh!

Ichigo socou a cama, frustrado. Rukia se aproximou dele, os braços cruzados e o rosto crítico. Ele tampou os olhos com as mãos para não precisar enfrentar o olhar dela.

— Ichigo... — começou Rukia, mas parou aí. Não sabia como continuar. Sentou-se na cama, o colchão deformando-se um pouquinho, e tocou a coxa do Kurosaki. Ele resmungou alguma coisa, que não necessariamente precisava fazer sentido, e pegou um dos travesseiros dela, de penas de ganso, e tampou seu rosto com ele.

Rukia tirou o travesseiro do rosto do namorado com delicadeza. Os olhos castanhos miraram os violetas, e ela sorriu para ele reconfortante. Depois, deitou-se e abraçou-o pelas costas. Envolveu Ichigo com seus braços finos e afundou a cabeça na curva entre o pescoço e o ombro dele, cheirando seus cabelos ruivos. Ichigo tinha um maxilar retangular e forte, bonito. Suas pernas estavam se tocando.

— Eu pensei em algo esta manhã — disse ele, a respiração abafando a fala. — Bom, na verdade, já havia pensado nisso há bastante tempo. Mas achei que não precisaria fazer. No entanto, agora, acho que vai ser necessário.

Ela resmungou, impaciente.

— Vamos logo, Ichigo! Conte-me o que é.

Ele colocou a cabeça para trás, batendo sua testa levemente na dela. Nunca haviam estado tão próximos. Rukia apertou a camisa de Ichigo, sentindo os músculos de anos de trabalho duro por baixo.

— Não queria te pedir isso. Mas sei que é o mais certo a se fazer considerando tudo que está em jogo, que é muito maior que nós dois. Acho que Yoruichi vai poder nos ajudar.

///

O Conselho estava exaltado. O líder, um homem que aparentava não ter mais que trinta anos, pálido e de cabelos prateados, exclamou:

— De forma alguma, Yoruichi! É arriscado demais.

Tudo estava arranjado de forma que ela se sentisse pequena. Todos os vintes conselheiros estavam em grandes mesas elevadas em um semicírculo, fazendo com que Yoruichi se sentisse cercada por gigantes. No entanto, a feiticeira não perdeu a compostura — era tão velha como eles, afinal! Vira Alexandre O Grande conquistar sua terra, Jesus realizar milagres, Roma cair, os bárbaros assaltarem a Europa, Maomé destruir os ídolos. E continuava em pé. Não eram colegas, nem Diabos velhos feito o seu pai, que iriam fazê-las cair.

— E deixar Lilith e Lúcifer subirem a Terra não é? — questionou ela, em alto e bom som. Viu que o Conselho começou a ficar dividido, pois murmuravam entre si. O líder estava vermelho.

— Ora, deixai que os caçadores impeçam eles por nós — opinou Sandra, uma italiana bonita de cabelos vermelhos trançados em um penteado volumoso. Yoruichi já tivera um caso com ela, algumas dezenas de anos atrás. Era tranquila, porém podia ser cruelmente indiferente como conseqüência disso. Fumava um longo cigarro com gosto, as maçãs do rosto se destacando.

— Nós não somos covardes ridículos para depender de caçadores! — opinou Oton, um polonês narigudo.

— Eu concordo em mandar reforços para Yoruichi — opinou Soare, uma velha amiga de Yoruichi. Tinha pele morena, cabelos pretos vastos, e uma pinta em cima dos lábios. Ela sorriu para a condessa. — Não podemos simplesmente deixar os demônios livres em nosso mundo; os feiticeiros não devem fugir a luta.

Um ruído de aprovação foi escutado entre os ali presentes, até que o francês Henri disse:

— Não se finja de corajosa; você é cigana. Fugir é o que seu povo mais faz.

Soare se encolheu na cadeira, pois o francês lhe dava arrepios de nojo e medo.

— E, então, o que você sugere? — perguntou Jano, um descontraído romano, que também era amigo de Yoruichi.

— Que nos juntemos aos demônios, é óbvio! — respondeu Henri. — É isto que os vampiros irão fazer, e veja que eles nem mesmo tem parentesco com eles.

— Yoruichi só está pedindo ajuda para os caçadores porque faz sexo com um deles — falou o alemão Werne. — Mas ela nunca irá ser um deles, embora tente tanto se misturar.

Yoruichi bufou, pronta para responder o alemão de maneira nada delicada, quando o líder, Benedict, levantou uma das mãos.

— Já escutei o suficiente para tomar minha decisão, Yoruichi — disse ele, com a voz profunda. — Sua ideia será divulgada para os feiticeiros de todo o mundo; entrarei em contato com o Conselho africano e asiático. O transporte, por meio de portais, será providenciado à todos os feiticeiros que queiram lutar por isso — o britânico sorriu, torto. — E isto inclui a mim e a todos os meus seguidores.


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Notas finais do capítulo

Avisem-me se houver qualquer erro.
Pretendo que o próximo capítulo saia até Natal, como presente para vcs. Mas n prometo nada, só se o Noel trazer criatividade para mim.
Bye!