O Sol Negro E A Lua Branca escrita por Gabby


Capítulo 20
As moças do Hueco Mundo


Notas iniciais do capítulo

Deixaram comentários no capítulo anterior: Kevyn Valdez, Gigi, e, em especial, Nephélibate (cujo nome eu consigo escrever certo agora). Meu eterno "obrigada" a vocês três. Embora o capítulo não seja de um tamanho muito grande, eu adiantei sua postagem em consideração á vocês.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/360133/chapter/20

O lenhador caminhava; sabia que não deveria se aventurar pela Floresta Proibida, mas precisava de dinheiro. Não era demasiado supersticioso como os outros habitantes do Reino Kuchiki, e realmente não se importava muito em ir para lá.

Era oito horas da manhã, e o sol irradiava uma luz branca que iluminava seu rosto protegido por um chapéu. Ele balançava seu machado, ponderando qual árvore deveria cortar. Realmente, não era uma floresta assustadora: tinha árvores de clima temperado, principalmente pinheiros, e parecia bem comum.

Ele continuou andando, procurando uma árvore que valesse a pena seu esforço: queria sair logo daqui. Olhava para o topo delas com um ar crítico, até que tropeçou em algo. Não havia caído, mas olhou para baixo.

Uma perna. Um corpo. Pensou inicialmente que era um bêbado qualquer, que havia tomado muitas bebidas e acabou adormecendo no local. No entanto, ao olhar com mais atenção, notou as moscas transitando por sua boca. Os olhos abertos e arregalados. E, principalmente, o sangue. Era viscoso, e estava espalhado pelo corpo do homem e também pela pedra atrás dele. Os membros e o maxilar estavam retorcidos em uma posição não possível para um humano. O homem estava morto. Deveria ter sido assassinado de modo brutal.

O lenhador ponderou o que deveria fazer; logo decidiu que o melhor era berrar. Voltou, andando rapidamente até fora da floresta. Deveria ter dado atenção aos mais velhos: essa floresta realmente era amaldiçoada. Nunca mais voltaria ali.

...

Grimmjow a conduzia pelo jardim do castelo. Na verdade, não era um bom passeio; embora longo em extensão, o jardim deixava a desejar para uma dama. Rukia o achara feio; não sabia se era cuidado —as ervas daninhas cresciam pelos cantos, e não havia nenhuma flor —, mas Sado fazia um trabalho muito melhor no jardim dela. Pensou em mencionar isso, mas desistiu; seria extremamente indelicado.

Ela dirigiu um olhar de esgueira a Matsumoto, que os acompanhava um pouquinho atrás. Seria extremamente inadequado deixar o príncipe corteja-la quando eles estavam sozinhos, por isso Rangiku exercia o papel de dama de companhia para ela.

Sobre o seu noivo, ela não podia dizer muita coisa. Era bonito, sim, mas Rukia não ligava muito para esse quesito. Grimmjow também parecia não querer casar-se com ela —ela não sabia se gostava ou não gostava dele por causa disso —e suas frases eram em um tom arrastado de quem o obrigara a dizer isso. Na verdade, parecia ser um homem facilmente entediável.

—Quando irá conversar comigo de verdade, Sr. Luisenbarn? —perguntou Rukia, já cansada de todo fingimento.

—Chama-me pelo primeiro nome. E não entendo sua afirmação; estou conversando com você de verdade. —Grimmjow respondeu, não demonstrando confusão; ainda estava desinteressado na conversa.

—Pois se está, temo que sua conversa seja extremamente desinteressante.

Grimmjow riu, e a risada dele era tão alta que chamou a atenção de Rangiku. Havia algo de diferente no modo como ele erguia a cabeça, e contraía e relaxava o abdômen enquanto ria. Era assustador, cômico e adorável ao mesmo tempo. No entanto, sua risada era como aço raspando na pedra, e parecia de tom malicioso. Não era como quando Neliel ou Ichigo riam, de um modo feliz, normal e adorável. Ela se sentiu desconfortável no mesmo instante; estava com uma faca no bolso do vestido —porque realmente não confiava no povo daqui—, e a alcançou, apenas para se acalmar.

—As mulheres do seu reino costumam ser tão ousadas? —ele perguntou, quando acabou de rir.

Rukia ergueu a cabeça, quase em tom de desafio.

—Meu irmão diz que eu tenho um gênio impetuoso.

—Ele parece estar certo. —Grimmjow concordou. —Eu gosto disso. Realmente não temos muitas mulheres com personalidade por aqui. Francamente, são covardes e certamente fariam de tudo por um pouco de trocados. Um lamento, devo dizer; mulheres que não consigo conter o bocejo de tão desinteressantes. Vai ser muito bom tê-la aqui.

Rukia conteu as palavras que certamente iria dizer, engolindo-as —elas tinham um gosto amargo. Acelerou o passo, para não manter contato visual com o futuro marido. Fôra horrível o jeito que ele se referira às mulheres do reino, com um tom de desprezo e desrespeito. Ele também a lembrara que, depois de casada, ela seria a princesa do Hueco Mundo —e praticamente abandonaria a família, e viria morar lá.

—O que você realmente pensa disso, Sr. Grimmjow? —ela indagou, com um tom de voz incomodado. —Do casamento, desse encontro. Fale o que você pensa; não quero me casar com um homem que eu não conheça as opiniões.

Logo Grimmjow estava á seu lado, escurecendo Rukia com sua sombra.

—Você vai ter que se casar comigo de qualquer jeito; o que importa minhas opiniões, ou meus gostos? —disse Grimmjow, dando de ombros. No entanto, essa fala a assombrara como não assombrara mais ninguém. — Isso é um arranjo, Kuchiki. Estamos nessa por nossos patriarcas, e eles estão nessa pelo poder. Não espero que uma mulher entenda isso, mas o poder é o que todos almejamos, e nada se iguala a ele. Força, dinheiro, nossas mulheres: tudo isso é nada mais que o caminho para o poder.

Rukia gelou. Com o corpo rijo, virou-se para Grimmjow.

—Eu entendo perfeitamente o poder; no entanto, gostaria de que meu marido estivesse a minha altura, para assim gabar-me para as minhas amigas. —Rukia disse, com um sorriso de que, de tão forçado, parecia ter sido amarrado no rosto. —Um bom marido também é um caminho para ser poderosa, você não acha?

...

Nell corria desesperada pela floresta; chegara á seu conhecimento o camponês encontrado morto. E, cercado por uma multidão, lá estava ele, igualzinho ao sonho. Ela caiu sobre seus joelhos, com um misto de confusão e desespero, pensando do que aquilo se tratava. As pessoas pensavam que ela era algum tipo de parente do homem, e lhe dirigiam um olhar carregado de piedade. No entanto, Ulquiorra, que estava atrás dela, sabia que não era bem assim.

—Srta. Tu Oderschvank, isso é completamente inadequado. —falou a voz morta de Ulquiorra, atrás dela. —A senhorita certamente é muito sortuda, pois a família real não está. No entanto, se estivesse, você seria punida. Não deve-se abandonar o trabalho assim, apenas porque uma das colegas mencionou um ocorrido e a senhorita gostaria de olhar.

Neliel mal se conteu; soltou um berro embargado.

—Isso é um assassinato, Ulquiorra! E pior: eu sonhei com ele.

Ulquiorra mexeu a sobrancelha, sem nada realmente bom para dizer. Em seguida, vendo que não conseguia encontrar as palavras certas, disse sem adorno:

—Não creio que o teu problema seja problema meu.

Neliel levantou se supetão, mal acreditando no que o homem havia dito. Marchou sem olha-lo no rosto. Orihime estava certa. Ulquiorra é um canalha indelicado, pensou. Mesmo com uma educação muito superior á dela, conseguia deixar todos desconfortáveis e era grosso. Muito grosso.

...

Hitsugaya ia caminhando pelo castelo, realmente curioso em explorar um novo ambiente. Halibel não vinha com ele —talvez porque não era para o mocinho estar andando por ali.

Toushiro achou o castelo muito estranho, por assim dizer. Não a estrutura em si, mas a atmosfera e os criados também. As mulheres que trabalhavam no castelo pareciam muito amedrontadas —isso era revelado quando Toushiro falava com elas, ou mesmo erguia a mão para fazer alguma coisa; será possível que elas temiam um tapa?—, e tinham um olhar muito velho. E os homens não pareciam ter recebido nenhum tipo de educação decente, e pareciam animais em uma selva. Ele não podia deixar sua irmã viver ali, e ser uma daquelas mulheres com olhos velhos e medrosos, apesar de muito jovens.

Havia portas que ele não podia abrir, e lugares que ele não podia ir de jeito nenhum. Praticamente a área oeste inteira. Havia brutamontes guardando a porta, seguranças parrudos e de aparência intimidadora. Ele realmente não gostou nada disso, e desconfiou bastante. O que estariam escondendo atrás dessas portas? Ele tinha apenas uma certeza nisso tudo: coisa boa não era.

Continuou andando pelos corredores do castelo decadente, as paredes de pedra como se ele estivesse em uma caverna. Várias tapeçarias ilustrando histórias de guerras eram os únicos adornos do local, e tudo era muito escuro.

E então Toushiro ouviu o farfalhar de saias, e observou uma criada caminhando pelo corredor. Tinha o cabelo castanho preso em um coque, e seu rosto e olhos eram redondos e adoráveis. Uma estátua de cera, imortal pelo tempo. Hitsugaya atravessou o corredor, já que decidiu conversar com ela.

—Com licença, —ele começou. —poderia me dizer o motivo de eu não poder cruzar para a ala oeste do castelo?

A copeira ficou levemente sem graça.

—Infelizmente, eu não posso. —ela respondeu. —As ordens não foram dadas á mim, Príncipe Hitsugaya, eu sinto muito.

Toushiro colocou todo o peso no pé direito, depois transferiu para o esquerdo.

—Então, vamos, me diga o que há lá.

A criada se sentiu desconfortável, uma expressão clara em seu rosto delicadíssimo. Toushiro se sentiu mal por criar tamanho desconforto á uma dama, e pensou que ela já sentia medo dele —afinal, a estava pressionando.

—Me desculpe. —ele recuou. —Fui tomado pela curiosidade, não quis soar ameaçador de forma alguma. —Ela assentiu e o presenteou com um pequeno sorriso de consideração. —Qual é o seu nome?

—Vejo que o príncipe é um homem curioso. —observou a criada, timidamente. —No entanto, creio que o meu nome não importa.

—Pois é claro que importa! —Toushiro a contrariou. —Como conviver com uma pessoa que nem sei o nome? Pois virei aqui mais vezes, visitar minha irmã Rukia, e não posso simplesmente chamar a senhorita de ninguém, ou de sem nome.

—Ninguém está ótimo para mim, afinal não passo muito disso. —respondeu a jovem copeira, se esquivando de Hitsugaya e retornando a sua caminhada. —Dar-me licença, por favor.

Toushiro seguiu a criada, quase correndo para acompanhar seus passos miúdos, porém rápidos.

—Não dou, não. —ele retrucou, olhando para o rosto de perfil da mulher. Ela tinha um nariz pequeno, e a pele branquinha e levemente corada nas bochechas. Não podia ser muito mais velha do que ele. —Não até dizer-me o seu nome, pelo menos.

A criada o olhou com descrença, depois meneou a cabeça e assumiu a vitória de Toushiro.

—Momo. —ela respondeu. —Momo Hinamori.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O próximo capítulo provavelmente vai ser mais legal. Sabem por quê? Porque vai ter mais Hitsuhina, e um IchiRuki avassalador! Acho que vai ficar grandão, por isso é provável que eu não poste tão rápido quanto esse. Quando completarmos 100 comentários, o capítulo especial da Yoruichi vai ser disponibilizado.
Desafio do capítulo: O que Neliel (ser sobrenatural) é? *vale uma resposta para qualquer pergunta relacionada à fanfiction*
Bye!