O Sol Negro E A Lua Branca escrita por Gabby


Capítulo 12
Caverna


Notas iniciais do capítulo

Oiii XD Me desculpa pela demora, tals, mas hoje eu exponho a floresta. Agradecimentos:

Amanda Carstairs
Néphélibate
Rukia Kurosaki



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Os dois, novamente, foram treinar. Foram para o mesmo lugar, com seus pensamentos e ambições; principalmente Rukia, que agora sonhava não apenas com a liberdade, não apenas com a força, mas sonhava saber o que aquelas cartas significavam e o que era Shihouin Yoruichi. Não seria possível que fosse bruxa, ela já a conhecia há vários anos e duvidava que uma mulher tão simpática como Yoruichi pudesse ter um segredo tão sórdido.

Ichigo não pensava em muita coisa, na verdade. Ele só queria aprender a escrever; e só, poderia viver apenas com esse sonho realizado. Se bem que aquele lugar o estava alarmando, depois daquele horroroso sonho/visão/alucinação do camponês morto.

Se eu fosse jovem, fugiria desta cidade
Enterraria meus sonhos debaixo da terra
Assim como eu, nós bebemos para morrer
Nós bebemos essa noite

O céu estava um tanto quando “nada”, não estava nem nublado, nem ensolarado. A grama não tinha aquele bom cheiro, mas pelo menos o vento soprava. Lento, delicado, como uma leve brisa.

Agora, Ichigo queria ensinar Rukia a usar uma faca. Era um instrumento não muito difícil de manusear, pequeno, que facilmente é escondido na roupa, e comum. Rukia, como uma menina realmente pequena, poderia fazer bom uso dela. Ichigo não era muito chegado, pois era mais chegado em instrumentos grandes, com maior afinidade em espadas, e não sabia muito sobre facas, mas ele sabia o básico e isso era o suficiente para Rukia. Afinal, é normal que ela se aperfeiçoe por si mesma.

A garota parecia distante, talvez até triste. Seus olhos estavam desfocados, pareciam olhar para o nada.

—Rukia! —ele chamou.

Ela realmente parou para prestar atenção nele.

—Hum?

—Você parece distraída. Aconteceu alguma coisa?

Ela hesitou, mas decidiu negar. O casamento era problema dela, Ichigo não tinha nada á ver.

—Não, nada. Me desculpe. O que vamos aprender hoje?

—Facas. —Ichigo respondeu, simplista, e tirou duas facas do saco. —É um bom instrumento para você.

Ele estendeu a mão para passar uma das facas para a Kuchiki, mas parou no meio do ato. O vento começou a soprar um pouco mais forte, trazendo consigo uma melodia. Era um pouco assobiada, e era doce, bonita, baixa. Palavras começaram a ser sussurradas, palavras que continham impacto mesmo não significando nada. Não era nada feita por um humano; era perfeita demais.

Ichigo olhou para Rukia, e percebeu que ela também ouvia.

Ele ouviu uns ruídos vindo da floresta, e uma risadinha. Rukia, na verdade, foi a primeira a notar a menina dentro da floresta. Continha os cabelos rosas, exóticos e fortes demais para serem reais, mas o que mais chamava atenção era as asas. Ah, sim, as asas! Quase transparentes, a luz do sol —que não tinha aparecido até agora—, passava por elas, criando pontos luminosos nas asas. Elas tinham lindos desenhos, espirais e perfeitos, que, ao mesmo tempo que não significavam nada, eram tudo: desde as flores, aos olhos humanos. Imediatamente Ichigo soube que eles não podiam ser feitos por mãos humanas, uma obra tão bela assim apenas feita por Deus.

—Ei, você! —Ichigo chamou —É você que faz esse som?

Ela apenas deu um risinho. Os olhos rosas pareciam brilhar.

—Quem é você? —Perguntou Rukia, alto para ela os ouvirem daquele morro.

E então ela correu. E ela correu impressionantemente rápido, como se os galhos da floresta fossem extensão de seu corpo. E Rukia também. Correu tão rápido quanto Ichigo achava possível, tomando o impulso do morro como seu. Só o restou também correr.

Longe de casa, armas de casa

Vamos abatê-los um por um
Nós vamos derrubá-los
Não foram encontrados, não estão aqui

ﻬﻬﻬ

Eles já corriam há algum tempo. Guiavam-se pela risadinha da garota. A floresta era densa, úmida, e muito possivelmente espinhos já grudavam em suas roupas e seus braços já estavam arranhados; mas eles não ligavam, tamanha era a adrenalina.

Se perguntassem para eles agora o porquê de seguirem á moça com tamanha intensidade, não saberiam dizer o por quê. Só digo para vós o seguinte: aquela menina tinha um olhar diferente, terrivelmente chamativo e charmoso. Algo os puxava para aquela garota, uma força invisível, um campo magnético, talvez. Não era uma sensação humana, de paixão ou amor, e sim uma ordem, algo que eles não podiam resistir.

Ela, uma vez ou outra, se fazia visível propositalmente. Queria ser seguida, isso era óbvio, era apenas uma brincadeira para a mesma.Seu vestido era curto, á cima dos joelhos, e isso facilitava muito seu andamento.

O vestido que Rukia usava a atrapalhava, por ser demasiado espalhafatoso. Ele já se prendera em galhos, e ela já o rasgara várias vezes. Enquanto corria, pensava na bronca que Neliel daria quando chegasse em casa, com o vestido todo arrasado e sujo. Nell gostava pessoalmente desse vestido, já que ele era lindo. Branco, com detalhes azuis claros, e rosas azuis espalhadas por toda a sua extensão, ele era bastante bordado e rodado.

Deixe a temporada de caça começar
Tudo ocorre como deve
Deixe a temporada de caça começar
Derrube o grande rei

Rukia já estava perdendo o ar, seu pulmão já estava se reduzindo a uma bolsinha vazia e enrugada, quando a menina finalmente parou. Ela olhou para os dois, e entrou em uma caverna.

Primeiro Rukia olhou para Ichigo, mas este também não tinha nenhuma dúvida de que eles deveriam entrar lá.

E entraram.

Era uma grande caverna, com pedra sólida e escura. Eles não acharam mais a garota lá, nem mesmo sua risadinha ainda lá residia, mas decidiram seguir reto. Tudo era escuro, eles quase não podiam ver nada, apenas ouviam o grande silêncio. Nele, a respiração dos dois ficava muito pesada.

Quando já estavam na metade, e seus pés não eram mais que fardos, eles ouviram uma pequena melodia. Uh-uh-uh-uh.Não era a mesma que eles ouviram anteriormente, era ainda mais bonita. Parecia vir de longe, mas mesmo assim de perto. De fora da caverna e do coração de cada pedra.

Rukia se aproximou de Ichigo, segurando no seu braço, para se sentir segura.

Deixe a temporada de caça começar
Tudo ocorre como deve
Deixe a temporada de caça começar
Derrube o grande rei

De repente, as pedras se iluminaram. Cada estalactite brilhava em diferentes cores de rosa, verde, vermelho e amarelo. Era lindo, e elas soltavam um brilho fantástico, do tipo que ninguém nunca vira. Era um milhão de vezes mais bonito que o ouro.

A melodia estava cada vez mais forte, agora mais animada, com alguns instrumentos que Ichigo reconhecia. Ele podia ouvir risadas, e palmas, como se um grupo de amigos tivesse se reunido para cantar.

Acontece que ele envolveu seus braços nos ombros de Rukia, pois a visão o maravilhava e assustava ao mesmo tempo. Era até difícil descrever a sensação, sentia que podia morrer de uma forma bela e que gostaria, ou que antes de morrer horrivelmente faria a coisa mais maravilhosa de sua vida.

Rukia, mesmo em uma caverna escura, se sentia ótima. Um grande sentimento no seu coração, o sentimento mais belo existente: liberdade, paz. Seus sonhos pareciam realizados; essa sensação a enchia por dentro de um líquido quente e revigorante, a bebida dos deuses.

Sem pensar ela correu. E agora seus movimentos fluíam perfeitamente, o vestido não mais atrapalhava. E o vento, que antes não existia, apenas o ar enjoativo e doce da caverna, soprou e esvoaçou seu vestido e cabelo. Ela se sentia, pela primeira vez, livre. Sentia que podia mover montanhas e dançar até o sol raiar, sem nenhuma preocupação.

E Ichigo só a seguiu, sem entender muito. Ele só sabia que ela estava linda, com saltos ágeis e graciosos, que faziam seu vestido dançar ao vento, como num balé verdadeiro. Ela se desviava das pedras artisticamente, como se já conhecesse a caverna há anos. E o brilho de seu olhar, ah! aquele brilho, se misturava com o brilho colorido das estalactites, e por um momento Ichigo teve um vislumbre do céu. Ela soltava alguns urrinhos, gemidos de prazer, que misturavam-se perfeitamente com o som de saxofone que agora tocava.

E rompe através do silêncio do nosso acampamento á noite
E rompe através da noite
E rompe através do silêncio do nosso acampamento à noite
E rompe através do silêncio
Tudo o que sobrou é tudo o que eu escondo

E, finalmente, eles sentiram a luz penetrar, demonstrando a saída. Era quente, confortável e linda. Correram ainda mais, se desviando das pedras, até saírem daquela mágica caverna. Imediatamente que pisaram seus pés no lado de fora, a música cessou. E Ichigo quis voltar para lá, e realmente voltaria, mais aonde havia sido a saída nada mais era que pedra, sem nenhum vestígio de que antes existia algo de mais lá.

Eles olharam para a paisagem bela demais para existir na sua frente: o céu era tingido de diferentes cores, rosa, roxo, amarelo, vermelho e laranja, e elas formavam uma impressionante harmonia. Havia também uma floresta, uma planície verde que se estendia até eles não poderem mais ver, com árvores que Ichigo nunca havia visto. E os pássaros eram bonitos e coloridos, e brincavam com os peixes também coloridos do lago. Eles saltavam, abrindo um quase vôo por alguns segundos, até que desciam novamente para a água azul clara, fazendo um splash e respingando a água, e ela, com o sol, mudava de cores, assumindo todas do arco-íris.

E, mais ao longe, havia um castelo. Tão bonito e fantástico, feito apenas de cristal. Ele era enorme, e Ichigo podia ver algumas pessoas de cabelos exóticos caminhando perto dele.

E a menina de cabelos rosas apareceu, repentinamente. Em um segundo ela não estava lá, e no outro havia aparecido. A garota os abriu um sorriso, bonito e ameaçador ao mesmo tempo, e disse:

—Bem-vindo á Arcádia.


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Notas finais do capítulo

Música: Elephant Gun-Beirut Ouvi demais essa música, porque eu a amo