___Trevor? Trevor? Acorda é a Lia! Você está bem?

___Lia é você? Onde eu estou? E porque estou morrendo de dor de cabeça?

___Você está no hospital Trevor.

___O que aconteceu?

___Você não se lembra de nada?

___A única coisa que me lembro é de estar na piscina e depois acordar aqui.

___Segundo os enfermeiros eles acham que você pode ter saído da piscina tido uma convulsão e desmaiou, mas eles não tem certeza porque encontraram você ensangüentado mas sem nenhuma marca de corte ou qualquer coisa do tipo.

___Como você ficou sabendo que eu estava no hospital?

___Eu e sua mãe ficamos te procurando a noite toda mas o técnico só te achou de manhã quando foi lá. Quer que eu chame sua mãe?

___Não precisa, só avisa que eu já acordei e que está tudo bem.

___E pergunta se eu já posso ir pra casa.

A Lia me dá um beijo na testa e sai do quarto, estou com muita dor de cabeça e parece que abriram o meu pescoço e fecharam enfiando agulhas e as deixando aqui porque a dor está quase que insuportável. Eu não curto muito hospitais e minha mãe sabe disso por isso não demora muito para eu receber alta. No caminho de casa minha mãe deixa a Lia em casa e me fala que mais tarde algumas pessoas iriam lá me visitar, não pergunto quem é, ainda estou muito cansado e apenas decido ir para o meu quarto e ver quem é quando chegar.

Agora é 19:30 acordei porque minha mãe avisou que eu tinha visita e que era para me arrumar e descer, eles não podem subir porque meu quarto está parecendo um lixão, só minha mãe mesmo para falar que algumas roupas pelo quarto, a cama desarrumada, caderno e livro pra tudo que é canto e eu esparramado no colchão no chão é um lixão. Quando estou descendo as escadas consigo reconhecer duas pessoas, um garoto e uma garota, o Renner e a Jeny. A Jeny?

___E ai Trevor? –Começa o Renner.

___E ai! O que vocês estão fazendo aqui? –Pergunto curioso.

___Viemos te visitar! –Reponde a Jeny sorrindo.

___Você está se sentindo melhor? –Pergunta o Renner.

___Estou!

E nós assim ficamos conversando por horas, eles jantaram, e por volta das 00:00 eles foram embora já que todos moram perto daqui, eu só não entendi o porque da Jeny ter vindo aqui ela sempre foi educada mas também não é do tipo de ter amizades com pessoas como eu. Ela devia só estar aqui para depois fofocar com o pessoal. A minha cabeça continua doendo e acho melhor dormir porque amanhã tem aula e vou voltar para diretora Berta.

Passa a semana normalmente com eu na detenção, hoje é sexta e já estou recuperado, chamo o Renner para ir lá em casa amanhã para jogar videogame. Essa semana ficamos até colegas, eu não poderia dizer amigos porque eu tenho um sério problema em confiar nas pessoas ao nível de chamar de amigo e com a Lia essa semana... resumo em complicada, ela estava muito estranha e estou começando a achar que tem algo errado com ela, sei lá, eu gosto muito dela mas ela não era assim antes de... TUDO!

Hoje é sexta-feira 13 com Lua cheia, muito massa, e todos da escola vão na maratona assassina anual que é idéia do Luke para se tornar o centro das atenções, é uma coisa simples organizam uma maratona de filmes de terror em uma das sextas-feiras do ano mas como é o Luke, “A estrela da escola”, tudo tem que ser grandioso por isso ele faz a maratona na cabana da família dele no meio de uma floresta.

A cabana fica um pouco distante da cidade, o que a faz parecer isolada e silenciosa, mas você consegue chegar lá a pé sem perigo algum, ela é do pai do Luke o que deixa todos mais animados pois podem fazer o que quiser e esse ano ele prometeu que seria a maior de todas com direitos a muitas surpresas durante o percurso pela floresta. E por mais estranho que isso pareça ele me convidou, mas olhando bem, isso não é estranho pois ele deve estar planejando algo para mim e se eu não for apenas vou provar para ele o quanto tenho medo dele e também não vou perder a chance de brincar com a cara dele, não é?

Já está na faixa das 18:00 horas porque começou a escurecer, estou a caminho da cabana e sem motivo nenhum estou com uma raiva dentro de mim quase que incontrolável, talvez não seja sem motivo nenhum, ou seja, tem o Luke, não tem? E só o nome dele me deixa irritado, imagina se eu o vejo cara a cara nesse exato momento.

A floresta é grande e densa, tanto que eu não vejo nenhum convidado indo a pé ou de carro e não escuto nenhum barulho por onde estou, o que é claramente estranho pelo horário.

___Trevor! Trevor! –Meus pensamentos são interrompidos por uma voz ligeiramente reconhecida.

___Renner! Anda logo, cara! –Digo sorrindo pois ele está muito longe.

___Me... espera... To chegando! –Grita ofegante me fazendo rir.

___Você parece cansado. –Falo irônico quando está chegando.

___E estou! Te chamei varias vezes e você parecia que estava em outro lugar, então comecei a correr para te alcançar. –Diz já retomado o fôlego.

___Estava mesmo! –Respondo curtamente.

___Pensando na Lia? –Ele pergunta e não percebo nenhuma zoação em sua voz.

___Eu pensando na Lia, porque? –Pergunto tentando fingir que não tenho nada com a Lia.

___Talvez porque ela anda estranha com você, e não adianta fingir que você não sente algo por ela. –Ele agora parece intrigado.

___Espera ai! Você incomoda assim sempre ou só quando está andando em florestas? –Pergunto rindo para tenta fugir do assunto.

___Eu sou assim sempre! Mas cara, você pode até não acreditar só que eu te considero mesmo um amigo, eu sei que tem muito pouco tempo para isso...

___Uma semana! –Interrompo-o.

___Isso uma semana, mas você pode confiar em mim, entendeu? –Diz nervoso.

___Desculpe, só que é muito difícil para mim confiar em alguém...

___Pois é! Mas pode confiar em mim. –Ele me interrompe.

O que o Renner está me pedindo agora é quase que impossível, a minha vida inteira eu só tive a Lia como amiga e eu não sei se posso confiar em outra pessoa.

___Eu sei que posso me arrepender disso, eu escutei a Lia conversar com as amigas dela e dizer que gostava de mim e não sei o que sinto por ela e como algum dia poderia dizer isso a ela. Satisfeito?

___Putz... Mas pode deixar que eu sei o que você tem que fazer. –Responde.

___E o que tenho que fazer? –Pergunto.

___Você tem que chegar, puxar ela para o canto e dizer tudo o que você acha que sente por ela. –Ele diz todo feliz.

___É! Legal,... mas não vai rolar. –Digo duramente para ele e vejo seu sorriso desaparecer como se eu tivesse acabado de destruir o sonho de uma criança.

___Porque? –Questiona.

___Nós não tivemos muito tempo para nos conhecer, por isso você não deve saber que eu sou muito tímido. –Falo.

___Não existe isso não, moço! Pode deixar que depois eu vou te ajudar com essa sua timidez. –Diz com um leve sotaque de gente do interior.

___E mudando de assunto, você até hoje não me falou de onde você é. –Digo curioso.

___Depois eu te digo, porque nós já chegamos. –Diz misterioso ainda sobre o local de onde veio.