___Saia daqui!!! Eu não quero te machucar! –Grito para ela agora não mais escondido tento não perder os sentidos.

  ___Eu não vou sair daqui e eu não tenho medo de você assim como sei que você não vai me machucar. Agora escuta, se controla. –Diz ela.

  ___Você diz como se fosse fácil. –Respondo mudando completamente a minha voz.

  ___Você não está tendo um filho, deve estar tendo algum tipo de ataque de raiva. –Diz tentando me acalmar.

  ___È sério mesmo? Você acha que um ataque de raiva faria isso com o meu corpo? –Pergunto irritado.

  ___Alergia? –Pergunta sem entender o que aconteceu com o meu corpo.

  ___Estou aqui me transformando em algo que não consigo controlar e você não vai embora, porque? –Me encosto no armário pronto a desistir de resistir a essa dor.

  ___Porque não quero te abandonar! Você é diferente de todos os outros garotos e eu pude perceber isso quando você conversou comigo. –Ela fala, me beija e eu a beijo de volta.

  ___An? O que aconteceu? –Murmuro a mim mesmo.

  Estou no meio da floresta sem a camisa e coberto por sangue a ultima coisa que me lembro é de estar beijando a Louise. O Meu Deus a Louise?! Será que esse sangue? Não, não pode ser. Mas isso explicaria quase tudo, eu estava com ela e... a matei. Eu matei alguém? Que tipo de monstro eu me tornei? Mas como eu vim parar aqui? Isso tudo deve ser só um mal entendido, eu nunca faria mal algum a Louise ainda mais depois do beijo, mas se eu a machuquei? E se eu machuquei alguém? Estou correndo para casa, o sol já nasceu e daqui a pouco a cidade acorda, minha mãe acorda e eu vou ter que ir pra escola. Chego em casa e subo pela árvore que da direto para o meu quarto e estou indo direto para o chuveiro para tirar todo esse sangue que espero não ser humano.

  ___Trevor? Acordou? –Fala minha mãe batendo na porta.

  ___Já estou indo tomar meu banho e desço. –Respondo como se estivesse levantando e vejo a maçaneta tentando se abrir.

  ___Você trancou essa porta de novo? –Pergunta tentando abrir a porta mais uma vez e ainda bem que está trancada.

  ___Eu sempre tranco. –Digo aliviado por minha mãe não me ver nesse estado.

  ___Estou esperando você para tomar café. –Diz minha mãe e escuto os passos dela descendo as escadas.

  Entro no banheiro tiro minhas calças que estão encharcadas, o que me dá uma certa vontade de vomitar, e coloco dentro de um balde de água cheio de produtos de limpeza. Estou me olhando no espelho e reparo que os dentes que haviam crescido na noite anterior voltaram ao tamanho normal e o mesmo aconteceu com as unhas. Tomo meu banho desejado me livrando de todo aquele sangue que estava fresco me perguntando que horas que tudo isso aconteceu? Visto meu jeans e a camisa da escola, calço meu tênis e arrumo o cabelo que tive que lavar muito para tirar toda a terra, mato entre outras coisas que juntaram com o sangue. Estou descendo e vejo que minha mãe e o Luke já estão a minha espera na mesa da cozinha.

  ___Falei que não era para demorar, Trevor. –Diz minha mãe quando entro na cozinha.

  ___Desculpa. –Só falo isso e me sento.

  Estou tão preocupado se eu fiz alguma coisa com a Louise que nem presto mais atenção em nada, pego minhas coisas e rezo para chegar na escola e vê ela sentada ao meu lado com aquele sorriso lindo dela. Chego na escola e vou direto para sala mas reparo que ela não está aqui, mas ela pode estar atrasada não pode?

  ___E ai Trevor? –Diz o Renner entrando na sala.

  ___Ei! –Respondo sem muita animação.

  ___O que aconteceu? –Pergunta ele.

  ___Nada. Você viu a Louise? –Mudo o rumo do assunto.

  ___Não. Mas o que está rolando? –Insiste ele.

  ___Nada não. –Digo nervoso.

  ___É sobre ontem, não é? –Questiona ele me assustando.

  ___O que tem ontem? –Começo a me desesperar será que ele sabe de algo? Será que ele viu?

  ___Você está preocupado com ela por causa da morte. –Diz ele.

  ___Morte? Que morte? Renner o que você sabe? –Pergunto muito preocupado.

  ___Um menino foi atacado por um urso e foi encontrado morto na floresta. –Responde.

  ___Não estou entendendo. –Digo.

  ___Um casal estava passeando e encontrou o corpo do menino morto e chamaram a policia que disse ser provavelmente o mesmo urso da outra morte. –Urso? O urso sou eu? Eu... Eu matei... duas pessoas. Mas como? Eu não me lembro de ter as feito.

  ___Quem era o garoto? –Pergunto.

  ___O garoto era um tal de Ítalo estuda no primeiro ano.

  ___E como você sabe disso tudo? –Questiono a historia dele.

  ___Eu sei disso tudo porque o casal que achou o corpo foi a Jeny e eu e o corpo estava na floresta na direção da minha casa. –Diz ele.

  ___Então vocês? –Começo a entender e fico quieto.

  ___Sim. E estávamos indo fazer um passeio mas não deu muito certo. –Ele fala e vai para seu lugar porque a professora entra na sala.

  Todos estão conversando e eu consigo escutar muito bem o assunto estão todos querendo saber o que a Jeny e o Renner viram e como foi a reação deles, para eles até morte vira fofoca. Vejo dois policiais em frente a sala conversando com a diretora, será que eles vieram me prender por ter supostamente matado o tal do Ítalo? Mas o que eu fiz com ele? Eu matei ele como? E o que eu fiz com a Louise então?

  ___Alunos eu peço a atenção de todos vocês porque a policia vai dar uma notícia triste. –Diz a professora me fazendo gelar.

  ___Como vocês já devem estar sabendo ontem aconteceu uma grande perda, um jovem foi atacado por um urso e não sobreviveu aos ferimentos e para devidas precauções e a devida segurança vocês serão liberados. –Diz o policial me tranqüilizando um pouco, pelo menos eu sei que não vou ser preso agora.

  Volto para casa antes do Luke e me tranco no quarto, estou me sentindo péssimo com tudo isso que está acontecendo. Eu deveria estar não é? Eu matei alguém inocente... Eu sou um monstro.

  “Ding Dong” o som da campainha? Espera já sei! O idiota do Luke esqueceu de levar a chave que minha mãe deu a ele.Desço e abro a porta.

  ___Louise? –Pergunto assustado, aliviado, feliz e encantado por ver ela.

  ___Oi Trevor! –Responde.

  ___Como você descobriu onde eu moro? –Pergunto enquanto ela entra e fecho a porta.

  ___Invadi a sala da minha tia e olhei sua ficha de cadastramento na escola e em falar nisso pela foto 3x4. –Responde rindo.

  ___Nossa! –Digo.

  ___Sobre ontem você se lembra até que parte? –Pergunta a Louise.

  ___Até o nosso momento, o beijo. –Falo um pouco vermelho.

  ___Parte boa. –Diz rindo.

  ___E o que aconteceu depois? –Pergunto.

  ___Você saiu correndo e sumiu. –Diz.

  ___Desculpa, eu não sei o que está acontecendo comigo. –Digo.

  ___Eu sei, ou você não gostou do beijo ou você é um lobisomem. –Fala.

  ___Para de brincar Louise! –Falo.

  ___Não estou brincando! Ontem depois de te ver naquela cena onde suas unhas e seus dentes estavam bizarros eu pesquisei muito o assunto e é o único que se encaixa perfeitamente mas não sou eu que tenho o problema e não sou eu que tenho que acreditar, é você! –Retruca com raiva.

  ___Desculpa, eu sei mas é que tudo isso parece uma maluquice. –Toca a campainha.

  ___Como eu disse isso é com você e agora deixa eu ir que essa é minha deixa. –Diz abrindo a porta e dando de cara com o Renner.

  ___ Já está de saída? –Pergunta o Renner.

  ___Já, depois a gente se vê. –Diz rindo.

  O Renner entra e subimos para jogar vídeo game como sempre fazemos, nós nos damos muito bem e eu nunca tive um amigo homem que pudesse jogar comigo.

  Estou pensando muito no que a Louise falou sobre eu ser um lobisomem , ela estava apenas brincando com a minha cara? Lobisomem... Até parece que isso existe.

  ___Trevor! –Começa o Renner.

  ___O que foi? –Respondo.

  ___Eu tenho uma coisa muito séria para te contar e quero que você entenda antes de me apedrejar como muitos. –Diz parando de jogar.

  ___O que é? –Digo me preocupando com a situação que ele se encontra em pleno desespero.

  ___É uma coisa sobre a minha antiga cidade. –Diz ele me fazendo perceber o quanto a coisa deve ser seria.

  ___Então fala. –Digo.
  ___Foi sem querer, eu não fiz de propósito... Eu e meu amigo nós... nós estávamos em uma festa e um carinha que não gostava da gente começou a caçar confusão com ele, para não entrarmos em briga saímos de perto dele mas ele foi atrás... Ele começou a brigar com meu amigo e eu consegui separa-los e corremos para o carro, ele não tinha carteira ainda e nós dois tínhamos bebido... eu não queria, ele insistiu então eu fui dirigir mas quando já estávamos na estrada, olhei pelo retrovisor vi o carinha de carro com os amigos dele nos seguindo... ele... ele bateu na traseira do carro fazendo com que eu perdesse o controle e batesse em uma árvore depois disso só me lembro de estar no hospital, o meu amigo morreu  e me culparam pela morte dele, disseram que eu estava embriagado e causei o acidente... todos depois daquele dia me olharam diferente, me chamavam de assassino e essas coisas.

  ___Nossa eu podia imaginar tudo menos que você fosse um assassino. –Diz o Luke entrando no quarto.

  Me levanto com muita raiva e o empurro para o lado de fora.

  ___Qual é o seu problema? Escutando atrás da porta? –Pergunto irritado.

  ___Ele é que tem problema, ele matou alguém. –Diz o Luke.

  ___Foi um acidente, será que você não entende. –Grito dando um empurrão nele.

  O Luke com raiva por ter sido empurrado me dá um soco, eu no impulso chuto ele fazendo ele rolar escada abaixo.

  ___Luke? –Grito descendo as escadas.

  ___Trevor o que aconteceu? –Grita o Renner no topo da escada.

  ___Eu... ele...

  ___Ele morreu? –Pergunta ele assustado.

  ___Luke? –Bato no rosto dele.

  ___Trevor, ele morreu? –Grita o Renner.

  ___Luke? –Grito e ele continua imóvel no chão.

  ___Luke? –Desespero enquanto o Renner desce as escadas.