Eu estava na janela do meu quarto olhando a rua, pensando e imaginando o dia que você me viu pela primeira vez, não sei qual foi a sua impressão, mas a minha foi apenas pensar que você era algo errado, e então eu me perguntei:

“Por que o demônio me entregaria a alguém que parece um anjo quando sorri?”

Mas devia ter seguido minha intuição que você era encrenca na certa.

Você me mostrou outro mundo, o seu mundo.

Ele era veloz comparado ao meu, só que eu quis aceita o desafio, quis me perde em você, e quando mais você me mostrava, mais eu me afundava, mais eu te queria e mesmo eu vendo o que você era eu me deixava leva mesmo eu tendo te conhecido quando ela já tinha ido embora, eu me pegava agarrada a promessa de você não me deixar e quando você foi embora, eu senti vergonha de mim, eu estava perdida e saber que me perdi sabendo que te amava era o pouco ao chegar à maldita droga de conclusão.

Você me levou a lugares que jamais fui uma realidade somente sua, um mundo que jamais pensei em estar, e como um cego vagando pela escuridão eu caminhei, eu me deixei levar pelo seu olhar como uma noite sem estrelas, eu me deixei levar pelo frenesi do desconhecido e o gosto de explorar o inexplorado e você me deu tudo isso.

Eu lembro que quando te vi sair daquele carro uma energia passou a me puxa para você e eu tive certeza que você era minha perdição, a pessoa que me destruiria, a pessoa que me faria provar o gosto amargo de se perder, de se envolver e principalmente de cair na real, cai nesse chão frio e ouvi minha consciência ressonar o como um baque surdo no chão, e te vê somente se afastar, me fez ter vergonha de mim e mostrou-me quem realmente sou, quem verdadeiramente era, amadureci e quanto mais você se afastava mais vergonha sentia de mim, pois me entreguei sem receios, eu mergulhei em você, nos seus cabelos negros, nos teus lábios que me fascinavam, tuas palavras me encantavam, mas todo o lugar que eu passava com você era uma experiência nova, rápida e sem sentido para mim, eu não via mais.

Percebi você não me amava, nem a mim e nem a ela, talvez seja hipócrita falar mais talvez você nunca tenha amado nada, somente á você e toda vez que eu olho para mim eu vejo que uma coisa boa você deixou junto com os destroços do que fui um dia, você conseguiu mostra quem de verdade eu sou quem de verdade estava escondida no meu mundo perfeito, me mostrou que no sorriso de uma pessoa que parece um anjo possa existir um demônio, e o meu demônio foi você, o meu demônio sempre vai ser você, por que eu ainda espero te encontra, ainda espero experimentar as mesmas sensações, as sensações que somente você me fez senti, pode ser burrice dizer que jamais vou senti-las novamente, pois cada vez que eu ouço o baque surdo do meu corpo no chão eu vejo e lembro que você me mostrou um mundo novo, sensações inimagináveis e depois simplesmente me deixou, me largou e eu fiquei eu fui caindo e quanto mais ouço o baque surdo do meu corpo no chão frio eu lembro que diferente do que eu queria o demônio me mostrou um anjo, mais se esqueceu de dizer, que esse anjo trabalhava para ele.

Sai da janela andando pela casa vazia, a sua presença ainda perceptível, o seu cheiro em todos os lugares e a mesma sensação de poder te tocar me inunda, mas a consciência de alguém que se tornou tão dependente de alguém alucina, entra em conflito, pois o objeto dos meus delírios se foi, o demônio que me consumiu e me mostrou o quão veloz era o mundo se foi, que o pesadelo disfarçado de sonho não existe mais, e eu me vi chorando caída no canto da casa, e tudo que eu vivi com você passou como flash, nossos beijos, nossas conversas, você me tocando, eu fazendo carinho na sua cabeça e teus olhos negros a me sondar.

E mais uma vez a vergonha se abateu sobre mim, é patético mais te amei e como num baque surdo minha consciência me faz notar que o brinquedo dessa vez foi eu, que o brinquedo do menino mal foi eu, que a primeira impressão sempre é a que diz quem a pessoa é de verdade e que o meu amor me destruiu como se destrói uma casa bem construída, e o meu corpo finalmente cedeu ao cansaço e eu me vi imaginando você voltando e o engano dos meus delírios é que você voltava para mim, mais como dizem o demônio engana ate os mortais mais espertos e eu tentando te descobri, acabei me revelando, revelando o que tinha de mais nojento em meu interior, minha podridão e ela esta no poder dos teus dois céus sem estrelas que são os seus olhos e sua voz, totalmente você, que me fez desabrochar para o mundo desconhecido, que me fez descobri o inexplorado, que me fez amar e depois partiu, que me fez acreditar naquilo que eu devia suspeitar e que com o baque surdo no chão eu despertei, despertei sendo eu mesma despertei para o desconhecido, despertei sabendo que quando eu me perdi verdadeiramente me encontrei você foi embora e eu não me contentei me perdi e me descobri, mais como um lampejo eu pensei:

“A gente tem que se perder para saber quem somos de verdade.”

E aquilo que eu tentava a todo custo deixar passar veio ate mim, você me levou ao inferno e ao céu, me mostrou os dois lados do mundo que eu não conhecia, me fez forte e mesmo que seja idiota pensar, aquela encrenca me tornou forte, me tornou eu mesma, me tornou alguém que seja capaz de discernir o certo do errado, pois em toda essa historia quem eu achei ser certo foi o errado, e tenho certeza que me perder, foi à pior e também melhor parte do demônio que me enganou.

Olhei meu reflexo, os olhos verdes opacos, o cabelo bagunçado e sua sombra a me espreitar, e eu tive a total certeza.

“O demônio me entregou ao anjo, e não disse que era para ele que o mesmo trabalhava.”

Sorri sem humor e como num sonho as lembranças voltaram e o ciclo que eu mesmo comecei depois de sua partida recomeçou, e essa é outra historia, aquela em que me lembro de tudo e nada, e mesmo assustada me pego petrificada, e aquele sentimento que eu senti quando me enganei voltou á frustração voltou, por que você simplesmente me faz ir para o inicio mesmo estando no fim.