Capítulo 16 – Procura-se Bonnie

Estava tudo demasiado silencioso e o tempo parecia andar demasiado devagar.

Silas estava a preparar algo. Katherine não me tinha dado notícias. Elijah e Klaus fugiram para New Orleans para resolver alguns problemas, que tinham a ver com bruxas. Parecia que, se até há alguns dias atrás tinha sido a peça fundamental para tudo o que estava a acontecer, agora parecia que era uma peça esquecida num tabuleiro de xadrez.

O que era perfeito para mim, se Silas não fosse tão esperto. Atormentou Caroline, uma forma de me chamar a atenção e apressar o feitiço que Bonnie tinha que fazer. Quando tentei falar com ela sobre o tão poderoso feitiço, ela fechou-se em copas, o que me deixou duas hipóteses: a) ou Bonnie tinha algo na manga ou b) Bonnie tinha um aliado muito poderoso.

Estava no Mystic Grill a estudar para as provas finais, quando as luzes foram-se todas abaixo. Fui até Caroline, que estava com Rebekah e Elena. Finalmente, Elena tinha voltado ao normal, ou seja, a sua humanidade tinha voltado, mas não com o efeito desejado: Elena estava demasiado focada em odiar Katherine, o que até era útil para mim, mas todos os outros tentavam desviar esse ódio para sentimentos mais bonitos.

Decidimos que era melhor ver o gerador, com Matt. Quando saímos do Grill, a cidade estava às escuras e havia um vento tempestuoso.

–A energia acabou totalmente – afirmou Rebekah.

–Vou ligar para a minha mãe – informou Car. – Ela talvez saiba o que se passa – e voltou para dentro do Grill, deixando-nos aos três.

–Precisamos de encontrar a Bonnie. Vou tentar telefonar-lhe.

Voltei a entrar no Grill, deixando Rebekah e Matt sozinhos a tratarem do gerador. Felizmente, a rede do telemóvel não estava má. Tentei telefonar para a Bonnie, mas o telemóvel estava desligado. Então pensei que talvez Stefan soubesse dela. Afinal, de certeza que este corte de energia não tinha acontecido só no centro da cidade. Felizmente, ele atendeu.

–Olá, Jo. O que se passa?

–O Grill está sem energia, assim como toda a praça. Bonnie está desaparecida há dias. Sabes onde ela está?

–Por acaso... – ele ponderou. – Descobrimos agora mesmo que ela está com Katherine.

Afinal, Katherine tinha-me largado e arranjado um plano melhor. Mas o que seria que ela queria de Bonnie? Ela não tinha a Cura!

Mas sabia como aceder a Silas…

–E não é tudo – continuou ele. – Bonnie está a tratar do Triângulo de Expressão.

–Como assim? – quis saber.

–Ela levantou o Véu que nos separa do Outro Lado. É por causa disso que tudo dentro do Triângulo está sem energia.

–Então onde é que ela está?

–A Escola Secundária é o centro do Triângulo. Eu e Damon vamos para lá.

–Eu também vou – disse Elena, aparecendo atrás de mim. A cusca tinha estado á escuta.

–Certo – olhei para ela, tentando não revirar os olhos. Elena podia ter voltado a ligar as suas emoções, mas continuava a ser inoportuna. – Eu e Elena vamos ter com vocês.

–Eu também – prontificou-se Caroline. – Acabei de falar com a minha mãe e ela cotou-me tudo.

–Até já, Stefan – falei e desliguei o telemóvel. – Eu já mencionei que odeio quando ouvem as conversas que tenho ao telemóvel?

–Isto é importante! – exclamou Car. – Bonnie é nossa amiga!

–E ela está com Katherine – os olhos de Elena faiscaram de ódio. Ela estava determinada em matar a sua doppelganger.

–Vamos no teu carro – falei para Car e saímos do Grill.

Eu não estava para conversas, mas Caroline continuava a tagarelar, tanto para mim, como para Elena. Eu gosto muito da minha prima, mas às vezes ela conseguia não ter sentido de oportunidade. Eu percebia que ela estava a tentar trazer a antiga Elena de volta, e queria saber o que eu andava a tramar, mas não estava a resultar. Tanto eu como Elena estávamos focadas nos nossos planos e não queríamos Caroline envolvida, nem o seu julgamento.

Fomos as primeiras a chegar, os irmãos Salvatore ainda não tinham chegado.

–Eu acho que é melhor Elena ficar à espera de Stefan e Damon – apontou Caroline. – Nós podemos entrar e dividir-nos pela escola.

–Porque é que eu tenho que ficar à espera deles? – indagou Elena.

–Porque tu és a melhor a lidar com eles – respondeu Car, com toda a paciência.

–Tudo bem – Elena revirou os olhos, mas ficou á entrada da escola, à espera dos Salvatore.

Quando eu e Caroline entrámos na escola, indaguei:

–Qual é o motivo para Elena ficar fora de ação?

–Elena está determinada em matar Katherine. Ela não está interessada em encontrar a nossa amiga, então, mais vale não ajudar de todo, do que fingir que ajuda.

–Então e eu? Quem te disse que eu quero ajudar-vos?

Caroline sorriu, revirando os olhos e cruzando os braços. Parámos de caminhar e ela enfrentou-me:

–Estás aqui para ajudar-nos a encontrar Bonnie?

–Estou.

–Então é tudo o que preciso de saber, por agora.

Por agora.

Sim, ela sabia que eu tinha o meu próprio plano, mas preferia não saber. Será que ela pensava que eu era má pessoa? Será que ela não queria saber para assim não me poder julgar, como costumava fazer com todas as outras pessoas? Ou será que o caso da Elena fê-la ver que às vezes as pessoas têm objetivos em comum, mas rapidamente se desviam deles? E que por isso, mais valia saber o essencial do que ser traída mais tarde?

Continuámos a andar, em vez de nos separarmos, como ela tinha sugerido a Elena. Caroline queria manter-me por perto, talvez por saber que eu tinha algo a esconder.

–Então… tu e Elijah voltaram?

–Não – murmurei. – E ele foi viajar, então não sei quando é que o verei de volta.

Ela acenou, não prolongando o diálogo forçado. Pouco depois, Stefan apareceu e continuámos a busca. Não conversámos, porque estávamos á espera de ouvir algum som que denunciasse que Bonnie estava ali.

Ouvimos algo a mexer-se.

–O que foi isto? – indagou Caroline e ficámos subitamente alertas.

Entrámos na cantina do refeitório, cautelosamente. Não havia mais barulho algum, mas de certeza que aquele som que tínhamos ouvido tinha vindo daqui.

Caroline abriu uma arca frigorífica. Tudo o que vimos foi gelo… a derreter.

–O gelo está a derreter – afirmou Stefan, desiludido.

–Não faz sentido, este é o centro do triângulo – disse.

–Sim, se ela vai fazer algum feitiço, este tem que ser o lugar! – confirmou Caroline.

–Na verdade, acho que estamos no lugar certo – deduziu Stefan. – Mas no andar errado.

Com a lanterna, apontou para um escoador de água e ambas percebemos: Bonnie estava num dos túneis de Mystic Falls.

Stefan ligou para Damon e explicou a sua dedução.

–Se bem me lembro, existe uma entrada na cave – lembrou-se Damon.

–Mas onde fica a cave?

–Depois da sala das caldeiras – respondeu Elena.

–Ouviste isto? – perguntou Damon.

–Certo, encontramo-nos lá – disse Stefan e desligou o telemóvel.

Fomos até à sala das caldeiras e passámos por elas, até á cave.

–Espera, por favor! – ouvi Elena dizer, mas depois ouvi a voz igual a ela afirmar outra coisa: - Adeus, Katherine.

–Oh, meu Deus! – exclamou Caroline.

–Vai encontrar a Bonnie, eu e Stefan tratamos deste assunto! – exclamei e Caroline acenou, enquanto que eu e Stefan corríamos para salvar Katherine e Elena.

Stefan atirou-se para cima de Elena e caíram os dois no chão.

–Stefan! – gritou Elena.

–Obrigada pela ajuda, lindo – agradeceu Katherine.

–Sai daqui antes que te mate.

–Sério? Eu sou o teu pior problema agora? – brincou Katherine, como sempre.

Saiu da sala a correr. Eu tinha uma decisão para tomar: procurar por Bonnie, e fazê-la encontrar Silas para eu lhe extrair a Cura, ou assegurar a segurança de Elijah.

Na verdade, não havia decisão nenhuma a fazer. Eu é que estava a criar obstáculos para os meus verdadeiros objetivos.

©AnaTheresaC