Nada Alem De Silent Hill escrita por Kay Colchester


Capítulo 9
Capítulo 8 - Um Recomeço




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Letíshia pega sua pistola e começa a disparar contra a cabeça de seu pai que estoura e se regenera estranhamente depois de alguns segundos. Fer e Tyler chegavam mais perto. Letíshia continuava a atirar nos dois, mas parecia não funcionar, então começam a correr e se aprofundar na cidade.

-Por que tens esse fascínio pelo seu pai? –Pergunta Eddy.

-O que quer dizer?

-Por que você atirou nele primeiro e se esqueceu dos outros? Ele é seu pai. Eu tenho pena de acertar golpes no meu irmão.

-Por isso que eu não sou você.

-Mas você não tem nenhum tipo de afeição com seu pai?

-Tenho.

-Não parece. Se tivesse não atiraria nele com tanta convicção.

-Ele é meu pai. Eu o amo. Mas não devo nada do que eu construí a ele, nem a ninguém da minha família. Eu nasci sozinha e vou morrer sozinha.

-Isso me parece um pouco frio.

-Se esqueceu que eu sou fria?

-Pois é. –Diz Eddy ainda correndo para dentro da cidade.

Enfim, chegam longe o suficiente da criatura e dos fantasmas. O lugar bem mais hostil que antes.  Um novo hospital. Sangue nas paredes, lodo escorrendo, alguns gritos abafados, outros grunhidos baixos, sussurros de Albert dizendo: “Morra, Morra, Morra...” até que ele aparece mais uma vez na recepção.

-Então, ainda estão vivos. –Diz Albert com as mãos para traz, andando em volta deles. –Sabe Eddy, você se lembra ainda de seu melhor amigo?

-O que fez com Terry? –Grita Eddy Irado.

-Nada. Ele está bem. Bem do meu jeito. –O menino Terry sai de traz de Albert.

Sem expressão, os olhos caídos, tristes, a boca meio aberta, um cansaço aparente, os olhos vermelhos. Eddy ficou sem reação quando viu o menino.

-Bonito não? Acho que seria uma boa hora para um abraço. Diga olá para ele, seu velho amigo, Terry.

O menino logo passa de expressão de indiferença, para expressão de ódio amedrontador.

-O que fez com ele? –Grita Eddy já expelindo algumas lágrimas.

Letíshia aponta sua arma para Albert que some em uma fumaça negra após o primeiro tiro. Terry cai inconsciente no chão. Não parecia bem. Ainda era criança. Estranhamente modificado. Parecia o mesmo, mas sua pela estava envelhecida, alguns cortes pelo corpo e uma marca estranha feita com cortes em suas costas. O símbolo parecia com um olho. “O que será isso?” Pensou Eddy examinando o menino. No corte não havia nenhum vestígio de laminas, fogo ou algo que poderia marcar o corpo daquela forma. Quando Edward se aproximava do corte um barulho agudo invadia seus ouvidos, Uma dor de cabeça insuportável, suas pupilas dilatadas viam tudo em um tom vermelho, e parecia escorrer sangue de suas pálpebras.

-O que foi isso? Será algum tipo de... Não consigo imaginar nada que possa ser isso.

-Que tal se levantar e levá-lo para um quarto? Isso é um hospital não é? –Diz Letíshia andando em direção à porta que leva ao corredor  principal.

-Boa idéia. Procure um quarto que esteja normal e me chame.

Depois de um tempo, o menino ainda estava desacordado. Um chiado estranho começou. Parecia vir do balcão da recepção. Um rádio pequeno, escondido no canto. “Vou pegá-lo, pode ser útil, ainda mais se eu usá-lo no meu plano” Pensava o menino Eddy. O grunhido da criatura começou a aparecer novamente. Tudo estava muito confuso, mas Eddy ainda tinha que sair dali, então pegou o menino e correu para os corredores onde encontrou Letíshia caída, um pouco ferida, no chão.

-Letíshia. –Grita Edward. –O que aconteceu?

-Fui atacada por um bicho estranho. Parecia uma enfermeira, ela tinha um machado na mão. –Sua voz muito fraca.

Eddy a pega no colo junto com Terry e corre para um dos quartos. Lá, ele os põe na cama e começa a procurar algo nos armários logo depois de trancar a porta. A luz do mesmo estava piscando. Nada que possa ajudá-los. O que tinha lá, Eddy não sabia se estava esterilizado, então decidiu não usar.

-Esqueça de mim Eddy. Olhe o menino. Ele tem problemas piores. Os meus ferimentos são superficiais.

Ele volta a olhar para a marca no menino.

-Estranho. Nunca tinha visto nada parecido. Minhas habilidades de médico nessas condições são inúteis.

-Vá procurar algo no resto do hospital. Com certeza há algo útil por aí. –Disse Letíshia com a voz, ainda, um pouco fraca.

-E deixar vocês sozinhos aqui? Nem pense nisso.

Letíshia vê a preocupação do menino com o bem-estar deles e começa a refletir enquanto Eddy continua examinando o menino, sentado numa cadeira ao lado do leito do mesmo.

-Sabe Eddy. Eu me pergunto se Albert já foi um humano algum dia, se ele já se importou com outra pessoa como você faz.

-Não sei. Só sei que, se já foi, ignora todos esses sentimentos.

-Mas será que ele ainda sente isso?  Eu quero dizer, se ele já foi um humano algum dia, deve ainda haver algum vestígio de humanidade nele. Nele e nos outros.

-Talvez haja um jeito de trazê-lo de volta.

-Um demônio como ele? Duvido muito.

-Então por que levantou essa questão?

-Pense comigo. Se ele ainda sentir alguma coisa por alguém, nós só precisamos descobrir do seu passado e usar contra ele. Se ele realmente sentir algo, vai parar de nos perseguir.

-Nossa. Sua idéia é boa. Meio desumana, mas boa. Mas então chegamos ao ponto de não sair daqui por esse motivo. Pode haver a possibilidade de ele não nos tirar daqui. E então, o que acontece?

-Eu ainda vou investir no seu plano. Não sei direito qual é, mas vou continuar confiando em você. Por via das dúvidas eu faço meu próprio plano.

-Eu admiro vossa força de vontade em viver. Fer desistiu disso assim que eu matei seu filho. Veio para o meu lado. Agora ele é imortal. Mas se querem mesmo sair daqui, vão até o circo da cidade e me esperem lá. Eu os tirarei daqui, mas não atrapalhem mais meu plano. –Disse Albert que mais uma vez aparece repentinamente do nada e some após terminar de falar.

-Vamos lá. –Disse Eddy.

-E você acredita nele?

-Tenho outra escolha?

-Na verdade tem. Não vá e procuramos um jeito melhor de sair.

-Acho que ele realmente quer nos tirar daqui. Pense bem Letíshia, Nós não morremos, atrapalhamos seu plano, seja lá qual for, matamos algumas criaturas. O que ele quer é nos tirar daqui. Viemos por acaso parar aqui. Ele não nos quer.

-Faz sentido. Tudo bem. Eu vou. Mas temos que ver o que faremos com Terry.

-O levamos junto. Albert provavelmente vai querê-lo, então já vou me precaver.

-Pretende entregar o menino para ele? O que houve com você? Mudou de atitude tão repentinamente. Estava tão preocupado com todos, agora está egoísta.

-Não é assim que você é também? Então não vamos perder tempo.

-Você está se precipitando. Se Terry chegar a ele, provavelmente acontecerá algo muito ruim. Espero que saiba o que está fazendo.

-Quem disse em entregar Terry. Disse que o levarei por precaução. Não disse que iria entregá-lo a Albert? Além do mais tenho tudo para não confiar nele.

-Ainda assim espero que saiba o que está fazendo.

Edward abre a porta e tudo havia voltado ao normal. Não havia nenhum monstro no local. Sem sombra de Albert. Eles saem do hospital e vão seguindo pela cidade, mas eles não sabiam onde ficava o circo. Tudo deserto. Por mais normal que isso parecesse, naquele lugar, era algo estranho. Todas as ruas vazias.

-Será que Albert desistiu de nós? –Perguntou Eddy, ainda com o menino no ombro.

-Não. Creio que não. Eu tenho uma leve suspeita de que isso é uma grande armadilha. Ele não desistiria assim tão facilmente.

-Facilmente? –Pergunta o rapaz irônico.

-Eu quero dizer que ele simplesmente desistiu e quer nos mandar de volta para o mundo real. Não faz sentido. Isso é uma armadilha.

-Como eu havia dito antes, ele nos quer fora daqui. Já causamos problemas de mais para ele. Querendo ou não, aqui é o seu reino. Aqui ele é o mestre.

Depois de andar muito, eles chegam ao circo. Sem querer, conseguiram encontrar o local. A cidade não era muito grande. Alguns passos adentraram a local, mas nenhum corpo visível. Parecia um filme de terror. Risadas estranhas vinham de dentro de uma das tendas. “A magnífica sala de espelhos” dizia uma placa do lado de fora. O tempo nublado, o frio congelante, os calafrios de medo, o vento sussurrava em seus ouvidos e, ao mesmo tempo, soprava contra as tendas. “O que eu estou fazendo?”, se questionava Eddy, “Que loucura mudar de planos na última hora. Espero que funcione.”

-Qual é o plano? –Perguntou Letíshia.

-Nenhum. Apenas seguir o que ele disser e sairemos daqui.

-Isso vai acabar mal.

-Olá! Chegaram cedo para a festinha. –Disse a voz de Albert saindo da sala de espelhos. –Venha. Cheguem mais perto. O fim está próximo. Logo, logo, estarão fora daqui e tudo o que têm que fazer é me entregar o menino.

-E depois? –Pergunta Eddy. –O que vai acontecer? Se você tem um plano tão genial assim, compartilhe conosco.

Letíshia olha apavorada para ele.

-O que está fazendo? –Diz a moça com um tapa em seu ombro.

-Deixe que eu resolvo. –Respondeu Edward.

-Então queres mesmo saber do meu plano não é? Pois bem. Eu lhes contarei. Mas primeiro entrem na sala. Há uma surpresinha que eu gostaria de lhes dar. –Diz Albert.

Eles entram na sala. Terry estava seguro ainda. Uma sala com as paredes, teto e chão feitos completamente de espelhos. Eles se deram as costas para uma visão melhor do lugar.

-Agora que estão confortáveis, me digam: Por que motivo vieram aqui? –Pergunta a voz de Albert que ainda estava escondido.

-Procurar pistas ou alguma coisa ligada ao meu irmão.

-Encontrar meu pai.

-Objetivos um pouco diferentes não é? Deixe-me mostrar-lhes uma coisa. –Diz Albert.

Repentinamente, uma fumaça negra começa a subir nos espelhos e logo depois uma vermelha. As duas se misturam formando uma na cor vinho e depois se abre um circulo. Em cada espelho o circulo mostrava algo diferente. Dentro do mesmo a frente de Eddy mostrava a visão de seu apartamento. Dentro do circulo a frente de Letíshia mostrava sua casa. Os outros mostravam uma floresta, uma cidade, um lago e um orfanato.

-Sabe Edward, minha vida nunca foi fácil. Até a minha morte, eu fui apenas servo, observador, fã. Nunca fui o líder, o astro, o centro de tudo. Mas agora, com minha ascensão, posso dizer que eu tenho TUDO que sempre desejei. Poder, lealdade e o mais importante, ganância. O pecado que me move Eddy. O pecado é a minha virtude. Eu vejo em você tudo que eu era antes de morrer. Você tem potencial. –Disse Albert aparecendo em uma fumaça negra ao lado de Edward.

-Me diga o que você quer para sairmos daqui. –Disse o rapaz colocando Terry no chão.

-Eu quero vocês dois. Já pensaram na  possibilidade de ter TUDO, assim como eu? Letíshia. Você é magnífica. Sua crueldade é tudo que eu sempre quis arrancar da natureza humana e, ao mesmo tempo, é maravilhoso seu amor pela vida. Pela sua própria vida.

-Responda sem desviar-se do assunto. O que quer de nós? –Pergunta Letíshia já um pouco impaciente.

-Eu já disse. Eu quero vocês. Mesmo morto, eu tenho uma vida útil. Eu trago pessoas para cá não apenas para matá-las. Eu as trago para testar sua frieza. Eu vivo aqui há muito tempo Eddy. E mesmo eu estando morto, eu tenho uma vida. E ela vai se acabar. Eu preciso de novos substitutos para continuar meu reinado. Tudo que eu mais quero são pessoas como vocês.

-E se recusarmos? –Pergunta Eddy.

-Eu liberto vocês. Mas não terão sua vida de volta. Tudo que vocês conhecem se perderá. Todos seus amigos se esquecerão de vocês, e todo o resto será ignorado.

-Eu não quero. Liberte-me daqui. –Disse Eddy.

-Entre no circulo onde mostra seu apartamento e estará livre. Entre no circulo e tudo o que eu tenho e quero passar para vocês se perderá de seu alcance. Jogará tudo o que pode ter para o vento e viverá uma vida de anonimato e solidão para sempre.

-Eu prefiro morrer sozinho a me juntar a você. –Edward termina seus dizeres e pula no circulo segurando a mão de Letíshia.


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