Heart Attack


O inimigo aliado




...




Vários tons de vermelho podiam ser vistos... Um vermelho intenso e impetuoso...

Sangue... Muito sangue... Poças de sangue e vários cadáveres empilhados um a um... Dezenas de homens que tiveram seus corações arrancados de forma violenta.

Trafalgar Law não havia liberado a “Room”, sua habilidade como usuário da Ope Ope no Mi. E empunhando sua espada, ele trucidou todos aqueles piratas... Friamente...

Ficara nítida a imensa carnificina que o mesmo fizera em seu plano cruel de se tornar um Shichibukai.

Ao ter seu objetivo concluído, ele sorriu de modo selvagem em meio ao mar de sangue e as carcaças estraçalhadas em sua frente.

Ele se sentiu mais forte e imponente por conseguir se manter tão frio diante daquele ato cruel, vendo o quão implacável ainda se encontrava, pois lidava com a morte de uma forma diferente da maioria das pessoas.

Matar ou morrer... Atos que soavam drasticamente como arte... E que estava prontamente disposto a tais ações até conseguir o que mais almejava... O One Piece...

Cem vidas era um número considerável, mas nada que se comparasse com a soma de vários outros que matou ao longo de todos aqueles anos como pirata...

Nada que pudesse se comparar com o que ele havia feito no passado...

Nada que pudesse fazer com que se arrependesse de ser quem era...




...




Nami continuou o encarando aterrorizada enquanto tentava de todas as formas escapar daquele efeito que mais parecia um feitiço.

– Por que me trouxe pra cá...? O que quer comigo...? – A navegadora indagava de forma temerosa, porém enfurecida por não ter controle de seus sentidos.

– Não se preocupe garota... Não farei nada com você... Te trouxe neste lugar para conversarmos tranquilamente... – Doflamingo retrucava sarcástico. Era obvio que suas intenções pareciam totalmente perversas. Ele havia trazido a ruiva até uma sala que parecia um escritório. Provavelmente o lugar onde o Tenryuubito passava a maior parte do dia.

– Já vou avisando que não direi nada que queira saber... Nem que você me mate... – Ela replicou pertinaz.

– Mas eu não quero arrancar nenhum tipo de informação sua... Não pretendo interroga-la ou tortura-la, se é o que está pensando... – Ele dizia calmamente enquanto se manteve sentado na grande poltrona do escritório.

*TOC TOC TOC*


– Entre.

– Senhor trouxe a bebida que pediu. – Uma das empregadas da mansão adentrava na sala segurando uma bandeja na mão com duas taças e uma garrafa de vinho.

– Coloque aí em cima e saia. – Respondeu ríspido.

E foi o que a empregada fez logo em seguida.

Nami observou tudo aquilo com desconfiança. Ela sabia que de alguma forma ele usaria seu poder de persuasão para pegá-la. Soltar alguma informação que pudesse lhe trazer vantagens não somente em relação à Luffy, mas principalmente ao cirurgião.

Ela calcularia cada palavra que ele quisesse lhe arrancar nesse intuito e não daria nenhuma informação que pudesse comprometer o bando ou até mesmo Law.

– Está servida...? – Ele pegava uma taça e despejava o líquido dentro.

– Não... – Ela respondeu com raiva.

– Então... Vamos direto ao assunto... Preciso lhe advertir sobre algo... Algo que seu capitão precisa saber... – Ele principiava de forma audaciosa enquanto delibava o vinho.

– Isso é alguma piada...? Me advertir sobre algo...? Acha mesmo que vou cair nessa...?

– Isso é você quem escolhe. Pode descartar tudo o que lhe disser, mas pode analisar a situação e tirar suas próprias conclusões.

– Mas que raios de conversa é essa!? Eu não estou entendendo aonde quer chegar! Você apenas quer que eu diga algo que pode estar escondido nas entrelinhas pra armar planos pra acabar conosco, não é!?

Doflamingo desfez a feição debochada. Embora estivesse de óculos, Nami sabia que por trás deles seu olhar era mortífero.

– Você... É mesmo uma garota complicada... Imagino o quanto Law está sofrendo por tentar domá-la... Ele devia usar psicologia inversa para controlar alguém como você... – Retorquiu cínico.

– O que está querendo dizer com isso!?

– Nada... Você não quer saber, esqueceu...? – Ele contradizia cínico, rindo logo em seguida.

Nami sabia que algo estava errado. E sabia que ele a incitaria, para logo depois deixa-la com dúvidas. Mas definitivamente, seu plano não daria certo, por que ela já havia entendido certas indiretas...

– Acho que entendi o que quer fazer... Mas posso te assegurar que não vai dar certo... – E então a navegadora sorriu de canto.

– É mesmo...? Então por que não me conta o que entendeu...? Seria interessante analisar o seu nível de raciocínio...

– Está tentando fazer com que eu desconfie do Law... Provavelmente dirá que ele não é confiável e que irá nos trair no futuro... Estou errada...?

O loiro riu descontrolado naquela hora. Ele constatava que aquela garota era um ótimo entretenimento.

– Você não é tão burra... Mas não quero chegar a esse assunto dessa forma. Vamos por partes, até que entenda o que quero de você...

– Diga logo o que quer!

– Pra quê a pressa...? Logo você vai entender aonde quero chegar...

– Não acho que vá adiantar alguma coisa... E de qualquer forma, acredito que se não for útil pra você, a minha morte é certa... – Ela respondeu indignada, mas conformada caso ele quisesse mata-la.

– Caso não tenha percebido, não estou interessado em mata-la... E se quisesse arrancar algo de você, poderia fazer de outras formas... Não é preciso usar de tortura para isso...

– Então eu não tenho mais nada pra conversar com você! Me solte! – Ordenou de forma aguerrida.

– Eu disse que não iria mata-la, mas não disse que iria soltá-la de imediato.

Doflamingo mais uma vez sorriu funestamente. Aquele sorriso sombrio e satírico. Ela desconhecia as reais intenções dele. Se não a mataria, por que ele a manteria presa...? O que ele pretendia...?

– Afinal o que você quer...? – Ela contestou irritada.

– Eu sei que o Law está aqui. Nos encontramos mais cedo... – Enfim revelou.

Nami arregalou os olhos, mas não disse nada. Ficou receosa de ser um blefe.

– E...? – Ela perguntou no intuito de analisar o que ele diria em seguida.

– Eu a chamei aqui para lhe advertir sobre algo, então é isso que farei, mas cabe a você fazer algo a respeito e então... Nós dois sairemos ganhando...

– Eu ainda não estou entendendo aonde você quer chegar... – Nami rebatia desacreditada. Por que ele insistiria naquilo...?

– Eu sei exatamente quais são os planos do Law que envolvem o Chapéu de Palha... – Afirmou convicto.

– Se está querendo me jogar contra ele, esqueça! Ele se mostrou digno de confiança! – Nami rebateu de modo incivil.

– Você acha que essa aliança durará pouco tempo...? Você sabe como um pirata sobrevive no Novo Mundo...? – Ele redarguiu misterioso, porém...

Nami se recordou de algo que ouviu do próprio cirurgião logo quando ele propôs a aliança à Luffy.

“Para sobrevivermos no Novo Mundo, precisamos nos unir...”

Até aí, nada de estranho, mas...

– Ainda que a aliança dure muitos anos, o que está insinuando...?

– Law também quer o One Piece. – Doflamingo confessou.

– É claro que quer... E daí...? – Certificou de forma imperiosa.

– Isso os torna inimigos...

– Eu também já sei sobre isso e não vejo problemas. Por que está dizendo coisas tão óbvias!? – Ela redarguiu ríspida. Não estava entendendo aonde ele chegaria.

– Ele descobrirá um jeito de neutralizar os principais pontos do chapéu de palha através da convivência... Você acha que o conhece...? Acredite, não está lidando com um pirata qualquer...

– Assim como você, não é mesmo...? Terminou com o teatro? Por que acha que vou acreditar nas suas boas intenções...? – A ruiva replicou impaciente.

– Minhas intenções não são boas, porém, você pode interromper um futuro de traições e morte se...

– Se...? – Ela perguntou um pouco tensa.

– Se o entrega-lo pra mim... – E por fim Doflamingo declarou suas reais intenções. Mas por que a ruiva seria capaz de entrega-lo?

– Por que acha que EU posso fazer isso...? Se ele está mesmo aqui, pode muito bem capturá-lo facilmente, sem precisar da ajuda de terceiros...

– Não é assim que as coisas funcionam garota... Por que não fazemos negócios...? Você não possui uma alcunha tão imponente como essa por que age honestamente... Confesse...

– Eu não quero negócios com você! E o fato de me intitularem dessa forma não significa que-

– Que você é uma mulher inescrupulosa...? Mas pelo bem do seu capitão e da sua tripulação você me entregará ele... Cedo ou tarde... – Ele sorriu convencido.

– O que faz você achar que eu tramaria algo para entrega-lo a você...?

– Por que não tira suas próprias conclusões...? Por ser uma mulher perspicaz, você saberá se ele agir estranhamente...

– Então você quer que eu o entregue caso veja coisas suspeitas...? Mas por que você mesmo não o convence...? Mesmo se fosse entrega-lo, você com certeza teria outros métodos para convencê-lo ou até ameaça-lo, então por que acha que vou cair nessa!? – Nami se impôs de forma impetuosa. Não estava mais aguentando os joguinhos daquele sujeito.

– Não posso convencê-lo e se o ameaçasse, ele resistira até a morte. Mas se a aliança for desfeita, então ele não terá mais ninguém além de si mesmo. Entende por que vários piratas formam alianças para sobreviverem no Novo Mundo? Ele não poderia continuar sem o seu capitão...

– Isso é ridículo... Ele é forte... É um Shichibukai...

– Títulos não valem tanto como pensa garota... Você precisa arquitetar estratégias brilhantes para chegar ao topo, usando todos os seus aliados... E isso é algo que leva tempo...

– Que seja... Você apenas quer me usar pra pegá-lo de volta... – Nami resmungou impaciente e desacreditada.

– A maioria das alianças acabam em traição... Você deve saber disso melhor do que ninguém... Por que acha que com ele será diferente...? O seu capitão e ele possuem o mesmo objetivo, então o futuro dos dois está em suas mãos...

Nami arregalou os olhos em resposta. De fato, o que ele dizia era verdade, porém ela não imaginava que tal responsabilidade cairia em suas costas. Mas ainda assim, ela simplesmente não podia agir como bem entendesse... Luffy devia estar ciente, e quanto ao cirurgião...


Ela não queria acreditar que ele faria isso, ainda mais sem motivos aparentes...


A feição dela se desfez em assombro e repentinamente a mesma passou a se sentir estranha... Ela pressentia uma dor, mas não era algo que pudesse doer fisicamente... Era como se... Não quisesse acreditar que o cirurgião tivesse tais planos tão sórdidos... Se questionou desde quando havia se afeiçoado a ele para sentir como se o mesmo fosse...

Um companheiro tão importante quanto os de seu próprio navio.

Doflamingo observou as feições estranhas da ruiva. Ele sabia que de alguma forma havia mexido com ela, mas precisava ter certeza se isso estava acontecendo por causa do receio de ver seu capitão traído pelo shichibukai, ou...


Se aquilo era pelo próprio cirurgião...


– Law é um subordinado brilhante... Eu o deixei livre apenas para que sentisse o gosto da liberdade por um tempo, mas está na hora de fazer com que entre na linha... Ele precisa saber de uma vez por todas que a única forma de chegar aonde quer... É ao meu lado...

– Chega! Eu não quero mais ouvir esses absurdos! Não posso fazer isso... Eu... Não vou carregar essa carga... Então esqueça! – Nami mais uma vez se impôs de modo intransigente. Ela sentia que havia caído como um pato no plano dele, emocionalmente falando, ainda mais se tratando de um futuro que envolveria seu capitão, ao qual era fiel e ainda mais ele...

Doflamingo analisou mais uma vez as expressões dela. Ele havia constatado algo interessante, que comprovou suas teorias a respeito da navegadora e Law, ao qual mostrava nitidamente que a relação deles não passava apenas de companheirismo temporário...


Agora ele seguiria com seu plano, do jeito como havia esquematizado.


– Sei que voltará atrás... Enquanto isso, lhe deixarei livre... Então... Pense em minha proposta... – O Shichibukai se virou de costas e passou a olhar pela janela.

Nami estranhou aquela decisão. Por que ele a soltaria tão facilmente assim...? Algo estava errado...

Ao levantar a mão direita e fazer um movimento com os dedos, a ruiva sentiu seu corpo finalmente correspondendo às suas ordens.

Nami o encarou desconfiada. Ela concluía que não havia falado nada que poderia comprometer Luffy ou até mesmo Law... Ele havia jogado claramente, o que soava estranho.

Por ora ela não perguntaria a ele se estava pensando em entregar Law para o Tenryuubito, pois talvez não tivesse se encontrado de verdade com o cirurgião, e o suposto blefe surtiria efeito. Mas a pergunta era...

O que Doflamingo queria afinal...? E por que ela tinha a sensação que tudo aquilo era apenas... Uma etapa de um suposto jogo...?




...




Law ficou sumido por um dia inteiro e Nami o procurou como louca por todos os lados.

Já havia anoitecido novamente e a navegadora se encontrava extremamente preocupada. Em breve chegaria o dia onde finalmente escaparia conforme o plano, porém o cirurgião havia desaparecido, e com a chegada de Doflamingo, tudo estava ainda mais arriscado.

Depois de tudo o que havia acontecido naquela madrugada, ela precisava reportar tudo a ele. Mas... Afinal, onde o cirurgião estava...?

A noite foi passando, e coincidentemente Nami o encontrou caminhando pelo corredor ao lado de fora com uma expressão indecifrável no rosto.

Como ambos se encontravam no mesmo lugar, sozinhos, aquela era a hora perfeita para interroga-lo pelo sumiço.

Rapidamente a ruiva se aproximou e o empurrou contra a parede, pegando o colarinho do uniforme e pressionando em suas mãos.

– Por onde você andou!? – A navegadora foi logo perguntando de forma exaltada enquanto o manteve preso sobre seu enlace.

Law demorou um tempo até olhar para o rosto dela, mas quando olhou... Um semblante extremamente indiferente pôde ser visto.

– Eu estava ocupado... – Foi tudo o que o cirurgião disse.

– Ocupado!? Por acaso você está dormindo!? Doflamingo está na mansão e ele já fez contato direto comigo! – Ela revelou indignada.

– Então ele chegou até você...? Como...? – O olhar apático e voz tenebrosa permaneceram. Era como se aquilo soasse indiferente para ele, o que deixou a ainda mais irritada.

– O que está acontecendo com você...? Já parou pra pensar que nosso plano de fuga pode ser impedido!? – Ela aplicou ainda mais força na pressão feita. Literalmente estava exasperada pela reação dele.

– Se isso acontecer, pensarei em algo para sairmos daqui... – Respondeu de forma imparcial.

Como Doflamingo havia dito, ele estava agindo estranhamente.

– Você também se encontrou com ele...? – Ela indagou.

– Sim.

– O que ele disse...? – Contestou desconfiada e Law a encarou duvidoso. Um aspecto enfadado e ao mesmo tempo perplexo. Obviamente Nami não entendeu.

– Eu vim até aqui para te tirar dessa mansão... Então por que acha que tenho de dar satisfações do que eu faço...? Será que não está confundindo as coisas...?

Nami o encarou funestamente. Aquelas palavras soaram indelicadas demais. Sabia que algo estava errado, e com toda a certeza aquela reação estranha se devia por ter se encontrado com o shichibukai.

Os dois possuíam um passado ao qual ela desconhecia. O que complicava ainda mais a situação por não saber como agir com ele, porém, precisava fazer algo que o tirasse daquele efeito e que o fizesse se focar novamente no plano de fuga.

– Escute aqui... Eu não estou interessada nos seus problemas com ele... Apenas acho que deveria agir corretamente com o que combinamos. – Ela ainda o mantinha preso entre seu corpo e a parede, segurando o colarinho com precisão.

– Eu farei isso, então não se dê ao trabalho de me lembrar... – Law respondeu ríspido enquanto se mantinha imóvel.

– Eu não estou te lembrando, estou te advertindo... Ou por acaso você se esqueceu do que prometeu ao Luffy...?

Repentinamente Law a encarou de forma destemida e um sorriso típico de cinismo pôde ser visto.

– Desde quando se preocupa com a aliança...? Você sempre foi contra... Que diferença faz...? Mas dessa vez é a sua pele que está em jogo, não é...? Só está interessada em sair daqui e voltar para perto de seus companheiros que lhe mantém segura de todos os perigos...

Nami estendeu o olhar com aquela resposta. Então era sobre aquilo que Doflamingo citara anteriormente? Por que novamente parecia que ele estava agindo como outra pessoa? Ou melhor...

Por que ela se recordara da vez em que ambos discutiram antes de partir para Toy House!? As mesmas feições soturnas podiam ser vistas novamente.

Será que Doflamingo dizia a verdade...? Trafalgar Law era mesmo alguém tão sórdido e que ocultava um caráter sanguinário e traiçoeiro...? Será que...


Ela teria mesmo de entrega-lo...?


– Prometa que irá cumprir o que disse. – Ela ordenou imperiosa.

Law a observou em silêncio. Aqueles traços de personalidade que mostravam fraqueza e medo lhe irritavam profundamente, e então, ele inverteu a posição, forçando-a ficar entre ele a parede.

Dessa vez era Nami que se encontrava presa em seu enlace.

– Você se meteu nisso sozinha... E eu estou aqui fazendo algo ao qual não tenho obrigação. Se queria salvar a sua preciosa irmãzinha, devia ter se dado ao trabalho de ser forte o suficiente para escapar sozinha dessas situações, e não se deixar ser salva por outras pessoas...

As recentes palavras eram maçantes e Nami sabia que ele havia dito coisas que com toda a certeza despertaria sua suprema ira.

– Eu nunca te pedi nada! Eu não quis sua companhia nessa viagem, então por que está me acusando dessa forma!? Você está aqui por que quer... Nenhum dos meus companheiros mediria esforços para estar no seu lugar, e... Se isso tivesse acontecido com qualquer um deles, eu seria a primeira a arriscar minha vida pela deles!!!

Law sorriu desdenhoso e sinistramente intimidante.

– Se arriscar...? Você é fraca demais pra se arriscar... Você não passa de um empecilho no caminho daqueles que se arriscam de verdade...

Após ouvir tal afronta, o olhar da ruiva queimou em cólera e a primeira coisa que a mesma fez por reflexo foi...


Acertar um vigoroso tapa no rosto dele.


– Esqueça! Eu não quero mais a sua ajuda! Vá embora dessa mansão e diga ao Luffy que sairei daqui por mim mesma, ainda que morra tentando!

Law ficou em silêncio, sentindo a dor aguda da bofetada, e quando a fitou novamente, ele despontou um olhar assustador. Mas... Aquilo não intimidou a navegadora.

– É melhor que você fique quieta e siga as minhas ordens... Não me faça perder a paciência ou então-


– O que está acontecendo aqui!??


De repente um dos soldados de Impel Down surgiu, interrompendo a discussão dos dois.

– O que você está fazendo com essa escrava!? Por que não está de vigia no portão da mansão!? – O soldado interrogava impaciente.

Law o olhou friamente, mas respondeu logo em seguida.

– Eu estava resolvendo alguns assuntos...

– Resolvendo assuntos com uma escrava!? O que o Tenryuubito fará se descobrir que você está se envolvendo com uma escrava!?

– Ele não precisa saber... – O cirurgião rebateu indiferente.

– Sem desculpas! Vou ligar agora para o nosso superior em Impel Down e reportar isso, ou todos nós corremos riscos caso o Tenryuubito descubra e-

Antes que o soldado pudesse concluir a ligação no Den Den Mushi, Law já havia usado sua habilidade para jogar o objeto longe.

Nami arregalou os olhos. O que ele estava fazendo afinal...?

– Como fez isso...? – O homem indagou sobressaltado.

– Fiz isso da mesma forma que te cortarei em pedaços se não sair daqui agora... – ele respondeu de modo sinistro e o soldado estranhou.

– Você está reagindo às minhas ordens!? Eu sou o seu superior fora da prisão!

– Que se dane suas ordens ou as regras... – Ele se aproximou devagar, empunhando a grande espada.

– Você não ficará impune! Será preso por cometer tamanho ato infame! – O soldado também empunhou uma espada e automaticamente correu na direção do cirurgião.

Law fez a room desaparecer e Nami estranhou completamente aquilo.

Ela nunca o viu desmanchar aquele campo de força quando lutava com alguém.

Ambos correram na direção um do outro, porém, Law mostrava com maestria a sua agilidade com a espada e...

Em instantes ambos cessaram o suposto ataque.

O olhar do soldado se desmanchou em horror...

– Você...

Law sorriu terrivelmente sinistro ao atravessar o peito do soldado friamente.

Sangue escorreu nas extremidades da grande espada, fazendo com que respingasse no chão.

Nami conteve um grito ao tapar sua própria boca com as mãos.

O cirurgião puxou a espada violentamente do corpo do soldado... E o mesmo caiu inconsciente no chão...


Morto...


A ruiva passou a respirar ofegante enquanto sentia suas pernas e mãos tremerem... Ela estava completamente alarmada e perdida. Não soube o que dizer ou fazer...

O corpo ficou estirado no chão enquanto Law voltou a encarar a ruiva.

– Por que fez isso...? Por que o matou...? – Ela indagava temerosa.

O moreno não respondeu e passou a se aproximar mais uma vez dela.

Nami recuou para trás, mas estava assustada demais até mesmo para correr... Ela ainda não acreditava que ele havia feito tal coisa...

– Acho agora você entende o que pode acontecer se não me obedecer...

– Por que você o matou...? Por que precisou fazer isso!? Você é um monstro!!! – Nami gritou alarmada.

– Pare de fazer escândalo ou-

– Ou então vai me matar!? – Ela interrompeu para completar a frase que parecia ter aquele sentido.

– Não me provoque... Não vai conseguir lidar com as consequências... – As palavras saíram naturalmente, mas por dentro o cirurgião sentiu... Que estava se exaltando demais...

Desde que Doflamingo havia aparecido em sua frente, parte daquilo que mais desejava esconder estava vindo à tona. O anseio de agir de modo extremista e derrubar tudo e todos que se opusessem a ele. Mesmo a ruiva... A qual tinha o desejo ardente de proteger, estava se tornando um alvo ao perceber sua real natureza desumana sendo despertada aos poucos.

Nami fechou os olhos em resposta e desejou que seu corpo não continuasse a corresponder ao que estava sentindo. Era forte e tortuoso demais pra suportar... Queria sair correndo dali...


Ela precisou conter a imensa vontade de chorar.


E finalmente a ruiva havia entendido. Trafalgar Law havia mostrado sua verdadeira identidade artificiosa.

Como Doflamingo havia previsto, Law não somente estava agindo estranho, como agora mais do que nunca, ele havia mostrado quem realmente era.

Luffy era uma pessoa que confiava facilmente nas pessoas e todos da tripulação aceitavam suas decisões fielmente. Mas agora tudo havia ficado claro... Trafalgar Law era um inimigo... Um inimigo aliado...

Faltavam dois dias para a fuga. Até lá ela teria de decidir se faria como Doflamingo havia dito ou se agiria de outra forma para encurrala-lo. Porém, por dentro...

Ela não queria aceitar que havia se deixado enganar por ele todo aquele tempo...


Longe dali Doflamingo observava tudo por uma das janelas da mansão.


Ele sorriu audaciosamente de canto ao ver que o seu plano estava saindo exatamente como esperado.