Heart Attack escrita por ariiuu


Capítulo 17
Perfeito sussurro


Notas iniciais do capítulo

Tenho certeza que muitos de vocês vão mais uma vez ficar boiando no começo do capítulo... Só depois que vão entender xD
Esse capítulo foi o mais emocionante que escrevi (na minha humilde opinião). E ele está comprido e cheio de surpresas terríveis...
Quero muito a participação de vocês... Me digam se eu levo jeito pra escrever drama ou não xD
Divirtam-se (ou não)



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Heart Attack


Perfeito sussurro





...




"Dez dias... Esse era o tempo ao qual estava presa ali... Naquele inferno disfarçado de paraíso... Um paraíso para demônios... Se assim pudesse julgar aqueles que tratavam seres humanos como lixo... Ou melhor... Um lixo era mais bem tratado do que todos nós que estávamos presos ali... Ainda que estivesse fraca, fatigada, comendo e bebendo mal, sem ter como tomar um banho direito e ainda com um ferimento que parecia piorar a cada dia, nada poderia ser pior do que ter de viver um pesadelo dentro do outro... Além de ter que conviver com as ordens e afrontas maçantes dos Tenryuubito, restava algo que poderia me abater derradeiramente de forma cruel e humilhante... As feridas recém-abertas que estavam sendo esfregadas pelo indivíduo que me torturou por oito longos anos..."




...





Laranja... Vermelho e amarelo... Aquelas cores se mesclaram facilmente e formaram um plano de fundo em degradê que preencheram todo o seu campo de visão. Estava de olhos fechados... Porém na frente de suas pálpebras havia um céu extremamente colorido em tons de laranja por um pôr do sol intenso...

Ele abriu os olhos vagarosamente e sentiu um leve aroma cítrico e hipnotizador.

Lá estava ela. Na frente dele, mas de costas, contemplando o lindo ambiente.

Estreitou o olhar, fixando na imagem que havia em sua frente. Ela trajava um vestido comprido branco, mas a coisa que mais lhe chamava atenção era como o vento acariciava com delicadeza as madeixas ruivas... Uma ondulação perfeita... Uma visão majestosa...

– Nami-Ya...?

Ele a chamou pelo nome, porém ela não se virou. Estava ocupada demais contemplando aquele pôr-do-sol primoroso.

O cirurgião se aproximou e ficou ao lado dela... Era notável o quanto aquele horizonte tão magistral merecia mais atenção do que ele próprio...

– Não é incrível...? – A ruiva replicou repentinamente.

Ele passou a fitar o mesmo lugar que ela, para enfim responder aquele indício de pergunta.

– A vista é mesmo incrível... – Redarguiu enquanto vislumbrava o horizonte.

– O tempo... É a única coisa que o homem não pode tocar... Nem destruir com suas mãos... O roteiro do dia segue desde os primórdios da humanidade e o sol sempre se colocará atrás do mar e da terra, dando lugar à noite, a lua e as estrelas... – Nami finalizava com um luminoso sorriso em seus lábios.

Law alargou o olhar involuntariamente em surpresa. Aquela colocação era tão real e fazia tanto sentido, embora ninguém pudesse perceber facilmente.

– Você... Notou algo tão óbvio, porém tão imperceptível aos olhos da maioria das pessoas... – Ele respondeu com um sorriso suave.

– É mesmo... Mas aposto que você já havia percebido bem antes de mim, não é...? – A navegadora o fitou de um jeito diferente das outras vezes. Não era como um estranho, inimigo ou aliado temporário...

Ela parecia estar na frente de um de seus estimados companheiros.

Enquanto esperava pela resposta, continuou o fitando sem desviar os olhos do rosto dele. O esplendor daquele pôr do sol influenciava diretamente os orbes castanhos. Eles se tornaram institivamente mais claros por causa da suave claridade do sol e o aspecto do rosto dela podia ser assemelhado a de um anjo... Se assim pudesse julgar.

– Você parece mais tranquila... Não está com medo de termos que enfrentar um dos quatro imperadores...? – A pergunta saiu automaticamente, mas ele sentia que aquilo fosse um pouco demais... Era algo que provavelmente ela não responderia, já que não era da sua conta.

E mais uma vez... Ela respondeu com um sorriso... Para depois completar com palavras que ele jamais sonharia em ouvir.

– Uma vez eu ouvi... Que somente os que estivessem preparados para morrer entrariam no Novo Mundo... E confesso que... Aquilo me assustou muito, mas... – Ela se silenciou por um tempo antes de responder.

– Seria inútil viver sem se arriscar... Se quiser realizar meu sonho e os sonhos do meu capitão... Morrer tentando é o mínimo que posso fazer...

E depois de dizer algo tão difícil, mas extraordinário, Nami o encarou firmemente e intimamente. Os raios solares apenas realçaram o semblante irresistível que a mesma mostrara.

Tudo o que ele sentiu em seguida foi um choque elétrico percorrendo por todo o seu corpo. Não se recordava de ter tido tal sensação com ninguém... Nem mesmo com Bonney...

Mas afinal... O que estava acontecendo...? Por que ele sentia como se o lugar mais escuro e congelado estava aos poucos se tornando iluminado e quente...?

Seria ela... O sol daquele inverno que havia durado sua vida inteira...?



Um espanto fez com que ele abrisse os olhos rapidamente.

Sua respiração estava ofegante e seu coração palpitava num ritmo acelerado.

Ele levou a mão à testa e percebeu que estava suando. Tudo foi tão efêmero e irreal, porém notável...

Que sonho foi esse...? – Ele se perguntava enquanto tentava voltar desesperadamente para a realidade à sua volta.

Se levantou da cama do quarto ao qual estava hospedado numa pousada no Arquipélago de Sabaody. Em um dia ele colocaria o plano que havia traçado em prática, mas... O que mais lhe incomodava naquele momento era o recente sonho que acabara de ter...

Trafalgar Law não tinha o costume de sonhar... Na maioria das vezes, as noites de sono tranquilo foram interrompidas por pesadelos... Mas sonhos não... Ainda mais como aquele que acabara de ter... E ainda por cima com ela...

Ironicamente ele se questionava por que estava se sentido extremamente instigado e estremecido por dentro... A imagem dela ainda estava nítida em sua mente... Era algo estranho e ele estava receoso em desvendar por que se sentira daquela forma... Afinal...

O que havia de errado com ele...? Por que não queria se esquecer da fisionomia dela...? Por que sentia seu coração aquecido apenas com as memórias de um sonho tão inexplicável...?

Por que quando se lembrava dela em sua realidade... Sentia que precisava resgatá-la imediatamente e trazê-la para perto apenas...

Para protegê-la...?

Aquelas dúvidas eram equivocadas... Ele só podia estar louco...

Não havia outra explicação.





...




– Eu te dei duas horas para acabar de limpar o chão do salão principal e todas as vidraças. Por que ainda não terminou!?

– Eu... Não consegui terminar sozinha...

– Heh... Essa desculpa é a mais esfarrapada que existe! Trabalhe agora escrava!!! – Uma mulher que trajava roupas de um nobre fazia escândalo por ver que uma das servas não havia terminado o seu trabalho.

Ambas estavam do lado de fora do palácio, nas laterais do mesmo.

Nami que se encontrava a alguns metros a frente da garota ao qual foi chicoteada várias vezes nas costas.

Tentava se manter firme e de pé, ainda que a ferida de três dias tivesse piorado. Ela havia chegado ao seu limite, mas sabia que se não lutasse com todas as suas forças e encarasse aquilo como se não fosse nada, provavelmente poderia estar ainda mais machucada e o pior... Ficar dias sem comer e beber...

– E você...? – A mulher passou a andar na direção da ruiva. Nami sentiu uma forte compressão no estômago. Ela tinha que sorrir e mostrar que estava alerta... O tempo todo...

– Sim, senhora...? – Nami entoava sua voz de forma calma, embora por dentro estivesse em turbulência.

– O que pensa que está fazendo aqui fora...? Qual foi a tarefa que lhe deram!?

– Limpar todos os móveis da mansão... – A ruiva replicou enquanto mantinha a cabeça baixa.

– E por que não está fazendo isso nesse exato momento!?

– Eu vim enxaguar os panos que estão completamente sujos para voltar a tirar o pó dos móveis...

A mulher estreitou o olhar e sorriu de canto. Naquele momento ela percebera uma mancha de sangue na roupa laranja, no canto direito da cintura da ruiva.

Nami não entendeu por que ela ainda continuava lhe encarando em silêncio.

– Você é mesmo uma imprestável... Por que não carregou baldes com água para enxaguar os panos lá dentro!?

– E-eu... Não pensei nisso, senhora... – A navegadora fechou os olhos por instinto. Sabia que seria chicoteada naquele exato momento por ter falhado.

– Então... Faça logo o que tem de fazer e volte para o trabalho...

– Sim senhora... – Quando a ruiva fez menção de se levantar, foi surpreendida por um movimento brusco.


A mulher desferiu um vigoroso chute na região onde se encontrava a mancha de sangue em sua roupa.


– AAH...! – Foi tudo o que ela exprimiu na tentativa de abafar o grito de dor que soltaria. Nami caiu no chão no mesmo momento, segurando o local e se contorcendo em agonia.

Aquela mulher havia acertado seu machucado com muita força.

– Hmm... Além de inútil é frágil... – Ela encarou a navegadora com desdém, que apertava os olhos e respirava fundo, tentando conter a imensa dor que sentia.

Mediante aquilo, a nobre ainda não satisfeita agachou-se, apanhou os cabelos ruivos que estavam presos num rabo de cavalo frouxo e as trouxe para si com muita brutalidade.

Nami sentiu seus cabelos sendo puxados com extrema violência, lhe fazendo olhar dentro dos olhos dela.

A ruiva rangeu os dentes e manteve os olhos semicerrados enquanto sentia a ira descomunal do Dragão Celestial.

– Levante-se e volte agora para o trabalho, sua pirralha desprezível!!!

E após isso, empurrou a cabeça da garota na direção do chão.

Tudo o que a navegadora pôde sentir em seguida foi o baque em seu rosto e como o local atingido latejou rapidamente.

Ela ficou caída no chão por longos segundos em meio aquela sessão sinuosa de dor e nem mesmo reparou a garota que anteriormente havia sido chicoteada se aproximando.

– Você está bem...?

Nami olhou de canto para a garota. Será que ela estava em posição de perguntar quem estava bem...?

– Nem um pouco... E você também não... – Redarguiu ofegante.

– Eu... Estou acostumada... Sou mantida aqui a mais de um ano... – A garota sorriu.

Nami reparava nos traços dela. Longos cabelos negros e lisos, mas extremamente desgrenhados e quebradiços. Pele alva, onde algumas partes eram encobertas por cicatrizes. A feição pálida, fatigada e melancólica, mas... O que mais lhe entristeceu foi o olhar... Aqueles orbes negros mais pareciam um mar de angústia, tormento e lástima... Como ela havia aguentado por tanto tempo...?

– Heh... Você é bem forte... Pra aguentar tanto tempo esse inferno... Sinto que vou morrer em poucos dias... – Nami sorriu debochada.

– Assim como eu, creio que você também aguentará... – Ela redarguiu convicta.

– Como pode ter tanta certeza...? – A navegadora não entendia a recente afirmação.

– Eu não sei... Você parece tão diferente das outras garotas que estão presas aqui...

Nami não respondeu imediatamente. Demorou algum tempo para dizer algo, mas quando resolveu...

– Talvez você tenha razão... – A ruiva sorriu em resposta e no mesmo instante tentou se levantar, mas não conseguiu, porém, teve a ajuda instantânea da garota.

– Por quê... – Replicou surpreendida.

– Não diga nada. Apenas aceite minha ajuda... Qual é o seu nome...? – A menina perguntava repentinamente.

Nami suspirou tranquila, embora a dor ainda lhe deixasse de alguma forma zonza.

– Nami... E o seu...?

– Akira... – A garota de cabelos negros respondeu docemente com um lindo sorriso nos lábios. Ainda que seu olhar fosse triste, ela parecia mostrar uma pequena luz de esperança no meio daquele inferno funesto e desumano.


Porém... Alguém que observava a cena de longe, repentinamente se aproximou.


– Que cena mais linda e comovente...

Nami não havia encarado o sujeito, mas ela jamais esqueceria aquele timbre áspero e feral...

– As mocinhas estão se ajudando em momentos difíceis... É tudo tão doce que me dá nojo...

Quando Akira resolveu encarar o sujeito, se espantou com o que vira em sua frente. Seus olhos arregalaram mais que o normal e de repente sentiu as pernas e mãos tremerem.

Nami elevou o rosto para encará-lo... Aquele maldito e perverso tritão...

– Arlong...

– Ohh... Vejo que sua amiguinha parece ter medo de mim... Por que não ensina a ela como não demonstrar pânico na frente de um tritão... Nami...?

– Seu desgraçado... – A ruiva revidava com extremo e puro ódio. E seu olhar era a maior prova disso.

– Não fale desse jeito com ele... A qualquer momento podemos ser esmagadas apenas com um ataque... – Era nítido o quanto a morena mostrava o extremo horror através de seus gestos.

– O que você está fazendo aqui...? Mesmo sendo um tritão, também é um escravo... Se algum dos nobres te pegar aqui fora...

– Ora Nami... Não diga essas coisas com tom de superioridade... Diferente dos outros escravos humanos, eu posso fazer o que quiser... Passei anos preso e tenho muita experiência, diferente de vocês... – Ele retorquia debochado.

– Se estivesse com o Clima Tact aqui... Eu faria churrasquinho de tubarão para os escravos... – A ruiva articulava de forma enfadonha e irritada.

– Sha-ahahahahahaha!!! É tão engraçado ver o quanto uma reles humana limitada mostra sua inferioridade atrás de uma arma... Então é isso!!? Você só pode me derrotar se tiver com ele...? – Arlong contestava sarcástico para concluir num tom assombroso.

– A raça dos humanos é tão abominável que me causa ânsia... Por que não pode me enfrentar com suas próprias forças...? Ou melhor... Onde estão seus companheiros que não vieram resgatá-la até agora...? – A última frase fora entoada de forma completamente sinistra e Nami sentia extrema aversão por ver o quanto aquele miserável era tão baixo por chegar ao ponto de falar de seus companheiros.

– Cale essa boca... – A ruiva sussurrava. Estava por um fio de fazer uma besteira.

– Onde está o Chapéu de Palha!? Não me diga que depois de se tornar um criminoso tão temível resolveu abandonar os vermes que o acompanharam até agora...!? Sha-ahahahahaha!!!

– Eu disse pra se calar... – A voz dela soava mais assombrosa e rouca.

– Nami...? – Akira sussurrou baixinho, esperando que ela não fizesse nenhum movimento precipitado.

– Me diga Nami... Está sabendo sobre as últimas notícias...?

A navegadora se manteve calada, lhe encarando furiosamente, mas atentando para o que o mesmo estava prestes a dizer.

– No East Blue... Exatamente na Vila Cocoyashi... Um incêndio tem feito várias vítimas... – O tritão articulava de forma desumana e completamente impiedosa. Sabia que mexeria na ferida que há anos havia lhe causado.

– Parece que... Os habitantes daquela vila... A sua irmã... Farão companhia...


– Para a sua falecida mãe...



O olhar do tritão havia se estreitado e um brilho encoberto em trevas reluzia de forma selvagem. O modo como o mesmo terminou a recente frase foi o ponto culminante da paciência e calmaria da ruiva.

E aquilo era... Imperdoável...

– Você não tem... – Ela principiava em baixo tom antes de gritar desvairadamente.

– VOCÊ NÃO TEM O DIREITO DE FALAR DE BELLEMERE-SAN, NOJIKO E A VILA!!! – O brado descontrolado e raivoso da navegadora soou alto o suficiente para arrancar o olhar vingativo e enfurecido do tritão.

– Sua... Miserável... Você nunca aprendeu a lição... – Arlong passou a se aproximar devagar. Nami continuou lhe encarando firmemente enquanto Akira começou a gemer desesperada, mas todos foram interrompidos por outro grito.

– O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI!!??

O berro do Tenryuubito e dono da mansão quebrava o clima pesado do local.

– Como reles escravos ousam brigar entre si...?

– Aah, desculpe senhor, mas é que esse tritão nos ameaçou e-

– Cale-se! Eu não falei com você! – O Dragão Celestial desferiu uma forte chicotada nas costas da garota que caiu imediatamente com o golpe.

– Akira... – Nami redarguiu espantada.

– E você...? Sua criatura monstruosa...? Quantas vezes precisarei te advertir que você segue minhas ordens...?

– A culpa é dessas humanas repugnantes... Elas me provocaram...

– Quieto!!! Quer que eu acione o colar!? Será imperdível ver sua cabeça explodindo!!! Criatura nojenta!!!

O olhar do tritão se apertou em resposta, de tamanha a ira que sentira pelo Tenryuubito. Seu instinto assassino implorava para mata-lo, mas sabia que se fizesse qualquer movimento, o maldito nobre faria com que o colar explodisse.




...



– O QUÊ!? A NAMI FOI CAPTURADA POR UM TENRYUUBITO!!? – A voz frenética e raivosa pelo Denden Mushi era o de Monkey D Luffy. Mas a voz dele apenas se sobressaiu às tantas outras dos demais companheiros da ruiva. Era nítido que todos estavam chocados com a notícia.

– Se acalme Chapéu de Palha... – A voz fria e plácida de Law contrastava com a do capitão do outro lado da linha.

– A MINHA COMPANHEIRA FOI LEVADA POR UM DELES!!! COMO POSSO FICAR CALMO!!?

– Luffy se acalme! – A voz que pôde ser ouvida naquele instante foi a de Nico Robin.

– Nós vamos para a Mariejoa agora!!! Precisamos resgatar a Nami!!! – Luffy estava completamente fora de si. Tudo o que ele se recordava naquele momento era do depoimento desesperado de Hancock e suas irmãs quando o mesmo ouviu sobre a vida que tiveram nas mãos do Tenryuubito.

– Como você deixou que isso acontecesse!!? Por que não cuidou dela!!! Nós formamos uma aliança, esqueceu!!? Se algo acontecer à ela eu nunca vou te perdoar!!! – Luffy bradava extremamente irado. Naquele momento era notável que se o cirurgião estivesse em sua frente, ele o mataria... Com toda a certeza...

– Eu assumo todas as responsabilidades... Mas você também possui uma parcela de culpa nisso... – O tom do moreno soava frio e audaz.

– O QUÊ!? REPITA SEU MALDITO!!!

– Se acalme Luffy!!! Você vai quebrar o Denden Mushi!!! – A voz agora era de Usopp que parecia proteger o objeto das mãos do seu capitão.

– Por que deixou que ela viajasse para o East Blue...? Por que não a impediu...? Se tivesse dito que não, ela não lhe desobedeceria...

Naquele momento Luffy ficou em silêncio e todos também... Law não entendia, porém era inegável que parte do incidente se devia à autorização que o capitão dera à companheira para viajar.

– Você não vai responder...? – O cirurgião insistia.

Depois de um longo silêncio, o garoto respondeu calmamente...

– Como poderia impedir alguém de resgatar seu irmão que está em perigo ou prestes a morrer...?

A voz dele soou triste e melancólica.

Law fechou os olhos em resposta. Aquilo foi o suficiente para que entendesse.

Marco e Bay que também estavam na sala abaixaram a cabeça diante da recente fala de Luffy. O garoto estava numa posição difícil, pois todos foram testemunhas do que ele fez por Ace.

– Eu entendo... Mas ainda assim...-

– Law, me deixe falar com ele... – Marco interrompia.

O cirurgião o encarou duvidoso. Mas... Cedeu ao que a Fênix lhe pedira.

O loiro pegou o Denden Mushi nas mãos.

– Chapéu de Palha... Sou eu...

– Quem...? – O garoto contestava do outro lado da linha.

– Um velho companheiro do seu falecido irmão...

– Do Ace...? Quem...?

– Comandante da primeira divisão... Marco...

– Aah! É você!?? O que está fazendo aí!!?

– É uma longa história, mas não é por isso que quero falar com você... Escute...

Law e Bay atentavam para o que o loiro estava prestes a dizer, e do outro lado da linha, Luffy também estava.


– Nós vamos ajudar a resgatar a sua navegadora...


O cirurgião alargou o olhar em surpresa.

– Você o quê...? – Law replicava, estranhando a tal decisão repentina da fênix.

– Fique quieto e apenas ouça... – A Bruxa do Gelo redarguia enquanto mantinha o olhar firme na direção do loiro.

– Preste atenção Chapéu de Palha... Se você vier parar na Redline, isso causará uma imensa confusão... Sei que está disposto a morrer por seus companheiros, mas Mariejoa é uma terra diferente de Enies Lobby e Marineford... É lá que se encontram as pessoas que comandam o mundo... Se você vier... Apenas comprometerá a situação da sua companheira... Qualquer movimento impreciso e ela morre...

A afirmação chocou ainda mais a todos da tripulação.

– O-o quê!!? Mas por quê!!?

– Se acalme... Há um jeito de resgatá-la sem chamar tanto a atenção. Não há necessidade de declarar guerra ou fazer algo tão chamativo... Seja racional...

– Mas... O quê...? Não dizem que é impossível escapar dos Tenryuubito!? – O capitão contestava, tentando entender o que lhe seria proposto.

– Sim, mas... Existe algumas brechas na segurança da Terra Sagrada... São coisas que poucos piratas sabem... Especialmente nós, piratas do falecido Barba Branca... Agora ouça... A forma de tirá-la de lá é muito simples e óbvio... Nos disfarçamos para confundir os marinheiros e os soldados do palácio onde ela está mantida presa. Os Tenryuubito vivem comprando e despachando mercadorias... Podemos resgatá-a através de uma carruagem de carga. Mas alguém terá de se disfarçar de soldado, marinheiro ou... Carcereiro... Já que a última moda deles é comprar piratas com pequenas recompensas diretamente de Impel Down...

– Mas quem fará isso...?

– Eu...

O cirurgião declarava.

– Trall!? – O capitão perguntava confuso.

– Sim... Já que ela foi pega por que acabei me distraindo, eu irei resgatá-la...

– Mas...-

– Você concorda Chapéu de Palha...? Eu e minha companheira auxiliaremos o Trafalgar, e te garanto que o plano terá cem por cento de êxito.

Luffy ficou em silêncio por longos segundos. Todos da tripulação discutiam sobre o que lhes foram oferecidos. A ajuda de dois piratas experientes e a disposição do cirurgião seria de extrema ajuda. Era fato que o bando do Chapéu de Palha estava atualmente marcado como uma das tripulações ao qual o Governo teria de ter extremo cuidado... Os olhos da Marinha estavam atentos aos passos de Monkey D Luffy...


Eles não tinham escolha.


– Certo... Acho que não temos escolha...

Law, Marco e Bay atentaram para as palavras do garoto.

– Nós aceitamos e contamos com a ajuda de vocês para resgatarem nossa navegadora... Por favor, tirem-na de lá!!! – A voz de Luffy era entoada de forma firme e decidida. Todos da tripulação chegaram à mesma conclusão.

– Certo... Nós informaremos tudo a você... Em breve ela estará conosco. – Marco finalizou e em seguida sorriu convicto.

– Chapéu de Palha... Em breve faremos contato... Fique atento... – Dessa vez era Law quem finalizava, pois agora todos agiriam para pôr em prática o plano de resgate da ruiva.




...




Já havia anoitecido e alguns escravos do palácio ainda trabalhavam. Nami havia terminado seus afazeres com muito sacrifício, pois estava impossível se manter de pé depois de tanto trabalho e ainda por cima ferida gravemente. O local atingido de raspão pela bala piorava a cada dia. Ela havia rasgado parte de seu próprio traje e feito uma atadura improvisada, mas aquilo não era o bastante. Precisava desinfeccionar o ferimento e tomar os devidos medicamentos, porém... Era impossível conseguir aquilo por alguém ou implorar ao Tenryuubito. Foi então que...

A ruiva resolveu roubar medicamentos no laboratório do Dragão Celestial.

Já estava completamente escuro e para piorar, um forte temporal caía violentamente.

Ainda que pegasse um resfriado por andar na chuva, ela precisava fazer algo... Ou aquele corte jamais fecharia...

Ela estava em total alerta, para que não fosse pega por um dos nobres. Correu de uma pilastra para outra, pois aquela mansão era gigante e as colunas bem extensas. Ela atentava para as janelas, percebendo quais quartos tinham as luzes acesas.

Enquanto corria de uma pilastra para a outra, percebeu um vulto em sua direção. Mas ela não teve tempo de se esquivar.

Abruptamente tudo o que Nami pôde sentir foi uma mão agarrando seu pescoço violentamente e jogando-a contra a parede da pilastra na mesma hora.

Havia fechado os olhos por instinto, mas quando ousou abri-los... Se assombrou ao ver quem estava bem diante de si naquele momento...

– Arlong... – Balbuciou em resposta.

– Quem mais viria atrás de você há essa hora...? – O tritão retorquiu audacioso.

– O-o que quer comigo...!? – Ela dizia enquanto tentava retirar a mão que estava quase lhe enforcando.

– Shahahahahahaha...! Achei que estivesse óbvio desde o começo... – O tritão deu uma longa pausa antes de continuar assombrosamente...


– Eu quero...Vingança...


O olhar dele se difundiu em escuridão... Extremamente nefário e cruel.

– M-me larga!!! – Tentou gritar, mas sua voz simplesmente não saía...

– Pode gritar o quanto quiser... E mesmo que um deles chegue até aqui... Você... Já terá morrido...

Nami arregalou os olhos, mostrando o suposto pavor mediante aquele pesadelo...

Um pesadelo dentro do outro...

Ela tentou desesperadamente se desvencilhar, mas era impossível... Sua força não se comparava à dele... Nunca se comparou...

Por anos Nami se viu presa naquela teia... Ela deu tudo o que tinha, apenas para que a vila e ela ficassem livres das garras daquele perverso pirata e assassino de sua mãe... Aquele que roubou sua infância e transformou sua vida num mar de lágrimas... Aquele que lhe transformou numa ladra profissional, mas não por vontade própria... Aquele que lhe deixou profundas marcas internas e traumas que jamais seriam apagados.

As marcas que anteriormente ele havia lhe deixado mostravam-se visíveis naquele momento. Ela ainda não havia sido totalmente curada... Mesmo depois de dois anos... Prova disso foi por que não conseguiu despregar os olhos dele quando o reencontrou naquele porto... E foi através daquele olhar que Arlong a reconheceu. Ele jamais esqueceria o olhar dela... Um olhar que era direcionado apenas para ele... Um olhar de aversão, ódio e vingança.

Fortes relâmpagos caiam naquele instante e clareavam o ambiente que se tornou ainda mais horripilante...

– Me solte...! – Ela suplicava em meio à dor que sentira... Não apenas pela forte pressão no pescoço, mas pelo pesadelo que estava revivendo naquele momento.

– Por sua causa, aquele desgraçado do Chapéu de Palha fez com que mais uma vez fôssemos presos... Por sorte, apenas o maldito Hachi conseguiu fugir... E sabe o que aconteceu com todos nós depois disso...? – Arlong apertou ainda mais a mão no pescoço dela. O seu ódio jamais faria com que ele a soltasse.

– Aah...! – Ela tentava respirar desesperadamente, mas sentia sua garganta sendo pressionada com a força aplicada.

– Passamos pelo inferno por sua causa... E o meu maior desejo era reencontrá-la um dia, para fazê-la pagar por tudo o que aconteceu...

Nami ouvia palavra por palavra. O rancor dele era facilmente expressado pelas palavras que quando proferidas, lhe feriam ainda mais... Porém... Ela sentia que não resistiria por mais tempo.

O barulho quase ensurdecedor dos relâmpagos unidos ao som do temporal tornava o ambiente perfeito para a cena de um assassinato.

– E agora terei o meu maior desejo realizado... A vingança que esperei por esses dois longos anos... – O tritão a elevou ainda mais alto e concentrou muito mais força na pressão.

P-PARE!!!

Nami começou a se debater desesperadamente no ímpeto de se livrar do estrangulamento que em segundos a mataria.

Ela agarrou o pulso dele com as duas mãos, mas não conseguira nem mesmo tirá-lo do lugar. E quanto mais se debatia, mais sentia que estava prestes a desfalecer diante dele.


Era ali que tudo terminaria...?


– Esse... É o seu fim... – Arlong finalizou naquele instante.

Mas... Efemeramente o tritão sentiu algo...


Seu braço havia sido cortado e Nami automaticamente caiu no chão.


Ele olhou ao redor e percebeu que havia uma espécie de campo de força ao redor, mas quando desviou os olhos para frente, atentou para alguém que estava há poucos metros de si... Aquele uniforme era familiar... Muito familiar... O cap... A túnica...

O emblema de Impel Down.

– Vejo que você não é muito cavalheiro... – E naquele instante, um homem misterioso com a farda da Grande Prisão apareceu diante de si. Ele segurava uma espada comprida na mão direita.

– Quem é você...? – Arlong estreitou o olhar no intuito de verificar a fisionomia do tal homem que parecia ser um guarda de Impel Down. O tritão também segurava o ombro ensanguentado, pois naquele momento seu braço se encontrava no chão.

O misterioso homem não respondeu, pois seu olhar agora estava fixado na garota que se encontrava no chão ao lado do tritão. A chuva estava encharcando o corpo dela.

Um repentino movimento com a mão esquerda fez com que a ruiva fosse arremessada...


Diretamente para os seus braços...


Quando ele a fitou percebeu o quanto estava debilitada e o que teria acontecido caso não tivesse chegado naquele exato momento... Tudo aquilo apenas comprovou o por quê realmente estava ali...

Mas a navegadora não havia perdido a consciência e por um breve momento ergueu a cabeça na direção de seu suposto salvador.

Ela o olhou com dificuldade, mas aquilo foi o bastante...

Sorriu retraída, porém satisfeita... A única coisa que ela pôde sentir foram as lágrimas que desceram de seu rosto... Elas brilhavam de forma cristalina...

Ele olhou dentro daqueles olhos tão candentes, sentindo o quanto haviam lhe feito falta e o quanto eles eram preciosos... Aquele doce e inocente olhar...

Nami teve a imensa vontade de gritar seu nome... Porém...

Antes de desmaiar, tudo o que restou foi um perfeito sussurro...

Law...


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Notas finais do capítulo

Aiiiiiiiin, e o cirurgião aparece bem na hora pra salvá-la!!! Tem coisa mais linda e clichê que essa?? Imagino o quanto ela se sentiu feliz ali por ele ter ido salvá-la... (quem não se sentiria, quase sendo morta, dãããã 8D)
Eu sei que o capítulo foi tenso, mas para a alegria de vocês o próximo será muito mais intenso... É um capítulo crucial para o envolvimento entre Law e Nami... Será fofo, lindo, emocionante e excitante! (não é hentai, só pra constar e_e) Agora o Law cuidará dela com todo o cuidado e atenção... Pra logo depois aparecer o verdadeiro vilão da fanfic e estragar tudo, muahahahahahaha!!! Adivinhem quem é?? Tá meio na cara...
Espero os reviews... Estou sentindo a falta de tantos leitores e fico muito triste por não ver mais a participação deles... Mas enfim, estou esperando os reviews de todos mesmo assim... Eu amo quando cada um deixa sua marquinha na fic através de um comentário... Eles são muito especiais x)
Até o próximo ^/