Amy encontrou o pote negro de café em pó, em um dos armários de madeira que possuía na cozinha. Ao colocá-lo na bancada de pedra, sentiu os dedos macios. Levantou-os e olhou-os com atenção, para ver a poeira marrom que sujava sua mão. Ergueu um das sobrancelhas, incrédula. Fazia tanto tempo assim que não tomava café?
Dando de ombros, Amy buscou os materiais necessarios para preparar a bebida. Enquanto isso, Luke olhava ao redor, inaginando como seria a vida da jovem ali. Era um local sujo, bagunçado, onde as luzes falhavam um pouco. O chão era decorado por livros, sobre os mais diversos assuntos, CDs, DVDs, quadrinhos, roupas e comida. Tudo parecia ser incluído na sala. A cama ficava ao lado do banheiro, na parede oposta, a TV jazia junto a um aparelho de DVD. Um cobertor também havia sido jogado sobre um pequeno amontoado de revistas sobre games e artesanato. E a cozinha era colada com tudo isdo, divididas apenas por causa da bancada de pedra fria. As janelas de vidro quebrado davam uma bela visão de Londres, apesar do barulho infernal de businas, lá em baixo. E Luke concluíu, ao se aproximar um pouco, que teria sido dali que Amy despencara. Suspirou e voltou para perto da cozinha.
- Você... - Luke quase não prestou atenção na própria frase, ao ver um de seus quadrinhos favoritos em meio aos que estavam espalhados. - Gosta de ler, né?
- Ah... - Amy tirou a colher da boca, para que a frase soasse normalmente. - Sim, sim.
- ... O que mais gosta de ler?
- Sei lá. - ela deu de ombros. - Leio de tudo.
- E onde arranja dinheiro para comprar tudo isso?
Amy se virou e o olhou, parecendo um pouco ofendida. Ao final, virou-se para terminar de preparar o café.
- Eu trabalho, é claro! - afirmou. - Ah, e recebo uma pequena pensão do meu pai, mas não dá pra quase nada.
- Entendo... - Luke colocou as mãos nos bolsos, nervoso em tentar achar um novo assunto. Não queria parar de conversar com Amy, apesar de continuar preocupado com o trabalho. - Você disse que o seu nome é Amie... certo?
- Uhum... - Amy já estava transferindo o café, da cafeteira para as xícaras.
- Mas 'Amie' é apelido de Amanda. - viu a morena trazendo as xícaras arredondadas e brancas, cheias de café preto e amargo. - Seu nome é Amanda?
- Não, idiota. - ela deu um gole no próprio café, sentando-se na cama. - Meu nome é Amie, mesmo. Mas as pessoas geralmente me chamam de Amy... como se fosse um apelido, apesar de eu não ver diferença.
Luke emitiu um ruído grave de afirmação, como se confirmasse que entendera o que Amy dissera. Deu um gole em sua xícara e tomou a ousadia de se sentar ao lado da morena, que parecia ter esquecido que ele estava ali, novamente. Parecia estar se concentrando apenas no sabor amargo e forte do café. Com isso, Luke concluíu que ela sofria de sérios problemas de atenção. Ou só era uma grande distraída, mesmo. Mas não achava isso ruim, na verdade, ele achava isso interessante. Luke sempre gostou de reparar nas pessoas. Notar cada detalhe.
- Escuta... - Amy pareceu voltar de seu devaneio, respirando fundo, frustradamente. - Por que não vai para casa? Por que não fingimos que isso nunca aconteceu? Vai ser melhor para todos nós, não acha?
Ela deu um sorriso desagradável, que fez Luke se sentir um pouco mal. Não queria ser chato ou insistente, mas precisava conhecer Amy melhor. Em sua mente, mandou o emprego ir se danar e perguntou de uma vez:
- Mas... eu posso voltar amanhã?
- O quê? - Amy quase não acreditou na pergunta.
- P... por favor!?
- ... Tanto faz. - bufou e se levantou. - Sabe onde é a saída.
Sem se importar, Amy tirou a própria camisa e entrou no banheiro, enquanto desabotoava a calça. E ao abaixá-la fechou a porta. Nem se importou de Luke estar extremamente corado, na cama.