Stay [Roy X Riza] escrita por Mile Mieko Chan


Capítulo 3
Chapter 3 - Stay With Me


Notas iniciais do capítulo

Bem pessoal, esse é o último capítulo. Espero sinceramente que tenham gostado. Desculpem-me se a história ficou muito simples ou até mesmo infantil. Só escrevo há dois anos, tenho muita coisa para aperfeiçoar ainda u...u'
Pretendo dar uma continuidade para esta história posteriormente. Se possível, recomendem - a escolha é do público, afinal XD

Por hora é só...
Kissus,
See you next time o/



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Saindo pela porta esta manhã,

Eu me pergunto o que é que está havendo com você,

Pensando em uma maneira de dizer desculpas

Por algo que eu não tenho certeza se fui eu que fiz.

Então vamos lá, querida, deixe-me entrar

E mostre-me o que isso realmente é, porque...

 

   A chuva formava cataratas no para-brisa. A pouca neblina que encobria a rua deixava sua visão turva, mas chegara ao local desejado sem problemas. Cobriu a cabeça com o sobretudo de tecido grosso e caminhou até o vão coberto em frente à casa.

   Bateu na porta uma única vez antes que esta se abrisse e mostrasse a figura conhecida de um velho sorridente, encarando o jovem imprestável que acabara de chegar.

   - Há quanto tempo... General Grumman – disse pausadamente o indivíduo perante a entrada.

   - Nada de desculpas, jovem Mustang. Entre e vamos tirar isso a limpo de uma vez.

   - Como quiser – respondeu sorrindo ironicamente.

 

—x-

 

   Sonhos sem sentido estavam atordoando-a mais uma vez. Optou por acordar, cruzando os braços sobre os olhos fechados, deitada para cima após virar-se novamente. Do lado de fora da janela, um dilúvio, o qual, tempos depois, não impediu que ouvisse vozes adicionais no andar inferior.

   Foi até a porta acordando o canino embaixo da cama. Não teve dúvidas sobre o que, ou melhor, sobre quem estava a falar bem abaixo de seus pés. O destino e a fechadura pregaram-lhe uma peça.

 

—x-

 

   - Acho que já está mais que claro – iniciou sentado em uma poltrona em frente ao velho. – Que sua neta nem sonha em continuar aqui por mais tempo, senhor Grumman...

   - Não adianta. Não vou deixar que minha jovem Hawkeye acabe com a própria vida arriscando-se por um inútil como você. No final das contas, este é o melhor lugar para mantê-la segura.

   - Se com “mantê-la segura” você quer dizer “tentar matá-la mais rápido”, realmente deve está certo...

   - Já disse e repito Mustang, desista. Ela mesma diz que é muito mais feliz aqui do que na Central. Na Cidade do Leste, a minha neta pode viver sem receber ordens fúteis de comandantes que só pensam em aumentar o próprio poder. Posso garantir que ela está muito bem aqui.

   - Que moral o senhor tem para falar daqueles que buscam mais poder? O que está dizendo é uma mentira e você sabe disso, Grumman! Você e seus soldados não vão me impedir!!

   - Ela não vai voltar com você. Todas as armas foram retiradas dela e agora, mais do que nunca, seu querido falcão está morto.

   Um abismo tomou conta de seus olhos; as pupilas dilataram-se e perdeu forças para falar. Tinha medo do segundo sentido que aquela palavra poderia ter. Era real, era ele o culpado. E seria ainda mais se voltasse de mãos vazias.

   - Homens de verdade são aqueles que não desistem de sua honra. Volte para seu posto de futuro Führer, que é o seu lugar.

   - Eu sei muito bem onde é o meu lugar! Agora diga, onde a escondeu? – disse erguendo-se e aproximando-se com certa pressa do indivíduo à sua frente.

   - Você se torna mais imprudente a cada dia, Mustang – disse Grumman despreocupado.

   Naquele momento, o jovem homem foi levado ao chão, desviando de uma lâmina afiada ao mesmo tempo em que um filete de sangue escorreu por um dos cantos de sua boca.

   Sentiu a cabeça pesar. O forte impacto fê-lo sentir o chão rodopiando abaixo de seu corpo. Viu a silhueta de dois dos homens de Grumman se aproximando enquanto um raio iluminou a sala através de uma larga janela de vidro.

 

—x-

 

   Tentara abrir a porta a todo custo. Estava também trancada por fora e a chave, por incrível que pareça, não funcionava ou servia para qualquer ato. Entrou em desespero quando ouviu algo pesado ser jogado com violência e as vozes calarem-se. Não tinha condições para forçar a entrada e arrombá-la e, ao cair no chão pela última vez, bateu neste um punho fechado.

   O eco sob o piso de madeira se espalhou naquela parte do quarto. De repente não foi difícil lembrar que uma casa feita daquele material não poderia ser internamente vazia em sua totalidade. Pensou pouco e levantou as mangas da camiseta branca e fina que usava até os cotovelos, retirando um punhal de um canto de suas vestes.

 

Algo deve ter feito você dizer aquilo,

O que eu fiz para fazer você dizer aquilo para mim?

Algo deve ter feito você ficar tão chateada,

O que eu posso fazer para fazer você dizer “volte para mim”?

 

   Conseguiu uma pequena abertura ao golpear o local, abrindo o restante com as próprias mãos e ganhando novas cicatrizes. Seu arsenal estava pronto para ser usado novamente.

 

—x-

 

   Após ter sido jogado do lado de fora como sendo um cadáver, apoiou-se num dos braços e levantou-se, como se estivesse prestes a quebrar. Ouviu o mandante na porta dizer poucas palavras.

   - Não o matem, não é necessário – balbuciou, finalizando e dispersando as figuras que haviam deixado-o na situação em que estava. – Volte para casa, rebelde Führer. Estaremos longe daqui antes mesmo de pensar em punição.

   Logo as portas foram fechadas, e olhando para elas uma última vez, virou-se ensopado, indo em direção a um final certo no asilo de seus pensamentos – os quais já não eram mais tão confortáveis assim. Era distância aquilo de que precisava? – sua mente debatia-se, questionando-se, odiando-o por ser tão inútil em dias de chuva.

 

Esperando por um momento em que eu me vire

E você estará vindo atrás de mim

Porque tudo que eu posso dizer é que isso é óbvio,

É óbvio que você é tudo que eu vejo...

 

—x-

 

   Enquanto isso, dentro da casa, ouviu-se um barulho, depois um tiro, e em seguida uma porta espatifada, junto a dois seguranças, rolando escada a baixo fazendo um pouco de poeira subir.

   - Mas o que está acontecendo aqui?! – apressou-se o velho que acabara de entrar, sendo recebido com um chute harmonioso que o fez se agarrar ao carpete.

   Redenção. O falcão saiu da gaiola.

 

—x-

 

   Em meio ao oceano de lágrimas vindas do céu, estava queimando em suas próprias chamas. Um inferno particular que ele mesmo teve a liberdade de construir, agora inabitado e vazio, diferente das nuvens acima de sua cabeça.

 

Então, vamos lá, querida, deixe-me entrar,

E mostre-me sobre o que isso realmente é,

Porque eu não posso ler você.

Então, vamos lá, querida, deixe-me entrar,

E mostre-me o que isso realmente é...

 

   Continuou caminhando quando ouviu mais uma porta que fora aberta. Seu coração expressou uma última falha antes de voltar à taquicardia. Seus olhos estavam abertos, seus ombros, caídos. Tentou segurar; estava inerte diante daquela voz que ouvira, sem demora, voltando-se de encontro à outra de suas metades.

   Estaria chorando? Ou seria a precipitação refletida em seus olhos? Tão úmida e pura quanto orvalho recém-criado, ela sorria. A mesma dama que matou o maldito espaço ainda presente, dando lugar ao prazer de tocar-lhe os lábios pela primeira vez.

 

Porque algo deve ter feito você dizer aquilo,

O que eu fiz para fazer você dizer aquilo para mim?

Algo deve ter feito você ficar tão chateada,

O que eu posso fazer para fazer você dizer “volte para mim”?

 

   O tempo já não era mais cronológico. O quanto havia se passado, o quanto havia sido feito e a falta do que não foi acabaram-se. Um espaço e outro, mais um tempo... Apenas para tocar-lhe fria e desejosamente sua face com mãos de anjo. Abraçá-lo como se fossem capazes de fundir tudo que tinham e transformar no mais terno laço de amizade inquebrável o amor que tudo une e nada deixa separar.

   A água caía com tamanho impacto que seria possível ferir quaisquer criaturas que não tivessem em si suas origens.

   Seus sentimentos estavam mudados agora, e mais do que qualquer outra semelhança, eles coexistiam. Admiravam-se inexoravelmente, ligados de modo íntimo – necessário – pela precipitação que os tornava frios e pelo contato que os aquecia.

   Desviaram um do outro devido a uma leve interrupção orgulhosa. Um canino sorridente arrastando uma simples bagagem dizia que era hora de ir. 

 

—x-

 

E eu estarei aqui pela manhã

Se você disser “fique”...

Se você disser “fique” para mim.

 

   Bandeiras esverdeadas pairavam sob o clima quente da Cidade Central. Todos estavam presentes, inclusive pessoas das quais não ouvia falar a muito tempo. Faltava pouco para se apresentar ao alegre povo que ali aguardava; existências observadas através da larga abertura vítrea na parede. A jovem aproximou-se.

   - Está pronto?

   - Mais do que nunca – respondeu firme e decidido, sem desviar o olhar. – As coisas vão mudar muito por aqui.

   - É o que todos esperam – disse com um sorriso terno.

   Focou-se em vislumbrar as pérolas acastanhadas ao seu lado. Olhou-as por um instante e pegando-a de surpresa a abraçou. O ato brando tornou qualquer correspondência dificultada, ao passo que um leve sussurro dirigia palavras nobres a ela.

   - Encantadora e digna de adoração. Digna de ser amada mutuamente sem hesitações ou adultério, como quem apresenta a mais pura forma do amor... Critique-me. Suprima meus erros e exponha o conhecimento de uma beldade única.

   O corpo fardado escorregou de seus braços e ajoelhou-se diante da moça, agarrado a uma de suas mãos, deixando que a suave fricção do próprio rosto nesta o acalmasse.

   - Portanto... Se tiver direito de cobrar-lhe mais alguma coisa, que seja o desejo de um coração beligerante, que quer apenas um lugar para o qual retornar.

   Após a encenação procedida a seu bel-prazer, calou-se. Não era tudo o que precisava dizer, mas calou-se. O que queria exprimir jamais estaria completo em palavras, e ambos sabiam disso quando o sinal foi dado. Afastou-se, colocando-se de pé.

   Caminhou para a porta que levava ao parapeito de uma varanda ampla. Seria ali onde seu mundo o conheceria, as pessoas que iria proteger com tudo o que tinha. 

   - Coronel! – interrompeu a voz falha antes que seus pés alcançassem as primeiras frestas de luz, correndo gentilmente para ele em seguida.

   Um último beijo antes de o sonho acabar. Acabar para tornar-se real. Acompanhado das palpitações mais simples, mais sofisticadas, puras como a alma de um anjo e fortes como a vontade de um deus.

   Ele não tinha medo. As cortinas chamavam seu nome e foi à frente, olhando para a multidão e agradecendo, triunfante. Seu time de subordinados, em primeira mão, podia sentir aquele sorriso especial – sorriso este que convidou a jovem dama para exibir-se em luz também. Juntos para sempre.

   Tudo estava bem agora.

 

The End.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? :3

>Nota< Música para essa história: Stay - By: SafetySuit
Link: http://www.youtube.com/watch?v=TylTsyqX_iY

ATUALIZAÇÃO 2017
Este capítulo foi corrigido, a fim de serem removidos possíveis erros e discordâncias gramaticais. :)
Se algum deles ainda estiver à solta por aí e incomodar você de qualquer forma, contribua com a estória, avisando nos comentários! ;D
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