Já era tarde demais. Eu tinha somente um dia para viver. A leucemia já estava na fase final, e eu estava à beira da morte. Tudo porque eu pensava “Não, nada vai acontecer comigo”. “Vou viver uma vida feliz, ter um bom emprego, vou encontrar minha alma gêmea, ter uma boa casa, uma família feliz...”.

Bom, pelo menos a cama do hospital era confortável, a comida era boa, tinha TV, videogames e livros. Além do mais, o pessoal do hospital era muito legal e simpático. Mas o mais importante de tudo... Minha família, meus amigos, basicamente todo mundo que eu já conheci nos meus 15 anos de vida estava lá, me dando suporte nos meus últimos dias. Obviamente não todo mundo junto no mesmo quarto. Mal cabem cinco pessoas nela!

Como se não fosse o suficiente a dor que eu já sentia devido à leucemia, eu tinha dezenas de agulhas enfiadas em mim, com constante soro fisiológico e remédios de todas as cores. Eu gostava quando a enfermeira chegava e trocava a bolsa de soro. Meu sangue ficava todo gelado, e eu me sentia mais calmo.

Olha pra mim, falando como um drogado. Bom, quem pode me culpar? Eu estou morrendo e não terá mais consequências, então do que adianta escolher palavras sábias?

...Porque eu sei que morrerei sem dizer nenhuma besteira em frente de todo mundo.

Eu me arrependo de algo na minha vida? Sim. Eu me arrependo do fato que eu não aproveitei melhor o tempo como uma pessoa saudável com pessoas que eu amo. Viajar pro Japão também não seria nada mal.

O que eu mais tento fazer por enquanto é não pensar na morte, e pensar na vida que eu tive, mas está sendo um pouco difícil.

Não. Eu sei que posso olhar para trás e ver que vivi uma vida boa, que tive uma boa família e bons amigos. Mas o mais importante, é que