E Se Eu Não Voltasse, Você Sobreviveria Sem Mim? escrita por GiGihh


Capítulo 23
Quebro algumas regras e recebo a ajuda de "Amigos"


Notas iniciais do capítulo

Eu voltei... Vou me explicar lá embaixo, ok? vocês devem ter esperado muito então:
BOA LEITURA!



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SADIE

A voz assustada e cheia do pavor em seu mais puro estado chegou até mim com força me despertando dos sonhos. Não era possível... Não podia ser!

-Emma? – minha preocupação em manter a voz baixa se esvaiu junto com o sono.

-Sadie... Me ajuda! Eu to desesperada... – a voz embargada pelo choro me comovia e fazia despertar meus instintos protetores. O sussurro de Emma estava me preocupando... O que aconteceu?

- Emma, o que aconteceu? – a essa altura eu já estava sentada e por reflexo, baguncei meus cabelos, afastando-os do rosto.

- Eu não sei! Eu não sei... – com um esforço evidente Emma parou de chorar e contou a pouca informação que tinha – Tem três caras aqui em casa... – houve uma pausa em que pude ouvi-la tomando fôlego, respirando fundo três vezes – Eles estão me caçando... Ouvi um deles falando sobre Andrea e como a voz dela estava estranha. Eu saí do meu quarto e vim para o do meus pais.

-Onde seus pais estão? – perguntei de forma desesperada

-Eles viajaram. Foram para Veneza e eu não sei quando voltam... Eles falaram, mas eu não prestei atenção! – o choro recomeçou, pois sua voz voltou a ficar embargada e os sussurros frenéticos quase indecifráveis, ela sussurrava implorando por ajuda e eu tentava pensar no que fazer.

-E onde vocês esta exatamente? – algo se agitou dentro de mim como se eu soubesse o que faria, mas sem meu cérebro decifrar aquela bagunça para mim. Que inferno! O que isso quer dizer?

-No closet absolutamente grande da minha mãe – a menina fungou e implorou a mim algo que eu não poderia dar com tanta facilidade: minha presença e ajuda – Sadie, eu preciso de você... É mais forte que todos nós, mesmo os meninos, inclusive o Walt.

Deixei um sorriso escapar.

-Eu era a ultima pessoa pra quem você ligou, não é?

-Eu já disse que te adoro?

-Emma!

-Ta bom! Você era a ultima pra quem eu tinha ligado... Mas é verdade! Você sempre foi melhor que todos os outros... – um soluço escapou – Me ajuda!

-Eu vou te ajudar, Emma. – eu só não sei como! Completei minha frase. A essa altura eu já estava em pé com a mão na maçaneta da porta e gritava pelos meus avôs enquanto chutava e batia na porta.

-O que esta acontecendo? – vovô perguntou assustado, já do outro lado da porta. Respirei quase aliviada... Achei que eles fossem me ignorar (como se isso fosse possível!).

-Vovô, eu preciso sair!

-É? Você precisa? Acho que a mocinha vai continuar precisando... Tire à tarde para estudar e pare com esses gritos. – ele disse de uma forma seca que me fez sentir o primeiro embrulho no estômago.  Senti lágrimas me subirem os olhos, mas sou teimosa o suficiente para não deixá-las cair.

-Vovô, é importante! Minha amiga precisa de mim, AGORA! – eu gritei desesperada por ele ser rígido demais e não compreender que existiam coisas muito mais importantes do um castigo...

-E como você sabe disso? Ela te mandou sinais de fumaça? – puts! Me pegaram agora -  Você não vai sair daí nem que disso dependa o mundo! – dramático! Agora sei a quem puxei... Ouvi seus passos se distanciando, mas eu me negava a deixar de tentar.

-Sadie? Você ta vindo, não ta? – Emma ainda chorava...

-Eu já vou... Só tive alguns imprevistos...

-Sadie... – e ela recomeçou a fungar e implorar por ajuda. Mais uma vez, por instinto, corri pelo quarto esvaziado as gavetas do criado mudo, as da cômoda, e passei então para o guarda roupa; revirei minhas roupas atrás do objeto que me permitiria escapar. Meu quarto estava irreconhecível e enxergar o chão não era mais possível. Olhei embaixo da cama... E Nada!

-Ahhhh! Onde se acha grampos quando se precisa de um? – exclamei revoltada... Meus avôs haviam mesmo pensado em todas as maneiras em que eu poderia escapar; janelas e portas trancadas e levar os grampos era muita sacanagem!

... Um pensamento me ocorreu e um pouco mais calma me aproximei da janela...

-Sadie! Eu to assustada e você não chega nunca! – o sussurro desesperado me fez pular de susto.

-Pensa em qualquer outra coisa, menos nessa situação, ok?- passei as mãos nos cabelos já revoltados – Ei, você viu ontem o Jake e a Milena? Parecia que tinha um clima ali... – tentei fazer minha voz soar tão calma quanto possível... Emma começou a responder e dizer que achava aquilo estranho, incomum e muito, muito fofo.

Enquanto ela falava, tirei o colar que meu pai me dera, o amuleto representando o Nó de Ísis, e o encaixei no buraco da fechadura da janela; rezei pedindo ajuda a qualquer deus que se dignasse a ouvir... Senti o colar vibrar e aquecer de uma maneira muito agradável; assim que olhei para o que estava na fechadura, me surpreendi em não encontrar o colar ali: era a copia prateada como a lua da chave que abria a janela... Um sorriso vitorioso surgiu em meus lábios e eu girei a chave/colar.

Assim que ela se abriu, subi no parapeito da janela e me sentei observando o quanto o chão estava longe dos meus pés. Nem pensei em pegar o colar ou chave de volta e passei a ignorar a altura em que eu estava. Ainda com o celular em mãos, me virei para o meu quarto e disse em voz alta na esperança que o vento levasse minhas palavras:

-Me desculpem! – e então joguei meu corpo de dois andares de altura, o vento parecia acariciar meu rosto, como me tranquilizando... Não senti o impacto forte e esperado que o chão em contato com os meus pés deveriam causar. E só me recordo de correr tanto quanto o era magicamente possível. A todo instante eu extraía energia do Duat e sentia a presença de um deus diferente; cada um me ajudando a lutar contra o tempo e chegar a tempo de salvar a minha irmã de consideração.

A casa da Emma ficava a uma distancia consideravelmente longe e me fôlego parecia se esvair a cada movimento que minhas pernas faziam.

-Sadie? Você ainda ta aí? Não me deixa sozinha, não!

Ainda correndo coloquei o celular na orelha e respondi quase sem fôlego:

-Emma, eu to correndo e estou sem fôlego pra chegar aí. Eu tenho certeza que não consigo falar quase nada. – engoli um pouco de saliva e puxei o ar com força para os meus pulmões.

-Eu to muito assustada! Eles reviraram toda a parte térrea da casa... E acho que vão começar a vir para o segundo andar! Vem mais rápido!

-Eu já to chegando!-ia desligar o telefone, mas o sussurro desesperado e particularmente alto de Emma me impediu:

-Não desligue! Preciso ouvir nem que seja só a sua respiração e saber que você esta vindo...

-Ok.

Ainda correndo (e empurrando mauricinhos, patricinhas e outros povinhos) pensei nas muitas possibilidades; eu não podia ligar para a policia por duas razões: primeiro, eu não podia desligar o telefone, pois perderia o contato com Emma e segundo, se eu fizesse a primeira coisa tinha a sensação macabra de que perderia a minha amiga para a morte da pior maneira possível. Eu já tinha percorrido uma distancia impressionante, mas ainda não era o bastante... Emma morava longe demais!

Parei de correr bruscamente quando vi um táxi se aproximando de mim; um sorriso de saudade e alivio surgiu em meu rosto. O motorista era ninguém menos que meu amigo e, em parte, protetor: Bes. A porta traseira se abriu sozinha e eu pulei para dentro do carro.

-Sabe a onde ir? – perguntei com uma mão no peito, puxando o ar com muita força, sendo que eu quase não o senti em meus pulmões e descansando o celular no meu colo.

-Sei. – Bes respondeu de uma forma super séria e responsável. Medo! – Beba; isso vai te ajudar. – ele me deu uma garrafinha cheia do que me parecia água e eu estava certa. Passei a respirar mais lentamente e recuperar meu fôlego, mas meu coração estava longe de voltar ao ritmo normal; eu podia sentir a adrenalina correndo e pulsando por minhas veias. Bes acelerou e tenho certeza que ele, em menos de três minutos, já tinha levado mais de treze multas.

-Emma? Você ainda esta bem? – perguntei colocando uma mexa de cabelos atrás da orelha.

-Se estar em pânico é estar bem, eu estou. Mas acho que você quis saber se eu estava viva, mas ok.

Respirei fundo me acalmando um pouco mais.

-Sadie! Você já ta chegando, não é?

-To sim. – olhei para Bes desesperada e ele acelerou ainda mais e assentiu confirmando que estávamos muito próximos... Foi quando tudo desandou. Havia um cruzamento super movimentado e uma fila enorme de carros esperando o sinal abrir.

-Não é possível! – exclamei irritada então um pensamento me ocorreu – Bes, você não pode ficar aqui muito tempo, não? – a tristeza tomou o lugar da raiva.

-Não, garota. Eu ficarei aqui por alguns minutos, horas no máximo. Seu pai esta fazendo o possível para manter você segura e os outros deuses estão ajudando e não por consideração apenas por seu pai – Bes voltou seus olhos calorosamente amigáveis para mim – Você é legal, garota.

-Você tem quanto tempo? Quero dizer, aqui, comigo? – perguntei sentindo meus olhos ficarem marejados.

-Alguns minutos. – ele disse tristemente e não me olhando nos olhos.

O farol ainda não tinha aberto e mesmo se abrisse eu não tinha nem garantia e nem mesmo esperança de chegar até lá de carro. Pensei rápido e tomei a atitude que eu esperava ser a certa. Engoli um soluço e me forcei a manter minha voz firme.

-Bes, liga para a policia e mande eles pra casa da Emma, ok? – ele assentiu confuso e depois entendeu que aquilo era um possível adeus ou até logo. Surpreendendo o deus ainda mais, beijei a bochecha do deus anão e sai do carro. Voltei a minha corrida; já não estava tão longe da casa e a todo instante eu conversava com Emma sobre assuntos sem nexos, quase uma conversa de bêbados, só para ela se manter calma e serena.

Assim que cheguei à rua percebi que havia um carro que não pertencia aquele bairro; já havia visitado tantas vezes aquele lugar que era quase como se eu fosse irmã de Emma; e todos os “meus vizinhos” me conheciam de longe. O carro estava parado na frente do portão da casa da minha amiga e ele tinha sinais de que havia sido arrombado, mesmo assim eles ainda se deram o trabalho de trancá-lo novamente para não serem interrompidos... Emma estava muito encrencada!

O grito de Emma foi tão alto que tenho certeza que todos os vizinhos escutaram. Mas o grito de pavor era tudo o que meu corpo precisava para ter a ajuda dos deuses. Pulei o muro com a habilidade e agilidade de um gato e disparei para as sombras; elas pareciam me cobrir com muito carinho... Um dos caras apareceu no portão olhando para o muro como que procurando por mim. Havia algo nele que eu reconhecia, mas não sabia dizer onde; era algo cruel e que me incomodava. Ele virou de costas para mim ainda procurando por algo... Eu guiada por instinto peguei uma pedra e joguei-a com toda a força que meu corpo permitia. A pedra continha uma parte mais pontuda e foi exatamente essa parte que cortou a nuca do carinha. Ele ficou zonzo e caiu no chão com o pescoço ensanguentado.

Outro grito e barulhos de moveis e outros objetos sendo jogados me vez esquecer as sombras. Corri, agora, sendo escoltada pelo sol; as luzes brilhantes pareciam me encher de força e aumentava minha coragem ainda mais. As portas estavam trancadas, mas eu não pretendia entrar pela frente... Olhei para cima e logo pude ver a sacada com portas de vidro do quarto dos pais de Emma. Era lá que eu tinha que ir. Senti meu corpo ser tomado por uma leveza magnífica e ao olhar para os lados pude ver as asas coloridas de Ísis. Tomei impulso e em segundos eu estava na sacada; as portas abertas me davam uma vista horrível: Emma estava imobilizada, derramando lágrimas e sangue pelos braços, gritando por ajuda... Sobre ela uma faca e um desgraçado.

Eu sabia o que fazer, afinal, eu nunca estive sozinha e me nego a deixar meus amigos... Nunca vou deixá-los.

Nunca!


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Notas finais do capítulo

Aiiiii vocês me desculpam? Eu fui viajar e não tinha nem net e nem computador só para adiantar caps e eu não consegui acaba-lo antes da viagem...
Vou tentar me organizar melhor para postar mais vezes, ok?
Mas e ai? o que acharam do cap?
Mandem sugestões e opiniões... bjs