When Smiled You Knew escrita por Roses in misery


Capítulo 43
Fade


Notas iniciais do capítulo

Então galera, voltei mais rápido do que esperava, talvez pelo capítulo já estar pronto faz tempo... sendo assim espero que gostem.

Boa leitura.



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Éponine estava sentada no banco da capela,o rosto escondido entre as mãos. Fazia horas que estava sentada ali, tentando se convencer que o fato de Enjolras ter apertado a mão da Thais e não a dela não significava nada, o importante é que ele estava vivo.

Mas saber disso não queria dizer que não doía.

Todos os amigos estavam lá encima, animados com a novidade. Éponine ouvira que Enjolras havia aberto os olhos e que estava fora de perigo. Por mais que quisesse mais que tudo olhar naqueles olhos azuis tinha medo. Medo do que encontraria. Medo de não ser mais o seu menino.

Medo de talvez ele não se lembrar dela.

Só de pensar nessa possibilidade sentiu o peito se contraindo. Não suportaria ser esquecida por ele. E por sentir esse medo era incapaz de se levantar e até o quarto vê-lo.

Estava machuca e com medo. Éponine se sentia como se tivesse voltado a estaca zero.

Ouviu a porta se abrindo e tratou de secar o rosto rapidamente. Passos ecoaram pela capela e duas pessoas se sentaram ao lado de Éponine.

–Era para você estar lá encima.- a voz de Cosette foi a primeira a surgir depois de minutos em silêncio.

–Eu sei.- Éponine sussurrou sem forças de dizer algo mais elaborado.

–Imaginei que você estaria feliz... porém você parece triste.- Marius constatou.- Qual o problema, Ponine?

Éponine levantou o olhar e encarou Cosette e Marius, cada um segurando sua mão. Em seus rostos preocupações. Eles sempre ficavam preocupados com ela. Preocupados que ela voltasse a se fechar para todos como já foi um dia.

–Será que Thaís é o problema?- Cosette instigou inclinando a cabeça para ver o rosto da amiga.

Cosette pode ver o lábio inferior de Éponine tremer, na tentativa de segurar o choro.

–Sabem...- começou depois de respirar fundo.- Eu passei cada mald...- Éponine se cortou e olhou para o altar.- Cada bendito minuto do lado do Enjolras, conversando mesmo com todo mundo me dizendo que ele era incapaz de me ouvir. Lendo, lhe fazendo companhia... tudo. E então chega a Thaís e...- ela parou de falar e ficou encarando as mãos.- E ele aperta a mão dela. Dela! Estou tentando ser racional aqui porém... é impossível.- desabafou em um murmúrio exausto.- E eu não quero ir lá e dar de cara com aquela...coisa, que vai estar com aquele sorriso de deboche para mim,como se ela fosse mais importante que eu.

–‘Ponine.- Marius a chamou.- Não é da Thaís que o Enjolras gosta. Sabe quem é a pessoa que ele fica procurando pelo quarto?- questionou fazendo com que Éponine olhasse para ele.- Foi você. A primeira pessoa que ele chamou assim que conseguiu falar não foi a Thaís.

–Não?- perguntou com uma pontada de desconfiança na voz.

Cosette balançou a cabeça em negativa.

–Não. Não foi ela. Foi você. Ela pode ter sido a primeira pessoa que ele apertou a mão,mas era você a primeira pessoa que ele queria ver quando abriu os olhos. Por favor, não fuja como você sempre faz quando se sente ameaçada. Dessa vez não existe ameaça nenhuma.

Éponine permaneceu sentada,sem dizer nada, ainda pensando. Então braços a envolveram dos dois lados. Um sorriso involuntário surgiu no rosto da garota. Cosette e Marius sabiam exatamente quando ela precisava de um dos seus abraços.

–Mas que porra Éponine sai logo daí!- Escutaram a voz da Augustinne do lado de fora. Éponine olhou confusa.

–Ela não quis entrar porque não quer xingar em um lugar sagrado. Tem medo de acontecer algum castigo com ela.-explicou Cosette.

–Vamos?- Marius ofereceu a mão para amiga que aceitou meio relutante. Cosette passou o braço pelo da morena e assim a dirigiram para fora.

–Até que enfim!- Augustinne exclamou com Annabelle nos braços- Já estava quase entrando e te puxando pelos cabelos. Enjolras fica perguntando de você. E até tirei uma foto da cara de bosta que a Thaís está. E quanto a essa vadia mal amada estar aqui pode deixar que eu irei arrancar as joias do rei de Combeferre. Ele vai se arrepender de ter contado e trazido essa vaca de volta para nossas vidas. Mas não se preocupe nós iremos dar um jeito,certo minha princesinha?- a garota terminou falando com a filha que a olhava de olhos arregalados.- Ai mas você é tão fofa que dá vontade de morder!

Cosette riu e tirou Annabelle dos braços de Augustinne.

–Você entra no quarto com a Éponine. Marius e eu vamos ficar com a Anna.

–Tudo bem. Mas vê se cuida direito da minha cria.

Cosette revirou os olhos e saiu andando acompanhada de Marius para o lado oposto do corredor.

–Preparada?- Augustinne perguntou quando perdeu de vista os três.

Éponine assentiu com a cabeça.

–A propósito, eu espero mesmo que você arranque as joias do rei de Combeferre.

–Pode deixar,mademoiselle. Seu desejo é uma ordem.- garantiu Augustinne abrindo a porta do quarto de Enjolras para que Éponine entrasse primeiro.

E quando deu o primeiro passo dentro do quarto, tudo o que a assombrava desapareceu. Ela prendeu a respiração e estancou no lugar.

–Alguém pode me dizer onde está a Éponine?- ela pode escutar a impaciência na voz do garoto tão pálido sentado na cama.

–Já chega! Eu vou contar a verdade.- Grantaire se levantou.- Sinto muito, Enjolras. Mas a Éponine se tocou que... eu sou o amor da vida dela e te largou. Estamos namorando agora.- falou em um tom sério. Enjolras não esboçou nenhum tipo de reação.

Éponine não pode deixar de rir. “Bom saber que ele continua mal humorado”.

Aquele leve riso foi o suficiente para atrair a atenção de Enjolras. Como se aquele som fosse um chamado. Ele virou a cabeça em direção à porta e encontrou a morena ali, com o rosto inchado de tanto chorar. Se sentiu culpado,sabia que ele fora o motivo das lagrimas da garota mesmo que não tivesse tido intenção.

–Éponine.- a voz dele estava rouca e Éponine se deliciou ao ouvir seu nome ser pronunciado por ele novamente.

Não podendo aguentar mais, cruzou o quarto e se atirou encima de Enjolras, que ficou chocado com a reação da garota para logo a envolver em um abraço desesperado,como se quisesse fundi-la a si,para que apagasse qualquer traço de dor que vira no rosto da garota.

Inalou o perfume que tanto gostava de Éponine e sentiu as lagrimas em seu pescoço.

–Por favor, não chore.- pediu apavorado, nunca sabia o que fazer quando Éponine começava a chorar.

–Ca..cala a boca.- pediu engasgando.- Eu senti tanto a sua falta, achei por um momento que eu iria te perder e eu não posso e eu te amo tanto que não posso, nem pensar na possibilidade de te perder.- Éponine desabafou de maneira sôfrega.- Nunca mais faça isso comigo. Eu te proíbo.

–Eu estou bem, não vou a lugar nenhum. Eu também te amo.- sussurrou em seu ouvido.- Éponine, você se importaria de sair de cima de mim? Está doendo.- pediu sem jeito.

–Ai meu Deus! Me desculpe, me desculpe.- saltou da cama completamente sem graça e quando se afastou pode ver os olhos azuis que tanto amava a olhando da mesma forma que a olhara na ultima noite que tiveram juntos e aquilo foi o suficiente para acalmar o coração de Éponine.

Thaís não conseguiria separá-los.

Pelo menos não hoje.

[...]

As três semanas seguintes foram torturantes para Enjolras. Ele não aguentava mais ficar em uma cama e sendo levado de uma lado para o outro para fazer exames e todo dia seu médico perguntando se ele não gostaria de participar do grupo de apoio que eles tinham no hospital. Enjolras se recusava a falar com o psicólogo que o visitara duas vezes. Talvez quando ele trocasse aquele suéter ridículo ele consideraria a proposta. Ou não já que ele achava patético ter que participar de um grupo de apoio.

Quem precisava ir à um grupo de apoio com um psicólogo patético,com pessoas fracassadas, quando se tinha os Amis que o visitava com frequência, nunca o deixando sozinho?

Nunca que ele fosse admitir... talvez não já, mas Grantaire e Courfeyrac se mostraram ser de grande ajuda para as longas horas de tédio que era obrigado a passar no quarto. A programação da Tv era incrivelmente podre, e a pedido de Enjolras, Éponine havia retornado a sua vida. Isso é claro depois de muito insistir para seu chefe deixá-la voltar ao trabalho após ter parado de ir trabalhar sem dar a menor satisfação. Já com o grupo de teatro a coisa foi mais fácil, eles sabiam o que estava se passando e deram o tempo que ela precisasse, alegando que quando estivesse pronta eles a aceitariam de braços aberto.

Mesmo assim, Enjolras não via a hora de poder sair daquele hospital e de nunca mais precisar voltar. Não gostava de ser mimado. E era isso que estava acontecendo. Sua mãe o visitava com frequência e sempre lhe levava coisas que não podia comer e ficava lhe enchendo de beijos, cafunés e abraços como se ele ainda fosse uma criança. Cosette e Marius passavam por lá as vezes durante o dia,porém por mais que gostasse dos amigos, os dois não acrescentavam muito, o máximo que faziam era deixá-lo ainda mais entediado.

O único momento que se sentia incrivelmente incomodado era quando tinha que se levantar para ir ao banheiro. Não tinha muita força na perna em que levou o tiro,ela parecia um peso morto,sendo assim ele tinha que pedir ajuda para a enfermeira, e isso incluía que ele tinha que desfilar até o banheiro com a bunda de fora por causa da camisola ridícula que era obrigado a usar.

Esse e quando Thaís e Éponine se encontravam. Mas ele se sentia mais preocupado do que incomodado. Era visível o descontentamento que a namorada sentia quando chegava e encontrava Thais ao lado de sua cama, pior ainda quando ela entrava e os dois estavam rindo. Seu rosto se fechava em uma carranca impassível e Enjolras era capaz de vê-la contando até dez mentalmente, não sabendo se matava ele ou Thaís.

Mesmo não gostando de ver Thaís ali, Éponine não disse nada e Enjolras não sabia se era uma coisa boa ou não. Preferiria que a garota gritasse com ele e falasse que não queria mais que olhasse na cara de Thaís,porém nada disso veio. Ela simplesmente dizia que voltava mais tarde(e geralmente nunca voltava), ou pedia para que Thaís se retirasse com todo o desprezo que podia na voz, mas isso a deixava mal humorada e sempre a fazia ir embora cedo. Com o tempo Enjolras aprendeu que ele deveria pedir para que Thaís se retirasse. Sempre que ele pedia,via um sorriso de satisfação surgir no rosto da morena e revelava aquelas covinhas tão lindas.

–Você era capaz de me ouvir enquanto estava...- Éponine perguntou,tendo dificuldade para terminar,sentindo um bolo se formar em sua garganta.

Enjolras pareceu pensar um pouco.

–Depende. Devo dizer que fiquei decepcionado por você começar a ler escritores atuais. Quando você os lia,eu preferia bloquear qualquer ruído.- falou de forma brincalhona, mas Éponine o olhou sério.

–Estou falando sério,Enjolras. E os livros não são tão ruins, eu lia para você os melhores.

–Sei...- respondeu e Éponine deu um tapa em seu braço.- Ai! Batendo em um invalido?

–Cala a boca.- pediu colocando a mão sobre a boca do namorado.

Enjolras a segurou e pousou um delicado beijo na palma dela.

–Eu podia ouvir sim. Ouvi cada palavra,e cada pedido desesperado para que eu voltasse. Me desculpe por ter demorado tanto para conseguir responder.

–O importante é que você respondeu.- “Respondeu na mão da pessoa errada mas respondeu” acrescentou mentalmente enquanto acariciava o rosto de Enjolras. Ela se aproximou para beijá-lo porém ele virou o rosto.

–Sem chance. Eu devo estar com um bafo maldito. Não me levaram ainda no banheiro.- explicou antes que Éponine surtasse.

–Como se eu me importasse com isso.- murmurou o puxando para beijá-lo. Não via a hora que ele saísse daquela maldita cama.

–Hun hun- ouviram um pigarro vindo da porta e se separaram encontrando o médico de Enjolras, junto de Joly que parecia incapaz de ficar parado. Logo Éponine deduziu que alguma noticia boa estava a caminho.- Vejo que o senhor já esta melhor.- comentou o médico entrando no quarto e lendo sua prancheta.

–Eu me sinto muito melhor.- confirmou Enjolras.- Melhor o suficiente para sair daqui.

O médico riu.

–Sem dúvidas. Quer dar a noticia, Joly?- perguntou o médico examinado Enjolras.

–Que noticia? Esta tudo bem?- Éponine questionou preocupada,mesmo que sentisse aquela pontinha de esperança dentro de si.

–Está tudo ótimo, Ponine.- Joly estava radiante.- A noticia é que... Enjolras terá alta amanhã.

O rosto de Éponine se iluminou e ela olhou para Enjolras que tinha um sorriso discreto no rosto.

–E quanto a minha perna?- quis saber Enjolras.- Ela ainda pesa.

–Quando você levou o tiro.- o médico começou a explicar.- A bala ficou em sua perna, e com isso ela solta uma substancia que queima os nervos, e como demoramos para retirar teve um certo estrago. Para inicio você terá que andar com alguma coisa para dar suporte, mas com fisioterapia,se você quiser pode conseguir andar sem suporte.

–Então eu seria manco?- perguntou Enjolras.

–Sim... mas melhor manco do que sem o movimento das pernas.

Enjolras assentiu, ficando sério.

–Ei, vai ficar tudo bem.- Éponine segurou sua mão.

–Claro que vai.- cuspiu Enjolras puxando a mão.

–Vou deixá-los sozinhos. Vamos Joly.- o medico chamou e Joly deu um sorriso reconfortante para Éponine.

Mas a garota percebeu que alguma coisa se quebrou no garoto que estava sentado na cama a sua frente. Algo lhe dizia que ele não seria mais o mesmo.

Algo lhe dizia que ele deixaria de lutar.


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Notas finais do capítulo

Pessoas lindas do meu coração foi isso,espero que tenham gostado. E quanto aso nervos destruídos e tudo isso que o médico falou,não tenho certeza se está certo por motivos quê pesquisei no google sobre isso e não sei se as informações estão correta. Se alguém que lê a fic entende dessas coisas,favor me diga o que está errado( de preferência com uma explicação para que eu conserte.) Obrigada.

Até mais!



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