- Vamos Regina... Está na hora! Por que demora tanto? – Daniel não conseguia se controlar, olhava no relógio de dois em dois segundos. Precisava de sua amada ali. Naquele momento. Para juntos, poderem partir. – Onde está você?! Vamos logo! – Ele não se conformava com o fato de ela ainda estar arrumando as malas.

Por mais que ele amasse de verdade Regina, sua insegurança quando à infelicidade era algo recorrente. Ele não poderia transformá-la numa Rainha como o Rei George poderia. Ele não poderia lhe dar a melhor das vidas. As roupas mais caras. Os melhores sapatos e os vestidos mais bonitos. Isso o preocupava a quase todo momento. Ele sabia que ela dizia não se importar, porém, qualquer um se importaria de não ter essas coisas depois de o Rei ter pedido sua mão em casamento.

- Daniel? – Ela finalmente chegara, carregava consigo apenas uma mala. Tudo o que ela tinha estava ali?

- Regina! Estava preocupado... Achei que sua mãe... – Ele largou a cela que estava arrumando e correu para abraçá-la.

- É, eu sei. Me desculpe por isso, a criada ficou perguntando onde eu ia e... Foi um pouco difícil convencê-la de não contar nada a minha mãe. Mas estou aqui agora. – Ela sorriu e eles se beijaram.

- Você quer mesmo isso? Porque... Não tem mais volta assim que sairmos.

Ela acenou com a cabeça antes de concordar.

- Sim, eu tenho certeza. Dan, já conversamos sobre isso! – Ela mordeu o lábio inferior. – Se você não está pronto, podemos tentar daqui há algum tempo, tá bem?! Já esperamos algum tempo, o que são mais dois ou três meses?! – Regina sorriu tentando não mostrar que estava chateada.

- Eu quero que a gente vá. Só tenho medo de que fique infeliz com a vida que posso lhe oferecer.

- Por que eu ficaria infeliz? Você é o amor da minha vida. Tudo o que eu preciso.

- E o que você quer? Também não poderei te dar.

- Você é tudo o que eu quero Dan. Se é só essa a sua insegurança, pode considerar fora de perigo. – Ela sorriu, decidida. – Eu te amo e, você não precisa me dar nada.

- Mas, Regina, quando sairmos por aquele portão... Você nunca mais verá seus pais.

- Daniel! Você quer?

- É claro que eu quero!

- Então por que fica colocando impedimentos na minha frente? Como se o problema fosse comigo? – O coração de Regina pesou um pouco com essas palavras. Ela fora muito rude? De fato não era sua intenção. – Oh Dan, desculpe. Não quis te ofender... É só que... Essa insegurança é sua e... Só com o tempo você vai perdê-la. Se ainda não estiver pronto, tudo bem... Podemos adiar mais uma vez. – Nos últimos quatro meses, Daniel havia adiado a “fugida” algumas vezes.

- Até quando você vai esperar por mim? – Ele não se sentia pronto, e, tinha uma certa dúvida de quando estaria. Queria que Regina fosse feliz e, a falta de dinheiro, ele tinha certeza, a deixaria infeliz. A única coisa que ele não via, era que, para ela, quando se tem amor verdadeiro, não se precisa de mais nada.

- Até quando você estiver pronto. – Ela deu um beijo nele, encerrando por fim o assunto.

O sol finalmente estava nascendo e logo logo, Cora estaria levantando.

- Eu tenho que ir... Você sabe... A hora. – A garota havia repetido essa frase mais do que gostaria nos últimos meses. Daniel apenas assentiu com a cabeça e suspirou.

- Gina! – Ele gritou assim que ela chegou na porta do estábulo. A garota se virou esperando que ele falasse algo. – Essa noite! Eu prometo. – Ele sorriu. Não estava pronto, mas, se quisesse entrar na vida de Regina regularmente, deveria entrar logo de cabeça.

Ela sorriu triste, sabendo que Daniel não estaria pronto nessa noite, nem na próxima, muito menos na outra. Quantas madrugadas ela ia ter de passar acordada apenas discutindo se iriam ou não fugir? É claro que ela estava com medo, mas, por que deixar o medo atrapalhar no que você sente? Se você quer ir, vai. Se der medo, tem que ir com medo mesmo.  “Até quando vai esperar por mim?” “Até quando estiver pronto.” E se Daniel nunca estivesse pronto? “Até quando estiver pronto” é a teoria. E na prática? Quanto tempo mais ela esperaria por ele? E se sua mãe a obrigasse a se casar com qualquer outro homem rico, com status, arrogante e sem coração? Ela nunca amaria ninguém como ama Daniel. Nunca estaria disposta a fugir por ninguém que não fosse Daniel. Se eles tivessem de fugir, que fugissem naquela noite ou não fugissem mais!

Regina acabara de descobrir a resposta para a pergunta “Até quando vai esperar por mim?” A resposta era simples. Uma noite, Daniel, uma noite.