Charlotte's Web escrita por Lady Lynx


Capítulo 3
Algo em comum


Notas iniciais do capítulo

Errata: No capítulo dois, eu disse que Charlotte estava usando uma blusa de mangas compridas, mas no desenho da fic, (que ficou com os pixels meio ruis, desculpem) ela usa mangas curtas. Desculpaí, mas eu fiz o desenho muito antes de pensar no detalhe das mangas compridas, Um detalhe que faz uma diferencinha nesse cap.
Boa leitura, leitores! (isso ficou engraçado)



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“Judy! Você viu uma garotinha entrar aqui?”

“junto com a Lucy? Vi sim.”

“sabe pra onde foram?”

“desculpe.”

“tudo bem.” Sara resolveu então entrar no elevador. Perguntou a todos que encontrou se viram Charlotte em algum lugar. Nada.

Estava passando por um corredor ainda com a boneca na mão quando viu Jim conversando com Lucy. Olhou para dentro da sala de interrogatórios, que ficava naquele mesmo lugar e viu Charlotte sentada na mesa. A sua volta estavam gizes de cera e lápis coloridos e algumas folhas limpas. Ela fazia um desenho usando apenas preto e cinza.

“Sara” Jim a chamou “pensei que estivesse na cena.”

“e eu pensei que você estivesse...” ela olhou novamente para a garota. “o que ela faz ali, não vão falar com ela?”

“antes de sair da cena eu liguei pro Archie, pedi que ele procurasse parentes da garota.”

“e então?”

“ela não tem nenhum. Além do pai morto e da mãe, que irá a julgamento amanhã. De qualquer maneira ela vai para um orfanato, só temos que decidir qual.

Os olhos de Sara começaram a ficar molhados. Não queria que ninguém a visse chorar então virou o rosto.

“isso é muito difícil.” Lucy abriu a porta da sala sem entrar “mas faz parte do meu trabalho”.

“espera, eu quero falar com ela primeiro.”

Lucy riu de maneira sarcástica com o que Sara disse. Ela era o tipo de pessoa que achava que estava sempre certa.

“isso vai ser muito difícil de dizer pra ela. que eu saiba você trabalha com cenas de crimes, então deixa uma profissional fazer isto.”

“você pode ser profissional mas com certeza não teve o pai esfaqueado pela mãe, agora me deixe falar com ela.” Sara falou com firmeza e deixou ate Brass espantado.

Lucy ficou sem palavras. Olhou para Jim, que assentiu. Então deixou Sara passar, só então percebendo que ela segurava uma boneca. Ela foi com Brass ao outro lado da sala ver o que Sara ia falar.

Charlotte já havia acabado seu desenho em preto e branco, e agora o observava atentamente. O som que a porta da sala fez quando se fechou a acordou daquele transe.

Sara forçou um sorriso, que foi correspondido, mas Charlotte estava mesmo feliz em vê-la ali.

Ela tampou o desenho na mesa com as mãos. “oi...”

“oi Charlie...” ela caminhou lentamente ate a mesa, com a boneca escondida nas costas, e puxou uma cadeira. O policial que estava na sala apenas a acompanhou com os olhos.

“eu vou para um orfanato não vou?”

“eu sinto muito, você não tem nenhum outro parente pra cuidar de você.”

Ela abaixou a cabeça e suspirou triste.

Sara se sentiu mal. Olhou para o espelho e mesmo que não pudesse ver nada sabia que Jim e Lucy estavam ali. Tinha que falar alguma coisa.

“ouça, não é tão ruim quanto parece, você só vai... morar em outro lugar. eu sempre mantive contato com a minha mãe biológica e hoje ela mora aqui comig...”

“eu não gosto da minha mãe.”

Sara ficou espantada. Lucy, Jim e o policial também.

“ela... maltratava você?”

“meu pai batia nela. Antes ele não era assim, ele era bom comigo. Depois ele começou a chegar em casa bêbado e eu me trancava no quarto. Eu só ouvia os gritos...” ela começou a soluçar “Aí... eu acho que ela ficava com raiva e vinha bater em mim... uma vez...” ela se levantou e puxou a manga da blusa revelando manchas rochas e cicatrizes que iam do ombro ao antebraço. “ela ficou tão brava que pegou um ferro...” ela, assim como Sara estava com o rosto cheio de lagrimas.

Então ela puxou a blusa pra cima e mostrou uma marca roxa, comprida, que atravessava a barriga na horizontal. Uma marca de pancada, uma pancada forte.

“ela não me levou ao hospital. Só me tranco no meu quarto sem comer ate o outro dia.” Ela começou a chorar. Sara estava ali apenas olhando, não sabia o que fazer.

Lucy ficou indignada com o que viu. Brass disse em seu ouvido que tinham que leva-la ao hospital, e rápido.

Ficaram um tempo em silencio ate Charlotte se recuperar. Ela se sentou na cadeira novamente e ainda suspirando voltou a falar.

“sua mãe também fez isso com você?” ela olhou nos olhos de Sara. Não esperava que ela respondesse ‘sim’.

“não, ela nunca fez isso...” ela olhou para o chão por um tempo. Depois pegou a boneca em seu colo. “eu a encontrei na sua casa... acho que é sua.”

Ela olhou para a boneca e sorriu. A pegou com as duas mãos e parou um pouco para olha-la de perto.

“meu pai me deu, quando ele ainda era meu pai. Eu tinha outros brinquedos, mas minha mãe vendia. Essa foi a única que eu consegui esconder. Ela dizia que precisávamos do dinheiro pra outras coisas, mas ela nunca me disse o que... eu perdi meu pai e minha mãe, e eu não sei porque eu estou triste com isso.” Charlotte abraçou a boneca e voltou a soluçar.

Um silencio tomou conta da sala por um tempo. Parecia ate que o resto do laboratório estava quieto.

Brass chamou a atenção de Lucy para que eles entrassem na sala.

Charlotte olhou para Sara por um tempo. As duas tinham mesmo muito em comum. Não só o modo como perderam seus pais, mas, emocionalmente.

Eram frágeis por dentro, apesar de muito fortes por fora.

Pegou o desenho e dobrou no meio, depois deu a Sara. Ela não entendeu muito bem porque ganhou aquilo, mas quando ia abrir, Lucy entrou na sala, chamando por Charlotte. Ela dobrou o papel mais uma vez, para que coubesse em seu bolso.

Ela se levantou abraçando a boneca e antes de ir embora olhou uma ultima vez para Sara.

Assim que as duas saíram da sala Brass entrou e foi falar com Sara.

“vá pra casa, não há mais nada a fazer aqui.”

“precisam leva-la pra um hospital!”

“é o que Lucy esta fazendo agora.”

“e onde ela vai ficar esta noite?”

“provavelmente vão leva-la o mais rápido possível para o orfanato que conseguiram, orfanato Olsen, se não me engano. Agora... pode ir, eu cuido do resto aqui, esse caso já terminou e você tem muito que descansar.”

Ela assentiu. Não queria descansar, queria se certificar de que Charlotte ia ficar bem.

Mas naquele momento não havia mais nada a fazer.

“Sara?”

“sou eu.”

“já chegou?”

Ela entrou no quarto e chutou os sapatos longe. “não, fiquei lá.”

Grissom sorriu e se deitou novamente. De olhos fechados começou a conversar com ela, enquanto ela guardava suas coisas e se trocava.

“como foi lá?”

“horrível.”

“o que aconteceu?

“nada, foi só mais um caso em que eu me arrependi de ir.”

Ele se levantou percebendo que ela estava estranha.

“você esta bem, honey?” ele perguntou enquanto ia em sua direção.

Ela se virou para ele olhando em seus olhos, agora usando apenas suas roupas intimas. Sabia que não podia deixar de conversar com ele, talvez lhe desse um bom conselho.

Ela suspirou. “não consigo esconder nada de você não é?” ela forçou um sorriso.

“consegue sim.” Gil pegou sua mão para se sentarem juntos na beira da cama “mas eu conheço você muito bem. O que aconteceu?”

“hoje... um homem foi esfaqueado pela esposa, ela vai ser presa amanha, mas o problema é que eles tinham uma filha de dez anos... que vai para um orfanato perder a infância!”

Ele entendeu perfeitamente. Era exatamente o que tinha acontecido com ela. E ele sabia que ela estava preocupada com o fato de que aquela criança poderia ser infeliz como ela.

“você saiu do caso?”

“já acabou, amanha a mulher vai ser julgada e Charlotte vai para o orfanato.”

Grissom não deixou de notar que ela chamou a garota pelo nome, como se já a conhecesse muito bem. Não sabia o que fazer para deixar Sara mais confortável, então disse apenas a verdade.

“mas... agora acabou Sara...” ele tocou seu rosto para olha-la nos olhos. “e eu tenho certeza que ela vai crescer e ter uma vida boa, uma pessoa que a ame, e não vai ter motivo nenhum para lembrar desse passado ruim.”

Ela sorriu. Dessa vez não tinha sido um sorriso forçado.

Geralmente Grissom não era o melhor com palavras, mas dessa vez ele mesmo se impressionou com o modo que a fez se sentir melhor.

Eles trocaram um beijo rápido e depois sorriram um para o outro. Enquanto Sara se deitava na cama Gil foi apagar a luz, depois se deitando na cama junto a ela, abraçando sua cintura por trás.

Depositou um beijo em seu ombro e lhe desejou boa noite.

Alguns minutos depois, Grissom já dormia. Mas ela não.

Ficou acordada repassando cada momento de seu dia: quando entrou na casa, quando viu o corpo, quando conheceu Charlotte, e... o desenho!

Ela havia se esquecido do desenho!

Com cuidado tirou a mão de Grissom de sua cintura e se levantou fazendo o maior silencio possível. Andou ate seu guarda roupa e pegou a calça que usou naquela noite. Vasculhou os bolsos e encontrou o papel, mas quando abriu...

Bem, quando abriu, não conseguiu ver nada porque estava tudo escuro. Acendeu apenas o abajur da cômoda e se impressionou com o que viu.

Era ela.

Charlotte tinha a desenhado, seu rosto e cada detalhe. Aquilo era um talento, já que antes dela fazer o desenho, elas só tinham se visto uma vez, do lado de fora da casa, e ainda estava de noite.

Aquilo era algo assustador, mas o que Sara sentia era culpa.

Culpa por não poder ajudar Charlotte agora que tudo estava acabado.

Ou pelo menos ela pensava que tinha acabado.


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Notas finais do capítulo

Sooooo... (seria "então" em inglês <:D) o que acharam? *REVIEWS* que eu fico filiz! (mesmo que seja pra me xingar XD )



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