Eu posso ver um sorriso provocador se formar nos lábios dele, e eu bufo bem alto. Engraçadinho você Matt, seria uma pena se alguém quisesse vingança. Nada demais, só vou trocar o toque do celular dele de novo, e estava pensando sinceramente em colocar um “friday”. E que tal colocar o celular dele para despertar as 5 da manhã?

Saímos do carro que estava estacionado na frente de um barzinho noturno para ricos. Eu já tinha ido ali antes com meu pai, tinham vários joguinhos e bebidas excelentes. Ao chegarmos dentro do estabelecimento, encontramos uma mesa com todos: Pat, Kylari, Sting, Haru e Castiel.

Era legal chegar em uma mesa e ser recebida bem por todos, com aquela intimidade que eu só tinha com a minha banda. Matt também já se sentia mais à vontade – cumprimentando todos com um aceno – à sua maneira.

Pedimos uma pizza e algumas bebidas, e novamente Matt bancou a criança – mesmo que só eu percebesse – quando viu um tomate.

- Ora, não fica com gosto, eu tiro – Disse enquanto o servia, retirando o tomate maligno de cima da pizza.

- Obrigado – Ele diz sem emoção nenhuma.

Mas tu é um merda mesmo né! Além de bancar a criança faz cara feia pra mim! Naquele momento eu senti uma simpatia por aquele rapaz, por ele ser como ele queria comigo. Tentei imagina-lo com uma namorada ou coisa do gênero e quase gargalhei sozinha. Algo como “mulher, tire o tomate” e então ela responderia “Sim queridinho!”.

Eu ri bastante, vocês não?

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Estamos dançando todos juntos na pista, e o bar já estava em um horário em que ninguém percebia se estava fazendo algo muito idiota ou não; Eu e Kylari nos rodopiávamos e riamos como loucas, provavelmente eu tenha bebido demais, mas estava divertido. Uma banda qualquer tocava um metal bem agitado e genérico.

Sinto um puxão forte me distanciar de Kylari, que estava tão bêbada que não percebeu e agora dançava com uma moça loira. PORRA KYLARI, MEU CABELO É AZUL!

- Têm certeza que não está me seguindo?

- Ah Cam, porque você não me deixa em paz? – Digo meio zonza, mas me arrependo de ter pronunciado seu nome tão casualmente.

- Agora diz meu nome? – Ele diz se curvando para me encarar – Virou finalmente uma fã de minha música?

- Dasuamúsica? – Digo com um tanto de cinismo na voz – Eu tenho músicas melhores!

- Não me diga que com essa voz de ganso você canta? – Ele começa a gargalhar e eu simplesmente aceno com a cabeça para a minha banda de bêbados.

Sem falar nada, tiramos o pessoal que tocava do lugar e começamos a afinar os equipamentos conforme a nossa vontade. Haviam dois microfones, e um deles logo é tomado por ninguém mais ninguém menos que Cambriel.

- Que tal eu te ajudar a não destruir essa festa?

Ele quer eu enforque ele com o cabo do microfone?

- Tente me acompanhar.

Eu sabia que aquilo era estupidez. Mas era aqui que a fase dois da minha vingança começava; eu queria ficar finalmente um passo à frente desse bosta, e casualmente esse era o preço disso.

Eu sou aquele que está tão apaixonado por você

Eu sou aquele que está tão apaixonada por você

Cara, eu vou te incomodar o caminho inteiro

Uh, cara, eu vou te ferrar o caminho todo.Uh

Porque eu sou estúpido, sadístico e suicida

Difícil de aceitar, mas essa é a intenção

Por trás de minhas motivações

Aqui está uma parte para a estação de rádio

Eu termino uma parte e cantamos mais algumas – as que todos conheciam. Tínhamos roubado o lugar dos músicos, então que assim seja né. Assim que eu largo o microfone com um sorriso no rosto do tipo “O que achou da minha voz maravilhosa seu perdedor?” meu possível sorriso se desmancha e logo meus lábios são pressionados contra os do loiro.

Eu me afasto tão rápido, entretanto aquele momento horroroso tinha durado anos na minha cabeça; Anos de caos!

- O que você pensa que fez?! – Digo indignada. – Você fazia isso com todas?!

- Cla-cla

- Clarissa – Dessa vez era a voz firme e monótona de Matt, que não estava nada calma na verdade;

Antes que qualquer um de nós possa dizer alguma coisa – e acredito que Cam queira dizer – ele me arrasta pra fora da festa, e de repente o impacto do frio da rua me pega desprevenida. Meu nariz provavelmente está vermelho...

- O que há entre você e ele – Matt não perde o controle, mas eu posso ver seus caninos quase vampíricos se apertarem. – Não ouse mentir!

O que eu poderia fazer agora? Eu jamais poderia mentir para esses olhos castanhos que me ajudaram antes. Entretanto, porque eu não podia mentir? Eu minto para o mundo inteiro e Cam – Que agora provavelmente já sabe – e não podia mentir para ele?

Eu abraço meu corpo para conter meu instinto de tocar nele, que por alguma razão estava ficando forte. Minha vontade era dizer eu estava tudo bem e que ele era só um idiota. Mas Cam não era simplesmente idiota, era a pessoa que eu preferia morta.

Então eu contei toda a verdade à ele. Toda a verdade.

- É, uma pessoa de família rica como você não tinha motivos tão racionais para isso – Ele diz, ainda avaliando – Mas mesmo assim quis por você mesma.

- Me desculpe por mentir antes – Digo enquanto me sinto ser cercada na parede – Isso é meio que um segredo.

- Eu não me importo nem um pouco – Conclui ele – Desde que faça seu trabalho direito e com paixão, você pode até ser uma faxineira.

A porta abre ao nosso lado, e lá está o loiro olhando para mim. Ele sorri maliciosamente e Matt nem sequer perde tempo olhando para Cam. Seus cabelos caindo suavemente pela testa, tão longos que lhe roçavam a nuca, Matt me encarava com temor.

- Deixa eu ver se eu acerto – Diz Cam – Você deu pra ele, ele se apaixonou por você e então ele te faz famosa?

Uma onda de raiva passou por mim, e em mim ficou. Faço menção de ir lá acertar aquele rosto bonitinho que as meninas tanto adoram, contudo Matt me para. Ele pressiona minha nuca com os dedos. E de repente, os lábios contra os meus.

Seus olhos estão fechados em uma concentração nos meus lábios, ele me guiava, apertava e as vezes ficava nervoso; Tipo com raiva.

Eu cerro os olhos lentamente, me entregando a Matt. De fundo escuto passos e uma porta fechando com força, e sei que foi Cambriel. Eu estava pouco ligando para ele quando Matt me beijava, e eu odiava não ligar.

E então ele para.

E vai embora.

E subitamente eu estou sozinha do lado de fora enquanto começa a chover.