The Unbible escrita por MrNothing


Capítulo 4
A morte não bate na porta




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                Acordar e perceber que a pessoa ao seu lado não é um sonho te deixa feliz, foi assim que me senti pela manhã. Apenas olhando para ela pude esquecer por um bom tempo que estava de luto, pude voltar a sorrir. Seu rosto calmo e branco me confortava, saber que era a minha obrigação cuidar dela me fazia amá-la ainda mais. Sua respiração tranquila me hipnotizava por horas, fazendo-me pensar no nosso futuro. Foi então que ela abriu seus olhos e me fitou por alguns segundos, tentando entender tudo aquilo que se passava apenas pela minha cabeça.

                - Há quanto tempo tu ta me encarando?

                - Alguns minutos, talvez horas. Não sei.

                Ela levantou sua cabeça e tornou sua expressão confusa, parecia estar captando as respostas nos meus olhos.

                - Desculpe se te assustei.

                - Não é isso, só fiquei surpresa, eu acho.

                Então dei um leve beijo em sua testa e me levantei com o sol me acompanhando.

                - Vamos comer? – perguntei a ela.

                - Claro. Já vou descer.

                No caminho para a cozinha passei pelo quarto de minha mãe, o mesmo estava escuro, com as cortinas fechadas. O quarto estava tão depressivo quanto ela. Sentei-me ao lado dela e perguntei sobre seu estado, ela soluçava, chorava. Por causa da noite exausta eu deixaria descansar mais um pouco, mas disse que faria algo para ela comer. Ela balançou levemente a cabeça em sinal negativo, mas eu não deixaria que ela se afundasse na lamentação.

                Quando cheguei à cozinha, vi que Amanda já estava lá, mas diferente do que vi no quarto, ela estava muito assustada.

                - O que foi Amanda?

                - Eu liguei para o Fábio agora, mas ele não atendeu.

                -Deve estar dormindo.

                - Não, ele sempre desliga o telefone quando dorme, mas ele chamou agora.

                - Então ele está ocupado, não sei.

                - Aconteceu alguma coisa, eu sei disso.

                - Hei calma ai. Liga de novo, garanto que está tudo bem com ele.

                Amanda digitou os números e aproximou o telefone a sua orelha. Esperou tocar algumas vezes e desistiu.

                - Eu preciso ir lá, aconteceu alguma coisa.

                - Acho que não é necessário, espera ele te ligar.

                - Eu vou ir!

                - Ta bom, ta bom, eu vou contigo. Só espera eu me arrumar.

                - Depressa!

                A Amanda morava perto de minha casa, não era nem preciso de condução para chegar lá. Nossos passos acelerados nos levaram em menos de sete minutos até sua casa. Ela pegou as chaves rapidamente e colocou na fechadura, mas ao virar viu que a porta nem estava chaveada. Ela olhou para mim, seu corpo tomado de preocupação, e então ela estancou. Eu nem havia entrado ainda na casa, a porta bloqueava minha visão, mas então eu a empurrei calmamente e vi o que ela via.

                Ela correu até o corpo caído de Fábio, chacoalhou ele e pressionou seu tórax, mas ele não mostrava reação. Quando a ambulância chegou, Amanda desesperada não conseguia nem olhar mais seu irmão naquele estado. Só o que pude fazer era abraçá-la com todas minhas forças para conter sua tristeza. Mas nada adiantou quando confirmaram sua morte.

                Desamparada, tive que tirar Amanda de lá. Não havia jeito de contê-la, seu corpo trêmulo me aterrorizava, não aguentava vê-la assim. Os vizinhos que conheciam sua família cuidaram do resto para nós, não estávamos com condições para fazê-lo. Eu apenas a peguei e levei de volta para minha casa.

                - Não tenho nada a dizer a não ser que lamento por você. Sinto muito, de verdade. Sei pelo o que está passando.

                - Nossos irmãos... como pode?

                - Não sei, pessoas morrem Amanda. Eu aprendi isso da pior maneira, sinto muito por você também ter aprendido assim.

                - Eu nem sei o que pensar sobre isso.

                - Eu sei.

                Abracei-a de novo e deixei-a um pouco a sós no meu quarto. Aproveitei para checar se os vizinhos tinham cuidado totalmente do caso, depois fui até minha mãe e percebi que finalmente ela dormiu. Quando voltei para o quarto, vi que Amanda tinha apagado e então apenas me juntei a ela na cama e dormi também.

                Quatro dias após o velório de meu irmão, nós estávamos de volta ao cemitério. Dois jovens morreram na mesma semana pelos mesmos motivos. Aquilo parecia coincidência demais, algo estava errado. O comportamento de Fábio no enterro, o local de morte do meu irmão, alucinações do irmão que Amanda me descreveu, tudo muito estranho.

                Mas o que mais me intrigava, era a ausência de Bruno.


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Notas finais do capítulo

The end is close! Esse foi um capítulo mais preparatório, por isso não demorei muito para postar. Mais uma vez obrigado pelos reviews! Até o próximo :)



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