A garotinha perdida caminha

[entre as nuvens escuras

As quais cobrem as estrelas

Um pequeno ponto na imensidão

É isso o que ela é

Desviando de corações partidos

Jorrando suas dores

Seus olhos são faróis

Procurando pelo que um dia foi seu

Não consegue achar

Será que se esqueceu?

Onde foi parar?

Deixe fluir, garotinha

Tão liberta... Desimpedida

Deixe fluir

Como o rio que brota de seu olhar

Ela já está cansada

De suas mágoas pesadas

Não mais consegue vagar

Gostaria de ser carregada

Pobre florzinha murcha

Recolhendo as pétalas ressequidas

Como queria bebericar

Mais alguns goles de vida

Para assim continuar

Seu sorriso quebrado

Entristece a lua que a vislumbra

Os astros zombam de sua aflição

“Estaria melhor dormitando na penumbra!”

Deixe fluir, garotinha

E tudo melhor parecerá

Deixe fluir

E a ferida fechará

Não olhe para o abismo

Sei que ele lhe seduz

Mas de nada passa

Senão de um poço sem luz

Onde pode se afogar

Não se entregue, garotinha

As penas estão nascendo

O vento está lhe beijando

O negrume acena contente

Logo você sairá do chão...