Caminhando vagaroso

No horizonte avisto um anjo coxo

Com cautela se aproxima

Deixando para trás sua ruína

Em seu semblante cansado

Vejo um destino traçado

Era só um jovem guerreiro

Que a foice beijou

Num golpe derradeiro

Seu passo arrastado

Pede tempo para memorizar

Os fieis irmãos

Um a um indo ao chão

Logo iriam se encontrar

Apoiando-se na espada

Não cedendo à derrota

Perdoe, meu anjo, por fazê-lo admitir

É hora de desistir

A vitória não está mais em suas mãos

Seus olhos turvos

Buscavam a solução

Para que sua falha

Não tenha sido em vão

Aos ouvidos ainda queimavam

As calorosas preces ascendentes

Dos que ainda respiravam

Sussurrando ternas lembranças

Ao bravo combatente

Venha, meu anjo!

Prometo findar o pranto

Que nasce de sua agonia

Ouça o meu canto

E verá que mais brilhante é a luz do dia

Sem mais batalhas

Da lâmina prateada irá de despedir

Abandone estas vestes tecidas em falhas

Na qual só a dor fez surgir

Acalme-se agora

Esqueça o que está lá fora

Pois como fumaça irá se dispersar

Cá estou, meu anjo, pronta a lhe dizer:

“Bem-vindo ao lar!”