Mel Williams & A Guerra entre o Olimpo escrita por Vicky


Capítulo 6
Dias contados


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo veio rápido, já que o anterior foi curto. Mas o 7° vai demorar tanto quanto minha irmã demora pra se vestir. Então sentem e curtam o ano que ven!



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Travis disse que poderíamos chamar um taxi até a cidade e depois pegar um trem, eu e Jonathan concordamos, mas ele parecia um pouco assustado.

– Tudo bem? – perguntei.

– S–sim, eu só não gosto muito de táxis – disse gaguejando.

Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa Travis disse “Stêthi, Ô hárma diabolês!” em grego antigo e jogou um dracma de ouro no chão, em vez dele cair, ele simplesmente afundou e desapareceu. Por um momento, nada aconteceu. Então, bem no lugar onde a moeda tinha caído, o asfalto escureceu. Fundiu–se em uma poça retangular mais ou menos do tamanho de uma vaga de estacionamento, borbulhando algo nojento. Então um carro irrompeu daquele lodo. Era um táxi, sem dúvida, porém não era amarelo, era cinza–escuro. Parecia feito de fumaça, como se fosse possível atravessa–lo andando. Havia palavras impressas na porta, mas a dislexia tornou difícil para mim decifrar o que estava escrito.

A janela do passageiro desceu, e uma velha pôs a cabeça para fora. Tinha um tufo de cabelos grisalhos cobrindo os olhos, e falou de um jeito estranho e murmurante.

– Passagem? Passagem?

– Três para a estação ferroviária de Nova Iorque – disse Travis.

Ele abriu a porta traseira do táxi e acenou para que nós entrássemos, como se aquilo tudo fosse a coisa mais normal do mundo.

O interior também era cinza–escuro, mas parecia bastante sólido, bem parecido com a maioria dos táxis. Não havia divisória nos separando da velha ao volante... Eu devo ter batido a cabeça em algum lugar, não havia apenas uma velha, havia três, todas amontoadas no assento dianteiro, todas com tufos cobrindo os olhos, mãos esqueléticas e um vestido preto felpudo.

– Estação Ferroviária! – disse a que estava no volante.

Ela pisou fundo o acelerador e começou a descer a colina, minha cabeça bateu no encosto do acento e no teto algumas vezes até chegarmos na estrada de chão. Uma voz gravada veio do alto–falante e falou alguma coisa, mas foi abafada pelos meus berros. Ao meu lado pude ouvir Jonathan repetindo “Em nome de Pã, vá mais devagar”, mas ninguém deu ouvidos.

– Cuidado Vespa! Vá para a esquerda! – gritou a do meio.

– Me dê o olho e talvez da próxima vez eu acerte, Tempestade – queixou–se a motorista.

Dar a ela o olho? Não tive tempo de fazer perguntas, porque a motorista, que se chamava Vespa guinou para o lado, me esmagando entre Jonathan e Travis, para desviar de um rebanho de ovelhas, afinal o que um rebanho de ovelha está fazendo no meio da estrada?

Naquela velocidade não demorou muita até chegarmos na cidade.

– Sinal vermelho! – Tempestade gritou.

– Freie! – berrou a da janela.

Em vez disso, Vespa pisou fundo e subiu no meio–fio derrubando um carrinho de cachorro–quente. Segurei forte no acento e cravei minhas unhas nele por desespero. Olhei para o lado, onde Travis estava rindo.

– Por que está rindo? – gritei.

– Não se preocupe – ele gritou de volta, segurando a minha mão para que eu relaxasse, o que não deu muito certo, um arrepio subiu pelas minhas costas e eu comecei a suar – As Irmãs Cinzentas sabem o que estão fazendo. Elas são muito sábias mesmo, quase todos os semideuses já viajaram nesse táxi.

– Já tivemos gente famosa nesse taxi! – exclamou a da janela. – Percy Jackson! Lembram–se dele?

– Não quero nem lembrar dele Ira, ele não quis devolver meu olho! – lamuriou–se a Motorista.

– Me dê o dente, Vespa! – Ira gritou tentando agarra–lo da boca da motorista, mas ela afastou a mão dela com um tapa.

– Só se Tempestade me der o olho!

– Não! – guinchou Tempestade. – Você o usou ontem!

– Mas estou dirigindo, sua bruxa velha!

Elas começaram a brigar, uma batendo na outra, puxando os tufos de cabelo e se arranhando. Por um breve momento, Vespa soltou o volante e tentou agarrar o olho de Tempestade, e Ira tentou agarrar o dente de Vespa, nisso, subimos na calçada, batemos em alguns latões de lixo, derrapamos em alguns lugares e eu bati minha cabeça novamente no teto.

Bem na nossa frente, uma mulher atravessava a rua com um carrinho de bebe, ela era baixa e tinha cabelos loiros, ou pretos, não conseguir ver nessa velocidade, só consegui ver que estávamos indo na direção dela.

– Cuidado! – consegui gritar.

Vespa conseguiu pegar o olho de Tempestade, e na mesma hora pegou o volante e jogou o carro pro lado para desviar da mulher, mais alguns segundos e... Bom, não quero pensar nessa hipótese.

– Há! – ela disse vitoriosa – É assim que se dirigi em Nova Iorque.

– Devolva o meu olho sua velha enrugada! – Tempestade puxou seus tufos de cabelo.

– Me de o dente! – gritou Ira – você está usando os dois de uma vez só, isso não é justo!

– Fiquem quietas as duas – Vespa gritou empurrando–as – estou dirigindo.

Derrapamos em algumas curvas e atropelamos uma bicicleta estacionada, eu estava prestes a vomitar. Acho que mesmo com o olho, Vespa era uma péssima motorista.

As Irmãs Cinzentas nos deixaram na estação Grand Central de Nova York. Por milagre estávamos vivos e não tínhamos quebrado nada. Até para um semideus, essa viajem foi estranhamente perigosa.

A estação era enorme e era uma das mais movimentadas da cidade, mas não havia muitas pessoas ali naquele momento. Pra falar a verdade estava bem calmo, o que quer dizer que algo terrivelmente terrível está prestes a acontecer.

– Esperem aqui, vou comprar as passagens – Travis disse para nós e já ia se virando quando eu o interrompi.

– Espera, acho que eu tenho alguns dólares aqui em algum lugar – eu disse revirando minha mochila.

– Não se preocupem, eu dou meu jeito.

– Você vai roubar a estação ferroviária? – disse baixinho enquanto olhava para os lados só pra ter certeza de que ninguém estava ouvindo.

– Só criem uma distração – ele sorriu e foi na direção de uma porta com uma placa, que dizia algo como PA SNRO SUNAIOACRIOF.

Havia um segurança a protegendo, grande, gordo e careca. Ele usava uma roupa azul escura e um cassetete preso no cinto preto, tinha uma cara amarrada, como se estivesse tatuado na sua testa “Como coelhinhos no café da manha e a tarde gosto de esmagar lesmas com minhas enormes botas tamanho 46”.

Jonathan olhou para mim meio confuso, mas antes que ele pudesse perguntar algo, eu me joguei no chão, fingindo um desmaio. Acho que deu certo, por que por um momento ele ficou preocupado achando que era verdade.

– Mel? Mel! – ele se ajoelhou do meu lado e começou a me sacudir – Ajuda! Preciso de ajuda! Ela desmaiou.

Abri uma fresta dos meus olhos e vi o segurança vindo na nossa direção.

– O que está havendo aqui? – eu tive que me segurar pra não rir dele, ele tinha a voz mais fina que Jonathan quando estava na puberdade.

– Acho que ela desmaiou! – ele disse com voz tremula, só não sei se era por preocupação comigo ou medo do segurança – Ela estava meio pálida e fraca já à alguns dias, então de repente desmaiou.

Nesse momento Jonathan já tinha descoberto que era tudo atuação e o segurança já havia acreditado. Jonathan me sacudiu mais uma vez e eu abri meus olhos devagar.

– Você está bem? – Jonathan perguntou me ajudando a levantar junto com o segurança.

– Acho que sim – quando fiquei em pé pude ver que Travis ainda não tinha voltado, então me joguei no chão mais uma vez, fingindo estar fraca.

– Você não quer ir ao médico? – o segurança perguntou e dessa vez eu deixei escapar um meio sorriso, mas acho que ele não percebeu.

– Não! – exclamei alto, os dois me olharam de um jeito estranho, então voltei a sussurrar como uma pessoa doente – Não, eu acho que só preciso comer alguma coisa.

– Tem restaurante no trem? – Jonathan perguntou.

– Sim, vocês tem bilhete? – perguntou.

– Claro que temos! – Jonathan exclamou alto.

– Posso vê–los? – ele estendeu a mão para nós, comecei a tremer, mas dessa vez era de verdade.

– Então pessoal? Vamos! – uma voz disse de trás do enorme homem, ele estava tapando minha visão, mas eu sabia que era Travis.

O segurança se virou e olhou para ele com cara de mal.

– Bilhete?

– Toma um chá de limão que melhora esse seu problema de voz – Travis disse quase rindo.

– Que problema de voz? – o homem perguntou.

– Deixa pra lá! – ele tirou três bilhetes do bolso e mostrou para o segurança – Agora vamos, nosso trem já vai partir.

Nós corremos até o trem e entregamos os bilhetes para uma mulher com uniforme azul e branco. Ela tinha cabelos pretos com alguns fios cinzas, algumas rugas em volta dos olhos e da boca e tinha cheiro de peixe estragado.

Fomos para um dos últimos vagões que estava vazios. Ele tinha 4 duplas de sofás, todos vermelhos e virados, um para frente do outro, com mais ou menos meio metro de distancia entre eles. Duas portas, uma no fim do corredor que dava para o banheiro e outra o outro lado do corredor, que é de onde nós viemos.

Jonathan se sentou em uma das poltronas, eu do seu lado e Travis na nossa frente.

– Vou pegar alguma coisa pra nós comermos – Jonathan disse se levantando e indo em direção a porta – querem algo em especial?

– Quero uma coca diet, um tablete de KitKat, um salgadinho de queijo e...

– Vou trazer uma barra de cereais – disse ignorando o pedido de Travis e fechando a porta atrás de si.

Travis se sentou ao meu lado.

– Você é uma ótima mentirosa – Travis riu.

– Como é?

– Sua atuação, com o desmaio, foi incrível! – ele deu um sorriso brincalhão – não tão bom quanto um filho de Hermes...

– Ah claro – fui sarcástica.

– E você ouviu a voz daquele segurança?

– Sim, eu estava lá também – disse rindo – mas nem se compara com o cheiro de podre daquela mulher da entrada.

– Verdade – ele riu – talvez ela seja uma semideusa filha do Deus da Meia-Suja.

Antes que eu pudesse rir da cara que o nosso sátiro fez quando eu desmaiei, Jonathan interrompeu abrindo a porta subitamente e gritando, seu rosto era pálido e assustado, como se estiveste acabado de ver um fantasma.

– Fu... Fu.. – ele gaguejou.

– Fu? Fu o que? Fumiga? – Travis riu.

– Fúria! – Ele gritou enquanto se jogava atrás de uma das poltronas.

Travis se levantou e sacou a espada e colocou o escudo no braço. Na mesma hora, eu arranquei meu colar do meu pescoço e gritei πλήκτρο que instantaneamente se transformou em uma espada e caiu em minhas mãos novamente. Travis me olhou surpreso.

– Quando você pretendia me contar sobre isso?

– Agora!

A porta da cabine estava escancarada e escura. As luzes começaram a piscar várias e várias vezes. Tudo estava quieto, só se conseguia ouvir Jonathan tremendo escondido. Começamos a ouvir unhas arranhando as paredes, o que me deixou arrepiada.

Um vulto passou rapidamente e arranhou o meu braço direito. Deixei minha espada cair no chão. Não consegui ver o que era, só sentia uma dor horrível. Meu braço estava sangrando e paralisado, não conseguia move–lo.

– O que aconteceu? – Travis perguntou assustado.

– Eu não sei, só não consigo move–lo.

Nessa hora a Fúria apareceu. Tinha olhos escuros como carvão, garras em vez de dedos e cotejavam um líquido verde, veneno. Suas asas enormes de couro deviam ter 3 metros de envergadura. Ela parecia uma espécie de morcego misturado com bruxa, pele enrugada e com dentes amarelados. Ela voou na minha direção, Travis se colocou na minha frente e desferiu um golpe em suas asas, que agora estavam cortadas. Ela rosnou tão alto que minha cabeça começou a latejar, talvez seja por causa do veneno, mas não tenho certeza.

Jonathan pulou de trás do banco em cima dela, algo muito corajoso. Travis teve mais tempo e atacou novamente, mas ela foi mais rápida, e os empurrou para longe. Eles voaram por uns 4 metros até acertar nas paredes e caírem, desmaiados.

Algo mais estranho do que tudo aquilo aconteceu, ela começou a conversar comigo.

– Eu poderia matar você agora mesmo – disse com uma voz áspera, como se estivesse com uma bola de pelos presa na garganta – mas é mais divertido ver você morrendo aos poucos...

– Morrendo aos poucos?

Os sentidos do meu braço voltaram, pude ver a minha espada bem abaixo de mim, e a fúria há uns dois metros. Talvez se eu fosse rápida o bastante...

– Nem pense nisso querida – ela sorriu, ou estava tentando vomitar, não sei ao certo – Esse seu arranhão contem veneno, fatal para semideuses, vai te matar aos poucos, primeiro ele se espalha pelo seu corpo, causa náuseas, dores de cabeça, delírios, até que ataca seus órgãos, paralisando um a um, você vai estar morta em 4 dias, se tiver sorte.

– Mas... Por que? – olhei pro meu braço, onde estava o arranhão – Pensei que você trabalhasse para Hades.

Ela riu agudamente e saltou, arrancando o teto do trem e voando para longe. Fiquei a olhando até ela desaparecer. Depois corri para perto de Travis e Jonathan que ainda estavam desacordados no canto do vagão.

– Travis! Travis – o sacudi.

– Hm – ele gemeu, em seguida levantou em um pulo e pegou novamente sua espada – eu não tenho medo de você sua fúria gosmenta!

– Ela já foi embora – disse calma.

– Hm, claro – disse envergonhado – como você a espantou?

– Ela simplesmente foi embora – encarei meu machucado - sem dizer nada.

– Estranho.

– É, mas agora me ajude a colocar Jonathan em uma das poltronas.

Puxamos suas pernas até o meio da cabine e depois o erguemos segurando as mãos e os pés. Ele nem acordou.

– Você se cortou? – ele fitou meu machucado.

– É só um arranhão – tive que mentir, não queria que ficassem preocupados, estávamos naquela missão para achar a águia de ouro de Zeus e salvar Meg e Jake, não podemos ter desvios.

– Posso ver? – ele disse aproximando a mão do meu braço

– NÃO! – gritei, fazendo Jonathan finalmente se mexer e trocar de posição na poltrona – Eu estou bem.

Sai dali correndo e fui para o banheiro, levando a minha mochila. A Fúria disse que o veneno é fatal para semideuses, não consigo nem pensar em colocar mais um de meus amigos em risco.

Liguei a torneira e molhei meu braço algumas vezes, peguei um lenço e enrolhei em volta dele. Minha cabeça estava latejando muito, um dos sintomas. Pensei em pegar um pouco de ambrosia e néctar, mas eu usaria a toa. O estranho é que as Górgonas tem veneno, as fúrias não.

Agora eu estou com os dias contados.


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Notas finais do capítulo

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