Mel Williams & A Guerra entre o Olimpo escrita por Vicky


Capítulo 1
Mais um dia normal... Ou não


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :)



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Filosofia pode ser considerada uma matéria? Na minha opinião não. Porque na verdade nós não aprendemos absolutamente nada nessa aula, a maioria dos alunos dorme, os que ficam acordados estão trocando mensagens durante a aula - mesmo sabendo que celulares são proibidos na escola - ou ouvindo música.

Também tem a parte que a professora é meio estranha, ela tem olhos caídos e rugas por todo o rosto, cabelos cinzentos e secos presos em um coque mal feito. Toda vez que ela fala alguém vomita, o que ela tem contra creme dental?

Meg está sentada na minha frente lendo novamente o livro de Mitologia Grega que ela pegou na biblioteca na semana passada. Já que só podemos pegar um livro por semana ela tem que ler o mesmo várias e várias vezes, esse nem é o problema, é que toda vez ela comenta as mesmas coisas como se nunca tivesse lido.

Jonathan está do meu lado direito desenhando um jardim com árvores com folhas roxas. Toda vez que ele desenha alguma coisa tem a ver com a natureza, e toda vez ele faz árvores roxas. Eu ainda desconfio que ele é daltônico.

Meg começa a me chamar, dizendo "Mel!" bem baixinho para que a classe não ouvisse, mas então percebo que todos já estavam olhando para mim - menos os que estavam dormindo.

– Então dona Melissa Williams, pode responder minha pergunta? - perguntou a minha professora em um tom maléfico.

– Hm, claro, pode repetir por favor? - eu disse meio constrangida.

– O que o filósofo Sócrates quis dizer com essa frase? - perguntou a bruxa novamente.

– Hmm - eu olhei para o quadro que não estava muito longe de mim e tentei ler, eu realmente tentei, mas não consegui, era como se eu não falasse aquela língua - eu não sei.

– Então agora pode me explicar - disse a Sr. Lewis - o que faz na minha aula?

– Estou estudando - eu disse sem ter dúvida.

– Se você está estudando - começou ela - como é que não sabe algo tão fácil assim?

– Bom, talvez a senhora não tenha me ensinado direito - essas palavras simplesmente pularam da minha boca, eu não queria ter falado aquilo.

Nesse momento todos começaram a rir, todos menos eu e a professora.

– Talvez você aprenda mais quando fizer um trabalho de dez páginas sobre a biografia de Sócrates - ela disse sorrindo.

Eu sabia que ela iria me dar um trabalho pra fazer, eu sempre faço piadas pra divertir todo mundo e dessa vez saiu automaticamente.

O sinal para a troca de aula tocou, todos levantaram e pegaram suas coisas e saíram. Eu estava fazendo o mesmo.

– Você realmente não deveria ter dito aquilo - disse Meg.

– Eu sei, eu não fiz de propósito.

– Chega de papo, agora temos a melhor aula do dia, a que vale a pena estar aqui todos os dias - disse Jonathan em um tom sonhador - aula de Artes.

Jonathan era completamente apaixonado por essa aula, por que nós sempre saíamos para o jardim e desenhávamos o que viesse em mente, e ele era um ótimo desenhista.

Passamos por alguns alunos brigando, patricinhas se maquiando, nerds gritando "Cara esse game é de mais" até chegarmos a sala da Srta. Clarke. Ela estava sentada em sua cadeira escrevendo algo.

Ao contrário de todas as outras pessoas, a Srta. Clarke era legal, ela sempre fazia brincadeiras e colocava música nas aulas. Ela tinha cabelos loiros presos em um coque, olhos castanhos e um vestido florido até os pés, era quase uma hippie.

– Bom garotada, hoje nós vamos fazer um desenho livre, e os melhores serão expostos na parede da sala - ela disse com entusiasmo - então vamos começar!

Jonathan começou a desenhar rapidamente, com certeza ele iria ter o desenho pendurado na parede. Meg desenhou uma flor, ela sempre dizia "Nos desenhos livres desenhe uma flor, hippies adoram flores e ainda por cima são fáceis de desenhar".

Eu não tinha a mínima ideia do que fazer, então olhei para fora da janela, tinha um pasto verde e algumas vacas pastando, foi o que eu desenhei, e é lógico que ficou horrível. Como a Srta. Hippie - como a Meg gosta de chama-la - sempre dava A+ para todos nós, não me importei se ficou feio, porque na verdade estava horroroso, essa vaca parece um Alien.

A aula já estava chegando ao fim, e eu nem tinha percebido. O sinal tocou de repente e um coro de tristeza tomou conta da sala.

Jonathan foi o primeiro a entregar o trabalho, depois Meg e por ultimo eu.

– Mel, posso conversar com você a sós por favor? - disse a Srta. Clarke.

– Claro, mas do que se trata? - perguntei.

– É sobre a sua nota nas outras aulas, eu sei que não é da minha conta, mas eu quero te ajudar, você é minha aluna também, não quero que reprove - ela disse em um tom calmo, como se tivesse calculado cada palavra pra não me deixar braba.

– Tudo bem - me virei para meus amigos - eu vejo vocês no refeitório daqui a pouco.

– Ta, tchau - disse Meg.

A porta se fechou, só estava eu e a professora na sala agora. Ela se levantou, colocou a mão nos meus ombros e olhou pra mim com decepção. Eu achei que ela iria começar a falar novamente, mas não.

Seu rosto começou a ficar escuro, seus olhos ficaram pretos e garras cresceram em suas mãos. Ela estava com pés de galinha no lugar das pernas e em vez de cabelos loiros ela tinha serpentes.

Ela me empurrou pra longe, eu bati na parede e cai, mas levantei meio atordoada. A professora estava vindo na minha direção com as garras a mostra. Ela tentou cortar a minha perna, mas eu pulei para o lado então foi só um grande e profundo arranhão e suas garras ficaram presas na parede.

Ouvi barulhos na porta, pessoas batendo e chamando meu nome, eu reconheci as vozes, era Meg e Jonathan.

Me arrastei pra ficar o mais longe possível da Srta. Hippie enquanto ela estava ocupada tentando tirar suas garras da parede. Eu peguei uma das cadeiras e joguei em cima dela, mas ela já havia saído da parede e as cortou no ar. Então joguei uma mesa, a mesma coisa aconteceu, imaginei se eu não tivesse pulado para o lado antes, provavelmente estaria sem as pernas agora.

A porta se abriu e Jonathan entrou e me ajudou a sair, já que minha perna estava machucada.

Nós três corremos em disparada para longe. Até subimos alguns lances de escada, o Sr. Adams, o diretor da escola, nos viu e mandou nós pararmos de correr.

– Não se preocupe - disse Jonathan - se ele ver a Górgona, a névoa irá confundi-lo e ele pensará que é a Srta. Clarke.

– Gór... o que? Névoa? Do que você está falando? O que aconteceu lá? - eu perguntei aflita.

– Eu prometo que respondo quando estivermos longe daqui.

Chegamos ao nossos quartos, eu dividia o meu com a Meg, e o do Jonathan ficava do outro lado do corredor.

Eu e Meg pegamos uma mala preta e começamos a jogar tudo lá dentro - sem tempo para ser a miss organizada - enquanto Jonathan estava no seu quarto arrumando as suas coisas.

Meg pegou o anel que sua mãe havia deixado para ela e colocou. Eu lembrei que também tinha algo que valia a pena levar. Meu colar de chave. Era uma chave de bronze presa em um cordão preto, meu pai disse que era da minha mãe, pena que eu nunca a conheci. Chega, sem tempo pra pensar no passado, peguei o colar e coloquei no meu bolso.

Jonathan entrou pela porta segurando uma mochila em seus ombros e um chapéu de pescador.

– Vamos meninas, precisamos ir agora - ele disse meio aterrorizado, na verdade todos nós estávamos, mas ele tentava esconder isso

Saímos do corredor dos dormitórios e nos dirigimos para a saída. Ainda estávamos em um dos corredores quando a tal Górgona apareceu na nossa frente.

– Esperem meus amores, vocês não querem ter uma aula particular? - ela disse com a voz doce da Srta. Clarke enquanto seu "cabelo" sibilava.

– Não obrigado já estamos de saída - disse Meg.

– Ah, que pena, então vou ter que passar dever de casa - ela disse enquanto corria na nossa direção.

Suas garras estavam estendidas e seus dentes brilhavam com a luz da lâmpada do corredor, mas ela caiu. Olhei pra seus pés de galinha que estavam enrolados em uma planta que surgiu estranhamente do nada.

Olhei para a Meg, ela estava com um dos braços estendido, cada vez que ela fechava o punho mais a planta espremia as "pernas" da Górgona.

– Vamos logo enquanto ela está presa - Jonathan disse, mas ele também parecia surpreso pelo fato de Meg ter feito aquilo.

Passamos pela hippie enquanto ela tentava cortar a planta inutilmente. Fomos para o estacionamento, Jonathan roubou o carro da Srta. Claker, mas eu acho que ela não iria usar mesmo, só se os pés enormes de galinha coubessem ali, o que eu duvido muito.



***



Já estávamos na estrada há mais ou menos meia hora, e ainda sem sinal algum do mostro com cabelo de cobra.

– Vai nos explicar o que está acontecendo? - perguntei.

– Claro - Jonathan disse - mas não me interrompa nenhuma vez.

– Tudo bem - disse Meg.

– Os Deuses Gregos - Jonathan começou - eles existem, e as vezes eles... ficam com os humanos, tendo assim filhos meio Deuses e meio humanos, os semi-deuses.

– Isso é ridículo - eu disse.

– Não me interrompa!

– Ta.

– Como eu estava dizendo, a maioria dos semi-deuses vão para o Acampamento Meio-Sangue desde a ultima lei. Eles precisam ir para lá para treinar e aprender a lidar com os monstros que estão espalhados por ai, além disso, lá é o único lugar seguro para eles, porque existe uma proteção envolta dele, que não permite humanos, monstros e umas coisinhas a mais entrarem. Para que os semi-deuses achem o Acampamento eles mandam sátiros para as escolas em busca deles.

– E como é que os sátiros sabem quem são os semi-deuses? – perguntei.

– Os meio-sangues transmitem um cheiro diferente, por isso os monstros sabem onde eles estão. Nós, sátiros temos um olfato incrível, então sabemos quem são eles.

– Como assim "Nós, sátiros"? Você é um sátiro? - Meg perguntou.

– Sim, metade de baixo bode e metade de cima humano.

– Ficou feliz que a metade de cima seja humana - eu disse.

– Eu também - disse Meg - e o que você estava fazendo na nossa escola?

– Procurando meio-sangues, como os outros sátiros, e eu achei vocês.

– Como assim? Quer dizer que eu e a Mel somos semi-deusas?

– Exatamente.

– Mas meu pai nunca me contou nada.

– Normalmente eles nem sabem.

– Eu sou filha de quem? - perguntou Meg.

– Não sei - Jonathan respondeu.

– Você não consegue sentir o cheiro e dizer "Você é filha de tal deusa"?

– Não é assim que funciona.

– Eu pensei que os sátiros tivessem "um olfato incrível" - disse Meg fazendo aspas com as mãos.

– E temos, mas os Deuses Gregos não transmitem cheiros diferentes.

– Então como nós vamos saber?

– Quando chegarmos no Acampamento.

– E onde fica esse tal acampamento?

– Long Island, Nova Iorque.

– Estamos indo pra lá?

– Sim, chegaremos em uns 40 minutos.

– E a Górgona? O que é isso? - perguntei.

– É um monstro - disse Meg - eu li sobre elas no livro, são primas da Medusa, mas elas não podem petrificar ninguém.

– Ainda bem - eu disse.

– A Medusa é a única que petrifica porque Atena, a deusa da sabedoria, a amaldiçoou ela por ciúmes de Poseidon, assim ninguém mais olharia para a Medusa, ou viraria pedra.

– Tadinha.

– Atena é uma deusa, ela faz o que quiser, além disso, Medusa não é tão boa, na verdade ela não é nem um pouco boa. Ela vivia petrificando pessoas, semi-deuses e até mesmo – Jonathan engoliu o seco – sátiros. Mas desde a ultima vez que ela foi morta, nunca mais voltou.

– Como assim “nunca mais voltou”? Ela foi morta, como pode voltar? – perguntei indignada.

– Os monstros quando são mortos vão para o Tártaro, depois de alguns anos eles voltam, e a Medusa ainda não voltou.

– Por isso tem algumas histórias Gregas em que o mostro já foi morto antes?

– Sim, é por isso.

– E quem foi o ultimo a mata-la?

– Percy Jackson, filho de Poseidon, Deus dos Mares.

– Ele está no acampamento?

– Sim, mas chega de perguntas, eu respondo o resto amanhã.

– Espera, só mais uma.

– Tudo bem, a ultima.

– O que é névoa?

– A névoa é mágica, ela faz com que os humanos vejam as coisas em que eles são capazes de acreditar, por isso vocês e eu não conseguimos ver como a Srta.Clarke era realmente. Mas alguns humanos podem ver através da névoa, melhor que os semi-deuses e monstros, mas isso é muito raro.

– E...

– Respondo amanhã, agora descansem.

Jonathan tinha mudado tanto, ele parecia mais responsável.

Já estava ficando tarde, o sol estava se pondo, e com tudo o que tínhamos passado eu estava mais cansada do que nunca. Meg foi a primeira a dormir, em seguida eu.


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Notas finais do capítulo

Qual Deusa vocês acham que é a mãe da Mel e da Meg?Se gostaram recomendem por favor!