Ká-bum! escrita por Nobody


Capítulo 9
Capítulo 8 - Carta




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Com o amanhecer, uma carta chegou nas mãos de Willian.
- De quem é sinhozinho? - perguntou Adelaide que viera entregar a carta.
- É do meu tio.
- Óia, que bom sinhozinho! Vamos! Abra logo e a leia que esta negra está muito da interessada em saber o que há nesta carta!
Willian não abriu. Deu um leve sorriso e disse para Adelaide chamar Alicia, pois queria que ela lesse.
- Mas sinhô! As vezes ela num sabe ler...
- Ela disse para mim que sabia.
- Mas sinhô... lê vosmecê mesmo.. é mais rápido e ..
- Chega de ser tão curiosa Adelaide! Andes, vá logo chamá-la!
Adelaida foi chamar Alicia e em poucos minutos as duas já estavam na presença de Willian.
- A Adelaide não acreditas que sabes ler. Então proves a ela.
Ele então entregou-lhe a carta. Reparou que a garota estava com o rosto corado, e  ao vê-la assim, por alguma razão, sentiu-se envergonhado. Colocou a mão sobre sua face para que não notassem que também havia ficado vermelho. Mas nenhuma delas reparou: Alicia se encontrava de cabeça abaixada tentando abrir o lacre sem rasgar o envelope, e Adelaide estava concentrada fitando cada gesto da menina.
- "Querido sobrinho;" - Alicia começou a ler, e que para surpresa de Adelaide, lia perfeitamente bem. - "Venho por esta carta informar-lhe que estamos indo ao vosso encontro. Já se foram alguns dias a mais do que o nosso combinado e por isso iremos verificar se passas bem. Estaremos levando conosco a vossa noiva e sua família, para que possas confirmar o noivado nesta bela cidade em que te encontras. Prepare uma linda festa para a recepção de sua noiva, que se tudo ocorrer bem, chegará no dia vinte e sete de outubro. Espere-nos carinhosamente. De seu tio Oscar Bollier.
Willian ficou perplexo com tal notícia.
- Mas dia vinte e sete...
- É amanhã sinhozinho!
- Não pode ser! - Willian rezava para que Adelaide estivesse enganada.
- Pois é sim, sinhozinho! A carta deve de ter vindo atrasada. Agora nós teremos que correr com os preparativos sinhô!
- Eu sei que você conseguirá arrumar tudo a tempo. - e ele recolheu-se para o seu quarto.
Adelaide chamou todos os empregados e deu a cada um algum serviço, para que no próximo dia ocorresse uma grande festa.
Ao chegar o fim da tarde, Willian saiu de seu quarto, pegou um casaco e partiu para a cidade. Não disse aonde iria, simplesmente deixou a casa sem dar alguma explicação.
Anoiteceu e Willian ainda não chegara.
Todos já estavam dormindo, apenas Alicia andava pelo jardim. Poderia dizer que ela estava ali apenas por costume, mas sabia que aguardava o retorno do seu senhor, pois já estava ali a mais tempo do que o normal.
Quando já se passava da meia-noite,  sua preocupação aumentou por Willian ainda não ter voltado.
Após alguns minutos, ela viu um vulto que se aproximava da casa, o qual parou de repente e encostou em uma das árvores. Saiu correndo e com a aproximação ela pôde confirmar de que era mesmo o seu senhor que voltara.
- O senhor está bem?!
Ele olhou para Alicia que vinha em sua direção. Ao que ela chegou perto, ele a puxou pela mão e passou as mãos nos seus grandes cabelos que estavam soltos.
- Não se preocupes. Eu estou bem.
Quando ele disse essas palavras, ela sentiu um forte cheiro de álcool. Pelo o que percebera, ele passara o tempo que esteve fora bebendo.
Enquanto ela analisava a situação em que o seu senhor se encontrava, ele encostou-a na árvore.
- Você sempre faz o que eu mando, não é?
- É meu dever senhor.
Ele sorriu maldosamente. Colocando uma das mãos no rosto de Alicia, ele começou a beijá-la no pescoço, o qual cada beijo tornava o cheiro de álcool ainda mais forte.
-Então, ordeno que fiques parada... - disse a ela ao chegar em seu ouvido.
Alicia também aproximou-se do ouvido de Willian, e ao dizer-lhe que "cumpriria o dever de cuidar de seu senhor", espancou-lhe pela cabeça fazendo-o cair em seus braços.
Com muito custo, Alicia levou-o até a casa, e vendo que não conseguiria levá-lo até o andar superior, repousou- o no quarto mais próximo.
***
Willian acordou com o barulho de Alicia trazendo-lhe café.
- Obrigado.. mas porque eu estou... AI! Mas como dói a minha cabeça!
- Desculpe-me senhor, mas acredito que sua ressaca dói-lhe mais a cabeça do que a pancada que lhe dei.
- Oh Deus! Oh Deus! - ele sentou-se colocando a mão sobre o rosto ao lembrar-se, inconformado, do que fizera. - Me perdoe Alicia...
- Tudo bem senhor, eu seu que não estava em seu equilíbrio e... - ela foi interrompida pelas mãos de Willian que seguravam-lhe os ombros.
- Não Alicia! Não! Não deves dizer isso... me perdoe... - lágrimas começaram a brotar-lhe nos olhos.
- Não se preocupe senhor, eu nunca deixaria que....
- Pare Alicia! Não me trate com tanto respeito! Foi este respeito que fez-lhe passar por tantos problemas! Trata-me normalmente...
- Mas, senhor...
-Por favor Alicia. Eu vos imploro. Sejas minha amiga e não minha criada...
Alicia permaneceu um tempo em silêncio, espantada com tal pedido.
- Se é isso que queres.
- Por favor Alicia...
- Então comece tirando suas mãos de mim. - O tom da sua voz mudou tão repentinamente que até o assustou.
- Ah, sim. Me descul... - ele não terminou pelo fato de ser esbofetado no rosto. Alicia dera-lhe um tapa.
- Nunca mais tente fazer aquilo!
- É claro.
- E Willian; - ela lhe deu mais um tapa - Não faças mais nada imprudente! Aquele dia no poço e depois... Olhe para a tua mão! Penses antes de agir rapaz! Saibas que se algo acontecer ao senhor, Adelaide botará a culpa em mim! Agora, vá tomar uma ducha bem fria e trocar-se que a sua noiva poderá chegar a qualquer momento!
Ele sorriu. Aquele frio tratamento era tudo o que ele desejava.
Apesar de por dentro ainda remoer-se pelo acontecimento da noite passada e pela vinda de sua noiva, ele estava feliz por ter ouvido Alicia dizer o seu nome pela primeira vez.
- Obrigado. - Disse ele sorrindo a ela, enquanto saía.
Ela também sorriu.
Agora não precisaria tratar-lhe com tanta formalidade. Pelo menos, não colocaria mais um "senhor" em cada frase que dissesse.


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