A Menina Morte escrita por Nina


Capítulo 13
Ajudando o inimigo


Notas iniciais do capítulo

Oi :3
Então, hoje tem mais um capítulo. O primeiro do ano o/ Portanto, Feliz Ano Novo (atrasado, cof cof)

Frase: "Uns morreram outros vivos estão
Outros navegam no mar
Com as chaves da prisão e o diabo de prontidão
Remando sem cessar
Da fossa profunda sobe o sino a tocar
Como um som sepulcral
Vem convocar pra retornar
Ao destino final - Nossas Cores Erguei"



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Lâmia passava sua mão na face de Akira e murmurava aquelas palavras. Logo a menina percebeu que Nico e Leo estavam inconscientes e ela deveria protegê-los, pelo menos até que eles acordassem.

Mas esta conhecia Lâmia, não seria fácil enganá-la novamente. E não estava sozinha desta vez, havia os garotos. Akira não poderia atacar Lâmia com apenas uma adaga, não adiantaria. A mulher serpente faria com que a menina perdesse a consciência e assim não poderia pensar em como fugir e salvar a todos.

Akira não se mexia, apenas encarava Lâmia com desgosto. Ela parecia feliz pelo comportamento de Akira ao não reagir. Continuou a falar e se rastejar a sua volta. Akira estava em uma encruzilhada, ela queria atacar, queria matá-la, queria vingar a morte da mãe, mas não poderia fazer isto agora.

– Muito bem, minha querida Akira - Disse Lâmia com um sorriso estampado na face. - Muito sensato de sua parte não tentar me atacar. Já seus amigos... Eles não são muitos espertos.

– Eles só queriam se proteger. Proteger-me. - Encarou a mulher serpente - O que você quer de mim Lâmia?

– Só quero que você pague por fugir. Por todo este tempo em que você deveria estar morta, mas não estava. Por ser a única que um dia fugiu de mim. E agora não será mais. - Ela riu com desdém. – Foi um grande erro você voltar a este local menina.

– Eu não tenho medo de você Lâmia. – A menina passou a encarar a mulher serpente e não desviava mais o contato visual – Você sabe como eu consegui escapar. E a culpa é sua. – Ela riu, abaixou a cabeça fazendo com que sua franja cobrisse os olhos e projetasse uma sombra em seus lábios. – E vai ser assim que vou fugir novamente. – A menina riu sinicamente.

Lâmia ficou irritada. Avançou sobre Akira e apertou o pescoço fino e pálido da menina. As mãos ossudas e disformes de Lâmia tinham dedos compridos com juntas brancas, e na ponta compridas unhas pontudas, como garras.

As unhas perfuraram a fina pele do pescoço de Akira que estava sufocando com o aperto, mas a menina não tirava o sorriso do rosto. Um filete de sangue começou a escorrer de seu pescoço e manchar sua camiseta.

Lâmia ficou ainda mais furiosa e começou a levantar o braço, fazendo com que os pés de Akira ficassem nas pontas e depois não alcançassem mais o chão.

– Não-o me l-lembro de você ser a-assim – Disse Akira sufocada. Ela tentou respirar fundo, mas a dor agonizante na garganta e o aperto faziam com que o ar não chegasse aos pulmões. – Você-ê andou s-se exercitando.

Lâmia arfou e soltou Akira, que conseguiu respirar novamente. A menina começou a tossir desesperadamente e respirar rápido, até se acostumar novamente com o ar circulando em seu corpo, sendo carregado por suas veias e artérias.

– Me ajude a carregar as belas adormecidas para cima. Ou terei de matá-los aqui mesmo. – Lâmia apontou para os garotos. - O que será uma pena, terei de manchar meu tapete novo com sangue. E mancha de sangue não sai facilmente. Você carrega o magricela - Disse apontando para Leo e fez uma cara de nojo – E eu carrego o seu querido namoradinho.

– Ele não é... – Akira tentou dizer, mas foi interrompida.

– É claro que é. Vi como ele estava preocupado com você antes. Agora ande. Esse ai parece mais magro e mais fácil de ser carregado. E você não parece ser muito forte, não terá problemas em carregá-lo.

Akira se aproximou de Leo e passou o braço do garoto sobre seu pescoço e abraçou a cintura do mesmo o levantando. Ela olhou para Lâmia que arrastava Nico degraus a cima puxando-o pelo braço fazendo com que a cabeça do garoto batesse neles.

– Você poderia ao menos carregá-lo em vez de machucar mais e o fazer ter um traumatismo depois? – Akira puxou Leo para perto das escadas. Lâmia resmungou, mas pegou Nico e o jogou seu corpo inconsciente sobre o ombro direito. – Vamos lá Leo, me ajude um pouco.

Elas arrastaram os garotos para cima e pegaram o corredor que levava aos antigos quartos Akira e seus irmãos. Foram diretamente até a porta do antigo quarto da menina.

Lâmia abriu a porta com uma chave que Akira conhecia bem. Ao abrir a porta o quarto estava como em seu sonho: o chão ensanguentado e um corpo em cima da cama.

A menina conseguiu ver melhor agora. O corpo era de um garoto de pele bem morena, com cabelos negros. Seus cílios eram negros também, e imaginou que os olhos seriam escuros também. Seu corpo era claramente desnutrido, por culpa de Lâmia que deveria estar sugando seu sangue e o ferindo. Os braços dele estavam cortados e pareciam mordidos.

– Você. É. Um. Monstro. – Disse Akira. Lâmia jogou Nico no chão e o empurrou. Akira lentamente e cuidadosamente colocou Leo no chão e foi ver como Nico estava. Ela passou a mão na face do garoto e beijou a maça do rosto dele, que estava ensanguentada e fez os lábios de Akira ficarem mais vermelhos do que o normal. A menina limpou a boca na manga da camiseta e encarou Lâmia.

– Ah querida, descobriu isso sozinha? A maioria das criaturas que você enfrentou são monstros. – Lâmia riu em deboche da menina e esta ignorou o comentário da outra.

Akira continuava ao lado de Nico, mas foi puxada por Lâmia para fora do quarto, que foi trancado. A mulher serpente sorriu para Akira.

– Venha querida, agora é hora de mostrar seus aposentos.

Akira começou a se debater e foi arrastada até o quarto. Lâmia, para fazer a garota parar de se debater, rasgou a lateral do braço direito da menina, o que fez com que esta gritasse e sangue jorrasse pelo corte. Lâmia acorrentou Akira.

– Não adianta tentar fugir Akira, você não vai conseguir. – Lâmia passou um dos compridos dedos pela face de Akira. – Você está bem presa a estas correntes, eu verifiquei. Não tem como você mexer as mãos nem os pés, e as únicas coisas que você pode fazer são falar e me encarar.

Akira estava presa com correntes em um canto da sala. Ela tentava se soltar, mas realmente não conseguia mexer os membros. Ela estava apavorada. Como poderia se defender? Mas começou a pensar no Acampamento.

Lá ela aprendera que os filhos de Thanatos conseguiam ler parcialmente a mente dos seres. Eles conseguiam ver os maiores medos das pessoas, seus pensamentos sombrios e quando seria a morte deles, além de causar uma dor de cabeça horrível e conseguirem falar em seus pensamentos.

Será que seria possível ela conseguir fazer algo assim sem nunca ter tentado? Ela decidiu tentar, valeria a pena mesmo que não ocorresse como previsto.

Ela se concentrou em Lâmia, em como atingir os pensamentos da outra. Sentiu uma pressão em sua cabeça e depois um puxão. Tudo ficou escuro e frio. A sensação era esquisita e ela percebeu que estava dentro da mente de Lâmia, ela havia conseguido!

Algumas imagens começaram a aparecer, cenas horríveis passavam a sua frente. E lá estava ela. Ela estava se vendo. Mas o que ela estaria fazendo nos pesadelos da mulher serpente?

Decidiu começar a brincadeira, queria assustar um pouco a inimiga. E começou a murmurar palavras.

– Lâmia, por que tem medo de mim? Por que não me esquece? Por que não me deixa ir? É melhor você me esquecer!

– Pare com isso. Pare. Pare. – Gritou Lâmia.

– Você não vai fugir de mim. Eu vou te matar. – Falou dos pensamentos da mulher - Você irá pagar pelo que fez Lâmia. Vai pagar pela morte de minha mãe, pela morte de todos!

– C-como você está fazendo isso? Você não está falando. Saia da minha cabeça!

– Lâmia, eu não estou fazendo nada! Do que você está falando? Como eu estaria na sua mente? – Disse Akira olhando para Lâmia como se ela não fizesse ideia do que a outra estivesse falando.

Lâmia ficou branca. Será que estaria louca? Não quis acreditar. Mas com esse espanto acabou esquecendo-se do objeto em suas mãos: a chave do quarto. Ela derrubou-a alguns metros de Akira e saiu correndo, bem rastejando já que não tinha pernas para correr. Agora a garota só precisava achar um jeito de se soltar e pegar as chaves.

***

Com o grito de Akira, Leo e Nico se levantaram e correram para a porta. Bateram novamente desesperadamente, mas a porta continuava a não ceder.

O desespero começou a crescer nos peitos dos garotos, precisavam salvar Akira, precisavam a fazer parar de sofrer, precisavam da garota que amavam. Depois de o grito não se ouviu nada além das batidas incessantes na porta.

A manhã começou a despontar, o que indicava que estavam a horas batendo na porta e trancados dentro do sanatório. Decidiram parar de bater na porta e sentaram ao lado dela. Precisavam pensar e não gastar energia à toa. Passaram o resto do tempo em silêncio pensando.


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Notas finais do capítulo

E ai, gostaram?
Mereço reviews?
Quero saber o que vocês pensam!
Um grande beijo, Maah!



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