POV LIA

O silencio era grande, ouvia-se apenas os talheres de encontro com os pratos. Sentei-me ao lado de Sara e comecei a comer. Notei que Snape me olhava, pude perceber que ele estava triste. Eu sabia que estava sendo difícil para ele conviver e ter que cuidar de três crianças. Que ele estava arrependido do que tinha feito, pois no pouco convívio que ele teve conosco na manha de natal, ele tinha se afeiçoado muito com Carly.

- Professor queria saber se a biblioteca e liberada? – perguntei tentando quebrar o gelo.

- Sim, vocês podem entrar lá. – sua voz não passava de um sussurro.

- Vocês nada! Não faço questão de entrar lá. – Sara disse com desdém.

Um grito agudo veio do andar de cima, rapidamente me levantei e corri para lá junto com Sara e Snape. Ao entrar no quarto Carly estava tremendo e chorando.

- Shhh... Calma foi só um pesadelo, eu estou aqui! – disse abraçando-a. Ela me olhou e olhou para porta onde estava Sara e Snape, Carly virou o rosto escondendo em meus braços, chorando disparadamente.

- Ele... Vai... Me... Bater... – ela não parava de tremer.

- Snape, por favor, saia do quarto. – pedi vendo que Carly estava com medo dele.

Ele não fez menção de sair, então Sara o empurrou para fora. E eu tentei acalmar Carly que estava muito abalada.

- Calma maninha... Calma maninha... Ele já saiu agora me conta o que você sonhou. – quando ela conseguiu se acalmar, começou a contar.

 - Eu estava aqui no quarto, quando ele entrou com uma cara muito feia e começou a me bater, ele achava graça e eu estava com medo dele, ele me batia... Com... Força... – ela voltou novamente a chorar.

- Shhh! Calma ele não vai fazer isso. – eu abraçava, mas não adiantava ela continuava chorando. – Carly me escuta. Ele não vai fazer isso, ele se arrependeu do que fez.

- Vamos dormir. Que isso passa! – disse Sara indo para sua cama.

Eu fiz Carly deitar novamente e a enrolei e fui para minha cama. Duas horas depois Carly acordou novamente suada e gritando. Eu e Sara acordamos e sentamos ao lado dela na cama, tentando acalma-la.

- Sara fica com ela, vou lá embaixo pegar um copo de água. – disse ido ate a porta.

Estava descendo as escadas quando vi Snape sentado na poltrona olhando fixamente para as chamas da lareira. Andei silenciosamente ate a cozinha peguei um copo de água e voltei para o quarto e ao passar pela sala, ele continuava imóvel.

Sara havia acalmado a loirinha, no entanto ela não queria mais dormir, estava com medo de ter novamente os pesadelos. Ficamos alguns minutos acordada até que o cansaço venceu novamente.

Outra vez, na madrugada Carly acordou gritando. Passamos o resto da madrugada acordada com ela. Sara tentou ficar também, mas logo já estava dormindo.

O sol nasceu e o dia estava lindo, só que Carly não queria sair do quarto, estava com medo de encontrar Snape, mesmo eu dizendo que ele não ia fazer nada. Sara também tentava converse-la, mas nada adiantava.

Passei o dia no quanto com ela, Luk levou nossas refeições para lá. Durante a tarde tentei dormir junto com ela, mas logo ela acordou chorando, ela não conseguia dormir, todo vida tinha o mesmo pesadelo.

Dois dias haviam se passado, era a terceira noite, eu já estava com olheiras, Carly estava piorando cada vez mais por não conseguir dormir. A noite era chuvosa com trovões que dificultava a tranquilidade do local, Sara tentava dormir em sua cama, minha cama estava colada na de Carly e eu estava deitada junto com ela em meus braços que começava a dormir, mas novamente despertou gritando. Eu a abraçava e ela voltava a chorar tanto pelo pesadelo quanto pelo trovão que estrondava do lado de fora.

- Lia desculpa, mas não dá mais. Eu preciso dormir. – Sara disse se levantando da cama e saindo do quarto.

POV SNAPE

Três dias haviam se passado e Carly continuava a ter pesadelos. Toda noite era a mesma coisa. Eu queria poder fazer algo. “Merlin me ajuda, eu preciso mudar, eu preciso cuidar delas! Eu não posso ser esse monstro que eu sou.”

Estava em minha poltrona quando Sara passou por mim e se deitou no sofá.

- O que faz aqui Sara?

- Por favor, pai, faz alguma coisa eu preciso dormir, e a Lia também, já faz três dias que elas não dormem, eu estou sentido o cansaço de Lia e isso esta me matando. – ela lamentou quase chorando. Isso me machucou muito, pois tudo era minha culpa.

- Sara o que eu posso fazer, ela tem medo de mim. – disse escondendo meu rosto nas mãos.

- Eu não sei, vai lá pede desculpas ou qualquer outra coisa, mas vai falar com ela. – ela disse se aproximando de mim e pegando minha mão. – Vamos eu te ajudo.

- Não Sara! – eu não estava preparado para falar com ela ainda.

- VAMOS! – ela disse seria.

Sara me puxou até o quanto e quando entrei Lia me olhou surpreso e Carly começou a chorar mais. Sara de uma hora para outra ficou com raiva e me empurrou fazendo eu me sentar na cama de Carly.

- JÁ CHEGA CARLY, EU NÃO AGUENTO MAIS, PARA COM ESSE CHORORO E OLHA JÁ PARA ELE. – não vou mentir que seu tom me deu até um pouco de medo, Carly não se mexeu e ela ordenou de novo. – CARLY OLHA JÁ PARA ELE. - a pequena engoliu o choro e olhou para mim com receio. – VAMOS! AGORA VOCÊ, PEÇA DESCULPA A ELA. – fiquei surpreso com ela me dando uma ordem, mas não quis contraria-la.

- Carly, por favor, me perdoa eu fui um idiota por ter gritado com você, como eu já disse antes, tudo isso é novo para mim, eu não sei como reagir, mas eu te prometo não só a você, mas também a vocês duas que a partir de hoje eu irei mudar e tentarei ser um pai melhor. – disse olhando diretamente para Carly.

- MAIS ALGUM PROBLEMA? – ninguém se manifestou. – OTIMO! AGORA VAMOS DORMIR. – realmente ela precisava dormir se não mataria um.

 - Sara você precisa dormir, sabia? – disse brincando, mas sua cara de raiva me intimidou. Porem logo essa cara de raiva passou para medrosa com um trovão que estrondou do lado de fora.

Ela pulou na cama. Carly abraçou Lia com força e eu olhei sem entender nada. Como pode? Uma hora ela está com raiva matando todo mundo e na outra se escondendo de medo por causa de um trovãozinho.

- Que dizer que a furiosa tem coragem de gritar com Severus Snape, mas tem medo de trovão é? – disse zombando.

- Oh pai! Dá medo esse som estrondoso. – a pequenininha falou.

- Serio não acredito que vocês tem medo de trovão?! – olhei para Sara, para Carly e depois para Lia achando que ela seria a única que talvez não tivesse medo. – Você também Lia? – ela baixou a cabeça com um sorriso encabulado afirmando que sim. – Não acredito que minhas filhas tem medo de trovão! Tantas coisas para ser ter medo, e vocês escolheram logo trovão?!

- Ah! Qual é pai, que bem dizer que o senhor também não tem medo?

- Não! Não tenho. – afirmei convicto. E do lado de fora outro trovão foi ouvido. E as meninas voltaram a se encolher na cama.

 - Papai vem cá! – me levantei da ponta da cama e me aproximei da pequena.

- O que foi? – perguntei e na mesma hora ela me puxou fazendo cair na cama.

- Dormi aqui com a gente? – ela me pediu com a carinha de anjo. Mais um trovão escoou e ela me abraçou com força.

“Bem se eu quero mesmo mudar, então esse é o melhor momento para começar.”

- Tudo bem! Eu durmo. – disse me ajeitando na cama, e logo depois Sara pulou se deitando ao meu lado.

- Eu também vou dormir aqui, não quero ficar sozinha na minha cama.

- Tudo bem meu bebezinho, papai não vai deixar os trovões te pegar. – enfatizei o bebezinho, zombando dela. Lia e Carly riram.

- Por favor! – ela me olhou com reprovação. – Você não combina fazendo esses tipos de brincadeira. E eu não sou bebê.

“É verdade! Nem sei por que falei isso! Mas a cara que ela fez por eu tê-la chamado de bebezinho foi muito engraçada.”

- Mas eu concordo com ele.

- Cala boca tampinha, sua opinião não conta.

- Eu não sou tampinha.

- É sim!

- Não sou!

- É sim

- NÃO sou!

- Ei já chega! – melhor para logo com isso se não ira durar a noite toda. – Vamos parar com essa discussão besta!

- Mas foi ela que começou. – Carly disse com vozinha de bebê.

- Não é minha culpa se você é mesmo uma tampinha.

“Mas será possível que essas duas não vão para!”.

- O que foi que eu falei sobre vocês pararem com essa discussão! – disse um pouco serio com o intuído de causar medo. Mas que ficou responsável pelo medo foi novamente um trovão. Elas se esconderam em meus braços, Sara do lado esquerdo e Carly do direito junto com Lia.

A chuva piorava e os ventos ficavam cada vez mais fortes, me ajeitei melhor na cama em uma posição que fosse confortável, mas não teria jeito, pois quando fosse de manhã eu estaria todo dolorido, o motivo: Sara estava em cima do meu braço esquerdo com a cabeça em meu ombro, enquanto Carly e Lia estavam do lado direito. Como Carly era pequena ficou com a cabeça em meu peito e Lia com a cabeça em meu ombro. Praticamente eu não podia me mexer.