Minha vida está acabando.

Acordo e me deparo com uma imagem deprimente, minha mãe está sentada em uma cadeira dura de hospital ao lado de minha cama igualmente desconfortável, um azul de péssimo gosto recobre a parede, uma escultura de mármore em miniatura serve de decoração para o quarto pequeno de apenas uma cama - a minha. Acho que já estou "dormindo" há muito tempo, não consigo sentir minha pernas, tudo está dormente.

–Mãe?!

–Filha! - grita com um ar de alívio-Finalmente você acordou, você estava em coma faz uma semana.

Não me surpreendi com notícia, mesmo não sabendo em que "dimensão" eu estava. Imediatamente minha mãe chama o médico que estava cuidando do meu caso apertando em botão vermelho ao lado da cama. A porta se abre, um homem alto, de formas perfeitas entra, seu rosto parecia ter sido desenhado por anjos, o cabelo era levemente escuro, seus olhos brilhavam de acordo com seus movimentos em minha direção.

–Olá Nina, finalmente acordou!

– Oi - respondi hipnotizada por seus lindos olhos verdes.

– Está se sentindo bem?

– Sim, mas não consigo sentir minhas pernas.

– Acame-se, você não está paraplégica. Isso acontece devido ao tempo em que você ficou desacordada.

Me acalmei, sua voz soava como música para mim, seus movimentos pareciam ser calculados para de alguma maneira fazer com que as pessoas se apaixonassem por ele. "Como eu poderia estar apaixonada? Conheço ele a aproximadamente 5 minutos" pensei. Estou, tudo nele me chama a atenção.

–Como é o seu nome? - perguntei como quem não que nada.

–Patrick!

Ao menos sei seu nome.

Ele saiu do quarto, fiquei a sós com minha mãe, ela ainda estava paralisada por eu ter acordado, não sei o porquê. Quando estava em casa nossas brigas eram constantes, ela era e acho que ainda é, louca, me forçava a dançar até meus dedos não aguentarem mais. A culpa de eu estar em uma cama mofada de hospital era dela, minha também, mas mais dela, sua pressão me fez treinar, dançar, me torturar...por mais que seja minha mãe, nunca gostou de mim, ela queria que eu tivesse tudo aquilo que ela não pôde ter. Frustrada? Sim, meus transtornos em relação à alimentação começaram quando ela disse que eu estava gorda para dançar balé.

Minha vida era "perfeita" apenas aparentemente, por dentro estava infeliz. Não sei se estou gorda, feia, magra ou completamente desnutrida, no quarto não havia nem um espelho.

–Mãe, me dê um espelho por favor!

Ela me deu, minha imagem é pavorosa, meu cabelo estava parecendo um ninho de aves, meus olhos estavam vermelhos, minha pele seca e pálida como uma folha de papel. Nunca me senti tão feia quanto agora. Quando estiver melhor talvez possa usar meu Studio Fix - ou não.