Aquela turma de bravos guerreiros tinha fúria nos olhos. A ponte era imensa, mas quem se importava? No meio de uma batalha não importa o quanto você corra, sempre vai parecer que deu dois passos até que finalmente a luta acabe e você sinta seu corpo implorar por repouso. Era esse o espírito que dominava aqueles asgardianos.

Thor e Loki iam à frente, destacados com seus elmos de asas e chifres e capas vermelha e verde, respectivamente. Thor movia seu martelo incentivando os companheiros com gritos de guerra. Loki ia calado, concentrado, seu braço com a lança estendido firme à sua frente. Ele analisava cada centímetro que aparecia em seu caminho.

Não demorou a chegarem no local do confronto. Qual não foi a surpresa de Loki ao ver jottuns guerreando contra os guardas da ponte, sob o comando de Heimdall. Ora, ora, eram os velhos oponentes do mundo de gelo. Do SEU mundo de gelo. Loki já tinha lutado contra aquele povo tantas vezes! Sabia como eles agiam, sabia como lutavam. Ele os odiava! Odiava saber que tinha aquela ascendência, que era... aquilo! Não, ele era um asgardiano, lutava por Asgard, agora mais do que nunca. Mas era impossível que sua origem não mexesse com ele, embora isso não afetasse sua desenvoltura na batalha. Ele só tinha um único pensamento em mente:

– Só quero terminar isso logo e voltar aos braços de Silvia pra esquecer dos problemas.

Thor lutava com extrema destreza, como sempre. Era conhecido por ser o maior guerreiro de Asgard e realmente fazia tudo pra manter isso vivo! Seu martelo acertava cabeças jottuns sem dó nem piedade, reduzindo ao chão vários deles rapidamente.

Sif, deusa da guerra, se sentia mais do que em casa naquele momento. Era o que ela fazia de melhor! Volstagg, Fandral e Hogun formavam um escudo para si mesmos e eram inseparavelmente indestrutíveis! O resto do exército lutava com suas vidas! Se não fosse uma guerra, dava pra dizer que era algo lindo de se ver! A paixão, a raça, a garra nos olhos de todos eles, sem exceção, os fez dizimar a horda de invasores rapidamente.

Em dez minutos, tudo que havia eram corpos de jottuns caídos pela ponte (fora aqueles que tinham caído no mar que corria abaixo deles) e apenas alguns dos asgardianos com ferimentos graves. Thor e Loki tinham arranhões, mas nada que fosse muito sério. Com o fim da luta, perceberam como estavam exaustos. Arfavam pesadamente e seus braços doíam de tantos movimentos.

Mas o peso físico não se comparava ao peso mental. Os jottuns tinham invadido Asgard. Desde aquela vez que Loki mostrou caminhos alternativos para entrar no mundo mágico, Heimdall tinha problemas triplicados! Agora, com os mundos declarando guerra, Odin temia que os gigantes de gelo abrissem o bico por aí sobre como se ocultar do Guardião da Noite.

Agora, se isso era ruim para toda a “massa” asgardiana, imagine como Loki se sentia! Sério mesmo, ele nunca esteve mais depressivo. Saber que os principais problemas de Asgard tinham como causa seus planos malignos fazia sua cabeça estourar! Caramba, ele pensava que se arrependendo, decidindo pelo lado bom, as coisas iam melhorar. Honestamente, era tudo mais fácil quando ele era um vilão...

– Tudo bem, irmão? – Thor interrompe seus pensamentos.

– Sim, está...

– Parece pensativo.

– É... as coisas estão sérias, Thor. É tudo culpa minha.

Thor sente uma pontada no coração ao ver seu irmão falar daquele jeito.

– Ei, acalme-se. O que importa é que está conosco agora.

– É... eu sei.

Não passava pela cabeça de Loki voltar ao lado obscuro. Sua mudança fora realmente completa, verdadeira. Mas aquele sentimento estranho de culpa, de dor (embora ele mesmo não soubesse que era isso), o atormentava demais. Tanto que nem percebeu quando já estava de volta à sala particular da família Real.