O Lobo Errante escrita por Oblivion


Capítulo 3
O Fim


Notas iniciais do capítulo

Então gente, essa minha fic chegou ao fim. Espero que gostem.



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Horas Depois...



– Acorde. – disse uma voz. Ele não conseguiu saber de onde vinha.

– ACORDE! – a voz repetiu, dessa vez mais alta. Ele então abriu os olhos.

Não sabia onde estava. Não parecia com Juno ou com qualquer lugar aonde ele tenha ido. O céu estava limpo como nunca, o ar estava agradável novamente e podiam-se ouvir pássaros cantando em árvores ao longe. Tudo estava bastante quieto ali. Ele olhou para baixo e viu seu corpo. Ele não usava mais a sua tradicional armadura, estava vestindo uma armadura feita de couro grosso, adornada com pelos prateados. Seus braços e pernas estavam protegidos por placas grossas de couro que tinham consistência parecida com a de aço, seu tórax era protegido por placas de um metal escuro, suas luvas eram leves, porém resistentes, com adornos parecidos com garras em cima dos dedos.

Ele procurou quem o havia acordado. Ali havia uma linda e alta mulher com longos cabelos negros. Suas memórias foram voltando e com elas várias perguntas surgiram: – Quem é você? Que lugar é esse?! Eu MORRI?!! – o rapaz nunca pareceu tão histérico quanto naquele momento.

– Acalme-se meu jovem, tudo será esclarecido à você em breve... – disse a mulher, com uma voz séria.

*ROOONC!!*
O estômago de Mikkael ronca. Ele estava faminto como um animal.

– Venha meu caro. Há um banquete esperando por você. – disse a bela mulher, conduzindo o lorde por um caminho de pedras.

Eles andaram até chegar a um castelo enorme, todo adornado com metais e pedras preciosas, com proporções inigualáveis, talvez 100 vezes maior do que o castelo de Prontera. Ao entrar, o lorde viu que o lugar estava desértico, somente algumas poucas pessoas passavam por ali, não conseguiu contar nem uma dezena. A Mulher o levou até um dos cômodos do castelo, era um salão de jantar enorme, várias mesas compridas estavam dispostas no salão, dentre elas se destacava uma maior do que as outras no centro, onde em um dos lados, estava uma poltrona de pedra enorme, adornada com dragões entalhados.

– Que lugar é esse? – Perguntou Mike.

– Este é o Välhalla. A sala onde estamos é o salão de festas do palácio.

– Impossível! – disse o lorde. – Eu já vim ao Välhalla antes e ele não se parecia com o que eu vejo aqui...

– Não, você nunca veio ao Välhalla. ESTE é o verdadeiro Välhalla. O que vocês mortais chamam de “passagem pelo Välhalla” é só uma mera visita ao Salão das Valquírias, um local construído justamente para receber os guerreiros que ainda voltarão à vida. Somente os Einherjar por completo vêm até aqui. – explicou a mulher.

– Mas então... Isso quer dizer que... eu morri?! – perguntou o garoto, preocupado.

– Não. Você não morreu. – Ela deu uma pausa – Guarde suas perguntas para depois, é melhor que você se alimente bem agora. Sua viagem foi longa e cansativa.

Mesmo sem entender algumas coisas, ele resolveu confiar na mulher. Sentou-se em uma cadeira da mesa mais próxima, mas ficou indignado. Não havia nada na mesa. Nenhum talher ou prato.

A Mulher bateu palmas duas vezes e como se fosse mágica, um banquete surgiu diante do lorde. Ele se espantou. Muitas de suas comidas e bebidas preferidas estavam ali. Ele se fartou do bom e do melhor, bebeu o melhor hidromel que já havia provado na vida e comeu um ótimo ensopado de porco com batatas.

Após estar satisfeito, ele limpou a boca com um guardanapo e se levantou. Ao afastar a cadeira da mesa, tudo o que havia aparecido sumiu da mesma forma que veio. Ele se virou e viu que a mulher ainda o esperava na entrada do salão.

– Venha comigo Mikkael... – disse a mulher.

– Como você sabe meu nome? – perguntou Mike – Você é uma deusa?

– Quase isso... Digamos que eu... – ela parou e deu uma risadinha – ouço falar das coisas.

Eles andaram por corredores e subiram por escadarias, passaram-se alguns minutos até que eles chegassem no local.

– É aqui. Entre. – disse a Mulher para o garoto.

Mikkael entrou no salão e a mulher entrou depois, fechando a porta. O salão estava bastante escuro, porém algo que parecia um poço no centro do salão iluminava o teto do local. Ao se aproximar da água, Mikkael percebeu que o poço mostrava uma guerra acontecendo. Mas não parecia o que ele havia presenciado em Rune-Midgard.

– É o Ragnarök. Esses que você vê lutando são os Deuses e seus aliados lutando contra Loki e sua legião. – Disse a mulher, estranhamente, antecipando a pergunta que o rapaz estava prestes a fazer.

– Então, se todos estão lá lutando, por que eu estou aqui? Eu quero ajudar meus companheiros em Midgard!! – disse Mikkael, lembrando-se de seus parceiros da Ordem da Valquírias.

– Sua função é outra. A profecia diz que Odin irá morrer em breve. E, prevendo isso, em seu testamento ele deixou para você uma herança...

– Herança? Como assim? – perguntou Mike, confuso. – Eu nunca vi Odin na minha vida. Como ele poderia confiar algo à mim se eu não o conhecia?

– Mas ele sabia quem era você. Por isso te escolheu. Assim como ele escolheu seu bisavô...

– Meu bisavô? Ele também teve alguma relação com isso tudo? – A única coisa que Mikkael se sentia capaz de fazer naquele momento era tentar entender a situação. Mas as perguntas eram muitas, e as respostas pouquíssimas. – Que herança é essa afinal, que Odin deixou para mim?

– Ele te deixou isso... – Ela arrancou a proteção do braço esquerdo de Mike e levantou a manga da cota de malha, revelando uma marca feita à fogo. O desenho tinha uma forma de três triângulos entrelaçados entre si.

– O que é is... – o lorde não teve sequer tempo de perguntar o que era aquilo. Rapidamente a mulher arranhou o braço no local do desenho. Suas unhas afiadas cortaram fundo a pele do garoto e seu sangue começou a escorrer lentamente. Ela fez o mesmo com o próprio antebraço, pegando um pouco do próprio sangue com a mão e passando por cima do braço ensangüentado do jovem. – Arrghh!! – gemeu o rapaz. A marca brilhava intensamente e começava a produzir uma pequena fumaça. A mulher agarrou o braço e a cabeça de Mikkael e os mergulhou no poço.

A água do poço começou a ficar vermelha e a produzir uma fumaça também avermelhada. A Mulher segurou o lorde ali por algum tempo e depois o puxou de volta. Os olhos do jovem estavam novamente numa coloração amarelada, mas dessa vez suas pupilas estavam maiores, assemelhando-se às de um animal. A marca em seu braço havia se tornado uma tatuagem preta com um formato de três luas crescentes entrelaçadas. O olhar do rapaz ficou por alguns momentos completamente vazio, como se ele estivesse em algum tipo de transe. Depois de um tempo seus olhos voltaram ao normal e ele voltou a si.

– ...Então é assim que o mundo realmente é... – disse Mike, de maneira serena.

– Você agora compreende, então. Você recebeu a última benção de Odin. – após dizer isso, ela pegou uma pequena caixa de um de seus bolsos. Ao abri-la revelou um pingente com um medalhão em formato de martelo invertido. Seu formato era peculiar, mas o que mais chamava atenção era o detalhe de uma cabeça de lobo no cabo do martelo. O lobo literalmente mordia o cordão, mantendo o martelo preso. Junto desse pingente também haviam quatro presas de lobo servindo de adorno, duas em cada lado do cordão.

– Esse tempo todo, o que foi pra mim uma maldição de família, agora se revela uma dádiva. – disse Mike, como se compreendesse o propósito de sua “diferença” dos seres humanos normais.

– Sim. Por isso, a partir de agora você tomará um rumo diferente na sua vida. – Mikkael põe o pingente em seu peito enquanto escuta a mulher. De repente, o pingente começa a brilhar intensamente. – Odin não podia deixar que Midgard ficasse desprotegida. – continuou a mulher. – Mas ela precisava de alguém a quem pudesse confiar essa função. E assim como seu bisavô foi um guerreiro de Odin, você agora também será. Mesmo após sua morte, você o lembrará, mas acima de tudo, protegerá o mundo que ele criou. Mundo no qual você nasceu. – ela parou de falar e tocou na mão esquerda do lorde, ainda sem a proteção. Uma onda de energia subiu pelo braço do rapaz até chegar aonde a marca estava. Três pequenas bolas pretas apareceram ao redor do símbolo. – Odin lhe deixa o espírito de Huginn, a memória, para lhe guiar. Ele o ajudará em suas jornadas daqui por diante...

– Obrigado. Honrarei a fé que Odin e os Esir depositaram em mim! – disse Mike, honrado por ser escolhido para tanto. Pegou sua proteção de braço e a colocou de volta no lugar.

– Agora vá. – disse a mulher misteriosa – Porque, a partir de hoje, você não mais será um simples ser humano. Você será conhecido como “Hvítavargen”. O último Úlfhedinn de Midgard, mas também, o primeiro Guerreiro de Odin da nova era!

Mike sorriu. Ele não se importava com a responsabilidade a ele incumbida. Finalmente ele havia descoberto a razão de seu nascimento e era isso que importava para ele. Ao mergulhar no poço lhe foi revelada sua primeira missão como Guerreiro de Odin. Agora ele iria atrás de seu destino.

– Aliás... Você não me disse seu nome ainda. – comentou Mike.

– Eu sou Geri, a loba voraz. – falou a Mulher.

– Já imaginava isso... – disse rindo. Ele deixou o cômodo, desceu as escadas e conforme se aproximava da saída do castelo, acelerava seu passo. Abriu o portão e correu pelas planícies Idavöll. Corria pelos campos sem destino. Sorrindo como nunca. Conforme ele corria, sua aparência mudava. Ele cada vez mais se parecia com o que realmente era.


Era o Ragnarökr chegando ao fim. Um novo começo. A volta dos que caíram. Uma nova era estava por vir.

O céu estava calmo, milhares de estrelas iluminavam a noite, a brisa leve de Asgard corria por entre as árvores, tudo estava tranqüilo. Um lobo prateado corria livre pelos campos. Corria em direção à Lua. Corria em direção ao seu Destino...


 


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Notas finais do capítulo

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