Droga!

  Tenho que ser rápida se eu quiser entrar na sala. Maldito despertador!

  Primeiro o direito, depois o esquerdo. Já estou suada, minha cara deve estar extremamente vermelha, e o pior de tudo, eu não tive tempo nem de me maquiar! Eu devo estar parecendo um zumbi, cheia de olheira, com essa cara amassada de sono, o cabelo todo desgrenhado, a roupa amassada, a alça da bolsa escorregando pelo meu ombro direito.

  Entro na sala de supetão assustando meus “colegas” de classe e a professora.

  – Senhorita Sevina – começa a professora – O que houve para chegar tão atrasada?

  – Eu perdi a hora, professora – respondo com um sorriso amarelado.

  – Percebi – ela diz, segurando o riso assim como todos da turma. Filha da puta – Pode entrar, mas só desta vez.

  – Clove – vai começar – , adorei seu cabelo, fez aonde? No lixão? Porquê até no puteiro as putas tem cabelos melhores que o seu – lhe mostro o dedo.

  – Calma, só foi um comentário – diz Cashmere cínica.

  – Então por que você não pega esse seu comentário, e enfia nesse seu cú arrombado?! – respondo irritada.

  – Eu não sou você pra ter o cú arrombado – ela fala agora irritada.

  – É claro que não é – abro um sorriso cínico –, pelo menos, eu faço o serviço direito, enquanto você, queridinha, nem pra isso serve, é uma completa fracassada, loira burra, todo mundo se aproveita de você, enquanto você fica que nem uma cachorrinha sem dono atrás dos outros, prova disso é Plutarch, que só te procura em caso de emergência, se é que você me entende – vejo seus olhos se encherem de lágrimas.

  – Já chega! – a professora se manifesta – Clove, diretoria, AGORA!

  – Mas, e ela? – pergunto incrédula.

  – Cashmere, vá ao banheiro – diz Paylor, ignorando minha pergunta.

  Pego minha bolsa – que ainda estava intacta – e saio da sala seguindo caminho para a direção do colégio.

  Isso não é justo! Foi ela quem começou! Por que eu tive que levar a pior?!

  Chego na direção e a recepcionista me manda esperar. Depois de alguns minutos, vejo um loiro sair da sala de Snow.

  – Gloss?! – pergunto, ao ver seu rosto vermelho, e um leve corte na altura da sobrancelha.

  – Clove?! – ele parece tão surpreso quanto eu.

  – Clove – escuto a voz de áspera de Snow me chamando –, pode entrar.

  Deixo Gloss lá e entro na sala.

[...]

  Saio da sala de Snow. Ele me liberou dessa vez, mas antes eu tive que ouvir o discurso que nós devemos trabalhar em equipe, e não ficar brigando entre si e mais um monte de baboseiras, que eu, sinceramente, acho perda de tempo.

  Estou voltando para a sala de aula, quando ouço um gemido baixo. Sigo o som até a sala de música, quando me deparo com uma cena chocante.

  Brutus e Enobária no maior amasso, só falta eles terem relações sexuais ali mesmo.

  É melhor eu sair daqui antes que me peguem, ou pior, peguem eles e pensem que eu estava participando da diversãosinha que estavam tendo. Que orgia!

[...]

  – Eu não acredito que você foi para a diretoria no primeiro tempo de aula! – dizia Peeta rindo.

  – A culpa não é minha! – falo – Ninguém mandou aquela mal-amada querer se meter comigo! – me defendo.

  Peeta não fala nada, só me olha divertido.

  – E tem mais – digo –, quando eu sai da sala do Snow, vi Brutus e Enobária na maior pegação dentro da sala de música, só faltava eles se engolirem, uma brutalidade só! Até que faz sentido... Brutus + Enobária = Brutária – vejo Peeta rir e rolar os olhos.

  – Mas o que você pretende fazer em relação a Everdeen? – pergunto curiosa.

  – Eu ainda não sei – diz o loiro abaixando à cabeça e suspirando tristemente.

 – E o Cato? Já te apresentou a galera “popular”?! – pergunto.

  – Ele vai fazer isso hoje, na hora do almoço, aí eu vou almoçar com eles – explicou.

  – Ótimo – digo animada.

  – Mas e se eu fizer errado e eles não gostarem de mim?! – Peeta pergunta apavorado.

  – Fica tranquilo “Conquistador”, é só você ser você mesmo, eles com certeza irão gostar de ti – digo sincera, o acalmando um pouco.

  – Espero que sim – ele diz um pouco apreensivo, porém, mais relaxado.

  “Eu também espero”.

[...]

  Procurei sentar em uma mesa próxima a dos populares para poder ver e ouvir melhor o que acontecerá nos próximos minutos.

  Estou sentada na mesa, comendo sozinha, como sempre, quando vejo dois loiros entrando no refeitório.

  Quando os olhos de Peeta enxergam Katniss, eles brilham como um diamante, e o loiro abre um sorriso enorme, verdadeiro. Chega a dar inveja a forma como ele a olha. Eu queria que um garoto me olhasse assim. Suspiro frustrada.

  Foco.

  Eles chegam até à mesa e percebo que Peeta está um pouco tenso, mas parece que Cato também percebe, pois aperta, amigavelmente, o ombro do mesmo.

 – E aí galera – diz Cato – Esse aqui é o...

  – Peeta?! – pergunta Katniss confusa.

  – Você conhece ele? – Cato pergunta, igualmente confuso.

  – Conheço – Katniss balança à cabeça levemente, como quisesse se livrar de algum pensamento – Nós fazemos aula de Química juntos. Mas o que ele está fazendo aqui?

  – Então, era isso que eu dizer – Cato diz –, ele faz aula de espanhol comigo, e bem, nós ficamos amigos recentemente, e agora ele vai sentar aqui com a gente – Finnick abre a boca para falar algo, porém Cato é mais rápido –, antes que perguntem, não, ele não entrará para o time, mas tenho certeza que a inteligência dele compensa – Cato sorri.

  – Ah sim! – Katniss diz com um sorriso – Ele tirou a nota mais alta em Química. Na verdade, ele foi o único a conseguir uma boa nota.

  – Mas ele não é, tipo assim, “nerd”? – pergunta Finnick.

   – Se ele é ou não, não importa – diz Cato ríspido –, ou você tem algo contra?

  – Não, foi apenas uma pergunta – responde Finnick se endireitando na cadeira.

  – Como você conseguiu tirar uma nota tão boa em uma matéria tão difícil e chata?! – pergunta Katniss ignorando a breve discussão que acabou de acontecer, e tirando o clima tenso.

  – Na verdade, não é tão difícil assim – responde Peeta –, se você quiser, eu posso te ajudar – ele propõe. Garoto esperto!

  – Eu aceito, estou precisando melhorar minha nota nela mesmo – responde a Everdeen com um sorriso simpático.

  – Bom – Annie se pronúncia – Bem-Vindo ao grupo! – ela levanta um copo, em forma de saudação.

  Todos do grupo levantam seus copos e brindam a chegada do mais novo membro.

  Fase 1: Completa.

[...]

  – Obrigado por ajudar Cato – digo.

  – Eu que tenho que te agradecer – ele diz, me fazendo parar de andar –, você tem razão, o Peeta é o cara ideal para a Kat, e pelo visto, eles já estão se dando muito bem – ele aponta para o casal a nossa direita, e um sorriso involuntário escapa dos meus lábios.

  – Eles são o casal perfeito – digo, ainda sorrindo.

  – É, eles são – Cato concorda.

  – Eu estou tão feliz pelo Peeta! – digo sentindo meus olhos marejarem de felicidade.

  – Sabe – Cato diz olhando nos meus olhos –, talvez, você não seja tão má quanto quer demonstrar. – Dizendo isso, ele vira e segue seu caminho.

  Talvez Cato tenha razão, e eu não seja tão má assim. Eu não tenho certeza quanto a isso. Mas eu tenho certeza de duas coisas:

  Peeta é como se fosse um irmão pra mim e...

  Ele e a Katniss TEM que ficar juntos!