Certo dia eu recebi uma visita inesperada. Minha mãe atendeu a porta e me chamou.

− Sophie desça aqui, é para você.

Curiosa para saber quem era, desci correndo as escadas e quase cai tropeçando no tapete. Sentado no sofá da sala estava Jeff, vestindo uma bermuda cáqui e camisa pólo vermelha. Tão bem arrumado que me senti uma criada com o vestido remendado que eu estava usando.

− Jeff?

− Olá Sophie! Disse ele vindo ao meu encontro e me dando dois beijos no rosto.

− Oi, hã... E aí? Você sumiu. Te liguei a tarde inteira ontem. Como vão as coisas? Eu perguntei me sentando de frente para ele no sofá.

− Eu estava em uma viagem. Sabe como é né, palestras de medicina. Falou parecendo entediado. − Quer dar uma volta? Eu vim de carro. Ele disse agora sorrindo do mesmo jeito de sempre.

− Hã... Claro! Deixa eu me trocar e já vamos. Falei já saindo correndo para o meu quarto.

Nossa, que loucura! Pensei encostada na porta do quarto. O que eu iria vestir? Ele estava tão lindo que para sair com ele eu deveria me vestir à altura. Então vasculhei meu guarda-roupa à procura do meu vestido branco estampado com flores vermelhas. Desembaracei os cabelos com a mão e o enrolei em um rabo de cavalo. Perfeito!

Quando desci, ele estava de costas para mim olhando pela janela da sala. Seja o motivo que fosse que o levou a me visitar naquela manhã, eu estava ansiosíssima para falar com ele. E estava também muito nervosa. Onde será que nós iríamos?

− Jeff... já podemos ir.

− Oh! Sophie, você está... Incrível. Disse ele me olhando intensamente de cima a baixo. Parece que consegui gerar um efeito que eu não esperava. Olhei para ele e sorri.

− Obrigada!

Entramos no carro e antes de ligar o carro Jeff se virou para mim e disse:

− Eu gostaria de te levar para minha casa, acho que lá poderemos conversar com calma. Tudo bem para você?

− Jeff, eu não sei se isso seria uma boa ideia. Por que não damos uma volta hã... Que tal no jardim do Museu Imperial? Lá me parece um lugar bem tranquilo.

− Tudo bem então. Disse ele enquanto ligava o carro.

O clima estava um pouco tenso. Tanto é que fez-me lembrar da primeira vez que eu entrei naquele mesmo carro com o Jeff. Eu me perguntava por que ele queria me levar para a casa dele. O que ele tinha para me dizer? Me sentia um pouco incomodada pelo fato dele ainda não ter tocado no assunto do beijo. Eu esperava ansiosamente que ele me desse mais explicações para o seu desaparecimento, pois a história das palestras de medicina ainda não havia me convencido totalmente.

Chegamos bem rápido ao Museu. O difícil foi encontrar um lugar para estacionar. Assim que conseguimos nos dirigimos ao jardim. Procuramos um banco para podermos sentar e conversar calmamente, como Jeff queria.

− Agora acho que podemos conversar. E por favor, vá direto ao assunto. Eu disse esperando ansiosa que ele começasse.

− Olha Sophie, eu acho que estou ficando louco. Eu, eu... Ele disse parecendo muito tenso e nervoso.

− Fale Jeff. Por que você está ficando louco? O que é isso? Perguntei preocupada, eu nunca o tinha visto daquele jeito. – Por favor Jeff, você está me assustando.

− Sophie... eu, eu... estou louco por você. Disse ele sem conseguir me encarar nos olhos. Eu não sei o que me deu, mas eu caí na gargalhada. Jeff louco por mim? Isso só podia ser brincadeira.

− Jeff deixa de brincadeira vai. Você, louco, por mim?

− É tão difícil de acreditar assim Sophie. Eu nunca me apaixonei de verdade e fiquei muito surpreso com o que comecei a sentir por você. Lembra daquele beijo? Eu senti algo tão forte que não sabia como explicar o que eu sentia. Tentei manter distância. Viajei, mas em nenhum momento consegui tirar você da minha cabeça. Percebi que estava ficando louco e precisava te ver, e aqui estou. Ele disse olhando-me.

− Eu não sei o que dizer. É muita informação. Eu disse emocionada e com lágrimas nos olhos.

Na verdade, naquele momento eu estava muito confusa. Me deu um vontade profunda de chorar. Eu não sei o que estava acontecendo comigo. E Jeff, vendo que eu estava chorando, pois não pude conter as lágrimas, achegou-se ao meu lado e me abraçou. Foi aí que eu chorei mais.

− Sophie, por favor não chore. Eu não espero que você sinta o mesmo por mim. Mas farei de tudo para conquistar seu coração. Ele disse me fazendo carinho na cabeça.

Entendi uma coisa. Entendi que apesar de Jeff ser um ótimo rapaz, eu não nutria o mesmo sentimento por ele. Acho que estava chorando por não poder correspondê-lo. Algo na minha cabeça me alertava que talvez não fosse só por isso.

Não consegui pronunciar uma única palavra. Apenas me levantei e comecei a andar pelo jardim. Para me dar espaço, Jeff me seguia de longe. Eu estava com medo de dizer a ele o que eu realmente sentia. Queria me esconder, me trancar no meu quarto e desaparecer.

− Podemos ir embora? Eu perguntei ainda virada de costas.

− Antes eu preciso saber o que você achou, do que eu te disse. Disse ele com voz triste, como se esperasse um não. Eu estava me sentindo mal com tudo aquilo. Não queria alimentar suas esperanças, mas também não queria magoá-lo. Então, finalmente eu me virei para ele e disse:

− Posso pensar um pouco? Disse tentando sorrir.

− Pode pensar por quanto tempo quiser querida, eu estarei esperando. Disse ele sorrindo, com aquele lindo sorriso que eu nunca esqueceria.