– Olá, Sasuke.

– Orochimaru. – Disse Sasuke com um tom de certo ódio na voz.

– Eu estive com saudades Sasuke-kun.

– Não zombe de mim sua cobra. – Sasuke já esperava por isso, que Orochimaru viesse atrás dele depois que ele o matara, sabia que se ele retornasse a vida através do jutsu proibido, o que já era imaginado, viria até ele em busca de vingança. Só não sabia que seria justo ali, naquele lugar.

Estavam numa floresta, num espaço no meio da floresta na verdade, mas esse não era bem o problema, há poucos metros dali encontrava-se o lugar onde Sasuke ficara preso por três anos, o antigo esconderijo de Orochimaru, sua antiga “casa”. Era estranho como esse encontro acontecera. O moreno estava caminhando roboticamente pela floresta tentando pensar sobre tudo, todas as coisas de sua vida, pensando no Madara, no Itachi, no Bee, no Orochimaru, no Kabuto, e sim, estivera pensando principalmente no Naruto. E quando se deu conta estava perto do esconderijo, e assim que tomou noção de seu rumo deu meia volta, dando de cara com o ser que agora sorria falsamente enquanto estava em pé no galho a sua frente.

– Esquentando como sempre, Sasuke-kun.

– Hunf. Se você quer jogar, venha logo.

Sasuke não estava com cabeça para conversa, não queria flashes backs, não queria falsas indiretas, estava afim de matar, de lutar, justamente enquanto o circo estava pegando fogo lá na guerra, enquanto todos estavam no meio do sangue ele tivera que se retirar, tivera que refletir sobre sua vida, pela primeira vez uma conversa com Itachi o forçou a refletir através de uma promessa que fizera ao irmão antes que o mesmo fosse embora. Então havia tempo que não lutava que não praticava, e Orochimaru era sua cobaia perfeita, além de que estava no tempo de livra-se desse incômodo de uma vez. Iria acabar com ele em um único golpe, e o Orochimaru sabia disso, essa também era sua intenção. Ninguém ousara desafiar Orochimaru e sair ileso, ninguém além dos sanins.

Houve uma troca de olhares, cada um que jogasse mais ódio no olhar que o outro, afinal Orochimaru não estava com seu ar zombeteiro de sempre, e Sasuke estava irritado, mas empolgado. A briga seria épica, entraria para a história. Ambos contavam os segundos em uníssono mentalmente, Sasuke estava pronto para atacar, assim como Orochimaru, o mesmo saltou da árvore numa velocidade que se Sasuke não estivesse com seu sharingan ativo não poderia acompanhar, mas conseguia ver perfeitamente, acompanhar perfeitamente e quando o moreno estava perto o suficiente para ser atacado por sua espada um vulto amarelo apareceu entre os dois.

– Naruto?

Sasuke falou surpreso. Pulou para trás, Orochimaru não estava mais ali, também se afastara.

O loiro estava deitado no chão, uma forte dor tomava conta de todo seu corpo, estava em posição fetal, ouvira voz do Sasuke, sabia que ele estava ali, por perto, isso, em parte, aliviava a sua dor, queria vê-lo.

Enquanto Naruto era consumido por sua dor pensando que “talvez” tenha exagerado ao se jogar na frente do Sasuke para protegê-lo, o Sasuke só sentia ódio. Olhava para ele com um ódio imenso. Tantos anos se passaram e Naruto continuava impulsivo, uma criança, um desesperado, um ninja de “baixa classe”. Sasuke falava mal de Naruto mentalmente de todas as formas possíveis. “Aquele idiota tinha que pôr os pés pelas mãos e arriscar a própria vida? Tinha que ser assim sempre?”, Mas não haveria outro “sempre”, porque agora Naruto estava prestes a partir.

Naruto iria morrer, não haveria mais Naruto. Uma pequena onde de medo e terror estava rondando Sasuke, afinal não haveria mais aquele moleque que só lembrava-se de coisas boas dele, não haveria mais o melhor amigo. E aquele sorriso caloroso? Ele nunca mais o veria. Quando Sasuke notou que Orochimaru fugira, e não me pergunte o porquê já que eu mesma também não sei, ele se ajoelhou ao lado do loiro, ajeitou seu corpo, o deitou, o olhou, o mesmo o encarava com um sorriso besta nos lábios e uma simples alegria no olhar. Não recebera o mesmo calor de Sasuke que o olhava de jeito frio e vazio como sempre... Talvez.

Naruto podia sentir que havia algo diferente nos olhos de Sasuke, algo, além de ódio, vingança, dor, lágrimas, morte, algo além de Itachi, ou Konoha, algo além de tudo que via antes. Ele só não sabia dizer o que. Nem ele nem o pobre moreno, que estava, sem saber, tão perdido quanto o outro.

Fitaram-se, uma troca de olhares tão profunda quanto os oceanos.

Tanto sentimento bom, e ruim eram jogados nesses olhares, tantas palavras não ditas, que não precisariam, era como se de certa forma o Sasuke entendesse o Naruto e o Naruto entendesse o Sasuke, e nada mais precisasse ser feito, nada mais. Um silêncio emanava naquela floresta, apenas os pássaros cantavam, mas a canção, pelo menos ao ouvido do Sasuke era triste e lenta.

Ficaram assim por um tempo, o loiro sorrindo estupidamente por estar ao lado do seu amigo, e o morenos ajoelhado ao seu lado o olhando, o entendendo. Nenhuma palavra foi dita, na verdade seis palavras foram ditas. Quando Naruto sentiu que seus últimos momentos estavam a chegar de verdade deu um suspiro longo e com certa dificuldade falou:

– Sasuke, eu acho que eu te amo.

Ele abriu um sorriso largo, daqueles que ele abre quando não quer se gabar, ou quando faz algo estúpido, um sorriso que acalmava Sasuke, que iluminava seus dias quando tudo parecia escuro, e o moreno podia jurar que se o Naruto não estivesse tão fraco ele colocaria a mão na cabeça e coçaria como sempre fazia. Tantas dúvidas entraram na cabeça do Sasuke depois dessa frase, tantas perguntas a fazer, tantas conclusões a serem tiradas. O moreno não sabia o que responder, se parasse para pensar, talvez amasse o loiro também, mas boa parte de seu ser negava essa possibilidade, não havia amor dentro de Sasuke, essa era sua conclusão, ele era apenas um pote vazio.Mas ele sabia que deveria responder a Naruto, ele tinha que responde-lo, era questão de honra, só não sabia o que responder, abriu a boca por um instante a fim de falar, mas logo a fechou quando notou que não havia mais alegria, nem brilho do olhar do menor. Não havia mais sorriso, não havia mais vida.

Naruto havia partido, para um lugar onde Sasuke nunca o alcançaria.

– Usurotonkachi? - Ele sabia que falou sozinho e inutilmente, mas uma pontinha de esperança que nada disso tinha acontecido ainda restava. Queria de verdade que Naruto levantasse rindo, dizendo que era mais uma brincadeira estúpida dele, dando a Sasuke um motivo verdadeiro para mata-lo, mas não, nenhuma resposta, nenhuma expressão, o corpo começando a gelar. Ele se fora, para sempre, para longe se Sasuke.

– Seu idiota! – Ele esbravejou. – Não se deixa as pessoas que ama. Você fica com elas para sempre.

Calou-se, ficou olhando o corpo ali, tão sujo, “ele lutou para vir até mim.” Concluiu para si mesmo. Os cabelos loiros já maiores que o usual, esticou a mão, e os afagou, viu sua mão sumir naquele meio. Sorriu de canto, um sorriso sincero, no fundo sempre quisera fazer isso. “Será que eu também te amava Naruto? Será que eu ainda te amo?” – perguntas e perguntas, cada vez mais, maiores, mais complicadas, e todas elas sem nenhuma resposta. Mas apenas de uma coisa ele tinha certeza, ele queria beijar a boca de naruto, uma última vez, propositalmente desta vez. Queria saber como seria. Ficou olhando-a de longe, pensativo, mas não pode fazer nada pois antes de tomar qualquer decisão ouviu:

– Sasukee!

Sakura veio até ele com o punho fechado mirando seu rosto, Kakashi atrás dela, mais alguns anbus. Depois disso não lembrou-se de mais nada, apenas apagou. Claro que ele teria escapado da Sakura com facilidade, se estivesse em seu estado normal, mas ele não estava, tudo estava uma bagunça, estava confuso, os sentimentos de Naruto, a morte de Naruto, o sorriso do Naruto. Naruto tinha acontecido naquele dia.

–o0o0o0o-

Sasuke acordou, sentiu uma dor enorme na cabeça, provavelmente pelo soco da Sakura. Sentou-se e procurou saber onde estava.

O lugar onde se encontrava era um lixo. Um cubículo de paredes cinzas e velhas, com uma janelinha no alto, grades que não davam visão de nada, provavelmente estava numa prisão, mas parecia mais uma prisão dentro de uma prisão. Estava sentado numa cama que ficava colada na parede.O moreno sentiu uma presença no quarto, fez um movimento rápido a fim de pegar sua katana, mas notou que a mesma não se encontrava lá ao sentir sua mão atravessar o nada. Provavelmente também não poderia lançar jutsus, mas mesmo assim manteve-se ativo.

– Trago notícias da Gondaime.

Silêncio.

– Você será executado para pagar por todos os seus crimes de rank S, além do assassinato do Uzumaki Naruto. Outra vez silêncio, mas dessa vez o moreno encontrava-se sozinho, o homem que escondia-se a escuridão havia sumido. Sasuke permaneceu sentado. Ele não havia matado Naruto, mas não culpava a Gondaime por achar que sim.

~ x ~

Há anos Naruto vinha tentando trazer-me de volta para Konoha, há anos ele vinha com palavras e mais palavras sem nada convincente, e eu nunca poderia imaginar, depois de tantos anos com tantas palavras eu achei que você nunca conseguiria Naruto, mas no fim você conseguiu, você me fez querer voltar para Konoha, com apenas três simples palavras, você me fez entender que eu não estava sozinho, que embora tanta gente me desse as costas você estaria sorrindo e me acolhendo como sempre fez, do seu jeito idiota mas sempre ao meu lado.

Apenas três palavras.

“Eu te amo”

Mas era tarde demais. Tarde demais para voltar, tarde demais para querer perdão, tarde demais para entender, tarde demais para se arrepender. Era tarde demais até mesmo para amá-lo, Naruto.