– Sim Wes, me lembro... – Digo a ele.

– Pois bem... Nosso pai quer que você cumpra. Me ajude a sustentar aquela gigante casa e manter a renda mensal.

– Entendo... Sua visita aqui foi péssima, não volte mais, e vá com as coisas ruins que você trouxe para cá! Adeus Wes! – Digo com um simpático....um falso sorriso simpático. Empurrando ele pra fora do meu quarto.

– Soul. Por favor! – Wes fala tentando resistir.

– Se não o que..?

– Se não... Soul, você sabe o que aquele homem é capaz de fazer por dinheiro.

– Sim, eu sei. Mas isso deixou de ser da minha conta no momento que eu saí daquela casa. Você é ciente disso.

– Por favor, me escute. Ele vai destruir tudo que você construiu fora de casa se não fizer o que ele pede.

– Tentar, né...

– Vai dizer que fica cuidando de Maka Albarn 24 horas por dia!?!! – Fala Wes com uma voz espontânea. Com medo. – Ontem mesmo você a deixou o dia inteiro para ficar bebendo.

O nome da minha parceira ficou rodeando minha cabeça, eu falava mentalmente o nome de jeito frenético.

– O que ele quer que eu faça? – Digo, me rendendo momentaneamente.

– Ele só quer seu dinheiro. Nada mais.

– Ah, legal. Ele acha que é tão fácil assim... – Me jogo novamente na cama.

– Sim, eu disse para ele que você não tem condições de sustentar de uma hora para outra uma gigante casa e um homem completamente ganancioso por dinheiro....

– Não. Você não disse essa ultima parte. Isso eu posso afirmar.

– Soul.

– Que é? – Pergunto de saco cheio.

– Você tem que tomar uma providencia.

– Isso já está mais do que óbvio, mané. – Me sento na cama, já que estava deitado – Mas o que eu ainda não entendi foi o que isso tem a ver com você.

– Como assim?? Não tenho condições de fazer tudo sozinho, ok?

– Não era você o grande astro... – Falo com tom de zombaria.

– Leve isso a sério!

– Ok ok... Mas se pensarmos desse jeito: O seu irmão não quer nada com nada, e ele era o responsável por pagar metade da bagaça. A culpa não é sua. Você planejou sua vida para bancar metade. O seu pai realmente tem que considerar isso, só não precisa considerar o fato do comportamento do seu querido maninho. Então isso é entre eles, e você não precisa ajuda-lo moralmente.

– Não estou aqui para te ajudar. O fato é que eu sei que a palavra do nosso pai é definitiva. Quero proteger a Maka.

– Quer proteger a minha parceira? – Riu de uma forma debochada – Eu posso cuidar dela sozinho, Wes. Não preciso de ajuda. E ela não precisa de um guarda-costas como você.

– Então quer dizer que ela precisa de um guarda-costas que fica bêbado, que é um irresponsável que não esta nem aí pra nada? – Wes me olha com olhos desafiadores e que demonstram raiva e ódio.

– Ela precisa de alguém que realmente se importe com ela. E não quem só quer rouba-la de alguém.

– Bom, você quem sabe. A palavra final é sua, Eater. Acha mesmo que vale a pena arriscar a vida de todos os seus amigos... e principalmente de alguém que você ama.

Com essas palavras de Wes, caí verdadeiramente no que estava acontecendo. Era tomar uma maldita providencia ou simplesmente perder vagarosamente tudo.

Me mantive em silêncio. O som do meu celular era a única coisa que começou a soar por aqui.

– Alo? – Digo apreensivo, levando o aparelho até o ouvido.

– YAHOOO! EAE SOUL!! – Gritava Black Star do outro lado da linha.

– ...Black Star... Pode falar logo o que quer? Estou um pouco ocupado aqui.

– Temos uma nova missão!! – Ele parecia mais animado do que Kid quando Lizzy deu o presente mais simétrico que ele já recebera. – Nos encontramos aonde?!??

– A-ah... Desculpe... eu não posso. Tenho umas coisas pendentes que preciso resolver nesses dias.

– Deixa de ser mala. O que é mais divertido que uma missão em grupo?!

Desliguei o celular. O Black Star me enchendo o saco era tudo o que eu não precisava.

– Sugere algo, Sr. Superior? – Pergunto completamente emburrado por ter que pedir conselhos pra ELE.

– Eu já falei. Palavra final é sua. – Ele dá um leve sorriso de canto. – Se quiser que eu te dê um tempo para pensar.

– Ok, até amanhã. Mas trate de sair da minha casa. – Digo, meio perturbado. Fazendo Wes rir.

– Tudo bem. Vou arranjar algum lugar para passar a noite. Amanhã, às 21:00 em ponto estarei aqui para ficar sabendo da sua resposta, maninho.

– Tanto faz. Agora... TCHAU! – Me levanto bruscamente e espero ele sair. Depois vou até a sala para me certificar de sua saída.

Vou imediatamente para o banheiro e tomo meu banho. Sem tirar o pensamento de ideias ridículas para fazer o que me pedem.

Ao terminar, passo pelo quarto de Maka. Que estava com a porta aberta.

– Ei Maka... – Falo como um impulso, olhando aquela garota angelical lendo um enorme livro.

– Hai? – Ela questiona levantando a cabeça para mim.

– A-a-ah... Nada. Nada... – Gaguejo ao perceber que não tinha nada que queria falar com ela.

– ...Ok... Preparei um lanche para você, Soul. Está na bancada, do lado da pia.

– Arigato Maka.. – Me dirijo à cozinha para comer, já que minha barriga roncava mais e mais alto.

Enquanto levava o prato com aquele belíssimo sanduiche para a mesa, e logo após, dava a primeira mordida; Maka apareceu com uma expressão curiosa e apreensiva.

– Soul... – Ela olhou para o chão imediatamente quando nossos olhares se encontraram.

– Ãh?

– O que exatamente Wes queria...?

– Malditos negócios de família, Maka.

– Ah sim... – Ela sentou ao meu lado depois de pegar a caixa de suco e dois copos. Ao levantar o seu olhar, percebi que, definitivamente, ela não estava satisfeita com a minha resposta vaga.

– Meu pai acha que tudo gira em torno da fama, dinheiro... E eles inventaram que eu definitivamente faço parte desses negócios de família que eu falei.

– E o que você vai fazer? – Fala Maka apoiando os cotovelos na mesa, interessada.

– Nada, por hora. Wes me deu até amanhã de noite para tomar uma decisão.

– ... O que, exatamente, te fez mudar tão repentinamente de ideia. Você estava tão decidido em discordar de tudo.

– Homens de negócio são pessoas bem radicais com suas decisões... Mesmo que no final sejam só manés. – Assim que acabo de falar, levo a última mordida do meu lanche na boca. Depois de engolir, termino a frase: - ...Mas é algo pra se temer, em certas ocasiões.

– ...?

Maka ficou quieta, umas 3 vezes sua boca abriu para falar alguma coisa. Mas nada saiu.

Tiramos a mesa e fomos cada um para um canto.

.

No dia seguinte, depois do almoço, eu e Maka fomos andar um pouco pela cidade. Fazia bastante tempo que não parávamos tudo para relaxar.

– O que faria se você tivesse que fazer alguma coisa contra a sua vontade? – Pergunto enquanto passávamos pelas ruas.

– Simplesmente acabaria logo com isso.

– E se não tivesse como você realizar...

– Eu ia encontrar um jeito. Isso ia acabar se tornando um desafio pra mim.

– Você é positiva de mais, sabia Maka? – Digo olhando para ela, rindo um pouco.

– Ok, talvez falar seja fácil. – Ela ria levemente também. – ...Mas por que a pergunta?

– Nada de mais. – Olho para frente e a levo para uma praça, para sentarmos. – Maka.

– Sim?

– Quero te perguntar uma coisa que fica na minha cabeça desde que tínhamos 14 anos...

– A-ah.. Pergunte. – Sem ligar muito para o jeito que ela ficou corada, prossegui:

– Você sabe o que é...amor simétrico?

– ...Amor..Simétrico? – Ela repetiu com uma cara confusa. – Não...

– Ah..

– Coisa do Kid, não é?

– Sim. – Respondo, a fazendo rir.

– ...Por que ficou com isso na cabeça por todo esse tempo? – Maka, que antes olhava pra frente, me encarou.

– Talvez seja porque eu simplesmente fiquei curioso... – Me interrompi, fechando os olhos por 2 segundos, mas logo continuei – Kid me disse que logo eu descobriria... Mas duvido da noção de tempo dele.

– Você não era Soul Eater Evans, o garoto mais desejado entre as garotas?

– Eu não estou nem aí para aquelas garotas desprezíveis. Posso ter várias meninas me querendo, mas isso é só uma coisa superficial.

Maka parecia surpresa com as minhas palavras. Ela me fitava intensamente nos olhos. E depois de uns minutos nos encarando, ela virou a cabeça, deu um pequeno sorriso enquanto serrava seus olhos.

Repentinamente, recebi uma forte pancada na cabeça.

– VOCÊ É RETARDADO?? – Gritava aquela voz.

– BLACK STAR! – Maka, olhava pra mim meio assustada. Levando a mão para onde Black Star tinha dado o murro. Mas eu sinto que no fundo, bem no fundo, ela estava rindo da minha situação...

– DIZ QUE ESTÁ OCUPADO DE MAIS PARA FICAR AÍ NAMORANDO NA PRACINHA!!

– SÓ PORQUE EU ESTOU DANDO UM TEMPO, NÃO QUER DIZER QUE EU ESTOU A TOA, SEU POODLE AZUL!!....E EU NÃO ESTOU NAMORANDO! – Eu gritava com ele. (N/A: Leiam essa parte imaginando Soul e Black Star gritando um com o outro com fumaça saindo pela orelha e aquele baratinho imitando veias na cabeça *-*)

– Ocupado de mais para que? – Pergunta Maka completamente confusa.

– Para uma missão!! – Diz Black com sua voz escandalosa.

– Missão? – Maka se virou para mim. – Que missão??

– Uma missão que arranjaram pra gente... – Respondo nada animado.

– E por que não vamos?? – Maka pareceu animada com a ideia de uma missão também.

– Aí, tá vendo? Só você que não quer ir para essa missão, Soul. – Black Star fazendo biquinho

– Já disse que eu não posso!

– ...Não..pode? – Pergunta Maka mais confusa ainda.

– Maka. Sobre o Wes...

– Hm... – Percebi que Maka já havia entendido que era isso antes de eu falar, o que ela realmente queria saber era o que eu pretendia fazer a respeito.

Quando enrolamos Black Star o bastante para ele ir em bora, fomos também.

O percurso foi bem silencioso. Só quando passamos pela porta de casa, Maka falou:

– Então, Soul... O que vai fazer?

– ...

– Anda, pode confiar em mim, não é? – Ela me olhava com aqueles lindos olhos verdes, completamente radiantes. Eu a encarava, olhando para baixo, já que eu sou bem mais alto que ela agora. Dei um breve sorriso de canto. – Do que está rindo? – Ela ficou brava de uma forma adorável.

– Já volto. – Digo depois de depositar um beijo em sua cabeça. E parti para o meu quarto.

Lá, arrumei uma mala rápida e me dirigi para a sala novamente.

– O que está fazendo com essa mala, Soul? – Maka perguntava, com um pouco de medo na voz.

– Vou em busca de algum jeito de fazer parte desses negócios de família, mas sem me incluir muito nisso.

– E pretende achar isso de uma hora pra outra? Simplesmente viajar e ter a resposta do nada? – Maka estava meio indignada. Eu ri.

– Isso vai se tornar um desafio pra mim. – Maka corre em minha direção e me dá um forte abraço.

– E pretende me deixar sozinha aqui por muito tempo? – Minha expressão mudou parcialmente.

– Te deixar também será um grande desafio... – Digo, a envolvendo em meus braços.

– Tenha cuidado.

– Vou ter. E lembre-se, eu vou voltar pronto para tudo que me vier pela frente! Vou te impressionar.

– ...? – Maka sorrio sem entender muito o porquê.

– Fala sério, Maka. Eu sei que você entendeu, só não quer parecer antipática comigo. – Digo retrucando o sorriso. – Sou um cara de 18 anos que vive a pró de minha parceira que mora comigo desde que tínhamos 12 anos. Recebo um pequeno salário como assistente de tarefas diversas, que não é o bastante para me sustentar. Vivo com problemas com a minha família, só porque eles são uns insistentes e gananciosos e eu não quero nada com eles. Sem contar o fato que sou o Sr. Responsável pra você, e isso é na ironia, ein.

– Ter um você mais responsável seria ótimo. – Maka ria, se divertindo. – Mas eu acho que preciso te lembrar que você é o meu parceiro, você é quase como o meu irmão inseparável, eu gosto mais do que tudo de te ajudar, eu vou fazer de tudo pra continuar com você por perto.

– Isso é sério? – Pergunto meio surpreso, mas o clima ainda era divertido.

– Claro! – Nós dois nos encaramos por uns instantes, sorrindo, até eu dizer:

– Acho que é melhor eu ir...

– Boa sorte. – Diz Maka depositando um beijo na minha bochecha depois de hesitar um pouco.

E me apressei para sair, para a loira não perceber o meu rosto completamente corado.

.

“Isso tudo é só por você Maka...”