Once Upon A Time: Old Habits escrita por The Little Rabbits


Capítulo 3
Maluquices


Notas iniciais do capítulo

Escrito por: Laris Neal



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            Fico maravilhado com todos os mundos à minha disposição, e ansioso em começar a visitá-los, afinal, é tudo o que eu sempre quis: viajar. Conhecer novos lugares, enriquecer, mudar de vida, e finalmente tenho essa possibilidade.

- Então, como faço? – pergunto virando-me para o duende.

- Simples. Para entrar em cada uma dessas portas, só há uma regra: o mesmo número de pessoas que entra, sai. – ele me sorri enigmático.

- E existem outras regras?

- Cada reino tem suas próprias regras, na verdade. Depois que chegar nesta sala, só é preciso escolher em qual porta entrar, e terá todo um reino novo a sua frente. – diante ao meu sorriso de felicidade, um gritinho sai dos lábios rachados da criatura. – Aproveite! – e em um estalar de dedos, ele some sem eu saber para onde ele foi, e como conseguiu ir embora sozinho.

            Rodeado por tantas possibilidades, fico em dúvida em qual escolher. Há portas vermelhas, verdes, azuis, de madeira ou de ferro, menores ou maiores, mas ainda assim, a que mais me chama a atenção é aquela que parece um espelho. Ando até ela, esticando o braço, e quando meus dedos tocam, sinto uma superfície mole, com um aspecto gelatinoso, conforme meu braço passa por ele. Incrível! Nunca imaginei tal coisa. Resolvo entrar de uma vez: passo através do espelho.

            A claridade que me invade o rosto fere meus olhos. Tento me acostumar, olhando em volta, tentando reconhecer onde estou. Grama verde e muito alta e um ar límpido, céu azul, borboletas coloridas voando e grandes cogumelos bem vermelhos, diferente de tudo o que já vi. Sorrio. Cogumelos sempre estarão à minha volta. Ando um pouco pelo caminho de pedras à minha frente, e levo um susto ao me deparar com uma espécie de enorme lagarta azul, sentada em cima de um cogumelo. Ela fuma algo como um narguilé, e lentamente se vira quando me vê.

- Quem és tu? – ela diz, soltando rodas de fumaça diretamente no meu rosto.

- Meu nome é Jefferson.

- Eu não perguntei... – mais um círculo de fumaça. – O seu nome. Perguntei: quem és tu?

- Eu sou filho do vendedor de cogumelos, da Floresta... – mas ele me interrompe rudemente.

- Não perguntei da onde és. A pergunta foi simples: quem és tu! Mas se não sabes a resposta, claramente não sabes quem tu és. Logo, não podes me dizer. É então, uma perda de tempo.

            Surpreso, tento argumentar, mas a lagarta começa a mudar de cor, ficando azul escura, passando para roxa e então vermelha, soltando fumaça para todos os lados, totalmente enraivecida. Aperto o passo, andando rápido para longe dali, continuando meu caminho. Aqui tudo parece diferente, maior, mais colorido, e mais vivo, certamente. Encanto-me por este reino, onde tudo parece doce e bom. Logo à frente há uma bifurcação, qual caminho tomar? Uma árvore bem no centro divide os dois caminhos. A placa apontada para a direita diz: Direita, e a apontada para a esquerda diz: Esquerda. Acho graça, é tão lógico!

- Qual caminho tomar? – uma voz melódica soa ao meu ouvido. Viro-me rapidamente, tentando identificar de onde veio, em vão, não há ninguém.

- Esquerda, direita... Leste, oeste? Quem sabe sul, ou norte?

- Norte não é possível! A árvore está no meio do caminho. – eu rebato para a voz sem dono, encarando o vazio.

- Ahá! Aqui, nada é impossível. – um sorriso aparece no ar, e meus olhos se arregalam. O que será isso? Depois do sorriso, aparece um olho, outro olho, e o rosto começa a vagar a minha frente, no ar.

- Quem é você? E que lugar é este, afinal? – pergunto já irritado. Então, um gato inteiro aparece flutuando no ar.

- Pode me chamar de Gato Risonho. – ele dá uma pirueta no ar, caindo graciosamente no galho da árvore. – E bem-vindo ao “Mundo das Maravilhas”.

- Aqui, tudo é... – ele me interrompe.

- Louco? Maluco? Caduco? – seus olhos giram três vezes.

- Eu ia dizer diferente, mas isso também serve. Então, Gato Risonho, que caminho devo seguir?

- Depende de para onde você quer ir. – a língua vinha entre os dentes no meio da frase.

- Mas eu não conheço nada, como posso saber qual deles escolher? – pergunto indignado.

- Então tanto faz qual caminho tomar. – lentamente ele vai sumindo, ficando somente o rosto. Logo, os olhos também somem, e só resta um sorriso flutuando, cantarolando uma melodia, que subitamente desaparece.

- Ai to começando a ficar confuso... – balanço a cabeça achando que é tudo da minha imaginação.

            Por fim, escolho tomar o caminho da direita, e sigo as pedras no chão, percebendo muita coisa estranha por ali. Olho vez o outra para os lados, e percebo objetos me encarando. Sim, objetos! Óculos com perninhas e olhinhos, livros, guarda-chuvas, bengalas, tudo com olhos e pernas. Esfrego os olhos, tentando tirar aquelas imagens da minha cabeça, não é possível que seja real, estou sonhando e não percebi.

            De repente, vejo um coelho branco vestindo um colete passando apressado por mim, correndo, quase me derrubando. Ele segue pelo caminho de onde eu vim. Viro-me para trás, e somente escuto sua voz esganiçada ao longe, gritando:

- Estou atrasado! Estou atrasado!

            Ele desaparece logo, e eu volto a andar pelo caminho. Ao longe, avisto um grande e enorme labirinto. Estranho. Tenho vontade de ir até lá, mas sinto um frio na espinha ao somente pensar em entrar. E se eu não souber voltar? Aliás, como faço pra voltar? Não faço ideia de para onde é o caminho de volta. Fácil! Só andar ao contrário, voltar da onde eu vim. Quando me viro para trás, o caminho em que eu estou simplesmente se subdividiu em três. Ai ai, eu estou ficando maluco, isso sim! Volto-me para frente, e a única saída que me resta é o labirinto verde vivo em minha frente.


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Notas finais do capítulo

Então pessoal, o que acharam do mundo das maravilhas? Espero que tenham gostado e comentem, por favor!

"A cada review que você não deixa, um autor morre." LOL



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