Journey To Nowhere escrita por Bia Benson


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Bem, está há de ser minha primeira tentativa de escrever algo que não seja de um seriado, e bem, espero que vocês aproveitem =)



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Eu ainda me lembro perfeitamente daquele dia. Lembro perfeitamente do dia em que as tropas de algum país invadiram minha cidade. Lembro como se fosse ontem, mesmo que acontecera anos atrás. E não posso negar que foi naquele dia em que perdi tudo. Tudo mesmo. 

Estava eu em meu quarto, ouvindo uma das músicas do célebre cantor Paul Simon, America, para ser exata. Os versos daquela canção ainda escoam pela minha mente mesmo que aquela fora a última vez que ouvi aquela música. "Nós compramos um pacote de cigarros e tortas da Senhora Wagner/E caímos no mundo para procurar pela América". Uma música linda, tenho que concordar. Mas toda vez que apenas ouço seus versos, lágrimas alcançam meus olhos. Porque foi quando ouvia essa música que tudo que amava foi tirado de mim.

Ouvi estouros vindo de fora. Pensei que eram foguetes inicialmente, queria acreditar que fossem foguetes, mas sabia muito bem que era o som de minha cidade ser invadida. Não sei se era o barulho de bombas ou tiros, mas nenhum dos dois era boa coisa. Por mais apavorada que estivesse, olhei pela minha janela de relance, vendo a fumaça estender-se como uma nuvem enorme sobre minha cidade, sobre meu bairro, mas excepcionalmente, sobre minha casa...

E não houve  situação pior em toda minha vida a quando ouvir os aviões de guerra chegarem. Não aviões de guerra qualquer, mas aviões que continham bombas, bombas prontas para destruir minha terra natal.

E infelizmente o que mais temia aconteceu. A cidade começou a ser bombardeada cada vez mais. E uma dessas bombas caiu sobre minha casa, minha humilde casa. Não sei por qual milagre não atingiu a área que estava, mas o resto do lugar estava totalmente destruído. 

Peguei uma lanterna que guardava em uma gaveta para emergências como essa, e saí de meu quarto a procura de alguma alma viva. Encontrei meu pai e minha irmã. Mortos. Seus corpos deitados no chão frio sob pedaços de madeira que caíram sobre eles. Queria chorar. Bem, eu realmente chorei. Família é o maior bem que alguém pode ter, e dentro de segundos, perdi metade da minha. 

Mas não houve dor pior do que quando vi minha mãe jogada e um canto da sala. Eu era muito apegada a minha mãe, mas do que a meu pai, e não poderia simplesmente perdê-la. Corri até ela, clamando seu nome, orando para que ela ainda estivesse viva. A primeira coisa que fiz ao chegar a seu corpo foi procurar por sinais vitais, e encontrei, por mais fraco que fossem, encontrei. "Mãe..." eu sussurrei, segurando para que mais lágrimas corressem por minhas faces.

Ela abriu seus olhos para mim. Seus olhos pretos como a noite. "Filha, minha filha..." ela tentou dizer, por mais fraca que estivesse. Eu podia ver as lágrimas em seus olhos. "Eu te amo muito..." foram suas últimas palavras, antes de cair sem vida em meus braços.

"Não.. Não!" praticamente gritei. De um momento para outro virei de uma garota mimada por seus dois pais a uma órfã... e vocês não podem imaginar o quão isso doeu. Deitei minha cabeça em seu ombro, como tinha costume de fazer em dias de aflição e apenas chorei. Chorava piedosamente, clamava para que voltasse para mim, mesmo sabendo que fosse impossível.

Foi então que percebi que não poderia ficar lá mais. Seria muito arriscado, não queria perder minha vida também. Embora esse seria o único jeito que pudesse me reunir a minha família novamente. Mas sabia que não era isso que meus pais quereriam para mim. Quereriam que eu tivesse melhores oportunidades, uma melhor vida provavelmente, e essa foi a única coisa que me motivou a deixa-los lá.

Ouvindo ainda os aviões percorrerem o céu, corri para meu quarto, onde peguei uma mochila e comecei a empacotar tudo que pensava que precisaria. Peguei algumas trocas de roupas, um par de sapatos extras, o que seria essencial, então fui a procura de coisas que talvez serviriam como um passatempo, um livro, meu caderno, uma lanterna, um MP3 a base de pilhas, meu celular, mesmo sabendo que sua bateria não duraria para sempre, algumas pilhas e acho que só. Procurei por minha carteira, cuja tinha algum dinheiro dentro. Por volta de cinquenta reais, não sei ao certo. Fui a procura das carteiras de meus pais, pois sabia que precisaria de dinheiro, e muito. Consegui obter por volta de quinhentos reais, o que provavelmente serviria para um par de semanas.    

Mas eu não embarquei nessa viagem sozinha. Se embarcasse, provavelmente não teria forças para sequer percorrer um quarto dela. Encontrei minha cachorra, Polly, em um canto de um cômodo, apavorada, certamente mais do que eu. Corri até ela e coloquei sua coleira rapidamente. Precisava dela para fazer-me companhia, para proteger-me dos perigos do mundo. E conhecendo-a muito bem, sabia que estaria ao meu lado o tempo todo. 

Suprimentos também precisaria. Além do mais, esta prestes a partir em uma jornada sem rumo. Peguei Polly em meus braços, para que não se machucasse com a destruição de nossa casa, e apressei-me para a cozinha. Água era minha principal preocupação e peguei algumas garrafas com esse líquido, colocando-o em minha mochila. Sabia que não poderia me dar o luxo de levar muitas coisas, precisava ser hábil e carregar muitas coisas em minha pequena mochila não seria o melhor jeito de ser assim. Outra coisa que não poderia esquecer de pegar era ração. Eu poderia ficar sem comida por um maior período de tempo, mas Polly não. Ela não entenderia, era um cachorro no final das contas.

Quando achei que peguei tudo necessário, dirigi-me para a porta da frente. Olhei para trás, um último olhar para o lugar que considerei como minha casa por minha vida toda. Lembranças daquele lugar com minha família vieram a minha mente, e mais uma vez a vontade de chorar me alcançou. Mas sabia que não teria tempo. Precisava sair dali, e urgentemente, antes que outro bombardeio ocorresse e eu não teria a chance de sair viva novamente.

Com um último suspiro, fechei a porta, deixando tudo para trás, toda minha história, tudo. Mas se deixasse a tristeza comandar-me, nunca seria capaz de sair dali. Então, sem ousar olhar para trás, sai de casa, com Polly bem ao meu lado. E foi assim que começamos nossa jornada. Nossa jornada para lugar algum....   


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acham? Por favor, deixem-me comentários dizendo se devo ou não continuar =D



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