Blackout {hiatus} escrita por Santana


Capítulo 8
A garota dele


Notas iniciais do capítulo

Fala sério, mereço uma surra!
EU SEI QUE DÁ PREGUIÇA, mas leiam as notas finais com as devidas explicações e eu to pedindo uma dica também.
Aproveitem a confusão, nos vemos lá em baixo.



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O círculo fechado não me deixava respirar. Empurrei meia dúzia de pessoas que se enroscaram em minha frente, umas riam e apontavam, outras os olhavam afoitas prontas para ver quem daria o próximo soco e eu ainda estaria entre Dylan e Darwin se Ronald não tivesse me puxado para longe e me colocado rente ao seu corpo, no meio daquele bando de fofoqueiros.

Eu só queria entender que porra era aquela.

Enquanto tentava me desvencilhar dos braços de Ronald, que estava apostando cem paus com alguém que o Darwin derramaria sangue primeiro, e sem ouvir uma palavra da discussão - embora eles estivessem falando alto era impossível de se ouvir por conta da gritaria dos desocupados - pude ler os lábios de Dylan.

E de uma coisa eu tinha certeza: ele havia dito o meu nome.

E um palavrão depois.

Mas que se dane! Aquilo tinha a ver com a minha pessoa e eu não queria ser a última a saber.

Estiquei meu pescoço para baixo, agarrando um bom pedaço da carne do braço de Ronald com os meus dentes e o puxando.

Ele deu um gritinho afeminado.

– Que filha da putagem, Julia – ele me largou com o susto da mordida – Ei, o que você tá fazendo?

Dei uma corridinha meio ridícula até o meio da roda antes que Ron me segurasse novamente. Foi quase impossível respirar quando cheguei próxima o bastante do punho de Darwin cujo alvo era alguma parte do rosto do Dylan, mas que quase me atingiria se ele não tivesse parado no meio do golpe.

Soltei a respiração assim que percebi que estava a prendendo. Um pouco de sangue sujava a jaqueta de couro de Darwin e engoli em seco.

Eu odiava aquele cheiro de ferrugem.

Virei-me para o público daquela pancadaria grátis e coloquei as mãos na cintura, acho que a minha cara não foi nada boa porque uma dúzia e meia dos curiosos pararam de rir e se dispersaram, percebendo que aquela putaria já havia acabado.

Mas claro que não, estava bem no começo.

– Você é louco? – rugi entre dentes para Dylan, mas não queria que ele respondesse.

Seu olhar passou cortante pelos meus olhos. Estava confuso, eu conhecia aquela expressão...

– Julia... - Eu não quero ouvir sua voz, Dylan, faça-me um favor e saia da minha frente.

O tom da minha voz era de completa indiferença e dei-lhe as costas verificando um pequeno corte no supercilho de Darwin.

– Não tenho mais clima para ficar aqui, você vem?

*

Do lado de fora da sorveteria, a chuva repentina açoitava a janela de vidro, deixando-a embaçada e fazendo com que não enxergássemos mais que os carros passando em alta velocidade na rua.

O corte que Darwin havia ganhado no supercilho havia parado de sangrar e só estava um pouco inchado, nada que estivesse doendo ou fosse mais grave depois, ele me garantiu.

– Julia, não se preocupa, sério mesmo. Isso não é nada.

Ele disse sorrindo aquele sorriso que faziam todos quererem saber mais sobre Darwin Baker. Muito diferente do estilo Dylan, cheio de superioridade e escárnio, ou até mesmo um pouco de safadeza como quando ele alcançava uma trilha de beijos em minha coluna, o sorriso de Darwin era sincero e me fazia querer sorrir junto.

– Então, me desculpe pelo Dylan, é sério... Ele...

Darwin deu uma colherada em seu sorvete de pistache e ergueu uma das sobrancelhas me fazendo parar de falar instintivamente.

Os seus ombros se projetaram para frente e ele roubou um pouco do meu sorvete de baunilha.

– Você não deveria estar pedindo desculpas por ele, por que está fazendo isso?

Porque eu estava fazendo aquilo? Me sentia culpada pela briga e Dylan estava morando debaixo do mesmo teto que eu. Sabia que era um de um gênio descontrolado e um demônio teimoso, capaz de se deixar levar pelo impulso e fazer as coisas erradas. Dylan não pediria desculpa e Darwin merecia alguma.

Sorri um pouco envergonhada cruzando as mãos em cima do meu colo.

– Não sei, só... senti que você deve ter um pedido de desculpas.

Darwin me lançou um olhar sofrido e angustiado. Torceu a boca em bico estranho, mas que o deixava fofo, fazendo uma combinação com seu cabelo agora desgrenhado e meio molhado por causa do início do chuvisco que tomamos.

– Agora eu posso entender do que ele estava falando.

Ele não olhou para mim, seus olhos se concentravam em qualquer outro local que não fosse o meu rosto. Eu não perguntaria, mas minha curiosidade foi maior que o controle sobre a minha língua:

– Como assim?

– Ele disse “Fique longe da minha garota!” – riu – Agora eu entendo o porquê daquilo tudo.

Agora eu também entendia.

Darwin Baker estava afim da Antonia Green, patético. Por isso ela dera aquele grito ridículo antes de Dylan partir para cima do cara.

Murchei feito uma uva passa, mas não poderia perder a oportunidade.

– Ah, por obséquio, o que vocês, garotos, veem naquela vadia da Antonia?

– Antonia? – seu olhar confuso se direcionou para o meu rosto – Julia, eu tenho certeza que o Dylan estava falando de você.

Eu fique calada, é claro. O que falaria? Estava confusa e as palavras de Darwin dançavam na minha mente.

Fique longe da minha garota.

Dylan não poderia estar falando de mim, não poderia.

– Entendo que ele quer que eu fique longe, eu já notei que ele gostava de você antes e sei por quê. Você é incrível, Julia.

Darwin corou e fiz a coisa mais inteligente que poderia fazer: sorri e esperei que a chuva passasse para que fôssemos embora.

*

Marchei sobre os degraus do prédio como um furacão. Abri a porta com violência deixando cair a chave que estava do outro lado da fechadura.

A inutilidade em pessoa estava largada no sofá, dormindo. Uma mancha enorme e vermelha em seu rosto contrastava com o resto do corpo pálido e os cabelos negros bagunçados. Ressonava baixo, mas tinha o sono mais pesado de toda a galáxia.

Estava pronta para acorda-lo, precisava acertar as contas com ele. Daria uma bronca pela briga e depois gritaria xingamentos diversos alegando que ele poderia ter me acertado e aí, quem sabe, pediria para ele procurar outro lugar para ficar.

Mas antes que eu fizesse aquilo Dylan fungou e aí a minha armadura caiu. Observei o seu rosto com mais atenção, havia marcas de lágrimas em suas bochechas e senti meu coração se despedaçar por dentro.

Ele suspirou alto, mas sem acordar. Apertou os olhos e parecia estar sonhando com algo que o deixava chateado. Esteve chorando.

Então ele se encolheu no sofá e se enroscou nas almofadas, e sussurrou o que seria inaudível se a casa não estivesse tão silenciosa.

– Jus...

Meu coração se apertou e senti pontadas ridículas atrás dos olhos.

Eu não queria ser a garota dele.

O celular vibrou em meu bolso anunciando uma nova mensagem de texto.

Mamãe e papai estão vindo passar o fim de semana, estou indo pegá-los. Stev.


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Notas finais do capítulo

Eu já estava com esse capítulo para postar havia séculos, tipo... éons!
E no dia que eu tive tempo, o Nyah! estava migrando. Mas cá estou eu, e pertinho das férias o que significa mais tempo para escrever e postar.
Meu últimos meses têm sido corrido com essa coisa toda de últimas notas e provas e simulado, então ficou meio difícil e demorei esse século para postar.
Também, pessoal, a falta de incentivo tem influenciado bastante no quesito ânimo o que me deixa bem chateada quando estou escrevendo um capítulo.
Deixa um review, poxa, nem que seja falando "Ei, Vic, to acompanhando!" que eu vou ficar mais que feliz!!!!!!!!!!
Ah, o que acharam desse capítulo? Já vou avisando, o próximo vai ser maiorzinho, e a Jus vai tá p da vida, ainda mais que sempre.
Ah! Alguém tem algum livro, ou fanfic mesmo, adolescente só pra relaxar meus nervos e me deixar mais sensível? To precisando de uma leitura nova assim porque esse fim de semana li "O Amor é Clichê" duas vezes!
Beijos, vou responder os reviews não respondidos assim que der!