Blackout {hiatus} escrita por Santana


Capítulo 10
Namorando


Notas iniciais do capítulo

Namorando? AIMEUDEUS! Eu sei que a curiosidade é demais, mas... lembrem-se de ler as notas finais, ok? Vocês viram que tinha um equívoco no capítulo anterior? A linda Leticia C (u/222278) me alertou e eu consertei weeeee
E um super feliz aniversário atrasado para Laladhu (u/152546), um beijão!
aproveitem!



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Ele estava sentado a alguns degraus abaixo, concentrado ao extremo. O cabelo estava livre do gorro e eu observava o caminho que a caneta fazia até a sua boca quando ele parecia confuso sobre o que o professor estava falando. Ele havia olhado para trás em minha direção algumas vezes, quando o Sr Williams não dizia algo muito importante, mas quando não encontrava o meu olhar balançava a cabeça e voltava a prestar atenção na aula.

Ron como um bom fofoqueiro observador, havia percebido.

Ele não disse nada, apenas ficou me lançando olhares sugestivos e me cutucando durante a aula.

Quando o tempo acabou saí da sala como se estivesse correndo do próprio diabo. Não conseguia encarar Dylan desde o dia anterior. Nem mesmo no jantar quando mamãe tagarelou mais do que durante toda a sua vida. Contou sobre os planos que ela tinha para o final de semana e como seria tudo tão super mais divertido com o Dylan conosco.

Mamãe adorava Dylan.

Já estava cansada de tanta, com se chama mesmo? Babação de ovo? Dylan era um cínico e ele nem pertencia àquela família.

Ergui o olhar do purê de batata com arroz no meu prato, uma das únicas comidas de verdade que eu havia comido naqueles últimos dias. Estava com raiva da pouca de atenção que recebia da minha própria mãe. Eu até tinha estava usando um dos vestidos que ela me dera!

– Eu estava pensando – comecei como quem não queria nada – Dylan, alguns dormitórios no campus foram desocupados, por que você não vai para lá?

Mamãe e papai me olharam apreensivos. Stev fechou a cara percebendo que eu estava praticamente expulsando Dylan do nosso apartamento, este último deu um gole no suco de uva antes de me olhar nos olhos e parecer encabulado demais para me dar uma resposta.

– Ele é o nosso convidado, Julia - Mamãe segurou a mão de Dylan por cima da mesa, num toque maternal – Pode ficar quanto tempo achar necessário, eu sei como deve ser ruim esperar a boa vontade das caldeiras funcionarem no banheiro do dormitório.

Olhei para Amélia e logo depois para papai que parecia me lançar uma daquelas tempestades que estavam constantemente em seu olhar. Já estava com dor de cabeça com tantas peças rosa no vestuário de mamãe essa noite. Parecia que estava tentando voltar à adolescência.

– Desculpem-me, mamãe e papai. Mas vocês dois não moram aqui e me sinto desconfortável morando com um garoto que...

– Acho que você já pode ir para cama, Jules – papai me disse como se eu ainda fosse uma pré-adolescente – Agora.

Era melhor não contrariar August e foi por esse exato motivo que engoli as minhas palavras e fugi às pressas para o andar de cima, ouvindo mamãe perguntar ao idiota do Thorne como estava sendo a faculdade.

Meus pais haviam tomado conta do meu quarto e por isso fui obrigada a dormir no quarto de Stev. Havia um móvel novo, outra cama idêntica a do meu irmão e entre elas um colchão forrado. Mamãe havia comprado a cama para Dylan assim que Stev contou que ele estava dormindo no sofá e papai a armou devidamente. Eu havia colocado o colchão ali porque fiquei sabendo que meu quarto não seria mais minha propriedade durante o tempo que meus pais estivessem ali.

Eu só queria que isso passasse o mais rápido possível.

Sem nem me trocar me joguei entre as almofadas do colchão no chão. Encarei o teto do quarto de Stev, cheio de pôsteres de filmes de ação e terror que nós adorávamos, eu não fazia ideia porque ele colorara no teto ao invés de pôr nas paredes, mas aquela loucura havia ficado legal. O quarto estava escuro, acho que o azul que meu irmão havia pedido para pintar o quarto havia ajudado na falta de iluminação. Eu adorava o escuro. Meus olhos se fechavam mais rápido quando eu estava nele e eu costumava dormir... bem. Então eu peguei no sono.

Havia duas vozes masculinas cochichando e eu percebi que a luz estava acesa. Não abri os olhos, por que queria voltar a dormir, mas algo me chamou atenção naquele momento.

Alguém falava de mim.

– Ela me odeia, é sério. Se servir de consolo eu posso arrumar a mala e ir amanhã mesmo ver se posso ficar em algum dormitório.

A voz era a do Dylan e parecia arrasada. O mesmo sentimento que havia tomado conta de mim ao ver o seu machucado e a sua voz sussurrando o meu nome enquanto dormia pareceu se apossar de mim.

Eu não conseguia mais controlar a pontada atrás dos meus olhos, ou aquela coisa ridícula que chamavam de borboletas no estômago, mas que mais se parecia com um tiro de fuzil. Eu tentava dar comandos ao meu cérebro mais ele parecia não entender e fazia tudo errado. Procurei não me mexer e ouvi a cama ao lado ranger.

– Ela não te odeia, no máximo não consegue gostar de você. Fica na sua, cara. Você sabe que a Jus é assim não é agora que você vai deixar se abalar não é mesmo? Ela já te ignorou e pareceu de odiar tantas vezes – Stev deu uma risada baixa – Porque você está se incomodando tanto agora?

Prendi a minha respiração, esperando pela resposta que parecia que nunca viria.

– É difícil conviver com uma pessoa que você não conversa, só isso. – ele suspirou e soltei a respiração.

Não sei por que mas estava decepcionava. De certo modo desejei que outras palavras saíssem da sua boca, desde aquele dia em que ele me segurou no corredor e me olhou nos olhos de maneira tão confusa e tudo o que eu pude dizer foi que devíamos parar com aquela coisa.. Eu estava certa, aquilo não era saudável.

Mas parei tarde demais, aquilo havia me deixado louca de uma maneira doentia.

– Acho que ela não vai dormir muito bem, esse colchão parece ser desconfortável – Dylan sussurrou.

– Ela já está dormindo, deixe aí.

Os cochichos cessaram e a escuridão voltou ao quarto.

– Boa noite, brother. – Stev disse e a sua cama rangeu novamente. Em menos de cinco minutos ele começou a ressonar pesadamente, já havia caído no sono.

Não ouvi o som de alguém se deitando na outra cama, talvez por ser nova. Mas não consegui voltar a pegar no sono.

Ouvi o som da porta se abrir e ela voltou a se fechar após alguns minutos, quase quando eu já estava caindo na inconsciência.

Meus sentidos ainda funcionam a ponto de conseguir sentir o cheiro amadeirado e de roupas limpas assim que me aninhei nos braços que me pegaram no colo. Ele me colocou calmamente na cama e me cobriu. Senti o peso de Dylan ao meu lado na cama de solteiro e ele me abraçou. Eu tinha uma leve certeza de que não estava sonhando, mas se algo acontecesse tinha a desculpa de que estava desacordada e me aconcheguei me abrigando em seus braços.

Seus músculos se retesaram por um momento ou dois e eu inspirei o seu perfume. Acho que o sono estava entorpecendo os meus sentidos porque eu estava fazendo tudo errado, mas lá no fundo eu sabia que queria fazer exatamente aquilo.

Me culparia ao amanhecer quando acordasse e começasse a provoca-lo ou ignora-lo. Naquele momento parecia o certo.

Senti seu hálito em minha orelha e ele sussurrou em meu ouvido, mas não para mim. Estava conversando com ele mesmo.

– Eu sou tão fraco. Parece como quando a gente transava depois ela dormia e eu continuava abraçando como se eu quem estivesse recebendo o carinho. – dessa parte eu não sabia, ou não me lembrava. Era pouca as vezes que ele permanecia no quarto, geralmente ele saia antes que eu pegasse no sono - Eu me odeio, tenho namorada e estou abraçando a menina que mais me odeia nesse mundo e seu irmão é o meu melhor amigo que está dormindo na cama ao lado.

Ele depositou um beijo na minha cabeça, sobre os meus cabelos. O peso saiu da cama e notei quando Dylan se jogou no colchão.

Só caí na completa inconsciência quando a respiração dele se igualou a de Stev e ele estava dormindo.

Agora, andando fortemente a passadas largas em direção à saída, já vendo o Audi da mamãe dobrar a esquina para entrar no estacionamento me dei conta de que estivera fazendo uma pergunta muitas vezes ao meu subconsciente.

Quanto tempo faltava para eu me apaixonar por Dylan?

*

– Quero que chegue em casa e arrume as malas com roupas de praia, tudo bem? – mamãe disse me olhando pelo retrovisor porque me recusei a ir no banco da frente.

Ela insistiu para buscar Stev na universidade onde ele cursava Direito e era para lá que estávamos indo. Dylan sentado no banco da frente e eu no traseiro com a cabeça encostada na janela do carro fingindo ouvir uma música com os fones de ouvidos e o celular desligado.

Ela sabia que eu não iria fazer as malas quando chegasse em casa por isso não insistiu e eu sabia que ela mesma trataria de fazê-la para mim. Depois eu tiraria as peças de roupas que eu não vestiria de lá de dentro e ficávamos todos felizes, quer dizer, mamãe nem tanto.

Quando estacionamos próximo ao campus onde Stev estudava eu já havia pegado no sono do tédio que o papo furado de mamãe e Dylan sobre Antonia Green, mamãe até perguntou a Dylan se ele não queria leva-la para o nosso incrível passeio em família na praia, mas ele lançou uma rápida olhadela para trás.

– Melhor não.

Mamãe não entendeu.

Acordei na cama do Dylan, a mesma que eu havia dormido ontem à noite. Stev estava no quarto lendo um livro grosso sobre Direito Penal e olhou para mim quando percebeu que eu acordei.

–Bom tarde, Jus. Tenho péssimas notícias. – Stev não me deixou respirar antes de jogar a bomba – Mamãe fez as suas malas e ela já está dentro do carro. Dona Amélia ainda colocou naquelas que tem a senha, para não acontecer aquele pequeno probleminha de você trocar as roupas, sabe do que eu estou falando não é?

Eu sabia do que ele estava falando, droga!

– Por favor, me diz que não é brincadeira.

– Não estou brincando. É sério.

Pensei que pararia por ali, mas ele controlou um sorriso antes de me dizer:

– E seu celular estava desligado. Então adivinha quem ligou para cá? O Darwin! E adivinha quem atendeu ao telefone?

Era uma retórica, mas eu respondi cheia de pavor, levando as mãos à boca num grito surdo.

– Mamãe!

– Eu contei e foram nove minutos conversando com ele ao telefone, eu não sei o que eles conversaram, mas agora ela acha que vocês dois estão namorando.

Me joguei de costas na cama novamente e um filme da minha vida – daqueles que as pessoas na histórias dizem ver antes de morrer – passou pela minha cabeça.

Eu não estava namorando, mas nada que eu dissesse iria fazer mamãe acreditar em mim. Nenhum garoto havia me ligado quando estávamos juntas e eu nunca me aproximava o bastante de ninguém.

Se eu conseguisse desengana-la de uma ilusão que ela mesma havia criado ela faria de tudo para que eu e Darwin Baker namorássemos.

A quem eu estou querendo enganar? A proposta era tentadora!

Mas eu estava fodida.


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Notas finais do capítulo

E agora???????? KKKKKKKKKKKKKKKK

Então gente, vocês já perceberam que temos um trailer?????? O link tá logo no topo do disclaimer, mas vou reforçar o link aqui porque sou chata: http://youtu.be/nv_Rxf_nbYU

O que vocês acharam? AH, e já vou avisando, é meramente ilustrativo, então continuem imaginando o personagem do jeito como vocês imaginam tá?
E falando nisso... Como vocês os imaginam? Vocês acham que tem alguma foto que descreva o Dylan? A Jus? O Darwin?
Se sim, mandem para mim, eu adoro fotos! Adoro saber como imaginam os meus personagens.
Uma semana foi muito demorado? Fiquei meio cheia de compromissos nessas férias (um milagre!) e não deu para terminar, revisar e postar antes esse capítulo.
Beijão e nos vemos no próximo.