Recomeçar Sempre escrita por Naru_Chan


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Só para estreiar. Essa história foi escrita em 2005.



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Suas pegadas deixadas na areia perdem-se nas águas do mar. Ela chora lágrimas, com o intuito de se afogar. A solidão já não era mais um álibi, apenas a consequência da dor imensa.

Ele desfaz-se de sua rotina que tanto o aliena e resolve sair para caminhar. A brisa fresca toca em seu rosto e a noite não poderia estar mais bela, com a resplandescente lua no céu. De repente pára, ao avistar nas ondas dançantes do mar uma dama a se afogar. "
Por que estaria fazendo aquilo?" - Pensava enquanto corria afoito para salvá-la.

Adormecida em seus braços, ela põe-se a sonhar. Pesadelos, angústias, medos...Para fugir disso, só encontrou o suicídio. Talvez um fim, a válvula de escape desse tormento. Lágrimas se fundem com a água do mar, e ela sente vontade de dormir eternamente. Para que acordar e encarar a luz do sol mais uma vez? Não faz sentido...

Olhando aquele delicado rosto a chorar, ele, compaixoso não pôde se conter. Algo maior aproximou seus lábios carentes àqueles lábios tristes, que clamavam por amor, um coração frio, necessitado de calor.

Lentamente ela acorda, nos braços de um desconhecido. Com medo, subitamente se levanta e começa a se afastar, desistindo de fugir em seguida, ao mesmo tempo em que uma breve reflexão se fazia em sua mente. Apesar de tudo, ele deu calor quando ela teve frio. Ele limpou as lágrimas que a esconderam e a afogaram. Ele...salvou a sua vida, que para ela já não tinha mais salvação...

Ele até podia entender porque ela correu ao acordar, mas não compreendia porquê agora a moça voltava em sua direção. Fascinado com aqueles cabelos longos e negros que dançavam com as ondas do vento, e aquelas lágrimas que resplandesciam sobre a luz do luar, ele permanecia apenas imóvel. Como ela mudou de repente? Estava mais bela do que quando foi encontrada em momentos de infelicidade.

Um sentimento brota em seu frio coração. Que cálido calor poderia ser esse? Ela podia simplesmente se virar e partir, mas uma força maior do que ela mesma praticamente a forçava a se deixar ser tomada pelos braços daquele estranho. E algo parecido com um sorriso se formou em sua face. Indo em direção ao homem desconhecido, agiu não por palavras, já que um simples gesto vale tantas delas. Serenamente, envolveu seus braços aos dele como se procurasse expressar enorme gratidão.

Palavras sem sentido tentavam escapar da boca dele, mas logo o rapaz se tornou imobilizado pelos dedos que ela colocava sob seus lábios, silenciando o tempo. Deslizando a mão sobre a face de seu salvador, seus lábios lentamente uniram-se aqueles lábios confusos e apaixonantes.
Ele a envolveu em seus braços fortemente, receoso de que ela tornasse a fugir. Mas aquele calor que a envolvia dava-lhe a sensação de estar sendo protegida, segura...Por quê aquele outro homem nunca lhe passou tal segurança? Por que em seus braços ele só a feria ainda mais?
Ele sentiu que ela o apertava, com medo de que ele partisse, e ainda conseguiu sentir a angústia que transbordava pelas lágrimas daquele rosto tão frágil...E tudo que saiu daqueles lábios trêmulos e femininos foi "Por quê?"
Ele não sabia o que fazer ou dizer. "Por quê" ? O que ela quis dizer com aquilo? Será que foi o que aconteceu naquele momento? Será que...Não. Não é nada disso. Por que perguntas inúteis? É claro que essa interrogação diz respeito a motivos que a levavam a chorar como chorava...Ah, o que fazer? Ele a segurou com mais firmeza e sussurrou em seu ouvido:
"Você não está sozinha, pequena. Não mais."

Ela chorava pondo para fora toda aquela dor que não pôde compartilhar com ninguém. Mesmo perdida nesta infelicidade, o aconchego daqueles braços consoladores faziam as palavras "ser feliz" ganharem algum sentido. Seria tão bom se pudesse ter alguém que a segurasse quando ela caísse mais vezes...Mais vezes e sempre...
"Por favor, não me deixe sozinha mais! Não quero cometer mais deslizes..."

Ele levou suas mãos aonde o coração dela palpitava em descompasso, e respondeu:
"Não deixarei. E em troca...Quero que acorde."
Os olhos dela se encontraram com os dele.
"Sim, que acorde. Não sei o que aflige teu pequeno coração, mas apenas você mesma pode levantar e decidir seguir em frente. Isso não depende de ninguém mais além de você. Eu...
"Não consigo..."
"...eu posso dar a minha mão e posso seguir ao seu lado te ajudando a ser forte com o meu carinho, mas não posso caminhar por você."
"Então eu lhe suplico! Por favor, caminhe ao meu lado! Gostaria tanto de ser confortada, de ser ouvida, de ter apoio de alguém, de não ter medo de mostrar quem eu sou, quais são os meus anseios e sonhos...Eu fui muito magoada por alguém que dizia ter amor por mim, mas que procurava todas as formas de me ferir e decepcionar...E se eu caísse, ele simplesmente dava as costas e caminhava sem mim, e se eu não o acompanhasse...Ficaria para trás. Mas você...você estendeu a sua mão e me tirou dessa escuridão que me entorpecia...Me sinto confusa, mal o conheço...Mas já não temo a vida se tiver esse seu apoio...Por favor, caminhe comigo! Eu preciso ser amada...Eu preciso me sentir...!"

"...necessária. Todos nós precisamos, e é por isso que somos considerados imperfeitos. Ah pequena...Você já é amada...Sempre foi, de alguma forma." Os sentimentos o dominavam completamente. "Não era para nos conhecermos...mas para nos reencontrarmos. Eu salvei a tua vida, e agora você salva a minha" E subitamente a repreendeu com um beijo suave, preenchendo-a de corpo e de alma.
Não importa quem ela era, ou quem ele era. Pois descobririam o que poderiam ser juntos. Dali em diante, os dois deram-se as mãos, fizeram novas marcas sob a areia e seguiram em frente...Iniciando uma nova vida vivida envolta em outra vida.

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