Rachel saiu da enfermaria quinze minutos depois da conversa com ela mesma do futuro terminar. Mas ela ficou com uma frase da conversa martelando em sua cabeça.

Flashback ~Rachel Grant~ ON:

P. O. V. Rachel do presente:

Alvo, James e a diretora saíram, me deixando sozinha com a eu do futuro.

–Me fale sobre você, Rachel não tão futurista assim. – eu disse, apoiando minha cabeça nas minhas mãos.

–Vou resumir. Puro sangue, 13 anos, Corvinal... – ela começou, mas eu interrompi.

–Espera! Você está me dizendo que só tem 13 anos? – eu perguntei, meio desconcertada.

–É. Por quê? Pareço mais velha? – ela falou, olhando para si mesma – Não importa. Continuando, sou da Corvinal, atualmente namoro com Alvo Severus Potter, que nesse tempo tem 11 anos. Mais alguma pergunta, eu do passado?

–Tenho. Que maldito dom é esse?

–Tem certeza que quer saber? – ela perguntou, com um sorrisinho no rosto.

–Tenho. E o mais claro que você possa explicar, por favor. – eu me conheço, adoro complicar as coisas.

–Está bem. Você pode curar, mas também pode matar. – ela me disse, naturalmente.

–Grande coisa! A Madame Pomfrey também pode curar. E, se ela quiser também pode matar! – retruquei.

–Mas pode fazer isso só com as mãos puras? – ela falou, e eu fiquei um pouco assustada. Então era isso que eu tinha feito.

Com seis anos, minha prima Anna tinha caído de uma árvore em que brincávamos quando éramos pequenas. Ela tinha quebrado a perna com o impacto. Eu, completamente desesperada, me ajoelhei a seu lado e coloquei minhas mãos sobre sua perna quebrada e concentrei toda a minha força na perna dela. Fiz aquilo no automático, não sabia o que estava fazendo.

Retirei minhas mãos de sua perna, e ela estava curada. Me levantei depressa, juntamente com minha prima, que estava tão assustada quanto eu. Juramos nunca contar nada a ninguém, porque não era comum, mesmo no mundo da magia, uma criança de seis anos curar outra apenas com as mãos.

Voltei de meu devaneio da lembrança quando a eu do futuro estalou os dedos na frente do meu rosto.

–Lembrou da Anna? – ela perguntou, e eu fiquei assustada por uns segundos até lembrar que ela era eu.

–Sim. Bom exemplo do que eu posso fazer. – eu disse, e ela afirmou com a cabeça.

–Sabe por que você tem essa marca no braço? – ela disse, com a cabeça baixa, e eu puxei a manga de minha camisa, deixando a marca à mostra.

Eu consegui aquela marca dois anos atrás, quando encontrei uma velha trouxa que se dizia bruxa num dos becos que existem perto de minha casa. Ela colocou a mão no meu braço e, quando a tirou, tinha um filete de sangue que percorreu meu braço até formar aquela marca, depois se cicatrizou.

Enquanto eu olhava aquilo acontecendo, a velha desapareceu. Nunca mais a vi depois disso.

–Porque você é a única pessoa de nossa família em cem anos que nasceu com esse dom – ela continuou, olhando fixamente nos meus olhos – Você salvará muitas vidas, Rachel. Você fará a diferença. Você dará o golpe final.

Flashback ~Rachel Grant~ OFF.

"Você dará o golpe final". Aquela frase ficou martelando por horas na mente de Rachel. De que golpe ela estava falando? Rachel era totalmente incapaz de matar uma mosca! Como seria capaz de matar uma pessoa? Bom, agora aquilo não importava. Precisava continuar o trabalho que ela havia começado.

P. O. V. Alvo Potter ON:

Rachel saiu apressada da enfermaria, sem nem olhar para os lados. Assim que ela saiu, eu entrei para falar com a Rachel do futuro.

–Oi, Alvo! – ela me cumprimentou assim que cheguei – O que gostaria de falar comigo?

–Eu queria saber se você sabe alguma coisa sobre essa marca que eu tenho. – eu levantei a manga de minha camisa até o cotovelo e deixei a marca que tinha ganhado há algumas semanas à mostra. Ela analisou, comparou com a dela e viu de todos os ângulos.

–Você encontrou com uma velha, algum dia desses? – ela perguntou, olhando nos meus olhos. Eu franzi as sobrancelhas e fiz que não com a cabeça. – Então ela deve ter te encontrado.

Fiquei assustado com aquela última frase dela.

–Quem me encontrou? – eu falei, tentando não por todo o meu medo na minha voz.

–A velha.

–Que velha?

–A velha que me fez isso. E que também te fez isso.

Fiquei estático por alguns segundos, até minha mente processar tudo aquilo. Tem uma velha, provavelmente que não me quer vivo, que me deixou uma marca. Ela me achou e veio até mim, só que eu não a vi, pois estava dormindo. Essa mesma velha deixou uma marca na Rachel.

–Essa velha, ela me quer morto? – perguntei.

–Provavelmente. – ela disse, pensativa – Ela quase me matou quando a encontrei, foi uma sorte eu estar perto de meu pai.

–Então por que ela não me matou quando teve chance?

–Essa eu não sei te responder. Talvez ela tenha planejado algo para você. Ou apenas queira adiar a sua morte.

Planejar minha morte? Que história é essa? Eu vou morrer antes de me casar e ter filhos? Vou morrer antes de ter uma família? Eu vou morrer antes de me formar? Eu vou mesmo morrer antes de ter minha vida bem vivida?

–Então vou tentar adiá-la o máximo possível. – falei, com mais coragem do que sentia.

–Vai ser difícil, Alvo. Você vai ter muitas provações, terá que abrir mão de várias coisas.

–Sim, eu sei. Estarei preparado quando chegar a hora.

–E tem mais uma coisa que deve saber. O seu amigo, o tal de Henrie. Tome cuidado com ele. – ela disse, misteriosamente.

–Ele... Ele vai nos trair, ou algo do tipo?

–Não. Se você não sabe, ele é muito poderoso. Um ataque de raiva, e metade da torre da Grifinória vai abaixo.

–Vamos mantê-lo calmo, obrigado pela dica. Mais alguma coisa que eu deva saber?

–Bem, fique longe de mim até ano que vem. Não podemos mudar o que vai acontecer, certo?

–Certo. – e com essa emocionante, medonha e curiosa conversa, fui para a torre da Grifinória pensar no que ela havia dito.