Continuação...

Assim que ouviu seu nome, Vitor imediatamente se virou para trás, e quase caiu ao ver quem tinha o pronunciado. No começo, até achou que fosse brincadeira ou ilusão, alias a tempos, ele já estava meio que sonhando com Lia. Nada que ele não chamasse de um pensamento bobo, que seria mais um de seus desafios, uma tarefa complicada, podemos dizer. Mais ele queria saber o que Lia pensava, haja coragem.

Assim que Lia percebeu que ele não estava mais andando em direção a porta, e estava olhando seriamente pra ela, correu até ele. Que continuava a olhando, ela já estava ficando incomodada.

Lia: Mais que coisa, não da pra parar de me olhar com essa cara, me sinto ridícula e todo mundo tá olhando. -ela disse assim que se aproximou de Vitor.

Vitor não respondia.

Lia: Vitor, Vitor, acorda. -ela gritou.

Vitor saiu do transe e olhou pra Lia, que sorriu. Assim que ele viu aquele sorriso, a pegou pela cintura e a girou no ar. Todo mundo estava olhando e Lia dava um falso sorriso, morrendo de vergonha do que estava acontecendo, nem ela sabia ao certo o que estava acontecendo. Vitor a colocou de volta no chão.

Vitor: O que você tá fazendo aqui Lia? -ele disse rindo.

Lia: Ué, achei que eu tivesse que responder a sua pergunta.

Nesse momento, uma das moças que estavam na recepção  e percebeu que o avião que iria decolar era o de Vitor, que além de estar na primeira classe, pagou caríssimo pela passagem, foi até ele e Lia.

Recepcionista: Hã... O avião do senhor ira decolar dentro de cinco minutos doutor. Eu sou a Caroline, prazer. -ela disse se jogando pra cima de Vitor, Lia revirou os olhos. - Eu sou recepcionista e fico encarregada de avisar os atrasados dos voos de primeiras classes, a hora que o avião ira decolar, e a passagem do senhor, custou uma nota.

Vitor: Há sim. Obrigado Caroline. Eu só tenho que dar uma palavrinha com essa garota aqui, ela precisa falar comigo.

Caroline: Sem problemas, esses voos sempre atrasam. -ela disse saindo.

Lia: Oferecida. - Lia gritou, fazendo a moça olhar pra trás.

Vitor: Então Lia, eu acho que nem preciso ouvir sua resposta, afinal, você já deu ela.

Lia: Eu não dei uma resposta Vitor, eu mandei você ir embora, em momento nenhum disse que tinha escolhido alguma coisa.

Vitor: Ata, e agora você escolheu alguma coisa?

Lia: Não que eu ache certo, mais aceito as aulas que você vai me dar, com o dinheiro que a Raquel vai te pagar. -Vitor sorriu, mais Lia manteve a expressão de seriedade.

Vitor passou na recepção, pra cancelar sua passagem.

Caroline: Vai desistir da viagem por essa menininha ai? -ela disse com desprezo.

Lia: Eu não sou nenhuma menininha ai não tá? Ao contrario de você, que é uma oferecida.

Caroline: Eu tenho que embarcar num voo, com licença. Ah e você em? Que perdição. Os voos da primeira classes, neste aeroporto são perfeitos. E a sua passagem, com o avião que você ia... Eu não desistiria por essa garotinha mimada, até por que minha companhia ia ser mais agradável.

Vitor: Não. Obrigado.

Caroline: Ah. -ela disse se virando pra Lia. -Você tem sorte, tenho que admitir. Somente um namorado muito apaixonado pra desistir de uma viagem de luxo dessas, pra ficar aqui com você. -ela disse olhando Lia de cima em baixo e indo embora.

Lia: E ele não é meu namorado. -ela gritou, fazendo a moça rir.

Vitor pediu um taxi, durante o caminho, Vitor não conversou com Lia. Lia queria muito perguntar de Sal pra Vitor, este a muito tempo havia desaparecido completamente, sem ligar, sem nada. A ultima vez que se encontrou com Sal, tinha certeza de que não seria a ultima vez.

Lia percebeu que o taxi não ia na direção da sua casa, mais sim ao centro da cidade, passou de lá e seguiu pra um lugar que ela desconhecia. Tinha vontade de perguntar aonde estava indo, mais não queria parecer curiosas, ou com segundas intenções. Não. Vitor não faria isso com ela.

Pararam em frente a um apartamento, em frente a praia.

Vitor: Não vai descer do carro? -ele disse saindo do taxi.

Lia: Vou. Mais aonde estamos? -ela disse batendo a porta do taxi.

Vitor riu.

Lia: Fala serio Vitor, eu não vou entrar aqui, eu nem sei aonde você vai.

Vitor: Relaxa Lia. Eu vou no apartamento do Sal. Falar com ele.

Lia: Ele mora aqui? -ela disse entrando e reparando em todos os detalhes de dentro do prédio. -Poxa, mais que estranho, enquanto você fica dando trabalho pra Rosa, o seu irmão vive no bem-bom.

Vitor: É, mais eu não sou o preferidinho dos meus pais, e o Sal é. -ele chegou na portaria.

Porteiro: Posso ajudar?

Vitor: Eu quero falar com o Salvador Machado.

Porteiro: O Sal? O famoso cheio da grana?

Vitor: Esse mesmo. -ele disse e olhou pra Lia, rindo.

O porteiro ligou pro apartamento de Sal, que autorizou que Vitor subisse, sem saber que ele estava acompanhado de Lia, é claro. Lia por sinal estava muito feliz em reencontrar Sal, e isso incomodava Vitor.

Lia: Faz tanto tempo que eu não vejo o Sal. -ela disse animada.

Vitor: Eu não vou segurar vela não.

Lia revirou os olhos.

Vitor: Que foi? Tá toda felizinha por que vai ver ele.

Lia: É que faz tempo que eu não falo com o Sal.

Entraram no elevador e nenhum dos dois disse nada. Vitor já havia falado grosso com Lia, e ela estava completamente brava com ele.  Assim que chegaram na porta de Sal, tocaram a campainha, não demorou muito tempo pra ele atender.

Sal: Vitinho. -ele disse abraçando Vitor. -Achei que fosse viajar.

Vitor: Eu ia, mais mudei de ideia.

Sal balançou a cabeça, olhando pra cara de Vitor como se quisesse dizer que ele era um irresponsável, mais assim que se virou pro lado e viu Lia, começou a sorrir. Vitor não conteve o incomodo e entrou.

Sal: Lia? Quando tempo linda! -ele disse a levantando nos ares.

Lia: Que saudade. -ela disse animada.

Eles entraram e Vitor já estava sentado no sofá.

Sal: O que você quer Vitinho?  -Vitor não disse nada, apenas olhou pros dois.

Lia: Bom... Eu vou no banheiro e depois vou dar uma olhadinha nos cômodos do apartamento. É tão grande.

Sal: Dá uma olhada na varanda também. Tem uma piscina enorme e uma imagem maravilhosa da praia.

Lia assentiu e saiu.

Porém não conteve a vontade de ouvir a conversa, assim que saiu do banheiro, ouviu Vitor falando com Sal, agora a conversa parecia séria, se escondeu atrás da porta. Com a intenção de ouvir o que eles iriam dizer.

Sal: Então Vitor! -ele disse animado. -Parece que conseguiu pegar a menina que você chamava de tarefa difícil em? Tão namorando?

Vitor: Não. -Vitor manteve a expressão seria no rosto.

Sal: Bem que você disse que ia dar um jeito de pegar ela né?Como é que você dizia? "-Eu ainda vou fazer a loirinha, a Lia lá, de tonta e ela vai cair na minha feito um patinho. " E não é que ela caiu mesmo?

Vitor: Caiu, e caiu mesmo. Tá na minha já. Acho que me adora. -ele disse ironicamente.

Vitor mentia, mais Sal não podia perceber nada. Não podia imaginar nada, mesmo por que nem o próprio Vitor sabia o que sentia por ela.

Sal: Seu novo brinquedinho?

Vitor assentiu.

Vitor não sabia o que estava fazendo. Queria meter a mão no meio da cara de Sal, como ele tinha coragem de fazer o que estava fazendo? Ficar falando aquelas coisas.

Sal: Mermão. De todas as que você já pegou, a Lia foi a mais difícil. Quer saber? Você conseguiu. Eu vou te pagar. Toma. -ele disse entregando dinheiro a Vitor.

Vitor: Uhul. -ele disse ironicamente.

Vitor sentia ódio de Sal. Tudo ao mesmo tempo. Este pegou o dinheiro e colocou na carteira, com a intenção de jogar fora assim que chegasse na casa de Rosa, ou até mesmo dar pra Lia, pra alguém.

Naquele momento, Lia sentiu sua cabeça revirar completamente, sua visão já estava ficando preta e ela já não enxergava muita coisa. Decidiu que não dava pra ouvir mais nada.

Lia: Como ele pode? Como ele pode aceitar dinheiro? Cara, agente nem ficou. Como eu sou tonta, e eu achando que ele gostava um pouco de mim. Essa família não presta. -ela disse para si mesma.

Claro que Vitor não queria falar de Lia, alias, ela era especial. Concordava com tudo o que Sal dizia, mesmo com todas as mentiras que ele passava pro irmão.

Lia: Com licença. Não sei se vocês já conversaram, mais eu quero ir embora, por favor. Eu não to muito bem, a agua daquela piscina, balançando, eu... Quero ir pra casa. -ela disse entrando na sala.

Vitor: Claro, eu vou com você. -ele disse levantando do sofá.

Quando foi sair, Sal veio abraça-la mais esta recusou e saiu andando rápido. Sal estranhou seu comportamento. Vitor não conseguia parar de pensar que ele mesmo nem conhecia aquele lado tonto do irmão. O irmão que todo mundo dizia que era certinho.

Tanto no elevador, quanto no caminho pra casa, Vitor e Lia não conversaram. Lia olhava pra Vitor e tinha a sensação de que aquilo que tinha ouvido era mentira.

Chegando no apartamento, Lia entrou e fechou a porta com tudo, mais antes que ela batesse, Vitor a segurou e foi com Lia até seu quarto. Ele praticamente a agarrou, a segurou pela cintura, mais Lia se soltou e foi até a janela.

Vitor: O que foi Lia? Você foi até o aeroporto pra me mandar ficar aqui e agora tá me evitando?

Lia: Nós não temos nada. Eu só acho que você tem motivos pra querer dinheiro em troca das aulas. -ela disse com desprezo.

Vitor: O que foi?

Lia não aguentou e acabou falando.

Lia: Eu sou seu brinquedinho seu cachorro, sem-vergonha? Você deixa o seu irmão te pagar só por que você conseguiu me pegar? Fora que você nem me pegou. Só por que eu sou difícil Vitor? Eu sou muito tonta, muito tonta mesmo, de verdade. -Lia disse enxugando as lagrimas que percorriam seu rosto sem parar e se sentando na cama.

Vitor: Do que você tá falando Lia? Poxa. Eu gosto tanto de você. Numa hora você tá lá comigo no aeroporto, me pedindo pra ficar e em outro você tá me xingando. -ele disse se sentando na cama com Lia.

Lia: Eu ouvi Vitor, eu ouvi. Eu ouvi você falando pro seu irmão. Eu ouvi a sua conversa com o Sal. E eu te odeio. -ela gritou.

Continua...