Continuação...

Vitor riu e não respondeu, Lia já estava ficando com raiva, e ao mesmo tempo com vergonha. Ela tentava não demonstrar isso, virava pra janela, ria e olhava novamente pra ele.

Lia: Enlouqueceu Vitor? Eu não acredito que eu fiz uma coisa dessas Vitor! Eu não podia.

Vitor riu e novamente ficou calado.

Lia: Garoto, você tá na minha casa, da pra responder?

Vitor: Tá, e o que você quer saber?

Lia: Quero saber de tudo. Você só pode estar louco né?

Vitor: Por quê?

Lia: Por que enquanto a sua namorada tá num hospital, você tá aqui no meu apartamento. Quer dizer, no apartamento da Raquel.

Vitor: Vai dizer que você não gostou? –ele perguntou se aproximando.

Lia: Me erra Vitor. Foi você que me beijou, eu nem imaginava isso, na verdade eu nem gosto de você.

Vitor: Quando um não quer beijar, dois não beijam.

Lia: Posso até ter correspondido... Mais foi por... Por...

Vitor: Por?

Lia: Gratidão.

Vitor abaixou e cabeça e depois olhou nos olhos dela.

Vitor: É assim que você agradece o cara que salvou você daquele psicopata do seu ex- namorado?

Lia: Vitor, quer saber? Se o que você queria era ficar com fama de herói, parabéns, você já conseguiu. Agora da pra parar de falar nisso? Por que se era a fama que você queria, pode parar, já conseguiu. Aposto todas as minhas fichinhas que tá todo mundo dizendo o que você quer ouvir.

Vitor: É isso que você pensa de mim Lia? Que eu sou um idiota? Que... –ele ia terminar de falar, mais Lia interrompeu.

Lia: Você sabe muito bem que você é um idiota e eu não vou ser mais seu brinque... –Vitor a interrompeu.

Vitor: Deixa eu falar?

Lia: Não, sabe por que... –Vitor a interrompeu de novo.

Vitor: Não Lia, agora você vai me ouvir. Por que você tem essa mania de só ouvir o que quer e não enxergar as coisas que se passem ao seu redor. Você quer ser a certa, e ninguém mais pode ser. Você acha mesmo que eu seria capaz de me machucar alguém por que queria ter fama de herói por ai? Claro que não. Mais eu nem devia ter batido naquele garoto. Se é que você não planejou tudo que aconteceu.

Lia: Você tá insinuando que eu tenha mandando ele fazer o que fez?

Vitor: Estou.

Lia: Eu não sei por que fez aquilo, mais não foi por mim.

Vitor: Não importa Lia. Não importa o porquê de eu ter batido naquele tal de Dinho. O que ele ia fazer com você, ninguém sabe. Eu não ia deixar isso acontecer, nem se fosse alguém que eu não conhecesse.

Lia: Incrível a sua consideração por mim, Vitor Machado.

Vitor: Olha aqui Lia, olha o jeito que eu to. Todo machucado, por sua causa.

Lia: Nossa senhora Vitor, nem tinha visto. –ela disse ironicamente. - Eu já pedi desculpas e agradeci.

Vitor: Não disse nada disso.

Lia: Tá, então eu digo agora: Desculpa e Obrigada, Vitor Machado. Da pra parar de jogar isso na minha cara agora?

Vitor: Parece alguém que eu conheço né? Alguém que faz a mesma coisa, só que joga tudo na cara da sua mãe.

Lia: Olha. Se esse você tá tentando convencer a Raquel que você é uma pessoa legal, com esse seu lado bom moço, pode ir tirando seu cavalinho da chuva, por que você não vai conseguir. –Lia gritou.

Raquel que estava dormindo em seu quarto, com Tatá, ouviu os gritos e foi até o quarto de Lia. Chegando lá, nem perdeu tempo de bater na porta, já foi entrando direto, assim que Vitor ouviu alguém mexendo na porta, se sentou na cama, e Lia se apoiou na pequena mesa, ao lado de sua cama.

Raquel: O que tá acontecendo aqui? –ela disse entrando no quarto.

Lia: O seu amiguinho não me deixa dormir.

Vitor: Eu? É você que fica falando.

Raquel: Não quero saber quem tá fazendo o que, eu quero que vocês durmam tá bom? Vitor, você conhece a Lia, nem mexe com a Fera. Com licença. –ela saiu do quarto.

Lia riu, e agora, sem parar, Vitor estava com a maior cara de ~como assim~.

Vitor: O que foi?

Lia: Você Vitor. No mesmo tempo que você é um idiota, você vira um garoto santo, comportado, legal. Coisa que não se vê todo dia, pelo menos pra minha mãe.

Vitor: Vivendo e aprendendo né?

Lia: Sabe... Não acredito que você siga esses ditados.

Vitor ia responder, mais o seu celular tocou.

Ligação On.

Vitor: Oi Lu.

Luana: Nossa Vitor. Sua promessa de voltar foi cumprida.

Vitor: Lu, vou por no vivo-a-voz, a ligação tá ruim no lugar que eu me encontro nesse momento. –ele disse olhando pra Lia, que tacou almofadas nele. –AAAÍ! –ele disse sem querer.

Luana: O que foi?

Vitor: A Lia jogando almofadas em mim.- Ele nem percebeu ter tocado no nome de Lia.

Luana: A quem Vitor?

Vitor: Nada Luana, nada.

Lia: É eu Branca de Neve, a Lia. –ela gritou e Vitor riu.

Luana: Vitor? Você tá com a Lia?

Vitor: Ih Lu, sinal ruim, tá caindo, tá caindo, caiu. –ele desligou, fingindo que o lugar estava com um sinal ruim.

Ligação Of.

Lia: Palhaço é claro que ela percebeu o que você fez.

Vitor: Deixa. Que perceba.

Lia: Vitor.

Vitor: O que?

Lia: O que você acha de mim?

Vitor olhou pra baixo, e olhou pra ela sorrindo.

Vitor: Acho você marrenta, orgulhosa, difícil. Que não gosta de quase ninguém. Que não da chance.

 Lia: Você intendeu.

Vitor: Não, não intendi. –ele riu. – Tá. Eu acho você linda, uma boa pessoa, as vezes. Hã... O que eu disse anteriormente, bom... Mais você quer saber o que eu sinto por você?

Lia: É...

Vitor: Eu gosto muito de você. Como amiga, é claro. Nunca pensei no que você deve estar pensando.

Lia: Não to pensando em nada. –ela disse se sentando na cama de Tatá, junto de Vitor.

Vitor: E você?

Lia: Não sei... Você é uma pessoa, que eu gosto muito, às vezes.

Vitor: É serio?

Lia: Não sei Vitor, não sei... Eu tenho medo de misturar tudo o que eu acho de você, em... Em... Em gratidão. Pelo que você fez hoje.

Vitor: Intendo. –ele disse se levantando. –Você ainda gosta dele né?

Lia: Não sei Vitor, para de me perguntar essas coisas. Eu sempre acho que não sinto nada por ele, mais quando ele chega, tudo volta.

Vitor sorriu.

Lia: Que foi?

Vitor: Já ouvi isso outras vezes.

Lia: Fatinha?

Vitor: É, mais ao contrario de você, ela gosta de mim.

Lia: Não da pra falar com você, você mistura as coisas. Diz coisas que não sabe, sinceramente, eu nunca sentiria nada por você, nem que eu fosse ameaçada.

Vitor: Nunca? Mais quem queria saber se eu gostava de você, era você mesma.

Lia: Não é pra menos, sabe lá aonde eu podia tá numa hora dessas se não fosse por você.

Vitor: Fala sério Lia, nunca gostaria de mim?

Lia: Nunca. Bom, eu vou indo. –ela disse pegando cobertas e travesseiros e se dirigindo pra sala, Vitor foi atrás.

Vitor: Indo aonde?

Lia: Dormir.

Vitor: Fala sério Lia! Não faz isso comigo. Você não vai dormir aqui né?

Lia: Vou sim, e faço isso sim. –ela disse se deitando no sofá.

Vitor: Então tchau.

Lia riu: É Gratidão...

Vitor entrou no quarto de Lia e se encostou na porta, depois ficou rindo, olhando nas coisas dela, que ainda ficavam na casa da mãe. Por ultimo se sentou na cama, pronto pra dormir.

Vitor: Gratidão...Será?

Naquela noite, nem Vitor, nem Lia, nem Raquel dormiram. Raquel por que ficava imaginando coisas que podiam estar acontecendo lá fora, e ao mesmo tempo fazendo planos, decidindo um modo de coloca-lo em pratica, começando com uma conversa que pretendia ter com Lorenzo no dia seguinte. Vitor, por que pensava em tudo que havia acontecido, desde quando fez Dinho solta-la, até o momento que Lia fez as ultimas perguntas a ele, que talvez ele nem tivesse respondido com toda a verdade. Lia ficava pensando se as perguntas que tinham feito pra Vitor, impulsivamente, significavam alguma coisa ou era a bendita da gratidão novamente. E o beijo então? Nenhum dos dois parava de se lembrar. Lia e Vitor levantavam-se toda hora, Raquel as vezes levantava, acendia a luz e voltava pra cama.

Na manhã seguinte, Tatá levantou e levou um susto ao ver Vitor em seu quarto, mais antes que ela gritasse, Raquel fez sinal para que ela não falasse nada. Explicou a ela tudo o que havia acontecido, com alguns detalhes é claro. Disse que o Vitor era o herói da história e usou os exemplos de historinhas de contos de fadas. Tatá ficou impressionada, Lia é que não iria gostar nada do que a mãe tinha contado pra irmã.

Quando acordou já era bem tarde, encontrou um bilhete da sua mãe pendurado na geladeira.

“Lia, prepara o café pra você e pro Vitor, deixei a Tatá na casa de uma amiga e fui falar com o seu pai. Volto logo. <>Raquel.”

Depois que leu o bilhete, Lia ficou com uma cara de quem estava por fora de tudo, foi até seu quarto e quando viu Vitor, se lembrou de tudo o que tinha acontecido ontem. Saiu, tomou um banho, colocou uma roupa e foi tomar café. Enquanto preparava um suco, colocou uma musica, com a sua demora de cantar e dançar preparando o suco, acabou derrubando tudo no chão. Vitor que estava do lado sem ser percebido começou a rir, e Lia percebeu sua presença.

Lia: Vitor, que susto. –ela disse assustada.

Vitor: Você tem que se decidir garoto.

Lia fez careta.

Vitor: Ou dança, ou canta.

Lia: Ou prepara o suco. –ela disse rindo.

Vitor reparou no bilhete que estava em cima da mesa e começou a ler, depois olhou pra Lia com cara de quem queria perguntar alguma coisa mais faltava coragem. Lia percebeu.

Lia: Vai Vitor... Pode perguntar.

Vitor: Não... Não é nada.

Lia: Fala logo.

Vitor: É meio estranho.

Lia: Eu não vou ficar brava.

Vitor: Tá. Eu li esse bilhetinho aqui. –ele disse mostrando o bilhete.

Lia: CURIOSOOOO. –ela riu.

Vitor: Eu não sabia que sua mãe ainda mantinha contato com o seu pai.

Lia: Se for assunto da minha irmã ou meu ele ainda fala com ela.

Vitor: Da pra me explicar o que acontece entre você, sua mãe, sua irmã e seu pai?

Lia: É complicado. E não muito interessante.

Depois de Vitor insistir muito, Lia decidiu falar o que Raquel havia feito enquanto ela era pequena. Depois de explicar e ver a cara de encabulado de Vitor, ela parou.

Vitor: É serio isso?

Lia: Serio.

Vitor: Nunca imaginei que a sua implicância com a Raquel fosse por causa disso.

Lia: Mais é, justamente por isso.

Depois que eles tomaram café, estavam conversando no sofá, claro que Lia dava uns foras bem discretos nele, que fingia nem perceber. Foi quando Vitor recebeu um telefonema e atendeu. Depois de desligar, a sua cara, era a pior do mundo, parecia que tinha acontecido alguma coisa, ele olhou pra Lia.

Lia: Quem era? O que queria?

Vitor: Não era ninguém, não queria nada.

Lia: Me erra Vitor. Pela sua cara de preocupado a coisa é seria.

Vitor: Tenho que ir. –ele disse saindo.

Lia ainda tentou fazer ele dizer quem era, mais já era tarde, ele saiu correndo de seu apartamento. É claro que Lia já tinha em mente, nunca mais falar com ele.

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Passado Dois Dias...

Lia estava na casa de Lorenzo, atrasada pro colégio como de costume, assim que desce os poucos degraus da escada, da de cara com Vitor e Rosa. Que neste momento conversavam com Lorenzo, Vitor não demostrava alegria e Rosa também não. Como já havia prometido pra si mesma, ela da um bom dia pra geral, sem nem olhar pra cara de Vitor, que revira os olhos.

Saiu sem nem tomar café e foi caminhando com pressa rumo a escola, pelo caminho só conseguia pensar no que Vitor poderia estar fazendo na sua casa. Chegou atrasada e bateu na porta. Por sorte estavam na aula da professora Isabela, que a permitiu entrar.

Ela entrou e se sentou. Logo Ju percebeu que não estava tudo bem. Virou para trás discretamente, como se fosse pedir algo emprestado.

Ju: O que aconteceu Lia?

Lia: Depois te conto.

Ju se virou novamente pra frente. Na hora do intervalo, Ju esperou Lia, conversando com Luana que perguntava de Vitor, Lia por acaso ouviu a conversa.

Luana: Achei muito estranho o Vitor ter faltado hoje.

Ju: Pois é, ele não é de faltar.

Luana: Será que aconteceu alguma coisa com ele?

Lia decidiu apareceu e se “intrometer” na conversa.

Lia: Não. Ele tá bem. Pelo menos eu acho.

Luana: Garota, você sabe onde ele tá?

Ju: Calma Luana.

Lia: Sei, hoje de manhã, quando eu acordei atrasada pra escola, ele tava na minha casa com a Rosa, conversando com o meu pai.

Luana tentou falar com Lia, mais esta saiu, sem a deixar falar. Ju foi atrás da amiga.

Ju: O que aconteceu amiga?

Lia: Nada, eu só achei estranho o Vitor estar em casa naquela hora.

Ju: Mudando de assunto. Eu sei que a Fatinha sabe, mais fora ela, ninguém. E você... Não pode falar pra ninguém. Mais a Luana me disse que não tá gravida, me contou que foi erro médico e que só tá esperando isso parar de ser assunto pra contar pra todo mundo.

Lia não fez cara nenhuma.

Ju: Ué... Não ficou espantada?

Lia: Não. Eu já sabia.

Ju: Lia, você queria que fosse, mais não sabia.

Lia: Sabia sim. O Vitor me contou.

Ju: Tão bem próximos em? –ela riu.

Lia: Contou pra Fatinha também.

Ju: Lia... Aquele dia que ele foi pra sua casa... Rolou alguma coisa entre vocês?

Lia: Hã? Eu não to ouvindo isso. Claro que não né Juliana. –ela mentiu.

O sinal bateu e elas voltaram para a sala. Lia durante as duas ultimas aulas, não conseguiu prestar atenção em nada, na saída Ju foi falar com ela.

Ju: Lia, eu sei que você quer saber o por que do Vitor estar na sua casa, mais você não prestou atenção em nada hoje.

Lia: Eu sei.

Lia saiu andando rápido.

Ju: Espera Lia. –ela gritou.

Lia: Depois eu falo com você. Preciso ir agora. –ela gritou também.

Quando chegou em casa, a única coisa que queria era exigir explicações do seu pai. O viu na cozinha e foi correndo falar com ele.

Lia: Pai... O que o Vitor queria aqui hoje cedo? O Vitor e a Rosa.

Lorenzo: A Rosa me pediu um favor e eu aceitei. Você se lembra de que me disse que tinha muita dificuldade em química e biologia?

Lia: Sim.

Lorenzo: Então. O Vitor é bom nessas matérias e vai te ajudar, e em troca, a sua mãe vai pagar um dinheiro e ele. Ele vai vir nas duas vezes que a Rosa vai vim arrumar a casa da Marcela.

Lia: Espera ai. A Raquel vai pagar o Vitor pra me ajudar nessas matérias? Pai. Eu falo pra qualquer um me ajudar. Não precisa pagar nada.

Lorenzo: Sua mãe me disse que vocês vivem brigando, acho que é uma boa oportunidade pra evitar que você crie um inimigo e leve outra suspensão.

Antes que Lia começasse a reclamar, ele saiu. Sem intender nada ela foi até o quarto, aonde bateu a porta com toda a força. Assim que a fechou e achou que iria ter paz, dá de cara com Vitor, sentado em sua cama. Ele a olhava com expressão séria, e ela também.

Vitor: Oi Lia. Preciso falar com você.

Lia: Você é um idiota mesmo. Agora pra me ajudar nos estudos, minha mãe vai ter que te pagar? –Antes que ela terminasse de falar, Vitor colocou os dedos em seus lábios, como se estivesse a mandando ficar calada.

Vitor: Você tem duas opções: Ou aceita oque combinei com a sua mãe, ou eu vou embora e você corre o risco de nunca mais me ver. Você decide. E ai, qual você prefere?

Continua...