Não Olhe Para Trás escrita por Mnndys


Capítulo 1
Um certo alguém




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/356320/chapter/1

Passo a mão pelo cabelo enquanto termino de me arrumar, agora não sei se foi uma boa idéia eu tê-lo cortado. Acho que só o fiz porque queria parecer francesa.

“Tola e impulsiva!” Uma voz grita dentro de mim.

Faço uma careta para mim mesma no reflexo do espelho.

A voz tem razão, sou tola a maior parte do tempo, pelo menos é isso que todos pensam, e sempre impulsiva, digo e faço coisas antes de pensar nelas. É um defeito incorrigível.

Dou uma ultima olhada no espelho. Espero que o vestido verde-menta seja apropriado, é elegante o suficiente para um almoço descontraído com Ana, uma das minhas novas cunhadas. Ela tem sido uma grande surpresa para nossa família, Christian sempre foi muito reservado e Ana parece simplesmente passar por cima disso. Estamos todos muito agradecidos a ela, principalmente mamãe e papai.

Entro no carro com a impressão de que estou um pouco atrasada, a vantagem de ter um Audi é que ele pode ser veloz. Adoro esse novo que ganhei, modelo Q5 eu acho.

Em poucos minutos estou entrando no prédio onde Anastásia trabalha. Para minha surpresa ela está próxima a entrada, conversando com um homem.

–Ana! - Chamo da porta do prédio.

Os dois se viram e olham para mim, enquanto começo a caminhar até lá. Aproximo-me tenho a sensação de que os dois sussurram algo. Sobre mim? Penso.

– Oi Mia. – Diz Ana dando-me um abraço rápido.

Não consigo evitar olhar para o homem parado ao lado dela, tão lindo e atraente.

–Mia este é Ethan, irmão de Kate.

Ele ergue as sobrancelhas, parece surpreso. Pisco várias vezes antes de lhe dar a mão.

–Encantado em conhecê-la - Ethan murmura suavemente e eu pisco novamente.

E de repente me sinto tola demais, sentindo minha bochecha esquentar. Droga, eu estava corando.

Ana parece reparar, mas não comenta.

– Eu não posso ir almoçar – ela diz sem convicção. - Ethan concordou em levá-la, se estiver tudo bem? Podemos remarcar?

– Claro - Digo calmamente.

Estava quieta demais, algo novo para mim.

– Sim vou levá-la. Até mais Ana. - Ethan me oferece seu braço e eu aceito. Dou um sorriso tímido. - Tchau, Ana. – Me viro para Ana e movo a boca, - Oh... Meu... Deus! – Dou uma piscadinha para ela.

Ela acena enquanto deixamos o prédio.

Não consigo falar nada no caminho até o carro. Quando paro Ethan é que começa a falar.

– Esse é seu carro? – Diz ele com surpresa.

Noto uma excitação quase infantil na voz e nos olhos dele. Parece ainda mais bonito assim.

– Sim. O que achou? – Pergunto um pouco orgulhosa demais.

– É um bom carro, um Audi Q5? – Assinto com a cabeça. E ele ergue a sobrancelha. – Quatro cilindros, 2.0, 214 cavalos, sete marchas, acelera de 0 a 100 só em sete segundos, sabia?

Estou perdida em tudo que ele disse. O que há entre os homens e os carros afinal?

– Não sabia. – Falo finalmente.

– Estou te aborrecendo. – Ethan diz um pouco sem jeito. – Deve ser ótimo dirigir. – Diz como uma criança que está querendo um brinquedo.

Procuro a chave na bolsa. Quando a encontro seguro na ponta dos dedos.

– É ótimo, mas descubra por si mesmo. – Digo oferecendo a chave a ele.

Ele pisca algumas vezes, surpreso com a minha proposta. Como não reage me aproximo, abro uma de suas mãos e deposito a chave.

– Espero que não esteja sendo só educada, porque não vou recusar. – Fala.

– E eu espero é que você me leve para almoçar Sr. Kavanagh. – Fingindo estar impaciente.

– Com todo prazer Srta. Grey. – Ele diz enquanto abre a porta do carro para mim.

Olho para ele em agradecimento e me deparo com seu lindo sorriso. Fico sem graça e desvio meu olhar. Ethan fecha a porta, entra no carro e saímos finalmente para almoçar.

O caminho é curto, havia feito uma reserva em um restaurante próximo para que ficasse melhor para Ana.

Vamos em silêncio, a única coisa que falei foi aonde iríamos, uma vez ou outra ele me olha e sorri. Sinto que meu rosto cora a cada vez que isso acontece.

Somos recebidos pelo maître do restaurante, que nos encaminha até uma mesa para dois.

– Como estão Kate e Elliot? – Pergunto enquanto Ethan percorre os olhos pelo cardápio.

Ele parece surpreso por eu finalmente começar a falar. Abandona o cardápio disposto a começar uma conversa.

– Estão bem. Acho que nunca vi Kate tão feliz. – Diz com carinho.

– Parece que o cupido andou flechando meus irmãos. Quem sabe Kate e Ana não acabem se tornando cunhadas.

– Quem sabe. Elliot comentou que você estava em Paris. – Fala.

A conversa ia começar sobre mim então.

– Estava. Fiquei um ano e meio por lá, se não fosse meu curso teria voltado antes, não suportava mais aquele lugar.

Enquanto termino de falar o garçom se aproxima e nos pergunta o que iremos pedir.

– Quero um Palmier com patê de azeitona e camarão para entrada e em seguida atum selado com molho de missô. – Diz Ethan com segurança. – E você Mia? – Pergunta.

Só então percebo que não tinha pensado no que ia comer. Tento pensar em algo.

– Para entrada Salade de riz au thon e para principal Poisson à la parisienne. – Digo. – E quero uma taça de Kosta Browne.

Fico feliz quando vejo Ethan olhando para mim surpreso.

– O que vai beber? – Pergunto para ele.

– Mount Gay Rum. – Diz ele se dirigindo ao garçom. – O que houve com Paris então? – Ele pergunta.

Ergo uma sobrancelha, confusa pela pergunta.

– Você disse que não suportava mais. – Diz tentando me situar. – Achei que todas as mulheres amassem Paris.

– Não é como se eu odiasse Paris. – Explico. – Mas talvez seja uma cidade onde um estrangeiro só deva ir acompanhado.

– Uma cidade para casais. – Diz.

– É. Ou talvez eu só tenha ficado melancólica com saudade de casa. – Digo. – E é claro, também queria ficar livre do chef com quem trabalhei, ele era um ogro. – Completo.

Ethan está com os cotovelos apoiados na mesa e as mãos unidas abaixo do queijo.

– Um ogro? – Pergunta.

– Sim, o Shrek perto dele poderia ser o príncipe encantado da Branca de Neve. – Falo.

Ele ri.

Droga, pensei. Eu estou almoçando com um cara que acabei de conhecer e falando de personagens infantis. Tinha como parecer mais imatura?

Nossa comida logo chega. Ele olha para o meu prato sorrindo.

– O que foi? – Pergunto intrigada.

– Se afastou de Paris e continua comendo comida francesa. – Fala.

– Você já voltou de Barbados, mas sua comida parece tipicamente caribenha. – Retruco. – Atum, camarão, isso sem falar no rum. Espero que não esteja muito apimentada ou que você esteja acostumado. – Provoco.

– Talvez seja melhor você experimentar. – Diz enquanto coloca um pedaço de palmier no garfo.

Ao invés de levar o garfo até sua boca Ethan o leva em direção a minha.

– Não! – Protesto.

Aperto os lábios.

– Não sei você, mas tenho o dia todo livre. – Diz, ainda segurando o garfo no ar.

Faço um biquinho, mas abro a boca. Ele coloca delicadamente m minha boca e solta em minha língua. Mastigo sob os olhares atentos dele.

– Hmm. – Murmuro.

Vejo um sorriso brotar nos lábios dele.

– Bom? – Pergunta.

Estava parecendo um pai falando com uma criança, mas estava me divertindo.

– Bom. – Digo.

– Não está apimentado?

– Está... – Penso em alguma palavra. – Delicioso.

Delicioso, mas talvez você seja mais, meu subconsciente parece dizer maliciosamente. Tento afastar o pensamento.

– Obrigado por comer. – Ele diz. – Agora posso comer.

Abro a boca propositalmente querendo demonstrar surpresa.

– Disponha da cobaia.

– Se cobaias fossem lindas assim seriam mais interessantes. – Ele diz sem nenhum filtro.

Um sorriso se forma em meu rosto.

– Então você é médico? – Pergunto.

– Não exatamente. – Fala. – Sou psicólogo. Me formei há um ano.

– Se meu psicólogo fosse ao menos parecido com você acho que iria as consultas até hoje. – Eu digo.

Mia! Me repreendo mentalmente. Levo a mão a boca na tentativa de frear minhas palavras.

Ethan está rindo, se divertindo com a cena.

– Se isso é um elogio eu agradeço. – Diz ainda sem conseguir conter o sorriso. – Você ia ao psicólogo?

– Todos nós. Grace e Carrick não queriam que crescêssemos com algum tipo de bloqueio ou frustração por sermos adotados. – Falo tentando ser o mais breve possível.

– Você não gosta de assunto, não é? – Disse, notando minha indisposição com o assunto.

Não respondo.

– Se não se importa doutor nós estamos almoçando e não em uma consulta. – Digo, cortando definitivamente o assunto. – Será que podemos falar sobre você?

– O que quer saber?

– Tudo.

Ele revira os olhos, não entendo exatamente o porque. Mas acaba me contando sobre seu ultimo ano viajando o mundo, a experiência de sair de casa cedo, alguns desentendimentos com o pai por causa da profissão, o relacionamento dele com Kate e as férias em Barbados.

A hora de ir chega mais cedo do que eu desejei, mas tinha combinado com minha mãe de irmos juntas acertar os últimos detalhes do aniversário de Christian que seria no sábado.

Fui dirigindo para deixar Ethan no apartamento.

– Até mais Mia. – Diz ele quando desce do carro.

– Até. Obrigada pela companhia.

– Espero te ver em breve. – Ele diz.

Tento imaginar se é uma verdade ou apenas questão de educação.

– Quando Kate e Elliot estiverem aqui acho que isso vai acontecer.

Ele sorri e então entra no prédio.

–Ai meu Deus. – Falo para mim mesma, já sozinha no carro.

Eu conhecia Ethan Kavanagh há apenas duas horas, mas era tempo suficiente para que eu soubesse uma coisa. Era o homem mais interessante que havia conhecido.















Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Não Olhe Para Trás" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.